Ellas, série lançada pelo selo Poseidon, chega com uma proposta instigante: acompanhar a vida de Ella, uma adolescente aparentemente comum que guarda dentro de si cinco personalidades distintas, cada uma com temperamentos, desejos e cores próprias. Escrita por Kid Toussaint e ilustrada por Aveline Stokart, a obra se apresenta como uma mistura de mistério, humor e emoção em um universo juvenil vibrante. Apesar do conceito fascinante, a narrativa às vezes tropeça na hora de equilibrar fantasia, comédia e profundidade emocional.

O enredo se desenrola no Colégio Mercury, um cenário familiar para qualquer história adolescente, repleto de amizades, rivalidades e descobertas. Nesse contexto, Ella precisa lidar com a difícil tarefa de manter suas múltiplas personalidades em segredo, enquanto tenta se encaixar e ser aceita. A tensão gerada por esse conflito oferece momentos de suspense e intriga, mas a narrativa nem sempre consegue sustentar o peso psicológico de um tema tão complexo. Alguns episódios e situações exageram no humor ou no caricatural, e algumas das personalidades de Ella acabam se tornando mais símbolos visuais do que personagens verdadeiramente profundos.

Se há algo que Ellas faz com excelência, é a parte visual. Aveline Stokart consegue dar vida a cada personalidade de forma única e envolvente, com traços que lembram o estilo Pixar, expressões detalhadas e cores que transmitem emoções distintas. Essa riqueza visual torna a leitura dinâmica, divertida e memorável, compensando, de certa forma, a simplicidade de alguns diálogos ou escolhas narrativas.

No entanto, a escrita de Toussaint deixa espaço para reflexão crítica. Embora a ideia das múltiplas personalidades seja fascinante, sua abordagem é mais leve e voltada para efeitos cômicos e dramáticos do que para um mergulho emocional profundo. As questões psicológicas e existenciais da protagonista — o impacto de viver dividida em diferentes identidades, a busca por aceitação e o conflito interno — são exploradas de maneira superficial, deixando a sensação de que o potencial da história não é totalmente aproveitado.

Apesar disso, Ellas oferece momentos genuinamente tocantes, especialmente na forma como aborda amizade, aceitação e identidade. Pequenas cenas de conexão entre Ella e seus colegas ou familiares conseguem transmitir emoção e empatia, mesmo que de forma rápida e pontual. Para leitores mais jovens, essa combinação de cores, humor e pequenas reflexões sobre autenticidade é suficiente para criar uma experiência agradável e envolvente.

Em resumo, Ellas: Uma Garota com Múltiplas Faces é uma obra que brilha pelo visual e pela criatividade, proporcionando diversão e momentos de encanto, mas que se mostra tímida na exploração psicológica de sua protagonista. É uma leitura indicada para quem busca fantasia adolescente colorida, com humor leve e pitadas de mistério, mas que deixa a desejar para aqueles que procuram complexidade emocional ou uma análise mais profunda das múltiplas identidades de Ella.

Avaliação geral
Nota do crítico
Esdras Ribeiro
Além de fundador e editor-chefe do Almanaque Geek, Esdras também atua como administrador da agência de marketing digital Almanaque SEO. É graduado em Publicidade pela Estácio e possui formação técnica em Design Gráfico e Webdesign, reunindo experiência nas áreas de comunicação, criação visual e estratégias digitais.
resenha-ellas-uma-garota-com-multiplas-faces-e-divertida-e-visualmente-encantadoraEllas: Uma Garota com Múltiplas Faces acompanha Ella, uma adolescente que abriga cinco personalidades distintas, cada uma com cores, temperamentos e desejos próprios. A narrativa se passa no Colégio Mercury, entre amizades, rivalidades e dilemas de identidade. A obra se destaca pela arte vibrante e envolvente de Aveline Stokart, que dá vida visual a cada personalidade de Ella, tornando a leitura dinâmica e divertida. No entanto, a história peca pela superficialidade na exploração emocional e psicológica das múltiplas identidades, tratando o tema de forma leve e mais voltada para o humor e efeitos dramáticos. Apesar disso, oferece momentos de emoção e reflexões sobre autenticidade e aceitação, sendo uma boa opção para leitores jovens em busca de fantasia colorida e divertida.

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