
O Natal de 2025 chega às telas com um sabor genuinamente brasileiro e um olhar afetivo sobre as tradições que atravessam gerações. Nesta quinta-feira, 27, o Canal Brasil apresenta a estreia de “O Natal dos Silva”, primeira série da produtora mineira Filmes de Plástico, reconhecida internacionalmente pelo longa “Marte Um”. Criada por Gabriel Martins, a produção reúne parte da equipe criativa e do elenco que projetou o cinema mineiro para o mundo, agora em um formato seriado que aposta em humor, intimidade e na força simbólica das relações familiares. Os episódios vão ao ar todas as quintas, às 21h30, e também ficam disponíveis semanalmente para assinantes do Globoplay Plano Premium.
Gravada em Belo Horizonte, a série nasce do desejo de Gabriel Martins de ver histórias natalinas que dialogassem com o cotidiano brasileiro. O diretor, conhecido por transformar experiências pessoais em narrativas universais, explica que sempre sentiu falta de um imaginário de Natal que refletisse nossas referências culturais. Essa inquietação acabou guiando a concepção da obra. Na série, por exemplo, a árvore tradicional é substituída por um pé de manga, gesto simples e profundamente simbólico que traduz a liberdade com que a família Silva reinventa suas próprias tradições. Segundo o criador, essa brasilidade explícita é o fio que costura a essência da produção, construída a partir de memórias afetivas e observações íntimas de convivência familiar.
A história acompanha o primeiro Natal dos Silva após a perda da matriarca, e é justamente nesse luto recente que a trama encontra sua potência. O vazio deixado por ela altera a dinâmica das festividades, transformando cada diálogo, tentativa de celebração ou pequeno ritual em momentos carregados de significados. O público é convidado a observar um núcleo familiar ruidoso, imperfeito e profundamente emocional, onde conflitos e silêncios se misturam com a mesma intensidade. Gabriel Martins comenta que os Silva falam alto, mas escondem seus conflitos com a mesma força, e que amor e dor convivem de maneira tão estreita que muitas vezes só restam o grito, o choro ou a busca por reconciliação. É uma representação que se aproxima da realidade de muitas famílias brasileiras durante as festas de fim de ano.
No centro dessa dinâmica está Bel, interpretada por Rejane Faria, que assume o papel de guardiã das tradições enquanto tenta lidar com seus próprios limites e traumas. A personagem encarna de maneira visceral o dilema de quem deseja manter a família unida ao mesmo tempo em que enfrenta dores íntimas que ainda não encontrou espaço para elaborar. Rejane destaca que Bel é plural, intensa e completamente humana, capaz de transitar entre a fortaleza emocional e a vulnerabilidade mais profunda, o que a torna o coração sensível de toda a narrativa. Ao lado dela, nomes como Renato Novaes e Carlos Francisco reforçam a identidade artística já conhecida da Filmes de Plástico.
A série ganha ainda mais textura ao abraçar três diretores diferentes na condução da temporada. Gabriel Martins dirige o primeiro e o último episódios, enquanto Maurilio Martins e André Novais Oliveira assumem os capítulos intermediários. Cada um imprime seu olhar particular sobre a família Silva, oferecendo pequenas quebras de tom que enriquecem a experiência narrativa sem fragmentar a unidade emocional do projeto. Gabriel explica que a intenção era permitir que cada episódio respirasse de sua própria forma e mostrasse a família sob perspectivas estéticas distintas, multiplicando camadas de interpretação e ampliando a profundidade da história.
Com produção de Thiago Macêdo Correia em parceria com o Canal Brasil, “O Natal dos Silva” chega já mirando o futuro. A equipe enxerga a série como o início de um acompanhamento contínuo da família ao longo de diferentes datas comemorativas. A ideia é revisitar os Silva ano após ano, registrando mudanças, reencontros, renúncias e as inevitáveis tensões que surgem em qualquer núcleo familiar. Para Gabriel Martins, essa continuidade é estimulante porque permite que os personagens sigam vivendo, mesmo quando a câmera deixa de acompanhá-los. Ele conta que pensá-los em movimento, aguardando novas histórias e novos conflitos, se tornou um prazer criativo inesperado.





