Profissão Repórter desta terça (05/08) revela o poder oculto do SUS em meio ao caos da emergência e da alta complexidade

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Foto: Reprodução/ Internet

Há uma pulsação invisível que mantém o Brasil em pé. Ela corre entre corredores frios, no compasso apressado dos plantões, no ranger das macas, no toque das sirenes, na espera silenciosa de quem teme não voltar para casa. Essa pulsação tem nome: SUS.

No episódio que será exibido na terça-feira, 5 de agosto de 2025, o Profissão Repórter levará o telespectador para dentro de dois universos que raramente serão mostrados com profundidade: o da emergência hospitalar, onde cada segundo valerá uma vida, e o da medicina de alta complexidade oferecida gratuitamente em hospitais públicos. O resultado será um retrato visceral do Brasil que lutará para respirar – e conseguirá, contra todas as probabilidades.

Sob o olhar atento de Caco Barcellos e das repórteres Talita Marchiori e Nathalia Tavolieri, o programa percorrerá mais de 40 horas dentro do Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, na Baixada Fluminense, e no Instituto Estadual do Cérebro (IEC), no centro do Rio de Janeiro. Em ambos os casos, o que se revelará será mais do que uma reportagem: será uma aula de resistência, tecnologia e humanidade.

No limite do caos: o pronto-socorro que salva 1.500 vidas em quatro dias

À primeira vista, o Hospital Adão Pereira Nunes parecerá um retrato do caos. A recepção fervilhará. As ambulâncias chegarão em fila. Os corredores parecerão não ter fim. Em apenas quatro dias de gravação, mais de 1.500 atendimentos serão realizados – todos de urgência, todos com potencial risco de morte.

Mas bastará atravessar as portas da emergência para perceber que, por trás da aparente desordem, haverá um sistema funcionando com precisão quase cirúrgica. Em uma madrugada especialmente crítica, as equipes médicas se desdobrarão para atender quatro pacientes em estado gravíssimo ao mesmo tempo: duas idosas em parada cardíaca e dois jovens baleados. Treze profissionais entrarão em ação. Cada segundo importará.

“Às vezes, será como se estivéssemos dentro de um avião em queda livre e, ao mesmo tempo, tentando consertar o motor com as próprias mãos”, relatará a médica intensivista Gleicy Mantovani. “Mas quando a gente vir um paciente sair daqui andando… tudo terá valido a pena.”

Entre os casos que a reportagem acompanhará, estará o da empresária Stefany da Sylva Soares, que chegará ao hospital com perfurações por arma de fogo após um atentado. Seu marido, que também terá sido alvejado, não resistirá. “Eu achei que não sairia dali viva. Serei salva pela rapidez da equipe médica. Serão anjos”, dirá ela, ainda visivelmente abalada.

Durante o período de gravação, 12 pessoas não resistirão aos ferimentos. A morte, no Adão Pereira Nunes, será uma presença constante. Mas ela não ditará as regras. A cada plantão, centenas de profissionais lutarão para empurrar a linha entre a vida e a morte um pouco mais adiante.

Cirurgias que custam mais de R$ 100 mil – e são feitas de graça

O programa também acompanhará de perto os setores de cirurgia eletiva, onde serão realizados procedimentos de altíssimo custo, totalmente gratuitos. Em um país em que a fila para cirurgias públicas poderá ultrapassar anos de espera em algumas regiões, o Adão Pereira Nunes se destacará como uma exceção – e uma esperança.

O hospital realizará cerca de duas mil cirurgias por mês, algumas delas avaliadas em mais de R$ 100 mil se fossem feitas na rede privada. Reconstruções ósseas complexas, operações ortopédicas de alta precisão, neurocirurgias delicadas – tudo será financiado com recursos do SUS, em um esforço que movimentará R$ 35 milhões por mês, segundo o diretor da unidade, Thiago Resende.

