Foto: Reprodução/ Internet

Existe um tipo de nostalgia que não envelhece: aquela que vem acompanhada do som de motores rugindo, da vibração metálica de um caça rasgando o céu e do silêncio absoluto que antecede uma manobra impossível. É uma sensação que pertence a uma geração inteira — e que, de algum modo, continua viva dentro de cada espectador que se apaixonou por Top Gun desde 1986. Agora, com o terceiro filme oficialmente decolando dos bastidores e ganhando contornos mais concretos, a sensação é de reencontro. Um reencontro com Maverick, com o cinema clássico, com o tipo de emoção que não precisa ser explicada — apenas sentida.

Segundo informa o Omelete, quem trouxe essa fagulha ao mundo foi Joseph Kosinski, o diretor que ajudou Tom Cruise a reescrever a história do cinema moderno em 2022. Em meio ao brilho discreto do Academy Governors Awards, Kosinski confirmou que o terceiro filme está em andamento. Não houve espetáculo, nem discurso triunfal, apenas uma frase dita com a sinceridade de quem sabe o peso que carrega nas mãos:
“Estamos trabalhando no filme, empolgados… Devemos ter a primeira versão do roteiro em breve.”
E isso bastou para incendiar o imaginário dos fãs.

A revelação surgiu na mesma noite em que Tom Cruise recebeu um Oscar honorário, criando uma espécie de simetria emocional: enquanto a Academia celebrava sua carreira, Kosinski apontava para o futuro — mostrando que Maverick ainda tem história para contar.

O que sabemos de Top Gun 3

Se há uma palavra que define o terceiro filme, segundo Kosinski, é ambição. Mas não aquela ambição grandiosa e ruidosa dos blockbusters tradicionais — e sim algo mais íntimo, mais existencial, mais silencioso. O diretor deixou claro que o novo capítulo deve mergulhar em questões profundas do personagem de Cruise, explorando um conflito que vai além de velocidade e manobras aéreas.

“A crise existencial que Maverick enfrenta é muito maior do que ele mesmo”, disse Kosinski.
Essa frase, por si só, já desenha um novo horizonte para a franquia — talvez mais melancólico, talvez mais humano.

Se Maverick foi sobre legado, Top Gun 3 parece querer falar sobre permanência: o que fica depois que toda a fumaça baixa? O que sobra quando o mundo avança, e você começa a se perguntar se ainda pertence a ele?

Com Ehren Kruger novamente no roteiro, há uma expectativa natural de continuidade emocional. Mas há também a sensação de que algo novo está sendo moldado. Algo que dialoga com os dilemas do nosso tempo — drones, automação, inteligência artificial — e com os dilemas internos de um homem que sempre viveu para voar.

Maverick antes de Maverick: como o segundo filme entrou para a história

Para entender o peso desse terceiro capítulo, é preciso revisitar a explosão que foi Top Gun: Maverick. Lançado em maio de 2022, o filme faz parte de uma daquelas histórias improváveis de Hollywood: um projeto que parecia condenado a nostalgia vazia e que, surpreendentemente, se transformou em símbolo de renascimento do cinema pós-pandemia.

Ele ultrapassou 1,49 bilhão de dólares em bilheteria mundial, mas o número diz menos do que deveria. Mais do que lucro, o longa devolveu às pessoas a vontade de sentir — de estar em uma sala escura, compartilhando emoções com desconhecidos. Maverick se tornou um evento coletivo, quase um manifesto em defesa da experiência cinematográfica.

E Tom Cruise, com sua teimosia romântica em recusar o streaming, assumiu o papel de guardião dessa proposta. Ele queria que o filme fosse visto como cinema de verdade — e conseguiu. Houve lágrimas, risos, aplausos espontâneos. Foi mais do que uma sequência: foi um reencontro com tudo aquilo que nos faz amar grandes histórias.

Um retorno marcado pelo tempo

Em Maverick, é impossível não sentir o peso do tempo. Pete Mitchell continua ousado, continua intenso, continua vibrando na fronteira entre coragem e imprudência. Mas há algo no olhar dele que não havia no filme de 1986: a consciência de que o mundo está mudando rápido demais — e que talvez ele esteja ficando para trás.

