Gotham vive! Batman: Parte 2 será filmado em 2026 com Robert Pattinson e Matt Reeves de volta

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Foto: Reprodução/ Internet

Quando o céu de Gotham ainda parecia escuro demais para vislumbrar alguma luz, surgiu uma nova versão do Cavaleiro das Trevas para reescrever as regras. E agora, ele está voltando. Segundo uma carta do CEO da Warner Bros. Discovery, David Zaslav, enviada aos acionistas da empresa, “The Batman: Part II” — ou Batman: Parte 2, no título nacional — começará suas filmagens na primavera de 2026 no hemisfério norte, ou seja, entre março e junho daquele ano.

A informação foi divulgada pelo portal Deadline, e para os fãs do personagem, já soa como um marco no calendário. Afinal, o retorno de Robert Pattinson ao papel de Bruce Wayne promete expandir ainda mais o universo sombrio, psicológico e urbano criado por Matt Reeves no primeiro longa.

Mas mais do que uma simples data de filmagem, a confirmação sinaliza o ressurgimento de uma Gotham que conquistou público e crítica por sua abordagem realista e ao mesmo tempo sensorial. Uma cidade que sangra e respira angústia. E um Batman que ainda busca se entender como símbolo — de medo, de justiça ou de redenção.

O retorno de um herói imperfeito

O primeiro The Batman, lançado em março de 2022, foi um respiro criativo em meio a um universo cinematográfico da DC que se fragmentava com reboots, retcons e incertezas. Dirigido por Matt Reeves, o filme abandonou o estilo grandioso e mitológico das versões anteriores para mergulhar numa atmosfera mais contida, inspirada por thrillers policiais dos anos 1970 e pelo lado detetivesco do personagem.

Robert Pattinson entregou um Bruce Wayne atormentado, introspectivo, que mais parecia uma sombra do que um milionário. Essa escolha, longe de desagradar, fez eco junto a uma geração que se identifica com anti-heróis mais humanos e quebrados. O resultado? Sucesso crítico, bilheteria global de US$ 772 milhões e três indicações ao Oscar. Nada mal para um projeto que enfrentou pandemia, paralisações e mudanças internas na Warner.

Mais do que isso: The Batman marcou o início da chamada Batman Epic Crime Saga, uma nova trilogia planejada por Matt Reeves que será independente do novo DCU de James Gunn. Esse universo paralelo, separado do Superman de David Corenswet e do futuro Supergirl de Milly Alcock, poderá desenvolver tramas adultas, intensas e mais voltadas ao suspense e à corrupção sistêmica de Gotham.

Uma produção com alma de cinema noir

Embora os detalhes da trama de Batman: Parte 2 ainda sejam guardados a sete chaves, é possível deduzir algumas pistas a partir do que Reeves construiu anteriormente. Inspirado em quadrinhos como Ano Um, O Longo Dia das Bruxas e Batman: Ego, o primeiro filme colocou o Charada (interpretado de forma perturbadora por Paul Dano) como um catalisador de verdades incômodas sobre a elite e o passado dos Wayne.

Com isso, a imagem pública de Bruce como bilionário intocável se desfez. A cada pista deixada por Nashton, o Charada, revelava-se também o trauma, a culpa e a desconfiança de um homem que usa a máscara mais como refúgio do que como símbolo. Esse é o Batman de Pattinson: menos herói, mais humano. Menos justiceiro, mais reflexo da cidade que tenta salvar.

A fotografia dessaturada, a trilha sonora hipnótica de Michael Giacchino e os planos de câmera que espreitam o protagonista em meio à escuridão compõem uma linguagem que se aproxima muito mais de Seven ou Zodíaco do que de qualquer blockbuster tradicional. E a tendência é que Parte 2 aprofunde ainda mais esse estilo.

O que esperar do novo filme?

Ainda que o roteiro esteja em sigilo, algumas peças do tabuleiro já estão visíveis. Sabe-se que Robert Pattinson retorna como Bruce Wayne/Batman, e Matt Reeves reassume tanto a direção quanto o roteiro, agora ao lado de Mattson Tomlin. Andy Serkis também deve voltar como Alfred Pennyworth — e há grande expectativa quanto à participação de Barry Keoghan, que apareceu nos minutos finais do primeiro longa como um misterioso detento do Asilo Arkham que pode, ou não, ser o Coringa.

Essa última aparição, ainda sutil e envolta em sombras, deu o tom da ameaça latente que pode dominar a sequência. Keoghan, indicado ao Oscar por Os Banshees de Inisherin, é conhecido por seu talento para personagens inquietos e imprevisíveis. Caso o Coringa seja mesmo o vilão central de Parte 2, pode-se esperar uma abordagem bem diferente das versões anteriores vividas por Heath Ledger ou Joaquin Phoenix — e muito mais próxima de uma mente doentia que espelha as rachaduras psicológicas do próprio Batman.

Há também a possibilidade de Selina Kyle (Zoë Kravitz) retornar, embora no fim do primeiro filme ela decida deixar Gotham por considerá-la “além da salvação”. Com ou sem ela, Gotham estará em estado de reconstrução após os eventos catastróficos promovidos pelo Charada e seus seguidores.

Outro elemento importante é a expansão do universo via séries derivadas. The Penguin, estrelada por Colin Farrell e já lançada na HBO Max em 2024, acompanha o personagem Oswald Cobblepot após o vácuo de poder deixado pela morte de Carmine Falcone. A série prepara o terreno para o novo filme, e insere a criminalidade de Gotham em um contexto ainda mais enraizado e visceral.

O peso da expectativa: Batman entre a arte e o mainstream

Poucos personagens da cultura pop carregam um legado tão pesado quanto o Batman. Desde a atuação icônica de Adam West nos anos 1960, passando pela revolução sombria de Tim Burton, o realismo de Christopher Nolan e o Batman brutal de Ben Affleck, o herói sempre foi um espelho do seu tempo.

Matt Reeves, no entanto, optou por algo diferente: trazer o Batman para um tempo onde a verdade é líquida, a confiança é frágil e os heróis parecem tão perdidos quanto os vilões. The Batman não é um filme sobre salvar a cidade — é sobre tentar entender por que ela está tão condenada.

Essa escolha tornou o filme mais difícil, talvez menos palatável para quem espera ação desenfreada ou fan service. Mas também o tornou mais profundo, mais cinematográfico e, para muitos, mais relevante. O desafio agora será expandir esse universo sem perder sua identidade — e isso exigirá um equilíbrio delicado entre o blockbuster e o drama noir.

De onde viemos — e para onde vamos?

A jornada até The Batman: Parte II não foi fácil. Originalmente, o personagem deveria ganhar um filme solo estrelado e dirigido por Ben Affleck, dentro do universo do DCEU. O projeto, anunciado em 2014, sofreu inúmeras reviravoltas. Affleck deixou a direção, depois o elenco, e finalmente abandonou o personagem.

Foi aí que Matt Reeves entrou em cena, redesenhando o projeto do zero e propondo um reboot independente do universo compartilhado. Em 2019, Robert Pattinson foi escalado — e muitos torceram o nariz. Mas a aposta deu certo. O ator, antes criticado por seu passado em Crepúsculo, provou ser o Batman que ninguém sabia que precisava.

Agora, com a nova liderança criativa da DC Studios (James Gunn e Peter Safran), o estúdio aposta em uma dualidade estratégica: o universo principal será mais integrado e leve, enquanto projetos alternativos — como Joker e The Batman — poderão explorar tons e linguagens mais adultas.

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