
Neste domingo, 2 de novembro, a TV Globo promete uma tarde de pura emoção e reflexão com a exibição de Pantera Negra, sucesso mundial da Marvel Studios, dirigido por Ryan Coogler. O filme, que será exibido na Temperatura Máxima, transcende o universo dos super-heróis e se transforma em uma poderosa celebração da cultura africana, da força da ancestralidade e da luta por identidade. Desde seu lançamento em 2018, a produção se tornou um marco histórico e cultural, sendo o primeiro longa do gênero a receber uma indicação ao Oscar de Melhor Filme.
De acordo com a sinopse do AdoroCinema, a trama começa com a morte do rei T’Chaka, um evento que abala o fictício reino africano de Wakanda, uma nação escondida do mundo, altamente desenvolvida graças à posse do vibranium, um metal raro e poderosíssimo. É nesse contexto que o jovem príncipe T’Challa, vivido com nobreza e sensibilidade por Chadwick Boseman, retorna à sua terra natal para assumir o trono e o manto do Pantera Negra, herói protetor do povo wakandano. Mas o caminho para o trono não é simples. As cinco tribos que compõem o reino se reúnem para a cerimônia de coroação, e uma delas — os Jabari, liderados por M’Baku — não apoia o governo central. A sequência da coroação é de tirar o fôlego: repleta de cor, música, dança e tradição, ela captura a grandiosidade espiritual e cultural de Wakanda.

T’Challa, agora rei, não governa sozinho. Ao seu lado, três mulheres se destacam e dão forma à alma de Wakanda: Okoye, Nakia e Shuri. Interpretada por Danai Gurira, Okoye é a comandante das Dora Milaje, uma guarda real composta exclusivamente por mulheres guerreiras. Sua presença impõe respeito, e sua lealdade é inabalável. Ela representa a força, a disciplina e o amor pela nação. Já Nakia, vivida por Lupita Nyong’o, é uma espiã e ativista que desafia as tradições do reino. Embora seja o grande amor de T’Challa, Nakia não se deixa definir por isso — ela sonha com uma Wakanda aberta ao mundo, solidária com os povos que sofrem lá fora. Sua visão política e humanitária é o que impulsiona boa parte das mudanças na trajetória do herói. Por fim, Shuri, interpretada pela carismática Letitia Wright, é o cérebro tecnológico do reino e um símbolo do futuro. Jovem, irreverente e genial, ela é responsável por desenvolver as armas, trajes e sistemas que tornam Wakanda a nação mais avançada da Terra.
Essas três mulheres não são apenas personagens secundárias — são as colunas que sustentam o reino e o próprio filme. Ryan Coogler constrói um universo onde o poder feminino é naturalizado, celebrado e essencial. Em um gênero cinematográfico historicamente dominado por figuras masculinas, Pantera Negra resgata a importância das mulheres negras como líderes, estrategistas e guardiãs da tradição. Okoye, Nakia e Shuri não apenas protegem Wakanda: elas moldam seu destino.
Mas um grande herói precisa de um adversário à altura, e é aí que surge Erik Killmonger, vivido magistralmente por Michael B. Jordan. O personagem é um dos vilões mais complexos e emocionantes já criados pela Marvel. Filho de um wakandano assassinado no exílio, Killmonger cresceu nos Estados Unidos, entre a violência e o abandono, cultivando um ódio profundo por Wakanda e pelo sistema que o excluiu. Quando retorna ao reino, ele não busca apenas o trono — busca vingança, reconhecimento e uma revolução global. Seu objetivo é usar os recursos e o poder de Wakanda para libertar os povos negros oprimidos ao redor do mundo, ainda que isso signifique espalhar a guerra.

O embate entre T’Challa e Killmonger transcende o confronto físico. É uma batalha ideológica entre duas formas de pensar o mundo. T’Challa acredita na diplomacia, na união e na responsabilidade de proteger sem dominar. Killmonger, por outro lado, representa a revolta dos que foram esquecidos — uma voz que clama por justiça a qualquer custo. Essa dualidade dá ao filme uma profundidade rara em produções do gênero. O espectador é levado a compreender ambos os lados, a sentir empatia pelo antagonista, mesmo quando ele ultrapassa os limites morais. Killmonger não é um vilão típico: ele é um produto do trauma histórico e da desigualdade global. E é justamente essa complexidade que o torna tão inesquecível.
Visualmente, Pantera Negra é um espetáculo. Wakanda é um sonho cinematográfico realizado com perfeição. A direção de arte combina elementos da estética tradicional africana com o futurismo tecnológico, criando uma identidade única. O figurino, assinado por Ruth E. Carter — que venceu o Oscar por seu trabalho —, é um show à parte. Cada traje conta uma história, inspirado em padrões tribais, tecidos autênticos e joias que remetem à ancestralidade africana. As cores vibrantes e os detalhes minuciosos transformam o filme em uma celebração visual da cultura afrodescendente. A trilha sonora, composta por Ludwig Göransson e complementada por músicas de Kendrick Lamar, mistura batidas tribais com ritmos contemporâneos de hip-hop e R&B, traduzindo em som o equilíbrio entre tradição e modernidade que define Wakanda.
O filme arrecadou mais de 1,3 bilhão de dólares nas bilheteiras e se tornou um fenômeno cultural. Mais do que um sucesso comercial, foi um símbolo de representatividade. Pela primeira vez, milhões de crianças negras no mundo inteiro puderam ver um herói que se parecia com elas — um rei, inteligente, digno, nobre e humano. A saudação “Wakanda Forever” virou um gesto universal de orgulho e resistência, repetido em escolas, comunidades e eventos culturais. A obra também abriu caminho para outras produções com elenco majoritariamente negro e protagonismo africano, mudando a forma como Hollywood encara a diversidade.
















