Kleber Mendonça Filho estreia em Toronto com “O Agente Secreto”, thriller político que conquista o mundo

Nova produção brasileira aclamada pela crítica internacional estreia no Festival de Toronto ao lado de nomes como Guillermo del Toro e Richard Linklater.

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Foto: Reprodução/ Internet

O cinema brasileiro volta a ocupar lugar de destaque no cenário internacional com O Agente Secreto, novo longa-metragem de Kleber Mendonça Filho, que segue colhendo os frutos de uma trajetória de sucesso em grandes festivais pelo mundo. Após uma estreia arrebatadora em Cannes, onde venceu prêmios de Melhor Direção, Melhor Ator, o FIPRESCI da crítica e o “Art et Essai” da AFCAE, o longa acaba de ter confirmada sua première no Festival Internacional de Cinema de Toronto, um dos eventos mais prestigiados da América do Norte.

O filme faz parte da cobiçada seleção Special Presentations, onde divide espaço com obras de mestres do cinema mundial, como Jafar Panahi, Guillermo del Toro e Richard Linklater. A 50ª edição do TIFF (Toronto International Film Festival) acontece entre 4 e 14 de setembro, e marca mais uma etapa da consagração internacional do novo projeto do diretor pernambucano.

“Estou muito contente. Já estive em Toronto com Aquarius, Bacurau e Retratos Fantasmas, e esse anúncio é apenas o primeiro de uma longa lista de festivais importantes na América do Norte”, declarou Kleber.

Thriller político ambientado no Recife de 1977

Ambientado em um Brasil mergulhado em vigilância, paranoia e contradições, O Agente Secreto transporta o público para o Recife de 1977, onde acompanhamos a jornada de Marcelo (interpretado por Wagner Moura), um especialista em tecnologia que tenta se esconder do próprio passado. Ao retornar à cidade natal em busca de paz, ele descobre que a capital pernambucana, em plena ditadura, está longe de ser um abrigo seguro.

O longa mergulha nas engrenagens da repressão política com uma tensão crescente e um cuidado estético já característico das obras de Mendonça Filho. O diretor — que também assina o roteiro — constrói um thriller com ecos de cinema de espionagem e cinema autoral latino-americano, com atmosfera densa, silenciosa e explosiva.

Estrelado por Wagner Moura e um elenco de peso

Além da atuação poderosa de Wagner Moura, premiada em Cannes, o elenco reúne alguns dos nomes mais respeitados do audiovisual brasileiro: Maria Fernanda Cândido, Gabriel Leone, Carlos Francisco, Hermila Guedes, Alice Carvalho, Roberto Diogenes, entre outros.

Cada um dos personagens funciona como peça fundamental de uma rede de segredos, conspirações e relações corrompidas entre tecnologia, política e sobrevivência pessoal. O trabalho de elenco é afinado e sensível, com destaque para a construção das tensões interpessoais que alimentam a atmosfera opressiva do filme.

Reconhecimento em Portugal, Polônia, Austrália e França

Antes mesmo de sua estreia no Brasil, O Agente Secreto já conquistou plateias em diferentes continentes. O longa teve sessões esgotadas em Portugal, onde as sete pré-estreias lotaram rapidamente. Também passou por eventos importantes como o Festival de Cinema de Sydney, na Austrália, e o New Horizons, na Polônia. Em Paris, o filme foi exibido ao ar livre nos jardins do Museu do Louvre, dentro da programação do Cinéma Paradiso Louvre — um feito raro para um filme latino-americano.

Esses eventos não só consolidam a reputação internacional de Kleber como um dos maiores autores do cinema contemporâneo, como também posicionam O Agente Secreto como uma das produções brasileiras mais comentadas e promissoras do ano.

Estreia no Brasil e distribuição global

Com lançamento comercial marcado para 6 de novembro nos cinemas brasileiros, O Agente Secreto terá também uma série de sessões especiais no país durante os meses de setembro e outubro. A expectativa é que essas pré-estreias estimulem o debate e consolidem o filme como um evento cinematográfico nacional.

Internacionalmente, o longa será lançado em 94 países de quatro continentes. A distribuição nos Estados Unidos e Canadá será feita pela NEON, mesma responsável por Parasita e Titane, enquanto a MUBI assume a exibição no Reino Unido, Irlanda, Índia e em países da América Latina (com exceção do Brasil). Entre os territórios já confirmados estão China, México, Coreia do Sul, Grécia, Nova Zelândia, Finlândia, Alemanha e Índia, consolidando uma presença global rara para uma produção brasileira.

Coprodução internacional e DNA brasileiro

Apesar do alcance global, O Agente Secreto mantém raízes profundas no Brasil. O filme é uma coprodução entre a CinemaScópio (Brasil), MK Productions (França), Lemming Film (Holanda) e One Two Films (Alemanha). A produção é assinada por Emilie Lesclaux, parceira criativa de longa data de Kleber, com distribuição nacional pela Vitrine Filmes — que também lançou Bacurau e Retratos Fantasmas no Brasil.

A junção entre expertise técnica internacional e sensibilidade brasileira dá ao filme uma força estética única. A direção de fotografia, os planos longos, os sons ambientes e os silêncios carregados são recursos usados de maneira estratégica para amplificar a tensão e a crítica social — marcas registradas do cineasta.

Kleber Mendonça Filho: entre a crítica e o público

Com O Agente Secreto, Kleber Mendonça Filho consolida-se definitivamente como uma voz autoral com alcance global. De O Som ao Redor a Bacurau, passando por Aquarius e Retratos Fantasmas, sua filmografia sempre navegou entre o íntimo e o político, com atenção aguçada aos detalhes sociais e culturais do Brasil contemporâneo — e agora, histórico.

Seu novo filme mergulha mais profundamente na linguagem do suspense, explorando o passado ditatorial com a mesma coragem crítica e apuro técnico que o consagraram. Ao mesmo tempo, oferece uma experiência imersiva para o público, que não precisa conhecer o contexto histórico para se deixar levar pela tensão crescente e pelos dilemas éticos que o roteiro propõe.

Um novo marco do cinema brasileiro

O Agente Secreto é mais do que um filme: é um testemunho artístico sobre um tempo sombrio da história brasileira, narrado com potência cinematográfica, inteligência política e coragem estética. A estreia em Toronto e a recepção internacional consolidam a produção como um marco do cinema latino-americano em 2025.

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