
O humor brasileiro será o grande protagonista do The Noite desta quinta-feira, 4 de setembro de 2025, quando Danilo Gentili recebe Alexandre Régis, ator, roteirista, diretor e comediante que comemora 58 anos de trajetória nos palcos, na TV e nos bastidores da comédia nacional. A entrevista promete ser uma viagem pela memória afetiva do riso no Brasil, reunindo lembranças de nomes inesquecíveis, curiosidades de bastidores e histórias que ajudaram a construir uma carreira marcada por talento, persistência e paixão pela arte de fazer rir.
Filho do lendário Mozart Régis, conhecido pelo pseudônimo de Pituca, Alexandre cresceu cercado pelo universo artístico. Ainda criança, já acompanhava de perto o ritmo intenso dos ensaios, gravações e espetáculos, absorvendo o valor da comédia como forma de expressão cultural. Pituca foi um artista completo: ator, radialista, produtor e comediante, que se destacou no rádio, no teatro, no cinema e na televisão. Criador de personagens caricatos e dono de uma voz esganiçada inconfundível, ganhou fama nos anos 1940 e 1950 como humorista e ator cômico, sendo apelidado de “Chaplin Brasileiro” nos palcos. No cinema, brilhou em produções da Atlântida Cinematográfica, como O Petróleo é Nosso! (1954), É a Maior (1958) e Aí Vem a Alegria (1959), geralmente no papel do marido magrinho e submisso, mas sempre com uma interpretação que arrancava gargalhadas.
Sua carreira atravessou diferentes linguagens. No rádio, Pituca encantou plateias como criador do personagem que lhe deu fama, além de se destacar como locutor e sonoplasta. No teatro, atuou em peças infantis, teatro de revista e em produções de Procópio Ferreira e Bibi Ferreira. Já na televisão, fez história na TV Tupi e na TV Rio, consolidando-se depois na Rede Globo, onde trabalhou não apenas como ator, mas também como redator e produtor de humorísticos de enorme sucesso. Esteve presente em programas como Balança Mas Não Cai (1968) e Faça Humor, Não Faça Guerra (1970), além de contribuir nos bastidores de Planeta dos Homens (1976) e Viva o Gordo (1981), ao lado de Jô Soares. Sua última aparição na TV foi na minissérie Engraçadinha: Seus Amores e Seus Pecados (1995), pouco antes de sua morte. Hoje, parte de seus documentos e objetos integra o acervo da Casa de Memória de Florianópolis, perpetuando a importância de sua obra para a cultura nacional.

Esse legado artístico moldou a trajetória de Alexandre, que cresceu inspirado pela dedicação e pelo humor inventivo do pai. Com o tempo, Alexandre construiu seu próprio espaço no cenário cultural brasileiro, destacando-se tanto em frente às câmeras quanto nos bastidores. Como roteirista, colaborou com programas que marcaram gerações, como o extinto Zorra Total, e como ator e diretor, acumulou experiências em teatro e televisão que ampliaram sua visão sobre a importância do humor como arte popular.
No The Noite com Danilo Gentili, Alexandre relembra aprendizados com gigantes da comédia. De Jô Soares, herdou a noção de que o humor inteligente pode ser, ao mesmo tempo, divertido e crítico. De Chico Anysio, absorveu a capacidade de criar personagens inesquecíveis, cada um com uma identidade própria. Ao lado de Golias, viveu situações hilárias nos bastidores, testemunhando de perto o talento do humor físico e o improviso que marcaram o comediante. Com Carlos Alberto de Nóbrega, conheceu os bastidores da eterna Praça é Nossa, um programa que se mantém como guardião da tradição do humor de esquetes na televisão. Já com Renato Aragão, acompanhou o universo lúdico e popular de Os Trapalhões, aprendendo sobre o alcance universal da comédia brasileira.

Essas experiências moldaram não apenas o artista, mas também o ser humano. Em suas memórias, Alexandre mistura curiosidades de bastidores com reflexões sobre os desafios e transformações do humor no Brasil. Relembra, por exemplo, situações inusitadas vividas durante gravações, improvisos que se tornaram clássicos e até os momentos difíceis que exigiram resiliência para seguir adiante. Ao contar essas histórias, ele reforça o papel da comédia como espaço de resistência cultural e de conexão com o público.
Com passagens marcantes por programas icônicos como Veja o Gordo, apresentado por Jô Soares, e A Praça é Nossa, de Carlos Alberto, Alexandre é testemunha viva de uma era em que o humor ocupava horários nobres na televisão e fazia parte da rotina das famílias brasileiras. Para além dos palcos e câmeras, acumulou experiências nos bastidores do teatro e da TV, vivendo de perto os dilemas de uma profissão que exige talento, disciplina e, muitas vezes, sacrifícios pessoais.
No programa de Danilo Gentili, Alexandre não se limita a recordar episódios engraçados, mas também compartilha sua visão sobre o papel do humor como memória afetiva. Para ele, personagens, bordões e esquetes não são apenas recursos para arrancar gargalhadas, mas elementos que constroem a identidade cultural de um povo. Ao revisitar sua trajetória, o comediante também presta uma homenagem ao pai, Pituca, mostrando como a comédia pode atravessar gerações, deixando marcas não apenas na história da televisão, mas também na vida pessoal de quem a produz.




