
A oitava temporada de Quilos Mortais, exibida pela Record TV e apresentada por Celso Zucatelli, tem emocionado os telespectadores ao revelar histórias de pessoas que enfrentam os limites da obesidade mórbida e buscam, em meio a dores físicas e traumas emocionais, uma chance de recomeçar. Nesta sexta-feira, 26 de setembro de 2025, o programa traz ao Brasil o episódio dedicado a Tommy Johnson, um homem de 38 anos, morador da Louisiana, nos Estados Unidos, que pesava cerca de 290 quilos quando decidiu buscar ajuda médica.
Exibida originalmente pela TLC em março de 2020, a trajetória de Tommy rapidamente se tornou uma das mais comentadas por sua carga emocional e pelas dificuldades que o participante enfrentava em sua rotina. Mais do que um “antes e depois” impressionante, sua história revela como a obesidade extrema está profundamente ligada a dores do passado, sentimentos de culpa e relações familiares conturbadas. O público acompanha não apenas um corpo tentando se libertar dos quilos em excesso, mas também uma mente que precisava encontrar paz para seguir em frente.
O peso do passado: traumas e abusos
Desde cedo, Tommy aprendeu a associar comida a refúgio. Seu pai, alcoólatra e agressivo, foi a figura que mais o marcou na infância – não por proteção ou carinho, mas por violência física e psicológica. Quando tinha apenas oito anos, o pai morreu de ataque cardíaco, deixando cicatrizes ainda mais profundas.
Sem encontrar apoio em casa, o menino passou a recorrer à comida como anestesia emocional. Cada prato cheio servia como válvula de escape diante de memórias dolorosas, e esse hábito logo se transformou em compulsão. Aos dez anos, já estava bem acima do peso para sua idade, iniciando um ciclo que se agravaria progressivamente nas décadas seguintes.
Essa parte da narrativa é crucial porque mostra que a obesidade não nasce apenas de maus hábitos alimentares. Muitas vezes, ela é a expressão visível de feridas invisíveis, de traumas mal resolvidos e da dificuldade de lidar com a dor emocional.
Prisão dentro do próprio corpo
Na fase adulta, Tommy se viu praticamente prisioneiro do próprio corpo. Com quase 300 quilos, atividades simples se tornaram um desafio diário. Ele conseguia tomar banho sozinho – sua única independência –, mas precisava de ajuda até para se vestir ou se locomover pela casa. Ficar de pé por alguns minutos provocava dores intensas nos joelhos e nas costas, e caminhar alguns metros era comparável a uma maratona.
A alimentação compulsiva agravava o quadro. Em média, chegava a realizar dez refeições por dia, em um ciclo vicioso que misturava prazer momentâneo e arrependimento imediato. A comida já não era apenas combustível para o corpo, mas um mecanismo de sobrevivência emocional. Cada mordida representava tanto conforto quanto autossabotagem, o que tornava ainda mais difícil quebrar o padrão.
Amanda: amor, medo e esperança
Ao lado de Tommy, estava Amanda, sua noiva, que desempenhou papel decisivo em sua busca por tratamento. Sua postura era movida pelo amor, mas também pelo medo: anos antes, ela havia perdido um noivo para a obesidade, experiência traumática que não queria reviver.
Amanda foi clara desde o início: não desistiria de Tommy. Ela o incentivava em cada consulta, celebrava cada pequena vitória e o apoiava em momentos de recaída. Em frente às câmeras, Tommy emocionou o público ao confessar que, apesar de ter pedido Amanda em casamento anos antes, nunca conseguiu cumprir a promessa de mudar. “Nunca a levei para um encontro de verdade”, disse, entre lágrimas.
O amor e a determinação de Amanda foram fundamentais para que ele buscasse ajuda. Sua presença revelou como a rede de apoio é essencial em jornadas de superação. Mais do que motivação, trata-se de parceria, empatia e esperança compartilhada.
O encontro com Dr. Now e o início da mudança
Com o incentivo da noiva, Tommy procurou o famoso Dr. Nowzaradan, o Dr. Now, especialista em obesidade extrema e figura central do programa. O médico foi direto: antes de se submeter à cirurgia bariátrica, Tommy precisava provar que estava comprometido, reduzindo peso por conta própria.
Essa fase inicial foi um teste não apenas físico, mas psicológico. O corpo de Tommy clamava por comida, e sua mente resistia às mudanças drásticas na dieta. Ao mesmo tempo, o Dr. Now não deixava espaço para desculpas. Cada consulta representava um choque de realidade: sem disciplina, não haveria futuro.
A dificuldade maior estava em conciliar a dieta restrita com os gatilhos emocionais. Mas, aos poucos, Tommy começou a perceber que perder peso não era apenas questão de comer menos – era preciso enfrentar os traumas que alimentavam sua compulsão.
A importância da terapia: lidar com o invisível
Além do acompanhamento médico e nutricional, Tommy passou a fazer sessões de terapia. Ali, revisitava lembranças dolorosas da infância e enfrentava segredos guardados por décadas. Foi nesse processo que compreendeu como a violência paterna e a ausência de apoio afetaram diretamente sua relação com a comida.
O programa destacou que a obesidade extrema não pode ser tratada apenas com dieta ou exercícios. É necessário trabalhar a saúde emocional, ressignificar o passado e criar novos mecanismos de enfrentamento. Para Tommy, encarar essas dores foi tão desafiador quanto perder peso.

