
Em algum lugar entre a nostalgia e o desejo por algo novo, uma nova era do mundo bruxo está tomando forma. E dessa vez, não é com Daniel Radcliffe ou Emma Watson, tampouco nos corredores conhecidos de Hogwarts que conhecemos nos cinemas. A magia está voltando, sim — mas agora sob o olhar da HBO, com um novo elenco, uma nova estética e, principalmente, com a missão de honrar uma história que marcou (e ainda marca) gerações inteiras.
Durante uma entrevista à Forbes Brasil, o diretor de fotografia Adriano Goldman — conhecido por seu trabalho premiado em The Crown — deixou escapar a primeira grande revelação: a primeira temporada da série terá 8 episódios, e não 6, como havia sido amplamente divulgado.
Parece pouco? Para os fãs mais atentos, isso significa mais espaço para nuances, mais tempo para aprofundar tramas que foram cortadas nos filmes e, claro, mais oportunidade de mergulhar nas entrelinhas de Hogwarts com olhos renovados.
“A pré-produção durou 18 semanas”, contou Goldman, destacando que esse momento inicial foi essencial para construir a espinha dorsal da série. “Nesse período, o diretor, o diretor de fotografia e o diretor de arte trabalham como um corpo só. Todas as decisões visuais e conceituais passam por esse trio — e por suas equipes.”
É a primeira vez que ouvimos com tamanha clareza como a série está sendo montada nos bastidores. E, mesmo que ainda estejamos longe da estreia, a sensação é de que algo grande está a caminho. Algo pensado com tempo, cuidado e respeito pela obra que moldou a infância e adolescência de tanta gente.
Um novo Dumbledore, uma nova McGonagall, um novo tudo
Se você está se perguntando quem são os rostos por trás dos personagens que tanto ama, aqui vai uma notícia boa: o elenco já começou a ser revelado — e está recheado de nomes conhecidos (e alguns surpreendentes).
John Lithgow, veterano premiado por seu trabalho em The Crown e Conclave, será o novo Alvo Dumbledore. No papel de Minerva McGonagall, quem assume é a impecável Janet McTeer, vista em A Rainha Branca. Já o enigmático Snape será interpretado por Paapa Essiedu, que brilhou em Gangs of London e I May Destroy You. E, numa escolha que dividiu opiniões e arrancou sorrisos nostálgicos, Nick Frost (de Todo Mundo Quase Morto) será Hagrid — uma aposta ousada, mas promissora.
Outros nomes também foram confirmados: Luke Thallon como o professor Quirrell e Paul Whitehouse como o rabugento Filch. Mas as grandes expectativas estavam mesmo voltadas para o trio principal — e sim, ele já foi escalado.
Dominic McLaughlin é o novo Harry Potter. Arabella Stanton viverá Hermione Granger. Alastair Stout será Ron Weasley. Todos jovens atores britânicos, ainda pouco conhecidos, mas escolhidos a dedo — e após um processo seletivo rigoroso.
Segundo fontes ligadas à produção, a escolha foi baseada não apenas em talento, mas na capacidade de representar a complexidade dos personagens desde muito cedo. O desafio é grande: crescer diante das câmeras, sob o peso de uma das maiores franquias de todos os tempos. Soa familiar?
Recomeçar sem apagar o passado
É impossível falar de Harry Potter sem pensar em tudo o que veio antes. De 2001 a 2011, os oito filmes da saga encantaram milhões, arrecadaram bilhões e formaram um dos trios mais amados do cinema: Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint. Foi uma década mágica. Literalmente.
Produzidos por David Heyman e dirigidos por nomes como Chris Columbus, Alfonso Cuarón e David Yates, os filmes transformaram a literatura de J.K. Rowling em um universo visual arrebatador. Mas nem tudo dos livros coube nas telas. Foram muitas as passagens que ficaram de fora — seja por tempo, orçamento ou decisões criativas.
