“Stick” | Comédia esportiva da AppleTV+ é renovada para a 2ª temporada com Owen Wilson à frente

Com uma mistura afiada de emoção, ironia e humanidade, a série esportiva da AppleTV+, estrelada por Owen Wilson, confirma seu retorno com uma nova temporada — e promete mais tacadas certeiras no coração do público.

0
Foto: Reprodução/ Internet

Na contramão dos clichês de superação esportiva, Stick chegou ao catálogo da AppleTV+ no início de junho de 2025 como quem não queria nada — com um humor seco, uma trilha sonora suave e uma trama sobre fracassos pessoais mais do que sobre vitórias no green. Mas bastaram poucos episódios para que o público se afeiçoasse a Pryce Cahill, o ex-jogador de golfe vivido com precisão melancólica por Owen Wilson, e ao mundo disfuncional, cômico e tocante que a série apresenta.

Agora, para alegria dos fãs, Stick acaba de ser renovada para a segunda temporada. O anúncio veio justamente na semana do último episódio da primeira leva, o que fez com que a comoção nas redes se transformasse em celebração. As informações são do Variety.

“Acho que todos nós nos divertimos muito fazendo isso”, disse Owen Wilson em comunicado. “É muito bom ver a série se conectar com as pessoas e saber que temos a chance de continuar a história.”

Uma comédia sobre falhas — e como conviver com elas

Criada por Jason Keller, Stick não tenta pintar o golfe como um campo de glórias, e sim como um espaço de confrontos interiores. Logo no primeiro episódio, somos apresentados a Pryce Cahill, um ex-atleta que já esteve nos holofotes, mas hoje vive à sombra de seus próprios erros e lutos. Vendedor de tacos de golfe em uma loja mediana e com um humor amargo, ele é uma figura entre o cômico e o patético — o retrato de alguém que caiu do pedestal e ainda está tentando entender o que fazer no chão.

A série, no entanto, evita qualquer tentativa óbvia de redenção. É nas entrelinhas, nos silêncios, nos olhares e nas relações quebradas que Stick encontra sua força dramática. A chegada de Santi Wheeler (Peter Dager), um jovem golfista prodígio que desistiu do esporte após traumas familiares, estabelece a dupla improvável no centro da trama. Pryce vê em Santi a chance de resgatar não só uma carreira, mas também um sentido para a vida.

Não se trata de mentor e aprendiz nos moldes clássicos, mas de dois homens tentando se reconstruir — cada um à sua maneira. Enquanto Santi lida com as feridas deixadas por um pai ausente, Pryce tenta encontrar redenção pela perda de seu filho Jett, uma dor que ainda ecoa em cada flashback, cada conversa atravessada, cada momento de silêncio desconfortável.

A leveza que vem do amargo

O humor da série é um dos seus trunfos. Stick acerta ao inserir pitadas de comédia onde menos se espera, usando o sarcasmo de Pryce, os tropeços sociais dos personagens e as situações absurdas que surgem entre uma tacada e outra para quebrar o drama com naturalidade.

Personagens como Zero (Lilli Kay), uma barman de espírito livre, e Mitts (Marc Maron), o ex-caddie e parceiro de derrotas de Pryce, oferecem uma camada extra de humanidade à trama. Cada um carrega suas dores, seus dilemas, suas fraturas — mas ninguém se leva a sério demais. É como se todos estivessem apenas tentando sobreviver, com um taco de golfe na mão e uma piada pronta na ponta da língua.

Owen Wilson em sua melhor forma

Famoso por papéis cômicos, muitas vezes excêntricos, Owen Wilson entrega aqui uma de suas performances mais densas e contidas. Pryce não é um herói. Tampouco um vilão. É apenas um homem quebrado tentando juntar os cacos com os recursos que tem — o cinismo, a ironia, a dor mal resolvida e uma nostalgia que nunca cessa.

A atuação de Wilson equilibra perfeitamente humor e vulnerabilidade, o que torna o personagem fascinante mesmo nos momentos mais controversos. Ao lado de Peter Dager, que brilha com sutileza e intensidade como o jovem Santi, ele constrói uma das duplas mais complexas e emocionantes da atual televisão americana.

O elenco que dá alma à série

Além de Wilson e Dager, o elenco de Stick é um espetáculo à parte. Mariana Treviño emociona como Elena, a mãe solo que tenta manter Santi em uma linha tênue entre esperança e frustração. Lilli Kay, como a espirituosa Zero, ilumina cada cena com sua presença descomplicada e libertária.

Entre os rostos recorrentes, Judy Greer rouba a cena como Amber-Linn, a ex-mulher de Pryce, enquanto Timothy Olyphant surge com charme e rivalidade no papel de Clark Ross, antigo parceiro de jogos e atual espinho no sapato do protagonista.

As participações especiais — como as de jogadores reais de golfe e comentaristas — conferem um toque de realismo e autenticidade aos torneios exibidos na série, como o fictício ReadySafe Invitational.

Uma história de luto, legado e reinvenção

O que torna Stick tão especial é que, por trás do pano de fundo esportivo, existe uma história sobre luto. Sobre paternidades falhadas. Sobre relações que precisam ser desenterradas, lavadas e remendadas. É sobre o peso do que não foi dito — e o esforço constante para encontrar uma nova forma de existir.

A figura do filho falecido de Pryce, Jett Cahill, é um fantasma silencioso que ronda toda a série. Interpretado por três atores em diferentes idades, o personagem aparece em lembranças fragmentadas, em sonhos, em vislumbres emocionais que nunca são explícitos, mas sempre profundos. É nesse subtexto que a série mais comove.

AppleTV+ aposta na continuidade

A renovação para a segunda temporada vem como resposta à boa recepção da crítica e do público. Embora o golfe seja o pano de fundo, a trama consegue atravessar as barreiras esportivas e emocionar até quem nunca segurou um taco na vida.

A AppleTV+ vem apostando em produções que mesclam originalidade e sensibilidade — e Stick é um exemplo claro dessa curadoria cuidadosa. Com uma abordagem moderna, personagens tridimensionais e um roteiro que valoriza o não-dito, a série conquistou um espaço próprio na plataforma.

O que esperar da segunda temporada?

Embora detalhes sobre a nova temporada ainda não tenham sido divulgados, a renovação abre portas para aprofundar os conflitos familiares de Santi, os fantasmas de Pryce e os desafios futuros no circuito profissional.

Será interessante ver como a parceria entre mentor e pupilo se desenvolve agora que os papéis estão menos claros. Pryce, afinal, também precisa ser salvo. E Santi talvez seja sua única chance real de encontrar paz — ou pelo menos, perdão.

Além disso, os desdobramentos com Amber-Linn, os atritos com Clark Ross e as questões não resolvidas com Elena prometem ganhar mais força.

COMENTE

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui