Foto: Reprodução/ Internet

Tem histórias que não nascem para acabar em silêncio. Elas precisam se despedir em voz alta, em um sussurro sombrio no meio da noite, entre cruzes viradas, luzes piscando e um arrepio que ninguém consegue explicar. É exatamente isso que promete “Invocação do Mal 4: O Último Ritual”, o capítulo final da saga de Ed e Lorraine Warren, que chega aos cinemas no dia 5 de setembro com o peso e o privilégio de encerrar uma das franquias mais queridas do cinema de terror contemporâneo.

Com a estreia do trailer final nesta quinta-feira (31) — que você confere logo abaixo — os fãs já podem perceber o clima de despedida: intenso, pessoal e carregado de tensão espiritual. A proposta do filme vai além de provocar sustos; ele quer emocionar. E talvez, no fundo, nos fazer entender que o verdadeiro terror nem sempre está nos demônios, mas sim naquilo que não conseguimos ver… só sentir.

Um adeus ao casal que enfrentou o além

Foram mais de dez anos, três filmes principais e outros seis derivados, mas nenhum personagem cativou tanto quanto o casal Warren, interpretado com dedicação visceral por Vera Farmiga e Patrick Wilson. Eles não eram apenas investigadores do oculto. Eram marido e mulher, parceiros na vida e no além, unidos por uma fé que foi colocada à prova a cada caso, a cada grito no escuro.

Agora, em “O Último Ritual”, os dois retornam mais vulneráveis do que nunca. Lorraine começa a sentir que sua conexão com o mundo espiritual está se tornando um fardo. Ed, por sua vez, sente o peso físico e emocional dos anos dedicados a enfrentar o mal. O novo caso, descrito como “o mais perigoso e íntimo de suas vidas”, parece ser o último desafio — um que talvez não se resolva apenas com orações e crucifixos.

Judy Warren assume o centro da história

Uma das surpresas do novo filme é o destaque dado a Judy Warren, filha do casal. Interpretada agora por Mia Tomlinson, Judy já não é mais a menina assustada de antes. Ela cresceu. E agora, com seu namorado Tony Spera (vivido por Ben Hardy), se vê no meio do novo pesadelo que ameaça não apenas os pais, mas tudo que eles construíram.

O trailer sugere que a fé de Judy será posta à prova de uma forma jamais vista na franquia. Afinal, crescer cercada por bonecas amaldiçoadas, fitas de exorcismo e uma sala trancada cheia de artefatos diabólicos deixa cicatrizes — algumas que só se revelam quando o mal decide voltar.

Bastidores com clima de despedida

As filmagens aconteceram em Londres, entre setembro e novembro de 2024. Segundo relatos da equipe, o clima nos bastidores era quase cerimonial. Diretores, produtores e elenco sabiam que estavam escrevendo o ponto final de uma história que mexeu com o público como poucas outras.

O diretor Michael Chaves, que também comandou A Maldição da Chorona e Invocação do Mal 3, assumiu a responsabilidade com o peso que ela exige. “Esse não é apenas um filme de terror. É uma carta de despedida. Um testamento”, declarou ele em entrevistas.

A trilha sonora, composta por Benjamin Wallfisch, volta com aqueles acordes que calafriam a espinha e deixam a tensão à flor da pele. Mas desta vez, a música também traz notas melancólicas, como se cada cena fosse o último ato de uma peça que não quer ser esquecida.

O medo que virou fenômeno

Quando Invocação do Mal estreou em 2013, dirigido por James Wan, ninguém imaginava que um simples caso de possessão nos anos 1970 se tornaria o estopim de um universo cinematográfico tão vasto. De lá para cá, o público foi apresentado à boneca Annabelle, à freira demoníaca Valak, à maldição da Chorona e à própria história por trás dos Warrens reais.

Mais do que gritos no cinema, a saga se tornou um fenômeno cultural, despertando o interesse por espiritualidade, ocultismo e fé como poucas obras conseguiram. Podcasts foram criados para analisar cada detalhe. Canais do YouTube investigaram os casos reais. A sala de relíquias dos Warrens se tornou quase um ponto turístico espiritual.

