
Nesta segunda-feira (14), o Conversa com Bial recebe uma das vozes mais marcantes da música brasileira: Marina Lima. A artista, que completou 70 anos em junho, fala com franqueza e emoção sobre sua trajetória de mais de quatro décadas na música, suas transformações ao longo do tempo e, pela primeira vez na televisão, sobre a despedida do irmão e parceiro artístico Antonio Cícero, falecido em 2024, por meio de suicídio assistido na Suíça, após o avanço do Alzheimer.
Ao lado do cantor e compositor Arthur Nogueira, com quem mantém forte parceria nos palcos, Marina se emociona ao revisitar capítulos marcantes da carreira e da vida pessoal — da explosão nos anos 80 com sucessos como Charme do Mundo, até os dias atuais, em que segue ativa, fazendo shows e provocando reflexões com sua arte.
A perda e o legado de Antonio Cícero
A conversa ganha contornos ainda mais íntimos quando Marina fala sobre Antonio, poeta, filósofo e responsável por algumas das letras mais emblemáticas de sua carreira. Ela revela, com serenidade e afeto, como acompanhou de perto a decisão do irmão de recorrer ao suicídio assistido na Suíça — onde a prática é legal — após o diagnóstico de Alzheimer e o rápido comprometimento de suas faculdades cognitivas.
“Foi uma despedida com amor, dignidade e muito silêncio. Ele foi meu maior parceiro, e isso vai além da música”, disse Marina, comovendo a plateia e o próprio Pedro Bial. A cantora destacou que a escolha de Antonio foi profundamente pensada e respeitada pela família. “Ele era lúcido até o fim. Quis partir como viveu: com autonomia.”

Uma trajetória feita de rupturas, reinvenções e liberdade
Nascida no final dos anos 1950, Marina surgiu na música no final da década de 1970 e ajudou a moldar a identidade sonora das rádios FM dos anos 80, com um estilo inovador que fundia pop, poesia, sensualidade e crítica social. Compositoras ainda eram raras no mainstream quando Charme do Mundo a projetou para o grande público. De lá para cá, ela nunca saiu de cena.
A cantora também foi pioneira em quebrar tabus na vida pública. Sempre se mostrou aberta sobre sua sexualidade, sua independência e sua visão crítica do mercado fonográfico. Nas últimas décadas, mesmo com menos espaço na grande mídia, manteve uma base fiel de fãs e uma presença constante nos palcos e nos streamings.
Diálogo entre gerações
Durante a entrevista, a presença de Arthur Nogueira, com quem Marina divide o palco em sua atual turnê, reforça a conexão da artista com novas gerações. Juntos, eles interpretam canções marcantes e falam sobre o poder de renovação que a música oferece — mesmo diante da dor.
















