
Imagine um universo onde o amor é uma ameaça à ordem cósmica, e a simples troca de olhares pode estremecer as fundações do mundo. Assim nasce Sonho e Pesadelo, o novo romance da escritora Marina Dutra, que chega às prateleiras como uma das obras mais sensíveis e ousadas da nova geração da fantasia brasileira.
Misturando elementos de mitologia própria, linguagem poética e uma narrativa marcada por dualidades, o livro apresenta dois deuses destinados a nunca se encontrar — e que, ao desafiar essa regra, colocam em xeque tudo aquilo que conhecem sobre si mesmos, sobre o mundo e sobre o amor.
Um amor dividido entre luz e sombra
Na história, acompanhamos Sonho, divindade nascida da luz do luar, criada sob os cuidados de Esperança e Vontade, e responsável por inspirar os devaneios mais puros dos mortais. Do outro lado da realidade, separado por uma barreira sagrada, está Pesadelo, moldado pelas emoções de Angústia e Medo, solitário guardião das sombras que habitam o inconsciente coletivo.
Ambos vivem isolados em reinos opostos, proibidos de se encontrar pelos Criadores, figuras míticas que estabeleceram uma única lei imutável: luz e trevas não devem jamais se unir. Mas quando uma pequena brecha se abre nessa muralha milenar, o improvável acontece: Sonho e Pesadelo se veem. E nada mais será como antes.
Fábula romântica com DNA pop
Embora a estrutura remeta a clássicos trágicos como Romeu e Julieta, o romance de Marina evita o tom fatalista. Inspirada em obras como Castelo Animado, do Studio Ghibli, e influenciada pela estética das grandes animações japonesas, a autora combina drama existencial com lirismo visual e emoção contida.
A narrativa alterna entre os dois protagonistas, revelando camadas emocionais profundas e construindo aos poucos uma mitologia original, repleta de simbolismos celestes, paisagens oníricas e figuras arquetípicas. É uma história que fala sobre amor, mas também sobre medo, identidade, escolhas e revolta contra um destino pré-escrito.
Mais do que fantasia: um comentário sobre liberdade
Além da beleza da escrita e do romance central, Sonho e Pesadelo provoca reflexões sobre temas contemporâneos. Em suas entrelinhas, o livro discute o poder da emoção reprimida, o impacto de sistemas que separam e o preço de viver uma vida que não é sua.
“O que mais me atrai em histórias fantásticas é a possibilidade de abordar questões reais sob uma ótica metafórica. Neste livro, falo sobre liberdade, sobre o direito de sentir e sobre quebrar estruturas que nos foram impostas antes mesmo de nascermos”, explica Marina.
