Agora, com a série da HBO, o objetivo é fazer diferente. Mais tempo, mais camadas, mais profundidade. O plano é ambicioso: uma temporada para cada livro, o que significa pelo menos sete anos de jornada se tudo sair como o esperado.
“Queremos um olhar novo sobre essa história tão conhecida. Não se trata de refazer o que já foi feito, mas de explorar o que ainda não foi mostrado”, confidenciou uma fonte próxima à produção.
A origem de um fenômeno
Tudo começou de forma quase despretensiosa, nos bastidores de um escritório em Londres. Uma secretária leu o manuscrito de Harry Potter e a Pedra Filosofal e levou ao produtor David Heyman. O livro, que havia sido relegado à prateleira das ideias medianas, logo virou obsessão.
Em 1999, a Warner Bros. comprou os direitos de adaptação dos quatro primeiros livros por cerca de 1 milhão de libras. A única exigência de Rowling? Que o elenco principal fosse estritamente britânico. E assim foi.
A produção do primeiro filme começou com Chris Columbus na direção, Steve Kloves no roteiro e um elenco jovem, estreante e cheio de promessas. Deu certo. A franquia decolou. E os livros também.
Hoje, Harry Potter é uma marca global, com parques temáticos, peças de teatro, spin-offs (Animais Fantásticos) e, agora, uma nova série prestes a ganhar vida.
Uma chance de fazer diferente
Se você leu os livros, deve lembrar de personagens que nunca apareceram nos filmes. Ou de cenas que passaram voando. Ou de histórias paralelas que mereciam mais espaço. Pois é exatamente aí que a série da HBO quer acertar.
Adriano Goldman reforçou que a abordagem visual será diferente. “Não queremos copiar os filmes. Eles já são obras completas. Nosso trabalho é reinterpretar. Trazer uma nova luz. Literalmente.”
A fotografia — uma das áreas mais elogiadas de seu trabalho em The Crown — será uma aliada para transformar Hogwarts, Hogsmeade, o Ministério da Magia e tantos outros locais mágicos em algo ainda mais rico e imersivo.
E a J.K. Rowling nisso tudo?
Rowling continua envolvida no projeto, mas de forma mais distante. Ela atua como produtora executiva, mas o time criativo da HBO parece ter liberdade para inovar — inclusive em questões de representatividade e inclusão.
A escolha de atores como Paapa Essiedu para papéis centrais é um indicativo de que a série quer ser mais contemporânea, mais plural, mais conectada com o mundo atual. E isso, inevitavelmente, traz conversas — algumas apaixonadas, outras críticas. Mas todas fazem parte do processo.
O desafio de honrar uma lenda
A verdade é que, mesmo com elenco talentoso, roteiro fiel e direção primorosa, o maior desafio da série da HBO será emocional. Como tocar em algo que tanta gente ama tanto sem decepcionar?
Refazer Harry Potter é como tentar recontar um sonho — sem perder a delicadeza, a intensidade e o encanto. E embora muita gente ainda torça o nariz para a ideia de recomeçar uma história tão recente (e tão definitiva), outras vozes celebram a oportunidade de ver algo que ficou faltando.
Quem sabe, agora, possamos conhecer mais a fundo os dilemas de Lupin, o passado de Neville, a inteligência de Fleur, a revolta dos elfos domésticos, a genialidade de McGonagall. Quem sabe, agora, vejamos Hogwarts por outros ângulos. Com mais tempo, mais nuance, mais alma.
Quando estreia?
Ainda não há uma data oficial, mas as previsões mais otimistas apontam para 2026. As gravações já começaram e os anúncios do elenco seguem em ritmo acelerado. Até lá, o fandom segue ansioso. Entre memes, teorias e comparações, cresce a esperança de que a série consiga capturar aquilo que fez Harry Potter ser tão especial: não apenas a magia dos feitiços, mas a magia das escolhas, da amizade, da coragem e do amor. Porque, como já nos ensinaram, “as palavras são, na minha não tão humilde opinião, nossa mais inesgotável fonte de magia”.
















