Industry encerra filmagens da 4ª temporada e cria expectativas sobre o drama financeiro mais intenso da TV

0
Foto: Reprodução/ Internet

Um vídeo curto, mas poderoso. Foi tudo o que bastou para reacender a chama dos fãs de Industry. Nas imagens divulgadas por Konrad Kay, cocriador da série, as atrizes Marisa Abela (Yasmin) e Myha’la Herrold (Harper) se abraçam com emoção visível. Nada de discursos, spoilers ou anúncios bombásticos — apenas duas mulheres exaustas, com olhos marejados e sorrisos tímidos, marcando o encerramento das filmagens da quarta temporada do drama corporativo mais cru da televisão contemporânea.

Criada em 2020 por Konrad Kay e Mickey Down — ambos ex-banqueiros que decidiram transformar seus traumas em arte — Industry surgiu no auge da pandemia como uma narrativa que explorava os bastidores da elite financeira de Londres. Mas longe de idealizar esse mundo, a série decidiu fazer o oposto: destrinchá-lo.

Na fictícia Pierpoint & Co., tudo é urgente, tudo é sufocante. Cada telefonema pode ser o começo ou o fim de uma carreira. Os personagens, muitos deles recém-saídos da faculdade, se debatem entre o desejo de pertencimento e a exaustão emocional. A câmera, quase voyeurística, passeia por escritórios frios, corpos cansados, noites insone regadas a estimulantes e crises existenciais abafadas por relatórios de desempenho.

É um retrato realista de um sistema que consome seus jovens — e o resultado é tão angustiante quanto magnético.

Harper e Yasmin: protagonistas de uma geração à beira do colapso

No centro dessa tempestade emocional estão Harper Stern e Yasmin Kara-Hanani. Elas não são heroínas, nem vilãs. São jovens complexas, repletas de contradições e desejos urgentes.

Harper, interpretada por Myha’la Herrold, representa a forasteira que tenta conquistar um espaço que parece nunca realmente pertencer a ela. Vinda de Nova York, de origem modesta, Harper se destaca por seu faro financeiro, mas também por uma inquietude que beira a autossabotagem.

Já Yasmin, na pele da refinada Marisa Abela, é o oposto: criada no berço da diplomacia internacional, com acesso aos melhores círculos, mas emocionalmente negligenciada, ela busca autonomia e respeito em um ambiente onde sua aparência e sobrenome ainda pesam mais que sua competência.

O abraço entre as atrizes no set, capturado no vídeo compartilhado por Kay, simboliza a intensidade dessa relação. Harper e Yasmin passaram por traições, alianças instáveis, rupturas e reencontros — e, se há algo que os fãs aguardam com ansiedade, é a resolução (ou aprofundamento) desse vínculo na nova temporada.

O que sabemos (e o que ainda não sabemos) da 4ª temporada

A HBO e a BBC mantêm silêncio total sobre a trama da nova temporada. Nenhuma sinopse oficial foi divulgada até agora. Mas os eventos do final da terceira temporada deixaram um terreno fértil para o drama.

Harper foi afastada da Pierpoint após a revelação de que mentiu sobre sua formação acadêmica — um golpe devastador para alguém que construiu sua carreira na base do esforço e da performance ininterrupta. Yasmin, por sua vez, abraçou seu lado mais calculista, posicionando-se como uma jogadora fria em um tabuleiro onde emoções são fraquezas.

É nesse cenário que a quarta temporada promete seu retorno: com Harper do lado de fora, tentando se reerguer (ou se reinventar), e Yasmin cada vez mais enraizada em uma cultura corporativa tóxica.

Rumores indicam que novos personagens serão introduzidos, incluindo executivos veteranos e competidores mais jovens, alimentando ainda mais a dinâmica de pressão, rivalidade e lealdades duvidosas que definem a série.

Uma série que fala de dinheiro, mas também de humanidade

É fácil se perder nas cifras e termos técnicos que permeiam a série, mas o verdadeiro foco de Industry nunca foi o dinheiro — e sim as pessoas.

Por trás dos gráficos de rendimento e das ligações desesperadas com clientes, há um grito silencioso por aceitação, descanso e sentido. A série aborda temas como ansiedade, depressão, identidade de gênero, racismo institucional, vícios e abuso emocional com uma franqueza rara na televisão.

É por isso que a série tocou especialmente os jovens adultos, uma geração que cresceu sob a promessa do sucesso meritocrático e que agora se vê exausta, endividada e confusa.

Será o fim?

A grande incógnita agora é: a quarta temporada será a última?

Konrad Kay e Mickey Down já sugeriram, em entrevistas anteriores, que a série foi concebida com um arco narrativo fechado. Se essa for mesmo a despedida da série, o momento do abraço entre Marisa e Myha’la assume ainda mais peso: é o fechamento de um ciclo. De personagens que começaram como estagiárias ansiosas e terminaram como mulheres transformadas — para o bem e para o mal.

Para os criadores e para a equipe técnica, encerrar a temporada é também sobreviver emocionalmente à maratona de gravar um drama tão intenso, onde cada cena exige mergulhos profundos em emoções desconfortáveis. Em tempos de séries descartáveis e tramas enlatadas, Industry sempre ousou ser real demais. E isso tem um custo.

COMENTE

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui