
Nesta segunda-feira (8), o programa The Noite com Danilo Gentili recebe como convidado o deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP). Em um bate-papo que promete ser direto e polêmico, o parlamentar deve abordar temas centrais de sua trajetória política, como a Proposta de Emenda Constitucional apelidada de PEC Anti-Privilégio, projetos de impacto social e sua visão sobre as reformas necessárias para o país.
A entrevista, ainda inédita, deve reforçar a imagem de Kataguiri como um político jovem, crítico e frequentemente controverso, que ganhou notoriedade nacional como uma das vozes mais ativas da nova geração no Congresso. A expectativa é de que a conversa vá além de questões institucionais e traga também reflexões pessoais sobre sua atuação em Brasília e os desafios de construir um legado político em um cenário cada vez mais fragmentado.
De ativista digital a deputado federal
Kim Kataguiri despontou no cenário político brasileiro em meados de 2014, quando se tornou um dos fundadores do Movimento Brasil Livre (MBL), grupo que ganhou projeção nacional durante os protestos pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Com um estilo direto, marcado por forte presença digital e linguagem voltada para as redes sociais, rapidamente conquistou apoio entre jovens e críticos da política tradicional.
Em 2018, foi eleito deputado federal por São Paulo, tornando-se um dos parlamentares mais jovens da legislatura. Atualmente cumpre seu segundo mandato e, apesar da pouca idade em relação a outros políticos, acumula experiência suficiente para se apresentar como uma figura consolidada dentro da oposição.
Críticas à realidade em Brasília
No programa de hoje, Kataguiri deve retomar uma de suas críticas mais frequentes: a falta de preparo e comprometimento de parte dos parlamentares em Brasília. Em falas recentes, ele destacou que muitos deputados não dominam sequer os procedimentos internos da Câmara e que, em alguns casos, sequer leem os projetos que votam.
“Eu imaginava que as coisas fossem ruins. Agora, com seis anos de mandato, chego à conclusão de que elas são uma desgraça, muito piores do que eu pensava. Até hoje tem gente no plenário que não sabe como funciona a Casa. Alguns deputados não leem os projetos que votam”, declarou em prévia divulgada pelo SBT.
Essa visão crítica reforça o tom que o deputado costuma adotar em entrevistas e redes sociais: o de alguém disposto a expor os problemas estruturais da política nacional e a cobrar uma mudança de postura.
PEC Anti-Privilégio: símbolo da sua atuação
Entre os principais projetos em discussão, a chamada PEC Anti-Privilégio ocupa lugar central em sua agenda. A proposta busca acabar com supersalários e benefícios considerados excessivos no serviço público, atingindo não apenas parlamentares, mas também magistrados, membros do Ministério Público e outras categorias.
“Muitos políticos discursam contra as elites, mas eles próprios fazem parte dela. E não é só o salário: o deputado, por exemplo, tem direito a carro, a frequentar os restaurantes mais caros, a segurança, plano de saúde… Eu abro mão de tudo isso. Só essa decisão representa 2,5 milhões de reais devolvidos aos cofres públicos. Imagine se os outros deputados fizessem o mesmo”, afirmou.
Ao levantar essa bandeira, Kataguiri se coloca em confronto com setores poderosos, já que a PEC toca em privilégios historicamente protegidos. Por outro lado, busca reforçar sua imagem de político austero, alinhado ao discurso de eficiência e racionalidade nos gastos públicos.
Alerta Pri: tecnologia a serviço da segurança
Outro tema que deve ganhar espaço na entrevista é o projeto Alerta Pri, inspirado no sistema americano Amber Alert. A proposta prevê o envio de mensagens emergenciais a celulares em casos de desaparecimento de crianças, idosos ou pessoas com deficiência, utilizando a tecnologia como instrumento de mobilização social rápida.
De acordo com Kataguiri, o projeto levou oito meses para obter apoio suficiente e avançar na Câmara dos Deputados. Aprovado em primeira instância, agora depende do Senado para ser transformado em lei. Para o parlamentar, o esforço de articulação demonstra como mudanças que beneficiam diretamente a população ainda enfrentam resistência dentro do Congresso.
Planos para o futuro e ambições presidenciais
Embora ainda esteja distante da idade mínima exigida para disputar a Presidência da República — a Constituição exige 35 anos —, Kataguiri não esconde sua ambição de chegar ao cargo no futuro. Em suas falas, mistura reflexões pessoais e desejo de impacto histórico.
“Um dia gostaria, sim. Historicamente, falta ao Brasil um presidente, governador ou prefeito que não pense apenas em pequenas negociações, mas em deixar uma marca na história. Meu maior medo, metade altruísmo, metade vaidade, é passar pela vida sem ser lembrado por nada. Meu sonho, e o motivo de eu estar na política, é deixar um legado que beneficie as pessoas e pelo qual eu seja lembrado”, disse.
Essa afirmação deixa claro que o deputado pretende construir uma trajetória de longo prazo, mirando não apenas a atuação parlamentar, mas também voos mais altos no cenário político nacional.
A defesa de uma nova Constituição
Em sua avaliação, o Brasil só alcançará desenvolvimento real se passar por uma revisão profunda de sua Constituição. Kataguiri defende a elaboração de uma nova Carta Magna, do zero, argumentando que a atual já não é capaz de responder às necessidades da sociedade.
“Não há como o Brasil se transformar em um país desenvolvido com essa Constituição. Nós fracassamos em praticamente todos os setores. Não somos referência para o mundo em educação; em saúde e segurança pública, nem se fala. Temos mais mortos no Brasil do que países em guerra. Tirando alguns pontos de excelência, como a pesquisa agropecuária da Embrapa, o agronegócio, a aviação civil, o ITA e a Embraer, ou a medicina da USP, fracassamos em quase tudo. Por isso precisamos reformar tudo”, afirmou.
A defesa de uma nova Constituição é um dos pontos mais polêmicos de sua atuação. Especialistas argumentam que uma mudança radical poderia gerar instabilidade institucional, mas Kataguiri insiste que apenas uma ruptura permitiria ao país se modernizar e corrigir distorções históricas.















