A renomada atriz e apresentadora Drew Barrymore se viu no epicentro de uma controvérsia em Hollywood quando optou por retomar as gravações de seu popular talk show em meio a uma greve de roteiristas e atores na indústria do entretenimento. Sua decisão provocou uma reação intensa e crítica por parte dos sindicatos envolvidos nessa luta laboral.
Para expressar seu remorso e arrependimento, Barrymore recorreu às redes sociais, mais especificamente ao Instagram, onde compartilhou um vídeo no qual assumiu total responsabilidade por suas ações. Ela declarou com franqueza: “Acredito que não há nada que eu possa fazer ou dizer agora para que tudo fique bem. Eu queria tomar uma decisão em que não houvesse um véu de relações públicas, apenas a total aceitação de responsabilidade pelas minhas ações.”
No entanto, as desculpas de Barrymore não pararam por aí. Ela se desculpou profundamente com os roteiristas e sindicatos afetados, enfatizando que suas intenções nunca foram prejudicar ou desestabilizar a indústria. Ela revelou que sua motivação para retomar a produção do programa estava fundamentada na preocupação pelos empregos dos profissionais envolvidos no programa. No entanto, mesmo com essa retratação, o novo episódio do talk show estava agendado para ser transmitido na segunda-feira seguinte, gerando ainda mais controvérsia.
O ponto central da polêmica reside na complexidade das circunstâncias. Barrymore não estava, estritamente falando, quebrando a greve dos atores, uma vez que o contrato que regula o trabalho de apresentadores de programas de variedade e atores de novelas havia sido renovado e retificado em 2022. No entanto, os roteiristas do programa são membros do WGA (Writers Guild of America), e, de acordo com as regras da greve, eles não deveriam trabalhar na nova temporada. Isso deixou o “Drew Barrymore Show” em uma posição delicada, enfrentando a difícil escolha de forçar seus contratados a quebrar a greve, contratar roteiristas de fora do sindicato ou seguir adiante sem roteiristas, o que, segundo especialistas da indústria, poderia não evitar a violação da greve.
Essa situação deixa em destaque o debate em torno da natureza das funções dos roteiristas em programas de talk show. Há uma ambiguidade inerente, uma vez que esses roteiristas desempenham papéis que incluem a geração de ideias, a orientação aos apresentadores e o planejamento de segmentos, o que guarda semelhanças com o trabalho dos roteiristas tradicionais. Jonathan Bines, roteirista do “Jimmy Kimmel Live!”, que estava entre os manifestantes em frente ao estúdio do “Drew Barrymore Show”, levantou a questão da indefinição e argumentou que cabe ao WGA e à produção do programa determinar se estão ou não infringindo a greve.
A gravação do primeiro episódio após a retomada de Barrymore aconteceu em um ambiente tenso, com manifestantes do lado de fora do estúdio e até mesmo episódios de expulsão de membros da plateia que usavam distintivos do WGA. Esses incidentes deixaram clara a tensão e a divisão em relação à decisão de prosseguir com as gravações durante a greve.
A greve dos atores e roteiristas em Hollywood, oficializada pelo SAG-AFTRA (Sindicato dos Atores de Hollywood) em julho, é resultado de demandas por atualizações nas regras de pagamento de residuais e proteções contra o uso de inteligência artificial na produção de filmes e séries. Essa greve, a primeira desde 1980, terá um impacto significativo na produção de projetos com atores sindicalizados e pode até mesmo impedir a participação desses atores em eventos de imprensa para projetos já finalizados. Além disso, a greve dos roteiristas, que já estava em andamento desde maio, contribui para a paralisação generalizada de projetos nos estúdios americanos, tornando este um período desafiador para a indústria do entretenimento. É notável que essa seja a primeira vez em mais de seis décadas que ambos os sindicatos estejam em greve simultaneamente, acentuando a gravidade da situação.