
Nesta sexta, 31 de outubro, o Globo Repórter convida o público a embarcar em uma jornada pela maior ilha costeira do Brasil — e um dos territórios mais enigmáticos do planeta: a Ilha de Marajó, no estado do Pará. Entre rios que se confundem com o mar e campos que se transformam em espelhos d’água, o programa apresenta um Brasil onde o tempo corre em outro ritmo, moldado pela força da natureza e pela resistência de seu povo.
A repórter paraense Jalília Messias, acompanhada de sua equipe, atravessa as baías do Marajó e do Guarajá em busca das histórias que fazem pulsar o arquipélago. Para ela, o verdadeiro encanto da ilha vai muito além das paisagens exuberantes. “O Marajó é um território de sobrevivência, sabedoria e pertencimento. São as pessoas — tão firmes quanto os búfalos que caminham por essas terras — que dão alma a esse lugar”, diz Jalília.
Uma Amazônia que resiste e renasce
Com mais de 3.500 anos de história, o Marajó é um mosaico de contrastes. Ao mesmo tempo em que abriga campos alagados, manguezais, florestas e praias desertas, o arquipélago é o berço de uma cultura rica, marcada por danças, sabores e tradições ancestrais. A equipe do Globo Repórter parte de Belém e, após longas horas entre balsas e estradas, chega a Soure, considerada a capital marajoara — uma cidade onde o silêncio das ruas sem semáforos é interrompido apenas pelo som dos pássaros e o eco dos cascos dos búfalos.
Ali, a vida segue em compasso lento e harmonioso com a natureza. As bicicletas são o principal meio de transporte, e o tempo parece se esticar como as marés que definem o ritmo do dia a dia. É nesse cenário que Jalília encontra histórias de fé, resistência e criatividade — de famílias que há gerações vivem da terra e das águas, mantendo vivas tradições que resistem às pressões do mundo moderno e às mudanças climáticas.
Cultura que pulsa no som do curimbó
Entre as manifestações culturais mais marcantes da ilha está o carimbó, ritmo que nasceu no Pará e se espalhou pelo país como símbolo da alegria amazônica. No Marajó, ele é acompanhado pelo som profundo do curimbó, tambor feito de tronco oco e couro animal, produzido artesanalmente pelos moradores. Jalília acompanha o processo de confecção do instrumento, desde o corte da madeira até o toque final, e descobre como o som do curimbó se tornou a batida do coração marajoara.
Mais do que música, o carimbó é uma celebração da vida em comunidade — uma forma de transmitir saberes, unir gerações e reafirmar a identidade de um povo que canta para agradecer à terra e aos rios.
O sabor que vem do leite de búfala
Outro símbolo da ilha é o queijo do Marajó, produzido a partir do leite de búfala — um animal que se tornou inseparável da paisagem local. Com mais de 600 mil búfalos, a ilha abriga o maior rebanho do Brasil, e em Soure há mais animais do que habitantes. A repórter acompanha todo o processo artesanal do queijo, desde a ordenha até a prensagem, e experimenta as receitas típicas que encantam os visitantes, como o “frito do vaqueiro” e o “filé marajoara”, pratos que combinam sabor intenso e tradição.
O produto é tão valorizado que recebeu selo de indicação geográfica e o Selo Arte, que garante sua comercialização nacional como produto artesanal de excelência.
A força do açaí e do povo ribeirinho
Do lado ocidental da ilha, em Breves, o cenário muda — mas a essência continua a mesma. Em uma viagem de 12 horas por rios e igarapés, a equipe do programa acompanha o cotidiano de famílias ribeirinhas que vivem da extração do açaí, principal fonte de renda da região. Durante a madrugada, enquanto a maioria dorme, homens e mulheres desafiam as águas escuras para transportar cestos cheios do fruto roxo que movimenta a economia amazônica.
Ali, a vida é guiada pelos ciclos da natureza e pela solidariedade entre vizinhos. Cada remada carrega não apenas o peso do trabalho, mas também o orgulho de pertencer a uma terra onde o tempo é moldado pela maré e o futuro depende da preservação do presente.





