Nesta terça, 20 de agosto, o Provoca, sob o comando perspicaz de Marcelo Tas, apresenta uma das entrevistas mais aguardadas do ano, trazendo uma conversa poderosa e profundamente inspiradora com Erika Hilton, a primeira mulher negra trans a ser eleita deputada federal no Brasil. Ela, que já havia marcado sua trajetória política ao se tornar a vereadora mais votada do país em 2020, agora se destaca no Congresso Nacional, sendo um símbolo incontestável de resistência, diversidade e superação.
Durante a entrevista, a convidada compartilha detalhes impactantes de sua carreira e vida pessoal. Ela reflete sobre os desafios que enfrenta diariamente na Câmara dos Deputados, um espaço historicamente dominado por figuras conservadoras e masculinas, trazendo uma visão crítica e franca do cenário político brasileiro. Entre os temas abordados, estão as lutas por políticas públicas inclusivas, a defesa dos direitos LGBTQIA+ e o enfrentamento ao preconceito e violência que ainda permeiam a sociedade. No entanto, a conversa não se limita apenas à política.
Logo no início da entrevista, Tas questiona ela se a Câmara dos Deputados é realmente o seu lugar. Sua resposta é ao mesmo tempo sincera e contundente: “Difícil de responder (…) Eu acho aquele lugar tão horroroso para dizer que é o meu lugar (…) Mas é o lugar que eu quero transformar, é onde preciso estar para defender uma agenda de direitos, trazer aos olhos da sociedade debates importantes”. Erika ressalta que, embora o ambiente seja pesado e desafiador, sua presença ali é fundamental para continuar lutando por pautas essenciais. Ela complementa dizendo: “O meu lugar é alegre, leve, de gente bonita e sorridente, que acredita na vida, tem esperança (…) Aquelas pessoas são amargas, têm uma luz horrorosa”.
Ao falar sobre o Congresso, a deputada não poupa críticas, descrevendo-o como “um dos Congressos mais conservadores, retrógrados e odiosos dos últimos tempos”. Em sua análise, muitos parlamentares estão mais focados em agendas pessoais e interesses egoístas do que em servir ao povo brasileiro. “Eles não estão preocupados com os investimentos do país, em fazer a economia crescer, diminuir a desigualdade (…) O Congresso que temos hoje despreza as pessoas e trabalha para que o governo seja fracassado”, desabafa Erika, expressando sua frustração com o cenário político atual, que, segundo ela, está longe de ser um espaço que verdadeiramente represente o interesse público.
No entanto, a conversa não se limita à política. Erika também compartilha sua visão sobre como quer transformar a imagem da política no Brasil, tornando-a mais acessível, especialmente para o público jovem. “O meu trabalho tem um dress code horroroso”, diz, rindo, ao criticar a falta de preocupação estética no ambiente político. Para ela, sua missão vai além da representatividade: “Eu sou uma deputada que trabalha com o universo da beleza para tornar a política mais bonita. Ela não pode continuar sendo essa coisa de homens, velhos e ultrapassados”. A deputada defende uma renovação, tanto nas ideias quanto na imagem da política, trazendo frescor e um olhar contemporâneo a esse ambiente.
Tas, observando o crescimento pessoal de Hilton desde a última vez que se encontraram, pergunta: “O que aconteceu para você amadurecer tanto?”. Com uma mistura de leveza e sabedoria, ela responde: “É a vida, o tempo (…) A vida me ensinou, e eu sou quem sou por causa dela”. Esse amadurecimento se reflete também em sua inteligência emocional, que a ajuda a escolher suas batalhas dentro do ambiente político. “Nós não somos heroínas, somos lutadoras que acreditam na justiça e na luta como ferramentas de transformação”, afirma Erika, demonstrando sua postura firme, porém consciente, frente às adversidades.
A entrevista se torna ainda mais pessoal quando ela fala sobre sua vida amorosa e seu relacionamento com Daniel Zezza, um homem trans. Para ela, essa relação representa um exemplo de que o amor pode ser vivido de forma plena por qualquer pessoa, independentemente das identidades de gênero. “Nós estamos apaixonados. Ter essa relação saudável, de troca e afeto, é mostrar para as pessoas que o amor também é para uma travesti, para um homem trans, é para todo mundo”, comenta, com emoção. Ao compartilhar sua história pessoal, Erika inspira não só pela luta política, mas também pela humanidade e pela quebra de preconceitos em relação à vivência de pessoas trans no amor.
Com uma combinação de temas políticos e pessoais, o episódio do programa promete ser uma conversa profunda e enriquecedora. Erika Hilton, uma das vozes mais importantes do cenário atual, nos oferece uma visão sobre o Brasil que reflete não apenas os desafios enfrentados no Congresso, mas também as lutas e conquistas que vão além da política. Ao abordar temas como amor, beleza e a necessidade de renovar o cenário político, Erika deixa claro que sua presença é essencial para a construção de um futuro mais justo, inclusivo e cheio de esperança. Não perca essa conversa, que com certeza trará reflexões significativas sobre a importância da diversidade e da resistência em todos os âmbitos da vida.