Terror The Ugly Stepsister tem estreia oficial nos cinemas brasileiros anunciada

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Foto: Reprodução/ Internet

O cinema de hoje está cada vez mais ousado ao revisitar histórias clássicas, mostrando que os contos de fadas podem ter lados inesperados e sombrios. É exatamente isso que o público brasileiro vai descobrir com The Ugly Stepsister, filme de terror e drama que estreia nos cinemas em 23 de outubro de 2025, com distribuição da Mares Filmes e da Alpha Filmes. Exibido no Festival de Sundance 2025, o longa chega após conquistar a crítica internacional com sua visão inovadora do clássico conto de Cinderela.

Dirigido e escrito pela cineasta Emilie Blichfeldt, o filme não se limita a repetir o que já conhecemos. Pelo contrário, ele nos coloca dentro da mente de Elvira, uma das “irmãs feias” do conto, mostrando seus desejos, frustrações e a pressão de viver à sombra da meia-irmã Agnes. Esta abordagem transforma um clássico infantil em uma experiência intensa, cheia de tensão, drama psicológico e até horror.

Enquanto a Cinderela tradicional é celebrada por sua bondade e beleza, Elvira é apresentada como uma personagem complexa, vulnerável e, ao mesmo tempo, ambiciosa. Interpretada por Lea Myren, ela sonha em ser perfeita e conquistar o coração do príncipe Julian (Isac Calmroth), mas enfrenta obstáculos impostos tanto pela madrasta Rebekka (Ane Dahl Torp) quanto pela própria irmã, Agnes (Thea Sofie Loch Næss).

O filme explora de maneira sensível e brutal a pressão para se encaixar em padrões de beleza e perfeição. Elvira passa por tratamentos dolorosos e métodos extremos, desde cirurgias improvisadas até dietas extremas, que colocam sua saúde e sanidade em risco. Essa abordagem torna a história mais próxima da realidade, mostrando como a ambição e a pressão podem transformar relações familiares e afetar a autoestima.

A história começa com a união das famílias de Rebekka e Otto, motivada por interesses financeiros. Mas a promessa de riqueza se desfaz com a morte inesperada de Otto, deixando todos diante de dificuldades inesperadas. É nesse cenário que se desenrola a tensão entre as irmãs: Agnes, privilegiada e naturalmente confiante, e Elvira, pressionada pela mãe a ser perfeita e a superar a irmã.

Enquanto Elvira luta para conquistar o príncipe e provar seu valor, Agnes mantém sua postura firme e independente. O confronto entre as irmãs é o motor do filme, e cada gesto, cada olhar e cada decisão carregam uma carga emocional que faz o espectador torcer e sofrer junto com as personagens.

O baile real, cena central do conto, é reimaginado de forma sombria e intensa. Elvira consegue inicialmente chamar a atenção do príncipe, mas Agnes, com sua naturalidade e elegância, rouba o momento, mostrando que a autenticidade muitas vezes supera a aparência forçada. O suspense e o desconforto presentes nesta sequência tornam o filme único, lembrando que o terror não precisa vir apenas de monstros ou sangue, mas também das pressões humanas e familiares.

O sucesso do filme se deve muito às atuações do elenco. Lea Myren entrega uma Elvira cheia de nuances, alternando entre inocência, ambição e desespero. Thea Sofie Loch Næss oferece uma Agnes segura e encantadora, servindo como contraponto perfeito para o drama de sua meia-irmã. Ane Dahl Torp, como Rebekka, interpreta a madrasta com firmeza e frieza, lembrando que o verdadeiro horror muitas vezes vem das relações humanas, e não apenas das situações sobrenaturais.

Outros personagens, como Alma (Flo Fagerli), irmã mais nova de Elvira, e Isak (Malte Myrenberg Gårdinger), amigo de Agnes, contribuem para a profundidade da narrativa, trazendo humanidade e complexidade ao enredo. Cada personagem tem seu espaço, sua história e sua influência nos acontecimentos, tornando o filme rico e completo.

Terror psicológico e simbolismo

Diferente de filmes de terror convencionais, o longa-metragem trabalha o medo de forma psicológica. A violência não está apenas em eventos externos, mas nas pressões, na competição entre irmãs e na obsessão por perfeição. O desconforto do espectador vem do que é familiar e próximo: relações familiares tensas, expectativas esmagadoras e conflitos internos.

O simbolismo do filme é forte. O vestido destruído, os sapatos do baile e as cirurgias dolorosas são metáforas da pressão social e do preço da vaidade. Cada elemento visual reforça a narrativa e nos conecta às emoções das personagens, permitindo uma experiência de cinema intensa e reflexiva.

A coprodução envolvendo Noruega, Polônia, Suécia e Dinamarca trouxe riqueza cultural e diversidade estética ao filme. As locações e figurinos criam um mundo visualmente impressionante, que combina elementos de conto de fadas com um toque sombrio e realista.

A direção de Emilie Blichfeldt equilibra fantasia e realidade, criando cenas visualmente belas, mas carregadas de tensão. Desde o túmulo do pai de Agnes até o baile real, cada detalhe é pensado para intensificar a experiência emocional e psicológica do espectador.

Recepção internacional

O filme foi aplaudido no Festival de Sundance 2025 e também no Festival Internacional de Cinema de Berlim, recebendo elogios por sua abordagem ousada e inovadora. Críticos destacaram a coragem de revisitar um clássico infantil sob uma perspectiva sombria e madura, transformando um conto de fadas em uma reflexão sobre ambição, pressão social e relações familiares.

A recepção positiva aumenta as expectativas para a estreia brasileira, mostrando que o público pode esperar muito mais do que um simples filme de terror: é uma obra que mistura suspense, drama e crítica social de maneira envolvente e impactante.

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