
Quando você pensa em Frank Grillo, a última coisa que vem à mente é uma coreografia sincronizada ao som de glam rock dos anos 80. A gente imagina o cara socando vilões, perseguindo bandidos, explodindo coisas e mantendo o olhar sério em cenas de ação, não girando os bracinhos em ritmo de música. Mas foi exatamente isso que aconteceu — ou quase — nos bastidores da segunda temporada de “Pacificador“, a série da DC que conseguiu o improvável: fazer todo mundo se importar com um herói babaca, cheio de problemas e vestindo um capacete ridículo.
De acordo com informações do Entertainment Weekly, durante o evento Comic-Con, Grillo contou sem nenhum filtro que a ideia de dançar na abertura da nova temporada não o deixou nem um pouco animado. “Sou péssimo nisso”, confessou, com aquele tom de sinceridade que só alguém calejado por Hollywood e por muitos rounds de jiu-jitsu pode ter. E ele não estava sozinho: Tim Meadows, outro novato no elenco, também sofreu. “Eu fui horrível. Todo mundo achou que eu seria bom, e não quero nem dizer o porquê”, disse, rindo — e deixando no ar um mistério que só o elenco parece entender.
James Gunn, o cérebro por trás da série (e agora chefão do universo DC), não perdoou: “Ele é um péssimo dançarino. Mas foi um guerreiro!”. E pronto: estava armado o clima de zoeira e camaradagem que parece definir os bastidores desse novo ano da produção.
Menos glamour e mais insanidade
Pra quem ainda não mergulhou nesse universo bizarro, a trama não é só mais uma série de super-herói. Longe disso. É uma mistura de tiroteio, piada de mau gosto, drama familiar mal resolvido, trilha sonora nostálgica e personagens que você ama odiar — e depois simplesmente ama. Estrelada por John Cena (num papel que, convenhamos, nasceu pra ele), a série surgiu como um spin-off de O Esquadrão Suicida e acabou ganhando vida própria.
O personagem principal, Christopher Smith, é um sujeito que acredita em alcançar a paz a qualquer custo. Literalmente. Se precisar matar meia dúzia no caminho, tudo bem. O cara é como um Rambo com consciência zero e coração escondido em algum lugar bem fundo — que, aos poucos, vai aparecendo. No meio do sarcasmo, da ação exagerada e dos dilemas existenciais, Pacificador conseguiu ser original, engraçada e surpreendentemente emocional.
E agora, com a estreia da segunda temporada marcada pro dia 21 de agosto, os fãs mal conseguem conter a ansiedade. Afinal, além do retorno dos personagens já queridos (como Harcourt, Adebayo, Vigilante e Economos), ainda teremos a adição de rostos novos, como Frank Grillo, que promete agitar — e muito — essa nova fase.
Grillo na dança e no tapa
A verdade é que ver Frank Grillo dançando já seria um evento à parte. Mas ele não veio só pra isso. O ator entra na série com o peso de uma carreira cheia de testosterona. Ele já foi antagonista em filme chinês bilionário (Lobo Guerreiro 2), vilão da Marvel (Capitão América: O Soldado Invernal), protagonista em filmes como The Purge: Anarchy, e ainda arrumou tempo pra fazer séries marcantes como Kingdom e Billions.
Se você o viu em cena, sabe: ele é daqueles que chegam botando pressão. Sempre com cara de quem acabou de sair de uma luta ou tá prestes a entrar em uma. Nascido e criado no Bronx, Grillo é ítalo-americano raiz. Começou a lutar cedo, estudou com Rickson Gracie, virou faixa-marrom de jiu-jitsu e quase virou executivo de Wall Street antes de a vida dar uma guinada num comercial de cerveja.
Agora, aos quase 60 anos (acredite, ele não aparenta), Grillo mostra que ainda tem fôlego — mesmo que não tenha tanto ritmo na dança. “Foi estranho, mas divertido. E o Tim, coitado, sofreu mais que eu”, brincou ele, mostrando que entrou no espírito da coisa. E esse é justamente o segredo da série: não se levar a sério demais.
A abertura que virou lenda
Vale lembrar que a abertura da primeira temporada virou um fenômeno. A coreografia ridícula, feita com todo mundo sério e duro como estátua, ao som de “Do Ya Wanna Taste It?” da banda Wig Wam, viralizou. Virou TikTok, virou cosplay, virou festa temática. E James Gunn, sabendo do impacto, decidiu repetir a dose na nova temporada — só que agora com mais gente e mais caos.
A proposta, segundo o próprio diretor, nunca foi dançar bem. Era parecer esquisito mesmo. Um jeito de dizer: “Aqui não tem glamour. Aqui tem bizarrice.” E deu certo. Quando você vê John Cena dançando com a expressão de quem está pagando uma promessa, entende que Pacificador não está tentando se encaixar em nenhum molde de super-herói tradicional.
E agora, com Grillo e Meadows entrando pra essa dança esquisita, a promessa é de mais vergonha alheia e diversão.
Bastidores de um universo em expansão
A série é mais um fruto do casamento entre James Gunn e a HBO Max (agora só Max), numa fase de reorganização do universo DC. Gunn escreveu todos os episódios da primeira temporada durante a pandemia, no meio da pós-produção de O Esquadrão Suicida, e filmou a série em Vancouver. O resultado foi uma produção enxuta, criativa e com personalidade.
Além disso, a série serviu como um laboratório pro estilo que Gunn quer implementar no novo DCU, do qual ele agora é o comandante-mor. A série não tem medo de mexer com temas pesados: abuso paterno, lealdade cega, fanatismo político e emocional. Tudo isso embalado em piadas escatológicas e violência estilizada.
É esse equilíbrio entre escracho e profundidade que tornou a série um sucesso. E a nova temporada promete manter — ou até exagerar — essa pegada.
John Cena no centro do furacão
John segue como o coração (e o músculo) da série. O ex-lutador de WWE mostrou um timing cômico surpreendente e uma entrega emocional que ninguém esperava. Seu Pacificador é arrogante, impulsivo e, às vezes, detestável — mas também carrega um peso emocional que o torna mais real do que muita gente vestida de capa por aí.
Na primeira temporada, vimos ele confrontar seu passado tóxico, seus medos, suas perdas. E tudo isso sem perder a piada, o soco ou a dancinha. Na segunda temporada, o personagem parece pronto para encarar novas feridas e novos inimigos — inclusive internos. E, com Frank Grillo no elenco, pode apostar que vai ter porrada das boas.
Tim Meadows e o tempero da comédia
Outro reforço importante pro elenco é Tim Meadows, um veterano da comédia americana. Conhecido por anos de Saturday Night Live, ele entra com o charme do “tio engraçado que se mete em confusão”. E, pelo que ele mesmo contou, não foi nada fácil acompanhar a galera na tal abertura dançante. “Todo mundo achava que eu tinha talento, e eu decepcionei bonito”, disse, rindo de si mesmo.
E o que mais vem por aí?
Se os detalhes da trama ainda estão sendo guardados a sete chaves, o que já se sabe é que James Gunn continua no comando criativo da série, mesmo agora assumindo o leme de todo o universo DC. A temporada deve mergulhar ainda mais fundo nas consequências das escolhas do anti héroi, nos dilemas éticos (ou falta deles) e nas maluquices que só esse grupo de desajustados é capaz de viver.
A Max já prepara um esquema de divulgação pesado para o lançamento, e os fãs estão sedentos por qualquer teaser, pôster ou rumor. E com razão: depois de uma primeira temporada que ninguém esperava amar tanto, a expectativa agora é altíssima.
