Vitórias e retrocessos: a vida em transformação
A trajetória de Tommy não foi linear. Houve recaídas, frustrações e momentos de dúvida. Mas, ao longo do tempo, também surgiram conquistas que pareciam impossíveis meses antes. Com o apoio de médicos, psicólogos e da noiva, ele conseguiu perder parte significativa do peso, o que lhe devolveu mobilidade e autoestima.
Cada passo dado era celebrado: caminhar alguns metros a mais, levantar-se sem ajuda, escolher porções menores. Esses marcos, aparentemente pequenos, representavam mudanças profundas. Amanda via nesses avanços a concretização de um sonho: poder sair de casa com Tommy, compartilhar experiências simples e viver uma vida a dois sem o peso esmagador da obesidade.

Reflexões além da balança
O episódio de Tommy vai além da história pessoal. Ele abre espaço para reflexões sobre como a obesidade é vista na sociedade. Muitas vezes associada a preguiça ou falta de força de vontade, a condição é, na realidade, resultado de uma complexa rede de fatores emocionais, sociais e econômicos.
Ao humanizar a trajetória de Tommy, Quilos Mortais convida o público a exercitar a empatia e abandonar o estigma. A narrativa reforça que ninguém escolhe viver preso a centenas de quilos, e que cada pessoa carrega um histórico único que precisa ser compreendido para que a mudança aconteça.
O programa também evidencia a importância de tratamentos multidisciplinares e políticas públicas que ofereçam suporte integral, incluindo acompanhamento psicológico, nutricional e médico.
Como está Tommy hoje?
A grande curiosidade de quem assiste ao episódio é saber como Tommy seguiu após a exibição. Desde 2020, relatos em fóruns e redes sociais indicam que ele conseguiu manter a jornada de emagrecimento, embora ainda enfrente desafios. Fontes sugerem que ele já teria perdido mais de 90 quilos desde o início do tratamento, resultado que mudou completamente sua qualidade de vida.
Embora a batalha contra a obesidade seja contínua e requeira vigilância diária, Tommy conquistou algo ainda mais importante: esperança. Com o apoio constante de Amanda, conseguiu recuperar parte de sua independência e sonhar novamente com uma vida ativa e saudável.

Uma mensagem de esperança
A história de Tommy Johnson é um lembrete poderoso de que, mesmo quando tudo parece perdido, sempre é possível recomeçar. Sua jornada não é apenas sobre emagrecimento, mas sobre enfrentar traumas, reconstruir autoestima e recuperar o direito de sonhar.
Mais do que números na balança, cada vitória representa qualidade de vida, dignidade e tempo com aqueles que se ama. O episódio reforça que ninguém precisa enfrentar a obesidade sozinho: com amor, apoio e tratamento adequado, até os maiores desafios podem ser vencidos.





