
Neste domingo, 27 de julho de 2025, a TV Globo traz para a Temperatura Máxima o eletrizante e comovente filme “Heróis de Fogo” (Fire ou Ogon, no original), uma superprodução russa que mergulha nas entranhas do heroísmo cotidiano dos bombeiros e equipes de resgate. Dirigido por Alexey Nuzhny com produção e colaboração criativa de Konstantin Khabenskiy, o longa vai muito além da ação, propondo uma experiência emocional que celebra a bravura humana em seu estado mais puro.
Lançado originalmente em 2020 e já premiado em importantes cerimônias como a Águia Dourada — o equivalente russo ao Oscar —, “Heróis de Fogo” mistura drama, tensão, efeitos visuais impressionantes e um retrato sensível sobre as consequências psicológicas e familiares da profissão de risco.
Quando o fogo se torna personagem
De acordo com a sinopse do AdoroCinema, diferente de tantos filmes-catástrofe que exploram o espetáculo das tragédias naturais ou acidentes de grande escala, “Heróis de Fogo” parte do princípio de que o verdadeiro foco deve estar nas pessoas que enfrentam esse tipo de situação de forma cotidiana — e nem sempre reconhecida. A narrativa acompanha uma equipe de bombeiros da Sibéria que se vê diante de um incêndio florestal de proporções devastadoras, colocando não apenas suas habilidades técnicas à prova, mas também os limites físicos e emocionais de cada personagem.
O diretor Alexey Nuzhny adota uma abordagem que mistura o épico ao intimista. O fogo, elemento central da trama, é tratado quase como um personagem vivo: imprevisível, impiedoso, majestoso. Seus rugidos, sua luz e sua força ocupam a tela como um vilão silencioso e, ao mesmo tempo, fascinante.
Mas é na humanidade dos personagens que o longa encontra sua força real. O comandante Andrey Pavlovich Sokolov, vivido por Konstantin Khabenskiy, carrega o peso de decisões difíceis enquanto lida com uma relação conturbada com a filha, Ekaterina ‘Katya’ Sokolova (interpretada com intensidade por Stasya Miloslavskaya). O jovem recruta Roman Ilyin (Ivan Yankovskiy, premiado como Melhor Ator Coadjuvante) representa a nova geração de bombeiros: impetuoso, mas determinado.
Uma ode aos heróis invisíveis
Enquanto o mundo aplaude super-heróis com capas e poderes sobre-humanos, “Heróis de Fogo” aposta na construção de uma narrativa voltada para o real. Bombeiros, socorristas, paramédicos e pilotos de resgate são os verdadeiros protagonistas dessa história — e, por extensão, da vida real.
O roteiro equilibra habilmente momentos de pura adrenalina com instantes de pausa e introspecção. Uma das cenas mais marcantes do filme envolve uma mulher em trabalho de parto (vivida com emoção por Irina Gorbacheva, também premiada) sendo resgatada em meio a um incêndio que se alastra sem controle. A tensão desse momento é dilacerante, mas também profundamente humana.
O longa também oferece uma série de subtramas que ilustram os dilemas éticos e emocionais desses profissionais: o peso da responsabilidade, os traumas acumulados em campo, a solidão de quem está sempre de plantão quando o mundo se esconde do perigo.
Produção de alto nível e efeitos realistas
A Rússia tem investido cada vez mais em grandes produções cinematográficas com apelo internacional, e “Heróis de Fogo” é um ótimo exemplo dessa aposta. Com uma equipe técnica afiada e cenas filmadas em locações reais na Sibéria e outras regiões florestais do país, o filme oferece ao espectador uma sensação de imersão rara.
Os efeitos especiais, que concorreram à premiação da Águia Dourada, impressionam pela verossimilhança. Não há aqui o excesso típico de CGI que distorce a realidade: o fogo é captado com autenticidade, fazendo com que o espectador sinta o calor, o medo e a urgência de cada ação.
A trilha sonora, com composições dramáticas e discretas assinadas por talentosos músicos russos, reforça o tom emocional da obra. Já a fotografia aposta em contrastes entre a natureza indomada e a fragilidade humana, ressaltando a grandiosidade da missão de salvar vidas.
Elenco afinado e atuações emocionantes
A performance de Konstantin Khabenskiy é um dos pontos altos do filme. O ator — uma das figuras mais respeitadas do cinema russo — empresta dignidade, cansaço e profundidade ao comandante Sokolov. Sua presença em cena transmite a força de um líder que não se deixa abater, mesmo carregando feridas invisíveis.
Ivan Yankovskiy, neto do lendário ator russo Oleg Yankovskiy, entrega uma atuação vibrante como o impulsivo e idealista Roman. Sua trajetória ao longo do filme representa um arco de amadurecimento que toca em temas como sacrifício, coragem e lealdade.
Destaque também para Anton Bogdanov (como Kostik), Roman Kurtsyn (Sergey), Tikhon Zhiznevsky (Maksim) e o veterano Viktor Sukhorukov, que brilha como o piloto Okopych. Cada personagem é tratado com cuidado, evitando os clichês típicos de filmes de ação para dar lugar a figuras tridimensionais, com medos, falhas e virtudes.
Recepção e reconhecimento
O filme estreou em meio a um período conturbado na Rússia e no mundo, com o avanço da pandemia de COVID-19. Ainda assim, conseguiu se destacar tanto no circuito doméstico quanto internacional, chamando atenção pela qualidade técnica e pelo apelo universal da sua mensagem.
Na 20ª cerimônia das Águias Douradas, foi indicado a importantes categorias como Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Fotografia, Melhor Música e Melhores Efeitos Especiais. Levou para casa os prêmios de Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Som, consolidando seu prestígio como uma das obras cinematográficas mais relevantes da Rússia na década.
















