Ronnie Von recebe Caio Blat no Companhia Certa deste sábado (16/08)

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Foto: Reprodução/ Internet

Quando se fala em trajetória sólida na televisão brasileira, poucos nomes surgem com tanta consistência quanto o de Caio Blat. Revelado ainda na infância, ele atravessou três décadas de carreira sem nunca perder a essência de menino curioso e apaixonado pelas artes. Hoje, aos 45 anos, continua a reinventar-se como ator, diretor e criador, transitando entre TV aberta, cinema, teatro e, mais recentemente, o universo do streaming.

Na madrugada deste sábado (16) para domingo (17), às 0h30, o público poderá reencontrá-lo em uma faceta mais íntima: como convidado de Ronnie Von, no programa Companhia Certa, exibido pela RedeTV!. Entre lembranças, confissões e reflexões, Caio abre espaço para falar não apenas da carreira, mas de sua vida pessoal, das escolhas que moldaram sua identidade artística e da forma como encara o futuro da cultura no Brasil.

Um reencontro com memórias e afetos

Durante a entrevista, um dos momentos mais emocionantes acontece quando Caio recorda sua relação com Preta Gil (1974–2025), com quem viveu um relacionamento no início dos anos 2000. Mais de duas décadas depois, o afeto segue vivo, transformado em amizade e respeito.

“Foi uma perda muito grande e triste. Ela é uma das pessoas mais especiais que passaram pela minha vida, absolutamente iluminada. A Preta transmitiu uma mensagem de autoestima e confiança, revolucionária para milhares de pessoas que não se sentiam boas o suficiente. Ela revolucionou o país”, disse Caio, visivelmente tocado.

O depoimento emociona não apenas pela carga afetiva, mas porque reflete um traço essencial de sua personalidade: a capacidade de cultivar relações genuínas, sem se deixar contaminar pela superficialidade que muitas vezes ronda o meio artístico.

De São Paulo para o Brasil: um talento precoce

Nascido em 2 de junho de 1980, em São Paulo, Caio Blat cresceu cercado por livros, teatro e música. Primo do dramaturgo Rogério Blat e do ator Ricardo Blat, parecia natural que cedo encontrasse o caminho da interpretação. A estreia aconteceu em 1993, em um episódio do seriado Retrato de Mulher, da TV Globo. No ano seguinte, foi contratado pelo SBT para atuar em duas novelas: o remake de Éramos Seis e As Pupilas do Senhor Reitor.

Desde então, o garoto franzino, de olhar expressivo e fala doce, não parou mais. Entre idas e vindas, pausas estratégicas e mergulhos em novos papéis, Caio construiu uma filmografia e uma lista de personagens que se tornaram referências na dramaturgia brasileira.

A coragem de experimentar

O que diferencia Caio de tantos atores é a ousadia de arriscar-se. Quando poderia ter seguido apenas no caminho confortável das novelas, escolheu trilhar rotas alternativas. Nos anos 2000, além de papéis marcantes na televisão, aceitou projetos que colocavam em jogo sua imagem e sua versatilidade.

Um exemplo foi o filme Cama de Gato (2002), polêmico por suas cenas de nudez e pela abordagem crua da sexualidade. Em seguida, atuou em Carandiru, de Hector Babenco, que se tornou um marco do cinema nacional ao retratar o massacre do presídio paulista.

Essa coragem de atravessar fronteiras estéticas se repetiu em projetos como Lavoura Arcaica e Proibido Proibir, nos quais viveu personagens complexos, muitas vezes sombrios, mas sempre humanos. Cada escolha revelava não apenas o ator, mas o artista disposto a confrontar convenções.

Entre vilões e heróis

Na televisão, Caio coleciona personagens de peso. Do inescrupuloso Bruno em Esplendor (2000) ao doce anjo Rafael em Um Anjo Caiu do Céu (2001), mostrou uma versatilidade que se tornaria sua marca registrada. Em Coração de Estudante (2002), deu vida ao arrogante Matheus, enquanto em Da Cor do Pecado (2004) encantou o público com o irreverente maquiador Abelardo Sardinha, um papel cômico que até hoje é lembrado com carinho pelos fãs.

Talvez um dos maiores marcos tenha sido o vilão José Pedro, em Império (2014), filho do comendador José Alfredo (Alexandre Nero). A complexidade do personagem, dividido entre a lealdade e a ambição, mostrou ao público uma faceta mais sombria do ator.

Ainda assim, Caio nunca se deixou aprisionar pelo rótulo de vilão ou mocinho. Para ele, cada papel é uma oportunidade de mergulhar em universos distintos e de contar histórias que dialoguem com a realidade social e emocional do país.

O chamado dos palcos

Embora a televisão tenha lhe dado projeção nacional, o teatro sempre ocupou um espaço central em sua vida. Desde a juventude, Caio sobe aos palcos não apenas como intérprete, mas também como diretor. Foi no teatro que pôde experimentar linguagens mais ousadas, encenar textos contemporâneos e aproximar-se de novas gerações de atores.

Atualmente, está em cartaz com a peça Memórias do Vinho, espetáculo que mistura reflexões filosóficas e experiências sensoriais. Para ele, o palco é um território de liberdade, onde o contato direto com o público transforma cada sessão em algo único e irrepetível.

A estreia no streaming

Em 2025, o ator viveu um momento histórico ao integrar o elenco de Beleza Fatal, primeira novela produzida pelo streaming Max. No folhetim, deu vida ao Dr. Benjamim Argento, mas sua contribuição não se limitou à atuação: ele também trabalhou como diretor-assistente.

“Foi uma alegria e excitação enorme. Todos ali tinham décadas de experiência na TV Globo e, pela primeira vez, estávamos fazendo uma novela para o streaming. Era um novo mercado se abrindo no audiovisual, e nós estávamos confiantes. Foi um sucesso”, celebra.

A experiência reflete não apenas a adaptação de Caio às novas plataformas, mas sua disposição em participar ativamente da transformação da indústria. Para ele, a dramaturgia brasileira precisa ocupar também os espaços digitais, sem perder sua identidade.

A simplicidade como filosofia de vida

Apesar do reconhecimento e da extensa lista de trabalhos, o ator mantém uma vida discreta. Gosta de frequentar lugares comuns, conversar com fãs e preservar hábitos simples.

“Faço questão de ter uma vida normal, de frequentar qualquer lugar. Acho que a gente precisa sempre quebrar essa barreira entre artista e público. Não acredito nessa distância e me sinto lisonjeado quando alguém pede para tirar uma foto”, afirma.

Essa postura reflete a forma como enxerga a profissão: não como um pedestal, mas como um serviço. Para Caio, contar histórias é uma forma de se conectar com as pessoas e de gerar reflexão, empatia e transformação social.

Um artista em movimento

Aos 45 anos, Caio Blat olha para trás com orgulho, mas não com acomodação. Ele continua em movimento, aberto a novos desafios e formatos. Seja na TV aberta, no teatro intimista, no cinema de autor ou no streaming, o ator segue fiel a uma máxima: a arte como linguagem universal.

“Minha carreira é uma construção coletiva. Cada personagem, cada peça, cada filme é resultado de encontros. O que mais me move é a possibilidade de tocar pessoas, de compartilhar emoções e de ajudar a contar histórias que importam”, resume.

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