Quando ele ultrapassa o limite do Darkstar, rompendo barreiras que nenhum piloto ousaria testar, o gesto não é apenas rebeldia. É uma tentativa desesperada de provar que ainda existe espaço para pilotos humanos num mundo dominado por máquinas. E, por algum motivo, é um dos momentos mais humanos do filme inteiro.

Ser enviado de volta à Top Gun como instrutor é quase um choque emocional. Maverick sabe ensinar, mas nunca soube envelhecer. Ele entende aviões, mas não entende política. Ele domina o céu, mas continua travado no chão.

Rooster, Hangman e a nova geração

Se Maverick carrega seus próprios fantasmas, Rooster carrega cicatrizes. A relação entre Bradley Bradshaw e o protagonista é construída com um cuidado impressionante, quase artesanal. Há dor não dita, mágoa acumulada, amor enterrado em silêncio. Miles Teller entrega um Rooster que é, ao mesmo tempo, herdeiro e prisioneiro do passado — e que precisa encontrar seu próprio caminho sem repetir os erros de Maverick.

E então há Hangman, um antagonista moderno com carisma de sobra. Ele faz o papel que Maverick fez no primeiro filme: provoca, desafia, irrita, mas também cresce. Phoenix e Bob completam um time que carrega frescor, energia e humanidade, sem jamais apagar o brilho dos veteranos.

Essa nova geração não existe apenas para preencher espaço — ela é o coração pulsante que permite que o filme fale com o presente sem trair seu passado.

A missão impossível que virou realidade

O plano criado para destruir a usina de urânio beira o absurdo — e talvez seja por isso que funciona tão bem. A missão é tão arriscada que se transforma numa metáfora para o que Maverick representa: o impossível que se torna possível quando o humano supera a máquina.

A sequência clandestina em que ele demonstra que o ataque pode ser executado é quase um grito de resistência. Um grito que diz: “Eu ainda estou aqui. Eu ainda posso.”
E é impossível não sentir algo ao ver isso.

A queda, o reencontro e o resgate improvável

A queda de Maverick e Rooster em território inimigo cria uma das sequências mais emocionantes de todo o filme — não pela ação em si, mas pela vulnerabilidade que surge entre os dois. Perdidos, machucados, discutindo e rindo do caos, eles finalmente voltam a se encontrar como seres humanos, não apenas como piloto e instrutor.

O reencontro com o F-14 Tomcat é quase um milagre cinematográfico. Uma lembrança esquecida no hangar, um ícone ressuscitado. E, de repente, pai e filho simbólicos estão juntos, voando lado a lado. Quando Hangman aparece para salvá-los, o círculo emocional se completa.

O adeus a Iceman

A despedida entre Maverick e Iceman é um daqueles raros momentos que o cinema entrega com a delicadeza de um segredo. Val Kilmer, enfrentando limitações reais de saúde, trouxe para a tela uma verdade dolorosa e linda. Não era apenas o fim de um personagem. Era o fim de uma era, de uma amizade, de um pedaço do cinema dos anos 80 que insistia em sobreviver.

É impossível não sentir o coração pesar naquele encontro.

Por que Maverick tocou tão fundo?

Porque não era sobre aviões.
Era sobre o tempo.
Sobre culpa.
Sobre segundas chances.
Sobre homens que aprendem tarde demais a pedir perdão.
Era sobre o medo de ser substituído — e sobre a coragem de continuar mesmo assim.

Maverick tem ação perfeita, mas é sua humanidade que mantém o público preso. É o tipo de filme que não se assiste: se sente.

E agora? O que esperar de Top Gun 3?

Kosinski promete uma história grande, talvez maior que tudo o que veio antes. Mas grande não no espetáculo — e sim na profundidade. Há uma expectativa de que o terceiro filme explore a mortalidade de Maverick, o avanço incontrolável da tecnologia e a difícil transição entre gerações.

Miles Teller e Glen Powell ainda não foram confirmados oficialmente, mas seria quase inimaginável seguir sem Rooster e Hangman. E Tom Cruise — agora ainda mais consolidado como um dos últimos astros clássicos de Hollywood — dá sinais de que está pronto para enfrentar o desafio.

Esdras Ribeiro
Além de fundador e editor-chefe do Almanaque Geek, Esdras também atua como administrador da agência de marketing digital Almanaque SEO. É graduado em Publicidade pela Estácio e possui formação técnica em Design Gráfico e Webdesign, reunindo experiência nas áreas de comunicação, criação visual e estratégias digitais.

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