
Sob a batuta experiente dos diretores Chris Miller — conhecido por títulos como Gato de Botas, Os Pinguins de Madagascar e Uma Aventura LEGO — e Matt Landon, que traz no currículo obras como Dogão: Amigo pra Cachorro e O Pequeno Príncipe, Smurfs (2025) surge como um projeto que demonstra não apenas maturidade técnica, mas também sensibilidade na narrativa, algo pouco comum em franquias tão estabelecidas e com público-alvo infantil. O longa-metragem equilibra com sucesso a reverência às raízes da franquia, mantendo a essência que conquistou gerações, ao mesmo tempo em que adota uma abordagem contemporânea que dialoga tanto com crianças quanto com adultos que cresceram acompanhando os pequenos personagens azuis.
Visualmente, o filme é um espetáculo. A Vila dos Smurfs ganha vida com detalhes ricos, texturas cuidadosas e uma paleta de cores vibrante que desperta a curiosidade e o encantamento. É perceptível o cuidado em criar um ambiente que convida o espectador a imergir no universo mágico dos Smurfs, com cenários que são ao mesmo tempo acolhedores e dinâmicos. A ousadia da direção se manifesta especialmente no terceiro ato, onde experimentações em técnicas de animação acrescentam um frescor e uma energia raramente vistos no gênero, conferindo uma dinâmica que mantém a atenção e surpreende pelo visual inovador. Esse toque tecnológico eleva o longa a um patamar de qualidade que vai além do esperado para filmes infantis tradicionais.
Narrativa simples, mas com propósito e coração
O roteiro segue uma estrutura bastante direta: Smurfette lidera uma missão para resgatar Papai Smurf, sequestrado pelos antagonistas Razamel e Gargamel. Embora não surpreenda pela complexidade, o enredo ganha profundidade graças à construção cuidadosa dos arcos dos personagens, que reforçam valores universais — amizade, coragem, união — de maneira natural e envolvente. A introdução de novos personagens, como Ken, funciona como uma lufada de ar fresco, agregando camadas à história sem perder o foco no núcleo principal. Os diálogos leves e bem-humorados ajudam a manter um ritmo ágil e agradável, tornando a experiência fluida tanto para o público infantil quanto para os adultos que assistem junto.
Um dos aspectos mais notáveis da produção é o protagonismo da Smurfette, que assume a liderança da aventura sem jamais perder sua identidade. Diferente de abordagens que costumam recorrer a estereótipos ou soluções simplistas para personagens femininas, Smurfs (2025) constrói esse protagonismo de forma orgânica e respeitosa. O resultado é uma mensagem de empoderamento positivo, especialmente significativa para o público infantil feminino, que encontra na personagem uma figura de coragem e inteligência sem artificiais exageros.
Smurfs (2025) é uma obra que, apesar da narrativa relativamente simples, cumpre com excelência seu papel de entreter e transmitir valores importantes. É um filme que dialoga com a nostalgia de quem conhece a franquia, mas não se prende a ela de forma rígida, trazendo frescor, inovação visual e um olhar contemporâneo que o torna relevante para o público atual. A combinação de qualidade técnica, sensibilidade narrativa e mensagens positivas faz deste longa uma opção sólida e segura para famílias que buscam uma experiência cinematográfica alegre, envolvente e visualmente primorosa.
Assim, o filme reafirma a longevidade dos Smurfs no imaginário coletivo, mostrando que personagens clássicos podem, sim, se reinventar com respeito e criatividade para continuar encantando gerações.
