“Será um trabalho que exigirá não só estrutura, mas uma rede de profissionais comprometida com o que faz. Aqui, o paciente não será um número. Será alguém que merecerá voltar para casa com dignidade”, afirmará ele.

Com uma equipe composta por 700 médicos e 3.200 profissionais da saúde, o hospital se transformará, diariamente, em um campo de batalha pela vida. E, em muitos casos, vencerá.

Do útero à neurocirurgia: o IEC e a medicina de fronteira no SUS

Enquanto o Adão Pereira Nunes representa a linha de frente da urgência, o Instituto Estadual do Cérebro (IEC) revela outra face do SUS: a da medicina sofisticada, silenciosa, feita com bisturi e tecnologia de ponta.

A repórter Nathalia Tavolieri acompanhou plantões no centro especializado em neurocirurgias, onde são realizadas cerca de 200 operações por mês – todas de altíssima complexidade. Lá, é possível encontrar um tipo de cirurgia raríssima: a correção intrauterina de mielomeningocele, uma má-formação da coluna em fetos. O procedimento é feito com o bebê ainda no útero, reduzindo os impactos da condição para a vida toda.

“É algo que poucas equipes no mundo realizam com segurança. Aqui conseguimos fazer isso pelo SUS”, afirma a neurocirurgiã responsável pelo procedimento.

Outro momento impressionante é a realização da talamotomia, uma cirurgia realizada com o paciente acordado, utilizada para reduzir os tremores causados pelo Parkinson. As imagens mostram o paciente conversando com os médicos enquanto parte de seu cérebro é operada. O procedimento exige precisão absoluta – e uma dose generosa de empatia.

“É como entrar no cérebro de alguém pedindo licença”, resume um dos médicos, emocionado.

Entre estatísticas e nomes: o jornalismo que escuta o SUS

O maior trunfo do episódio estará, talvez, na forma como o Profissão Repórter se recusará a tratar seus personagens como números. Stefany, a empresária baleada; o rapaz de 19 anos que sobreviverá após múltiplos disparos; a mãe que verá o filho operado sair andando; o paciente com Parkinson que reencontrará a própria voz… todos terão nome, rosto, história.

Ao longo da reportagem, Caco Barcellos e sua equipe não apenas documentarão. Eles escutarão, sentirão, devolverão humanidade ao sistema muitas vezes retratado apenas como burocrático ou falho.

“Nós não viremos aqui para esconder a dor. Viremos para mostrar que, apesar dela, existirá beleza, competência e solidariedade”, dirá Caco em uma das entrevistas de bastidores. “O SUS será um dos maiores projetos de saúde pública do mundo. E precisará ser defendido como tal.”

Quando o SUS dá certo, todo o Brasil ganha

O episódio irá além da denúncia. Ele também será celebração. Ao mostrar exemplos de excelência no serviço público, a reportagem sublinhará uma verdade incômoda: será possível fazer saúde pública de qualidade no Brasil. E isso acontecerá – ainda que silenciosamente, ainda que sob o peso de orçamentos insuficientes e estruturas saturadas.

Se hospitais como o Adão Pereira Nunes e o IEC conseguirem funcionar em alto nível, por que não multiplicar esse modelo? O que faltará será investimento, valorização profissional, políticas de continuidade. O que sobrará, em muitos lugares, será vontade – e isso já será meio caminho andado.

A urgência de reconhecer o que é nosso

Em um país marcado por desigualdades, o Profissão Repórter prestará um serviço fundamental: mostrará que o que teremos de mais valioso poderá estar ao alcance de todos – se houver vontade política e pressão da sociedade.

O SUS será, em essência, um pacto coletivo. Um acordo nacional de que todas as vidas importarão, independentemente do CEP, do sobrenome ou do saldo bancário. O episódio de terça-feira será uma lembrança vívida disso. Uma afirmação de que, mesmo quando tudo parecer ruir, ainda haverá algo no Brasil que funcionará – e muito bem.

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