Quem matou Odete Roitman? Globo cria estratégia para preservar segredo em remake de Vale Tudo

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Foto: Reprodução/ Internet

Desde que a personagem Odete Roitman entrou para a história da teledramaturgia brasileira como a vilã inesquecível de Vale Tudo (1988), uma das perguntas mais emblemáticas do público permanece: afinal, quem matou Odete Roitman? Mais de três décadas depois, a TV Globo se prepara para reviver esse mistério no remake da novela, com uma operação especial para manter em sigilo absoluto a identidade do assassino — ou assassina — da personagem, agora interpretada por Débora Bloch.

A novela original, escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, foi um marco da dramaturgia nacional, tanto pela qualidade do roteiro quanto pelo impacto social que gerou. No centro da trama estava Odete Roitman, personagem cruel, manipuladora e implacável, vivida magistralmente por Beatriz Segall. Sua morte, que ocorria no último capítulo, paralisou o país. Em um fenômeno de audiência e engajamento, milhões de brasileiros acompanharam fervorosamente os capítulos finais na esperança de descobrir quem teria coragem — e motivo — para acabar com aquela antagonista.

Na trama original, a resposta veio com uma reviravolta memorável: Leila (Cássia Kis) dispara contra Odete, mas acreditando estar atirando em outra pessoa — Fátima (Gloria Pires), envolvida num triângulo amoroso que fervilhava no enredo. O desfecho, marcado pela confusão e pelo suspense, consolidou um dos momentos mais icônicos da televisão brasileira, inspirando até hoje discussões e referências culturais.

O desafio de reinventar um clássico

Recriar Vale Tudo para o público contemporâneo, mais exigente e bombardeado de informações, representa um enorme desafio para a Globo. O remake, sob a autoria de Manuela Dias, promete respeitar a essência da obra original ao mesmo tempo que traz atualizações que dialogam com as questões sociais e narrativas atuais.

Mas talvez o maior desafio — e o que mais mobiliza o público — seja justamente preservar o mistério da morte de Odete Roitman. Em tempos de internet, redes sociais e spoilers instantâneos, manter um segredo desse porte exige estratégias minuciosas e inovadoras.

Foto: Reprodução/ Internet

A operação Segredo Odete Roitman

De acordo com informações exclusivas da Folha de S.Paulo, a emissora adotou um esquema de segurança digno de produção hollywoodiana para que a identidade do assassino não seja revelada antes da hora. Roteiros alternativos foram escritos e distribuídos para o elenco, de modo que nem todos saibam qual será o final verdadeiro. Só Débora Bloch, que assume o papel de Odete, e o diretor Paulo Silvestrini terão acesso à versão definitiva da cena decisiva.

Além disso, a gravação da cena com a revelação do assassino será feita poucos dias antes da exibição, minimizando o risco de vazamentos. É uma forma de garantir que o suspense, elemento tão precioso na dramaturgia, chegue intacto ao público.

Essa abordagem faz parte de um esforço maior para resgatar a emoção da novela, estimulando a curiosidade e o debate em torno do mistério que marcou época. A Globo espera que essa estratégia também ajude a impulsionar a audiência do remake, principalmente porque o horário nobre da emissora enfrenta forte concorrência dos streamings e outras mídias.

Débora Bloch: assumindo um ícone

Débora Bloch, que substitui Beatriz Segall, reconhece a responsabilidade de interpretar um personagem tão emblemático quanto Odete Roitman. “É uma honra e um desafio imensos. Odete é uma personagem que marcou gerações, e quero fazer justiça a essa história”, disse a atriz.

Para ela, a vilã deve ser mais do que uma antagonista clichê — precisa ser uma figura que inspire repulsa, admiração e, sobretudo, um mistério que instigue o público. A postura reservada da Globo em relação ao segredo, segundo Débora, ajuda a preservar o clima de suspense no set de gravação.

Foto: Reprodução/ Internet

O impacto cultural e social da novela

A trama é muito mais do que uma novela sobre mistérios e vinganças — é uma obra que refletiu e ainda reflete temas sociais profundos, como corrupção, ética, desigualdade e a busca por justiça num país complexo como o Brasil.

A morte de Odete Roitman foi um ponto culminante, mas todo o enredo sempre trouxe à tona debates sobre a moralidade em tempos difíceis. O remake, portanto, não é só uma homenagem nostálgica: é uma oportunidade para revisitar essas questões sob uma nova ótica, dialogando com as transformações sociais dos últimos 30 anos.

Por que o mistério ainda importa?

Para além da simples curiosidade, o mistério sobre quem matou Odete se tornou um ícone cultural. Ele simboliza a capacidade da televisão de envolver e unir o público em torno de uma narrativa comum. É uma prova do poder das histórias bem contadas e do impacto duradouro que personagens complexos podem ter na imaginação coletiva.

Manuela Dias destaca que manter a dúvida em torno da morte da vilã é uma forma de manter viva essa tradição. “É um convite para que o público volte a se envolver com a novela de uma forma intensa, participativa e emocionante”, afirma.

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