Fúlvio Stefanini celebra sete décadas de carreira e fala sobre legado, vocação e a nova cara da televisão

Ator é o convidado especial de Ronnie Von no programa Companhia Certa, da RedeTV!, nesta quarta-feira (09)

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Se a arte é um espelho do tempo, poucos atores brasileiros refletiram tantas eras, estilos e formatos quanto Fúlvio Stefanini. Com impressionantes sete décadas de carreira, ele já foi galã de novela, patriarca de família, homem em crise, político, cômico, trágico, sonhador e realista. Aos 87 anos, não apenas continua em cena — como continua com algo raro: relevância.

Na noite desta quarta-feira (9), Fúlvio é o convidado do apresentador Ronnie Von no programa Companhia Certa, da RedeTV!, onde relembra passagens marcantes da vida artística, compartilha aprendizados e joga luz sobre um tema que lhe é caro: a vocação verdadeira pela arte de interpretar.

“A televisão mudou porque o mundo mudou”

Durante o papo com Ronnie, Fúlvio fala com franqueza e serenidade sobre as transformações que assistiu — de dentro — no fazer televisivo. O tempo das famílias reunidas no sofá, esperando o capítulo das 20h, parece coisa de um Brasil que já não existe. E ele sabe disso. “As pessoas não têm mais tempo para assistir novela”, observa. “Mudou o comportamento, a vida do telespectador. É preciso acompanhar a vida como ela se apresenta.”

Longe de um saudosismo amargo, Stefanini encara as mudanças com maturidade. Ele entende que os formatos precisam se adaptar ao mundo veloz, múltiplo e fragmentado de hoje — mas reconhece, com certa nostalgia, que as novelas perderam a centralidade que um dia tiveram na formação cultural do brasileiro.

Uma vida dedicada à arte — e à persistência

Sete décadas de carreira não se constroem com sorte. E Fúlvio é direto ao falar sobre isso: “Só os apaixonados conseguem seguir em frente, porque não é fácil. É uma profissão competitiva, que exige talento, perseverança, determinação e, acima de tudo, vocação.”

A fala tem peso. Afinal, Stefanini viu gerações de artistas irem e virem, viu modas passarem e estilos nascerem. E seguiu ali, reinventando-se sem trair sua essência. Ele sabe que, no palco ou diante da câmera, quem não ama profundamente o que faz, desiste no primeiro tropeço.

Palco e paternidade: o encontro entre gerações em O Pai

Hoje, Fúlvio está em cartaz com o espetáculo “O Pai”, no Teatro UOL, onde interpreta um homem em processo de perda cognitiva, num mergulho íntimo, sensível e devastador sobre o avanço da demência. A peça lhe rendeu o Prêmio Shell de Melhor Ator (2017) e o Prêmio Bibi Ferreira (2023).

Mas o que torna essa montagem ainda mais especial é quem está por trás da direção: seu filho, Léo Stefanini. É sobre esse laço artístico-familiar que o ator reflete com ternura: “Essa é uma das poucas profissões que não são institucionais. Pai não doa espectador para o filho”, diz, com sorriso no rosto e olhos marejados. “Mas estar em cena dirigido por ele é uma troca rara. Um diálogo entre gerações que vai muito além do texto.”

Trata-se, aqui, não só de encenar uma peça, mas de dividir o palco da vida — e da arte — com quem herdou o ofício, mas trouxe novos olhares, novas perguntas e nova escuta.

Um tributo em forma de conversa

A participação de Fúlvio no Companhia Certa é mais do que uma entrevista: é uma celebração em vida. Um tributo a um artista que não parou no tempo, que acompanha as transformações do mundo com humildade, mas sem perder a memória de onde tudo começou.

Aos 87 anos, ele segue atuando com a vitalidade de um estreante e a sabedoria de um mestre. Sabe que envelhecer em cena é resistir, mas também aceitar a passagem do tempo como matéria-prima da arte.

Em tempos de pressa, superficialidade e fama instantânea, Fúlvio Stefanini é o oposto disso tudo: consistência, profundidade e entrega.

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