
A escuridão ainda ecoa. Depois do sucesso inesperado do primeiro filme, lançado em 2021, a Universal Pictures decidiu retornar ao porão abafado onde a tensão e o sobrenatural andam lado a lado. A sequência, intitulada O Telefone Preto 2, tem estreia marcada para o dia 17 de outubro de 2025, e promete ser mais do que uma simples continuação — está sendo anunciada como o início de uma nova franquia de terror. Mas o que sabemos até agora sobre essa volta ao universo perturbador criado por Joe Hill?
De conto a franquia: a origem do terror
O primeiro filme nasceu da mente criativa de Joe Hill, filho do mestre do horror Stephen King. A história curta, lançada em 2004, foi adaptada para o cinema pelo diretor Scott Derrickson, conhecido por filmes como O Exorcismo de Emily Rose (2005) e Doutor Estranho (2016). Com roteiro coescrito por C. Robert Cargill, o filme se destacou pelo clima opressor e uma tensão crescente, misturando violência realista e elementos sobrenaturais com uma delicadeza rara no gênero.
Na trama original, acompanhamos Finney, um garoto sequestrado por um misterioso assassino conhecido como O Agarrador. Trancado em um porão à prova de som, Finney encontra sua única chance de escapar em um telefone preto desconectado da parede — por onde ele começa a se comunicar com as almas das vítimas anteriores do serial killer.
A combinação entre o terror psicológico, o simbolismo do telefone e as atuações intensas fizeram do longa um sucesso tanto de crítica quanto de público. Com orçamento modesto, o filme arrecadou mais de US$ 161 milhões nas bilheteiras mundiais, se tornando uma das grandes surpresas do terror nos últimos anos.
Uma sequência que ninguém esperava — e agora todos querem
Mesmo com o final do primeiro filme sugerindo um encerramento sólido para a jornada de Finney, o próprio Joe Hill não descartou a possibilidade de expandir esse universo sombrio. Segundo Scott Derrickson, o autor apresentou uma “ideia maravilhosa” para uma sequência — e a recepção calorosa do público serviu como combustível para que esse plano saísse do papel.
Agora, O Telefone Preto 2 vem sendo trabalhado como algo ainda maior. Não apenas uma continuação, mas uma porta de entrada para um universo narrativo mais amplo, algo nos moldes de franquias como Invocação do Mal ou Atividade Paranormal. Mas ao contrário dessas sagas, a aposta aqui é no horror psicológico com atmosfera sufocante, quase teatral, onde os personagens precisam lidar tanto com monstros reais quanto com os próprios traumas.
O elenco retorna — e ganha reforços
Um dos grandes trunfos do primeiro filme foi o elenco. Felizmente, os principais nomes estão de volta.
Mason Thames retorna ao papel de Finney, o jovem protagonista que sobreviveu a um dos piores horrores imagináveis. O ator, que desde então tem se destacado em produções como For All Mankind (Apple TV+), carrega agora o peso de aprofundar um personagem marcado por perdas e cicatrizes invisíveis.
Ao seu lado, está novamente Madeleine McGraw, que vive Gwen, a irmã sensitiva de Finney. A jovem atriz, também conhecida por seu trabalho em Outcast e Toy Story 4 (voz de Bonnie), foi uma das grandes revelações do primeiro longa — equilibrando carisma, inocência e intensidade emocional em uma atuação memorável.
O sempre versátil Ethan Hawke também está confirmado, reprisando o perturbador papel do vilão conhecido como O Agarrador. Hawke, que raramente se aventura por vilões tão extremos, entregou uma performance impactante e desconcertante, usando gestos sutis, mudanças de tom e, claro, as icônicas máscaras criadas por Tom Savini para dar vida ao assassino.
Jeremy Davies, no papel do problemático pai de Finney e Gwen, também retorna. Com passagens por séries como Lost e Justified, Davies oferece sempre um tom emocionalmente denso, o que deve se intensificar ainda mais agora que seu personagem carrega a culpa por não ter protegido os filhos.
Outra presença confirmada é Miguel Cazarez Mora, que viveu Robin, o espírito de uma das vítimas do Agarrador. Sua atuação como um tipo de mentor espiritual para Finney foi um dos elementos mais tocantes do primeiro filme.
A grande novidade no elenco é o premiado ator Demián Bichir, indicado ao Oscar por Uma Vida Melhor (2011). Ainda não há detalhes sobre seu personagem, mas sua entrada no universo do terror psicológico já está gerando grande expectativa entre os fãs do gênero.
Nos bastidores
A sequência mantém Scott Derrickson na direção, além de contar novamente com C. Robert Cargill no roteiro e produção. A dupla, que também colaborou em A Entidade (2012), é conhecida por seu domínio da construção de tensão e da ambientação sombria. A produção executiva ainda conta com Jason Blum, nome por trás da Blumhouse Productions, responsável por reviver o terror moderno com hits como Corra! e Fragmentado.
As filmagens começaram em novembro de 2024, em Toronto, sob o título de produção Mysterium. A expectativa é de que as gravações se encerrem em janeiro de 2025, mantendo um cronograma apertado, mas promissor. Até o momento, detalhes da trama estão sendo mantidos em segredo absoluto — uma estratégia comum em franquias que apostam no impacto das revelações.
O que esperar de O Telefone Preto 2?
Embora ainda não haja uma sinopse oficial, especulações indicam que o novo filme pode expandir o universo espiritual criado no primeiro longa. Será que outras crianças também conseguiram se comunicar com o além? Quem são as vozes que atendem do outro lado da linha? O retorno do Agarrador também levanta uma pergunta crucial: estamos lidando com uma nova manifestação sobrenatural ou há mais por trás da figura desse vilão do que imaginávamos?
Outro ponto que desperta curiosidade é o papel de Gwen. Sua mediunidade será aprofundada? Teremos um novo tipo de antagonista? A presença de Demián Bichir no elenco pode indicar a introdução de figuras com conhecimento paranormal — como investigadores, médiuns ou até novos assassinos.
Além disso, o visual icônico das máscaras — que já são quase um símbolo da franquia — deve voltar com novas variações. Joe Hill chegou a mencionar que elas foram parte da inspiração para construir uma sequência, o que sugere que elas podem ter até um significado mais profundo do que o inicialmente mostrado.
Caminho para o futuro
A estratégia de transformar a história em franquia não é acidental. Em tempos em que o terror se consolida como um dos gêneros mais lucrativos e artisticamente férteis do cinema, a Universal aposta em expandir esse universo com histórias que se comunicam, mas que também podem caminhar por si só. Se bem-sucedido, a sequência pode abrir espaço para prequels, spin-offs e outras histórias ambientadas no mesmo universo, explorando temas como mediunidade, violência doméstica, luto e redenção — sempre com o terror como pano de fundo.





