Sensacional 21/04/2025: Cassio Scapin fala sobre os bastidores e efeitos de Castelo Rá-Tim-Bum

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Quem cresceu nos anos 90 certamente guarda com carinho na memória o rosto do Nino, o aprendiz de feiticeiro de 300 anos que morava em um castelo cheio de criaturas excêntricas e passagens secretas. Pois é, Cassio Scapin, o ator por trás desse personagem icônico do Castelo Rá-Tim-Bum, reviveu essas lembranças cheias de magia, emoção e até tensão no programa Sensacional, apresentado por Daniela Albuquerque, que vai ao ar nesta segunda-feira, 21 de abril. E a conversa foi daquelas que misturam nostalgia, bastidores surpreendentes e reflexões profundas sobre a carreira e a vida.

Cassio contou como foi dar vida ao Nino durante os anos em que o seriado foi exibido pela TV Cultura, entre 1994 e 1997. Quase três décadas depois, ele ainda se emociona ao falar da conexão com o público — principalmente as crianças, que simplesmente o idolatravam. E não era só na telinha não: a peça “Castelo Rá-Tim-Bum em: Onde Está o Nino?”, lançada em 1997, arrastou multidões. “Às vezes, eu precisava de segurança pra sair do teatro. Tinha criança que fazia carreata atrás de mim! Era lindo, mas ao mesmo tempo, bem louco”, relembrou, ainda surpreso com o tamanho da devoção dos pequenos fãs.

Mas nem tudo eram sorrisos e varinhas mágicas. Cassio também abriu o jogo sobre um momento tenso que viveu nos bastidores: uma apresentação no Parque Ibirapuera, em São Paulo, terminou em susto. “A van em que a gente estava foi cercada e sacudida por uma multidão. A gente ficava muito apreensivo, porque tinha pai com criança no colo no meio da confusão. Era assustador ver a comoção virar algo perigoso”, contou, demonstrando o quanto a fama pode ser intensa — e até arriscada.

Apesar de nunca ter planejado atuar para o público infantil, ele admite que o desafio foi um divisor de águas na sua carreira. “Virou uma coisa absurda. O espetáculo ficou em cartaz por uns cinco, seis anos. Lotava estádios! Tinha dia que eu saía direto do palco pro banheiro, passando mal de nervoso. Era uma responsabilidade gigante”, revelou o ator, que está comemorando 40 anos de trajetória artística.

Mesmo com tanto carinho do público, Cassio tomou uma decisão que poucos teriam coragem de tomar: se afastou de Nino no auge da popularidade. “Eu precisava seguir em frente, buscar outras possibilidades. Não queria ficar preso a um único personagem. Rompi no auge. Loucura, né? Mas foi necessário. Eu precisava me reinventar”, explicou, mostrando que sua inquietação artística sempre falou mais alto.

Durante o bate-papo, ele também fez questão de levantar um ponto delicado: a forma como os contratos da época foram assinados. Cassio revelou que, apesar do sucesso estrondoso, ele e os colegas de elenco não viram um centavo pelos produtos licenciados ou pela revinculação do programa. “A gente assinou um contrato péssimo, que cedia nossos direitos de imagem de forma vitalícia. Ninguém explicou nada, não tínhamos advogado. Ganhamos para fazer o programa, e só”, disse, com um misto de frustração e desabafo. Rosi Campos, que interpretava a feiticeira Morgana, também já falou sobre isso em outra entrevista ao mesmo programa, reforçando a falta de respaldo jurídico dos atores naquela época.

Mesmo com as dores e aprendizados do passado, o olhar de Cassio sobre o Castelo continua repleto de gratidão. “O Nino continua vivo no coração das pessoas. Onde eu vou, tem sempre alguém que lembra com carinho. E isso… isso não tem preço”, finalizou, com aquele brilho nos olhos de quem sabe que marcou uma geração inteira — e continua encantando outras tantas, mesmo anos depois.

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