
Em um país onde a pluralidade pulsa nas veias da arte, da música e da resistência, poucos eventos traduzem tão bem o espírito da diversidade quanto o The Realness Festival. E, em 2025, o maior festival drag da América Latina está prestes a escrever mais um capítulo glorioso de sua trajetória. A quarta edição, marcada para o dia 16 de agosto, na grandiosa Vibra São Paulo, já esgotou todos os ingressos — um feito que não apenas reafirma o sucesso do festival, como também sinaliza a crescente valorização da arte drag como expressão legítima, potente e transformadora.
Num país de contrastes e desafios, reunir milhares de pessoas para celebrar a cultura drag é mais do que entretenimento: é um ato de resistência, uma afirmação política e um espetáculo de pura criatividade.

Um palco onde o brilho é lei
Desde a primeira edição, o The Realness Festival se posicionou como um dos principais palcos de visibilidade para artistas drags no continente. Mais do que trazer nomes famosos da franquia RuPaul’s Drag Race, o festival aposta em uma curadoria que valoriza a pluralidade de estilos, origens e narrativas dentro do universo drag. Em 2025, o line-up não apenas impressiona — ele faz história.
Entre os destaques internacionais estão nomes que marcaram gerações: Sasha Colby, campeã da 15ª temporada e símbolo de empoderamento trans; Shea Couleé, vencedora do All Stars 5 e conhecida por sua elegância e discurso político; Sasha Velour, cuja vitória na 9ª temporada é lembrada até hoje pela icônica performance de “So Emotional”; e Symone, uma das mais influentes campeãs recentes da franquia, unindo moda, estética negra e afirmação identitária.
Além dessas lendas, o público brasileiro terá a chance de assistir de perto talentos como Gigi Goode, Roxxxy Andrews, Morphine Love Dion e Jewels Sparkles, recém-saída da 17ª temporada — um elenco que mescla veterania e novidade com maestria.
A força da cena brasileira
Mas não são apenas os nomes internacionais que garantem o brilho dessa edição. O line-up nacional é um verdadeiro retrato da potência drag que se produz em território brasileiro. E poucas artistas representam tão bem essa força quanto Grag Queen — cantora, performer, vencedora do reality Queen of the Universe e apresentadora da versão brasileira do Drag Race. Sua presença é mais do que simbólica: é a comprovação de que o Brasil exporta talento e ressignifica o drag à sua maneira.
Ao lado dela, estarão nomes que vêm conquistando plateias por todo o país, como as finalistas Betina Polaroid e Hellena Malditta, diretamente da primeira edição do Drag Race Brasil. A diversidade estética e narrativa que ambas carregam nas performances torna essa presença ainda mais relevante.
Figuras icônicas como Silvetty Montilla e Ikaro Kadoshi trazem consigo a história viva da arte drag no Brasil. Silvetty, com décadas de palco, humor e resistência; Ikaro, com sua força política, presença midiática e o compromisso com a educação e inclusão. Completam o line-up nomes em ascensão como DaCota Monteiro, NAZA, Frimes e Desirré Beck, provando que o futuro do drag brasileiro está mais vivo e plural do que nunca.
Uma nova casa, a mesma energia
Em 2025, o festival muda de endereço: pela primeira vez, o evento será realizado na Vibra São Paulo, uma das maiores casas de espetáculo da América Latina, com capacidade para milhares de pessoas. A escolha do local vai além da logística — é um gesto de compromisso com o conforto, a acessibilidade e a inclusão do público.
A estrutura inclui telões, áreas com lugares sentados, espaços adaptados para pessoas com deficiência e um ambiente pensado para acolher todos os tipos de corpos, estilos e expressões. Um avanço necessário para um festival que cresce a cada ano, tanto em público quanto em importância simbólica.
O fenômeno drag além da TV
Embora o RuPaul’s Drag Race tenha desempenhado papel fundamental na popularização da arte drag em escala global, o The Realness Festival mostra que o fenômeno vai muito além da televisão. Ele se materializa em palcos, em encontros afetivos, em discursos potentes e em vivências únicas. Mais do que ver performances, o público vai para viver uma experiência imersiva, dançar, chorar, rir e se sentir representado. Em um país onde pessoas LGBTQIA+ ainda enfrentam violência e exclusão diariamente, o festival se consolida como um espaço seguro de afirmação e resistência, onde cada glitter no rosto é uma centelha de liberdade.
















