“Globo Repórter” desta sexta (18) estreia série especial sobre o centro do Brasil: Uma jornada por raízes, paisagens e recomeços

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Nesta sexta-feira, 18 de julho, o Globo Repórter dá início a uma das mais ambiciosas travessias já feitas pelo programa: uma jornada documental e afetiva pelo centro do Brasil, em três episódios especiais que percorrem 2.300 quilômetros de estradas, trilhas e rios, passando por Minas Gerais, Distrito Federal, Goiás e Tocantins.

No comando da série está Chico Regueira, jornalista que estreia na atração com uma proposta que vai além da geografia. “Mais do que registrar paisagens, queremos entender o que pulsa por trás delas. O Brasil do meio é também o Brasil profundo — onde as histórias resistem, se transformam e surpreendem”, diz Chico, com a empolgação de quem vive, na prática, a reportagem como experiência de vida.

Um novo olhar sobre o Vale do Jequitinhonha

A expedição começa no Vale do Jequitinhonha, região mineira marcada por um passado de privação, mas que hoje floresce por meio da arte e da ancestralidade. No distrito de Santana do Araçuaí, o barro — antes símbolo de sobrevivência — tornou-se instrumento de expressão, cultura e autonomia.

É ali que Chico conhece o legado da ceramista Dona Izabel, cujas bonecas foram reconhecidas como patrimônio cultural pela Unesco. Mais do que objetos, suas criações contam histórias e abriram caminhos. O repórter encontra Augusto Ribeiro, artista que começou moldando barro e hoje exibe diplomas e passagens aéreas — conquistas que, até poucos anos atrás, pareciam inatingíveis para sua família. “Foi com as bonecas que eu paguei minha faculdade. E foi por elas que a gente voou pela primeira vez. A arte abriu janelas onde só havia paredes”, resume Augusto.

Entre o subsolo e o brilho da superfície

Em Araçuaí, a equipe desce às entranhas da terra para mostrar a exploração do lítio, mineral estratégico que transformou a região no chamado Vale do Lítio — um território de grandes promessas e contradições. A reportagem acompanha o trabalho de Audrey e Adler, pai e filho que dedicaram suas vidas à mineração e que agora veem o futuro bater à porta de forma inédita.

Subindo a serra, em Diamantina, o brilho das pedras dá lugar à sutileza do ofício. Com mãos firmes e olhos treinados, Seu Toninho, lapidador há mais de seis décadas, ensina o que aprendeu com o tempo: que valor nem sempre é o que reluz, mas o que permanece. “A pedra mais rara é a paciência. E essa a gente só aprende vivendo”, diz ele, sentado em sua bancada na joalheria mais antiga em funcionamento no país.

Voando sobre o invisível, navegando pela memória

Na segunda parte do episódio, o programa alça voo sobre a Serra do Espinhaço, única cordilheira do Brasil, e faz um pouso histórico no Pico do Itambé. De lá, a câmera revela cânions, quedas-d’água, matas nativas e rios escondidos — belezas silenciosas que também são alvo da pressão econômica e ambiental. Ao mostrar o território do alto, a reportagem lembra que preservar não é luxo: é urgência.

Em seguida, a equipe navega pelas águas tranquilas da Serra da Lapinha, área remota da Serra do Cipó, onde o tempo parece correr em outro ritmo. O barqueiro Luciano ensina a técnica de “varejar”, conduzindo a embarcação com uma longa vara — gesto que herdou do pai e que espera passar adiante. “A gente aprendeu a escutar a água. Ela mostra o caminho”, diz ele, com naturalidade poética.

O episódio ainda visita uma vila isolada que guarda um tesouro linguístico: o lapinhô, um dialeto local preservado por poucas famílias. Uma educadora da comunidade criou um dicionário artesanal com as palavras e expressões do povoado, na tentativa de manter viva uma identidade que resiste no silêncio das montanhas.

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