
Na noite desta segunda-feira, 22 de setembro, o público do Sensacional, comandado por Daniela Albuquerque na RedeTV!, vai acompanhar uma entrevista carregada de emoção, coragem e memórias marcantes. A convidada é ninguém menos que Nicole Puzzi, uma das musas mais icônicas do cinema e da televisão brasileira entre as décadas de 1970 e 1990.
A atriz, que conquistou o público com seu talento, beleza e presença magnética, abre o coração sobre as dores e alegrias de sua trajetória – um relato que vai muito além dos holofotes, trazendo à tona temas sensíveis como assédio nos bastidores, o desafio de conciliar a maternidade com a carreira artística e o impacto das dificuldades familiares em sua vida pessoal.
Ao longo da conversa, Nicole não se limita a recordar episódios. Ela os revisita com a maturidade de quem viveu intensamente e, sobretudo, com a clareza de quem entende que sua história também faz parte da história de muitas mulheres brasileiras.
O assédio velado (e explícito) nos bastidores
A entrevista começa abordando um tema que infelizmente continua atual: o assédio no ambiente profissional. Nicole revela que, no auge de sua carreira, era praticamente impossível uma mulher circular com autonomia nos bastidores sem ser alvo de investidas indesejadas.
“Você não podia ir em um escritório se não fosse com uma amiga ou com alguém do seu lado”, relembra a atriz. A frase resume a vulnerabilidade sentida por tantas profissionais da época, em um período em que a cultura do silêncio era predominante e as mulheres eram constantemente responsabilizadas por situações abusivas.
Um dos episódios mais emblemáticos narrados por Nicole envolve a Playboy, revista que marcava fortemente o imaginário da época. Ela conta que precisou enfrentar, de forma direta e corajosa, uma situação de assédio com o diretor de redação da publicação. “Briguei com o diretor de redação da Playboy porque ele me assediou. Eu o derrubei, joguei ele para fora do meu fusca”, relata, sem medo de expor a realidade dos bastidores.
Esse gesto de enfrentamento, incomum para o período, reflete uma postura que hoje é celebrada, mas que naqueles anos poderia significar o fim de uma carreira. Nicole, porém, acredita que sua geração teve um papel essencial na abertura de caminhos para que as mulheres se sentissem mais fortes e seguras. “A gente liberou muito as mulheres, porque naquela época, se você reclamasse, a culpa ia ser sua”, acrescenta.
Entre a carreira e a maternidade
Se a coragem já se mostrava presente em sua forma de lidar com o assédio, Nicole também viveu decisões pessoais que marcaram profundamente sua trajetória. Aos 24 anos, em meio ao auge de sua carreira, descobriu que estava grávida de sua única filha, Dominique.
O que poderia ser apenas uma celebração acabou se transformando em mais um momento de pressão. Ela recorda que um diretor de cinema chegou a questionar se ela realmente pretendia seguir com a gestação. “Acho que ele pensou no filme dele. Ele perguntou se eu iria tirar e eu falei que não. Ele disse: ‘Por que não? A gente vai para Hollywood. Como que você não vai tirar?’”, relembra Nicole, destacando a frieza com que sua maternidade foi encarada.
Na época, a escolha entre a carreira internacional e a realização do sonho da maternidade não foi fácil, mas para ela a resposta sempre esteve clara: ser mãe era prioridade. “Ele perguntou porque talvez uma atriz mais ambiciosa, que não desejasse tanto ser mãe, teria feito um aborto. Mas eu queria muito ser mãe”, declara emocionada.
Essa decisão trouxe mudanças significativas em sua vida profissional, mas também lhe deu a oportunidade de viver a maternidade de forma plena. Dominique cresceu acompanhando de perto a carreira da mãe, e o elo entre as duas sempre foi permeado por amor, cumplicidade e respeito.
A família como porto seguro
Se a maternidade foi uma escolha consciente e celebrada, a vida também apresentou desafios que Nicole jamais imaginaria enfrentar. Entre os momentos mais emocionantes da entrevista, a atriz abre o coração ao falar sobre seu irmão, que há mais de 30 anos enfrenta a esclerose múltipla.
A doença, de caráter degenerativo e imprevisível, transformou não apenas a vida dele, mas também a de toda a família. “Foi uma mudança total na vida dele e na minha vida. Ele estava muito bem, trabalhava, viajava, e de repente se viu com a esclerose”, recorda Nicole.
Ela relembra ainda as dificuldades financeiras que enfrentaram no início do tratamento. “Na época, o convênio médico não aceitava doença pré-existente, então a gente pagava quatro injeções por mês de R$ 1 mil cada”, relata, expondo a dura realidade de muitas famílias brasileiras que precisam lidar com o alto custo dos medicamentos.
Durante a gravação do programa, Nicole foi surpreendida com uma mensagem especial do irmão, um momento que a emocionou profundamente. Mais do que uma lembrança, esse gesto representou um reencontro simbólico com as raízes familiares e com a força que sempre guiou sua trajetória.
Uma geração que abriu portas
Ao longo da entrevista, fica evidente que a história de Nicole Puzzi não pode ser contada apenas pelos filmes, peças ou programas de televisão que estrelou. Sua presença nas telas foi apenas uma das dimensões de uma vida marcada por escolhas firmes, enfrentamentos corajosos e uma busca constante por dignidade e respeito.
Ao falar sobre a importância de sua geração, Nicole aponta que as atrizes dos anos 1970 e 1980 foram fundamentais para abrir espaço para as mulheres que vieram depois. Em uma época em que os direitos eram mais restritos e a autonomia feminina era frequentemente colocada em xeque, elas desafiaram padrões e se impuseram em um ambiente dominado por homens.
Nicole, com sua postura firme diante de situações abusivas e sua decisão de priorizar a maternidade em vez da fama, tornou-se exemplo de uma artista que não negociava seus valores.
A mulher por trás da musa
Mais do que revisitar memórias, a entrevista no Sensacional oferece ao público a oportunidade de conhecer a mulher por trás da musa. Nicole Puzzi fala de dores e alegrias com a mesma intensidade, mostrando que sua trajetória não foi apenas de glamour, mas também de sacrifícios, perdas e vitórias pessoais.
Hoje, com a serenidade de quem viveu e aprendeu, ela compartilha reflexões que ecoam não apenas no meio artístico, mas em qualquer espaço profissional. Seu depoimento sobre o assédio expõe feridas ainda abertas na sociedade; sua escolha pela maternidade reforça a importância da autonomia feminina; e seu relato sobre o irmão revela a profundidade dos laços familiares.





