Martin Lawrence troca o riso pelo medo em “Gaiola Mental”, filme da “Super Tela” deste sábado (02/08)

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Foto: Reprodução/ Internet

Você conhece Martin Lawrence pelas gargalhadas. Pelas caretas em “Vovó… Zona”, pelos gritos e explosões em “Bad Boys”. Mas neste sábado, 2 de agosto de 2025, a Super Tela da Record TV traz uma face quase desconhecida do ator: a do medo. No suspense, o comediante americano abandona o humor para mergulhar em um universo sombrio, onde arte e morte se entrelaçam em um jogo psicológico inquietante.

Com John Malkovich e Melissa Roxburgh no elenco, o longa americano não é só mais um thriller criminal. É uma experiência claustrofóbica sobre obsessão, fé distorcida e a linha tênue entre justiça e loucura. O filme chega à TV aberta dois anos depois de ser redescoberto pelo público nas plataformas digitais — e carrega uma nova camada de interesse: a curiosidade em ver Lawrence em um papel dramático, frio, silencioso.

Entre quadros e cadáveres: o enigma começa

Na trama, uma série de assassinatos estilizados começa a chamar atenção: os corpos surgem em cenas que mais parecem instalações artísticas de horror. São crimes assinados por um imitador, que recria obras macabras inspiradas em um serial killer preso, conhecido como “O Artista”. Para deter essa nova onda de mortes, os detetives Jake Doyle (Lawrence) e Mary Kelly (Roxburgh) decidem recorrer ao próprio assassino original — interpretado com brilhantismo gélido por John Malkovich.

É nesse triângulo de tensão que o filme se desenrola: um veterano cansado, uma investigadora em busca de redenção e um monstro preso, mas longe de estar domado. O resultado é um diálogo constante entre racionalidade e delírio, com cada passo levando os personagens (e o espectador) a um labirinto mental sem saída fácil.

Martin Lawrence, um estranho no ninho sombrio

Lawrence é o elemento surpresa do filme. Sem piadas, sem exageros, sem alívio cômico. Seu detetive Doyle é introspectivo, ferido, alguém que já viu coisas demais e confia de menos. E é justamente por isso que sua presença funciona. O peso da desconfiança está em cada gesto, cada silêncio, cada olhar que não quer se envolver, mas precisa.

Em entrevistas após o lançamento, Lawrence revelou que buscava “um desafio que o tirasse da zona de conforto” e encontrou neste roteiro “um convite para o desconforto”. Missão cumprida. Sua performance é contida, mas firme — e, para muitos fãs, reveladora de um talento ainda inexplorado.

Foto: Reprodução/ Internet

Malkovich e o vilão que não grita

O grande vilão do filme não grita. Não corre. Não aparece com faca em punho. John Malkovich cria um personagem que aterroriza com pausas, com palavras escolhidas, com teorias que fazem sentido demais. “O Artista” é um assassino culto, que cita versículos bíblicos e compara seus crimes a atos divinos. O tipo de figura que perturba não só pela violência, mas por parecer… logicamente coerente.

Suas conversas com a detetive Mary são como partidas de xadrez verbais, cheias de armadilhas escondidas. E é aí que Melissa Roxburgh brilha: sua personagem entra nesse mundo como quem pisa em terreno sagrado — e cada vez mais contaminado.

Trilha sombria e atmosfera pesada

Gravado no Arkansas, com produção marcada por dificuldades técnicas e protocolos de segurança da pandemia, o filme opta por um visual carregado: luzes frias, sombras constantes, planos fechados e uma trilha sonora que mais provoca calafrios do que emoção. O diretor Mauro Borrelli, conhecido por trabalhos visuais em grandes blockbusters, aqui foca em simbologia: tudo na tela tem um duplo sentido. A cruz em segundo plano, o reflexo no espelho, a pintura rasgada. Nada é gratuito.

Essa estética reforça a sensação de aprisionamento — mental e físico — que envolve os personagens e, de certa forma, também o público. O filme não quer ser confortável. Ele quer que você respire com dificuldade junto com os detetives.

Da rejeição à redenção: o fenômeno do streaming

No lançamento, em 2022, o filme não teve a recepção calorosa que seus produtores esperavam. A crítica foi dura: no Rotten Tomatoes, o índice de aprovação foi de apenas 18%. Muitos apontaram semelhanças óbvias com clássicos do gênero, como “Seven” e “O Silêncio dos Inocentes”, mas sem a mesma sofisticação.

Mas a história não acabou ali. Em 2024, quase do nada, longa-metragem entrou no radar da Netflix e explodiu: alcançou o Top 10 em vários países e acumulou milhões de horas assistidas. O público pareceu finalmente perceber o que o marketing inicial não soube vender: o filme não é uma reinvenção do gênero, mas um retrato curioso da fragilidade humana diante da monstruosidade racional.

Onde assistir?

Se você não viu o longa-metragem nos cinemas ou deixou passar no streaming, agora tem uma nova oportunidade: o suspense vai ao ar neste sábado, às 23h15. É a chance perfeita de conferir gratuitamente uma trama intensa e cheia de reviravoltas, direto da sua televisão. E, caso prefira assistir em outro momento, o filme também está disponível para aluguel digital no Prime Video, a partir de R$ 14,90, além de outras plataformas de vídeo sob demanda — basta conferir nos catálogos da sua operadora ou serviço favorito.

O filme vale a pena?

É verdade: “Gaiola Mental” não inventa a roda. Mas não precisa. Seu valor está no que ele provoca: a curiosidade de ver um comediante em sua versão mais soturna, o desconforto diante de um vilão que fala com calma demais, e aquela sensação de que a arte pode ser tão perigosa quanto uma arma.

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