Foto: Reprodução/ Internet

A noite desta segunda-feira, 1º de dezembro, promete ser cor-de-rosa na Globo. A emissora exibirá Barbie, o fenômeno cinematográfico de 2023 que ultrapassou a barreira das bilheterias e se consolidou como um dos acontecimentos culturais mais marcantes da última década. Dirigido por Greta Gerwig, o filme chegou aos cinemas com espírito de blockbuster e alma de manifesto pop, conquistando públicos muito além do infantil. Agora, chega à Tela Quente para repetir a força do impacto dentro de milhões de lares brasileiros.

No longa, acompanhamos a versão estereotipada de Barbie, interpretada com carisma por Margot Robbie. Ela vive em Barbieland, um universo colorido, meticulosamente organizado e aparentemente perfeito, onde todas as Barbies são felizes e realizadas em suas profissões. Quando pensamentos existenciais passam a interferir em sua rotina impecável, trazendo inseguranças inéditas e falhas em sua aparência idealizada, a personagem se vê diante de uma crise que abala sua posição dentro daquele mundo. Embora não seja expulsa de forma literal, o afastamento de sua própria perfeição a coloca em um limbo dentro de Barbieland. Em busca de respostas e de uma noção mais autêntica de felicidade, ela parte para o mundo humano acompanhada de Ken, interpretado por Ryan Gosling em uma atuação que equilibra humor, fragilidade e intensidade.

É nesse contraste entre fantasia e realidade que o filme floresce. Greta Gerwig constrói uma narrativa que, à primeira vista, pode parecer ingênua, mas que se revela precisa ao abordar padrões de beleza, inseguranças, machismo estrutural e, principalmente, a busca por um propósito pessoal em meio a tantas expectativas externas. A diretora transforma a franquia Barbie em um discurso vibrante sobre identidade e pertencimento, sem abrir mão do humor e do espetáculo visual.

A marca autoral de Gerwig está em cada detalhe. Conhecida por trabalhos como Lady Bird e Adoráveis Mulheres, ela utiliza o universo da boneca mais famosa do mundo como plataforma para reflexão e diálogo. Ao lado do corroteirista Noah Baumbach, cria uma narrativa madura e complexa, capaz de dialogar com diferentes gerações. A diretora assume riscos estéticos e narrativos que, em mãos menos sensíveis, poderiam soar artificiais, mas que aqui funcionam como um convite para reflexões profundas sobre o que significa ser mulher em um mundo que exige perfeição, ser homem em um ambiente que molda masculinidades frágeis e, em última instância, o que significa ser humano. Essas inquietações emergem tanto em diálogos cheios de humor quanto em cenas emocionalmente potentes, como o monólogo de America Ferrera, que rapidamente se tornou um dos momentos mais lembrados do filme por tratar de forma direta as expectativas que recaem sobre as mulheres.

O elenco, diverso e carismático, abraça com entusiasmo a proposta de Gerwig. Além de Margot Robbie e Ryan Gosling, estão presentes America Ferrera, Kate McKinnon, Issa Rae, Simu Liu, Michael Cera e tantas presenças que enriquecem a experiência. No Brasil, a dublagem reforça essa energia vibrante com nomes como Angélica Borges, Manolo Rey, Carina Eiras, Mariana Dondi, Flávia Saddy e Ariana Greenblatt. Gosling se destaca ao interpretar um Ken que transita entre o cômico e o vulnerável, responsável tanto por algumas das cenas mais hilárias quanto pelas mais melancólicas. Não à toa, recebeu indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Já Margot Robbie entrega uma Barbie cheia de nuances, delicada, assertiva e profundamente humana ao descobrir que ser imperfeita pode ser libertador.

A trajetória de Barbie até chegar às telas também é digna de destaque. O projeto de uma adaptação live-action começou ainda em 2009, inicialmente nas mãos da Universal. Depois seguiu para a Sony, com diferentes versões de roteiro e atrizes ligadas à produção. A transformação definitiva ocorreu quando o longa chegou à Warner Bros. Em 2019, Margot Robbie foi confirmada como protagonista e produtora, e em 2021 veio a escolha que mudaria os rumos da narrativa: Greta Gerwig assumiu a direção e o roteiro, ao lado de Noah Baumbach. As filmagens começaram em 2022, nos estúdios da Warner em Leavesden, na Inglaterra. A produção chamou atenção pela recriação detalhada de Barbieland, resultado do trabalho de equipes robustas de design e construção, responsável por entregar um universo visualmente impactante que combina nostalgia, modernidade e elementos de musical, comédia e fantasia.

O lançamento, em julho de 2023, transformou o filme em um fenômeno global. A première em Los Angeles já dava indícios da recepção calorosa que viria pela frente. Em poucas semanas, Barbie se tornou uma avalanche cultural. O longa ultrapassou a marca de 1 bilhão de dólares ainda em seu terceiro fim de semana e transformou Greta Gerwig na primeira diretora solo a alcançar tal marca. A crítica elogiou a ousadia da narrativa, o humor inteligente e a maneira como o filme equilibra leveza e relevância social.

Entre prêmios e indicações, Barbie conquistou oito nomeações ao Oscar, incluindo Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante para Ryan Gosling e Melhor Atriz Coadjuvante para America Ferrera. A música What Was I Made For?, de Billie Eilish, venceu como Melhor Canção Original ao transformar em melodia a essência emocional do longa. O filme também recebeu dois Globos de Ouro, incluindo a categoria de Realização Cinematográfica e de Bilheteria. No total, encerrou sua passagem pelos cinemas com mais de 1,446 bilhão de dólares arrecadados, tornando-se a maior bilheteria da história da Warner Bros.

Esdras Ribeiro
Além de fundador e editor-chefe do Almanaque Geek, Esdras também atua como administrador da agência de marketing digital Almanaque SEO. É graduado em Publicidade pela Estácio e possui formação técnica em Design Gráfico e Webdesign, reunindo experiência nas áreas de comunicação, criação visual e estratégias digitais.

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