E agora, depois de tudo isso, o último filme chega com a missão de não apenas fechar o ciclo, mas honrar tudo o que veio antes.

Um enredo ainda misterioso

A Warner Bros. tem mantido o enredo sob segredo, mas sabe-se que o novo caso investigado por Ed e Lorraine será mais pessoal do que qualquer outro. Não se trata apenas de salvar uma família, mas de proteger o legado de sua própria fé. Há rumores de que o filme aborda um culto demoníaco infiltrado em instituições religiosas, o que colocaria em xeque tudo aquilo que os Warren sempre defenderam.

No centro do conflito, estão visões aterrorizantes, aparições com rostos familiares e uma entidade que parece conhecer os medos mais profundos de cada personagem. O mal, desta vez, não vem de fora — ele nasceu dentro do próprio sagrado.

Último ritual, últimos fantasmas

Se você acompanhou a saga desde o começo, prepare-se para reencontros. O filme contará com o retorno do Padre Gordon (Steve Coulter), figura importante nos filmes anteriores, além do carismático Drew (Shannon Kook), braço direito dos Warrens. É quase como reunir a família para um último jantar — só que cercado por velas tremeluzentes, sombras nos corredores e um crucifixo virado.

Há também nomes novos no elenco, como Rebecca Calder, Elliot Cowan, Kíla Lord Cassidy e Beau Gadsdon, sugerindo que o novo caso envolverá várias camadas de vítimas e testemunhas.

Mas uma ausência já confirmada é a de Sterling Jerins, que interpretava Judy nas versões anteriores. A mudança de atriz representa não apenas um salto temporal, mas uma Judy madura, capaz de encarar seus próprios demônios.

A despedida de uma geração

Assim como Harry Potter marcou uma geração com sua despedida em “Relíquias da Morte”, e Vingadores: Ultimato encerrou um ciclo épico para os heróis da Marvel, “O Último Ritual” carrega esse mesmo peso emocional para os fãs do terror. Estamos falando de personagens que nos acompanharam por mais de uma década, que cresceram conosco — e que agora precisam ser deixados partir.

Mas o terror, como a fé, nunca desaparece. Ele apenas muda de forma. E talvez, ao final do filme, a maior lição seja essa: os fantasmas nunca estão apenas do lado de fora. Às vezes, o que mais nos assusta vive dentro da gente.

Uma nova era à espreita?

Apesar de o filme ser anunciado como o capítulo final da saga dos Warrens, James Wan já deixou claro que isso não significa o fim do universo “Invocação do Mal”. Há especulações sobre possíveis spin-offs com Judy, sobre histórias derivadas da sala de artefatos ou até mesmo prequels que explorem os primeiros casos do casal.

Mas por enquanto, tudo é silêncio. Um silêncio denso, pesado, como o que antecede o último ritual. Como o silêncio que paira antes da luz apagar.

O que resta dizer?

“Invocação do Mal 4: O Último Ritual” não chega como apenas mais um capítulo de sustos e possessões. Ele se apresenta como uma despedida íntima, quase como um abraço silencioso entre os criadores e o público que cresceu junto com essa história. Durante mais de uma década, Ed e Lorraine Warren foram mais do que caçadores de fantasmas — foram guias em meio ao desconhecido, luzes acesas no breu da tela, símbolos de uma fé que resistia mesmo quando tudo parecia perdido. Agora, com o fim à vista, não é só o cinema que se despede deles — somos nós. E ainda que a projeção termine, os ensinamentos, os silêncios e a coragem que eles deixaram continuarão ecoando em cada um que, um dia, enfrentou o escuro e escolheu acreditar.

Esdras Ribeiro
Além de fundador e editor-chefe do Almanaque Geek, Esdras também atua como administrador da agência de marketing digital Almanaque SEO. É graduado em Publicidade pela Estácio e possui formação técnica em Design Gráfico e Webdesign, reunindo experiência nas áreas de comunicação, criação visual e estratégias digitais.

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