Foto: Reprodução/ Internet

Inspirado no livro de Glênio Sá, o longa-metragem brasileiro O Pastor e o Guerrilheiro é ambientado entre duas linhas temporais, sobrepondo cenas entre 1968 a 1974 com a história de Miguel, um comunista que se perdeu do seu grupo e foi pego por militares, torturado e trancafiado numa cela onde conheceu Zaqueu, um cristão evangélico que foi preso por engano, e cenas dos últimos dias de 1999, antecedendo a virada do milênio, onde conhecemos Juliana, ativista que descobre ser filha de um coronel torturador na época da ditadura.

No primeiro momento do filme, somos apresentado ao Coronel que após cometer suicidio deixa parte de sua herança para Juliana, sua filha bastarda fruto de um relacionamento com sua empregada, neste momento conhecemos o primeiro conflito do longa, Juliana não sabe se irá aceitar ou não sua parte da herança, afinal, ela não quer receber dinheiro de um ex-torturador militar, isso vai contra todos os seus princípios e suas lutas, acompanhamos seus conflitos diários, hora envolvendo a sua avó que depende do SUS para fazer seu tratamento, hora entre ela e seu amigo, que embora leve uma vida confortável financeiramente falando, não se preocupa em saber de onde vem a fortuna da sua família, e julga Juliana por pensar em aceitar a herança. Um filme com histórias pesadas que se tornam menos densas por conta da forma que foram apresentadas, intercalando os momentos e décadas fazendo com que o espectador não se sinta cansado, mas sim estimulado a ver a solução daqueles problemas enfrentados por nossos protagonistas.

Com direção de José Eduardo Belmonte, o filme nos mostra o conceito de manter a lembrança viva para não cometermos os mesmos erros, e nos dá uma vontade de fazer diferente, a forma como a política e a juventude são apresentadas estão extremamente atuais, a força de vontade de se manter vivo e de um novo amanhã do personagem Miguel nos dá a perspectiva de alguém que estava no meio de um dos momentos mais sombrios do Brasil e ainda assim acreditava no propósito maior da sua causa, a forma de viver de Zaqueu nos mostra como embora a tempo passe a cicatriz sempre vai estar lá para lembrar do que foi passado, assombrando vidas e limitando o futuro dos que o rodeiam por temer que a diferença sempre traga alguma consequência que não possa ser suportada, já Juliana mostra como a promessa, e a luta por um futuro diferente abrange a todos, e que nenhuma luta é em vão.

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