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Gabriel Coppola mergulha na pré-produção de “Olhos Em Mim”, um drama queer sobre identidade e coragem

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Entre cadernos rabiscados, videoconferências com diretores de fotografia e brainstormings madrugada adentro, Gabriel Coppola vive talvez o capítulo mais desafiador — e revelador — de sua trajetória artística. O ator e roteirista, conhecido por seus papéis carregados de entrega emocional em produções teatrais e independentes, agora se aventura como criador integral de um projeto que promete tocar em feridas profundas e universais: Olhos Em Mim, um drama psicológico com temática queer, que mergulha nas inquietações da identidade, do desejo reprimido e da coragem de se ver por inteiro.

Não é apenas mais um filme para Gabriel. É um gesto. Um grito. Um espelho.

Corpo, palavra e direção: a imersão total de um artista

Coppola não é apenas o protagonista. Ele escreveu o roteiro, acompanha cada etapa da produção e participa ativamente da construção estética do longa. A obra, prevista para estrear em 2026 nos principais circuitos de festivais de cinema autoral, é descrita por ele como “um filme sobre aquilo que nunca dizemos em voz alta, mas que vive dentro da gente, pulsando”.

Com um olhar cansado, mas firme, Gabriel compartilha: “Esse filme está me atravessando. Mais do que escrever ou atuar, estou vivendo isso. Estou me colocando inteiro ali. Às vezes dói. Mas é uma dor necessária.”

A pré-produção avança com intensidade. São semanas de conversas com diretores de arte, estudos de locação e testes de câmera que vão muito além da técnica. “A gente não está só montando um set. A gente está montando um universo psíquico”, resume Coppola.

O enredo: quando o desejo rompe o silêncio

Em Olhos Em Mim, conhecemos Rafael — um homem aparentemente ajustado à sua vida: um relacionamento estável, uma carreira respeitada, uma rotina previsível. Tudo começa a se fragmentar após um encontro que desperta um desejo inesperado. Não se trata apenas de uma paixão, mas de um confronto com tudo o que ele acreditava saber sobre si mesmo.

Gabriel faz questão de esclarecer: “Não é um filme sobre traição. É sobre ruptura interna. Sobre aquele momento em que algo nos desmonta e a gente se vê obrigado a se reconstruir. Nem sempre com respostas, mas com perguntas que não podem mais ser ignoradas.”

A narrativa flui entre cenas de realismo cru e momentos mais subjetivos, quase etéreos. A intenção é provocar mais sensações do que explicações. “Eu não quero que as pessoas apenas entendam o que está acontecendo com o Rafael. Quero que elas sintam o peso do silêncio, o calor do desejo, o incômodo da dúvida”, detalha o criador.

Roteiro como confissão e ato político

Coppola admite que, embora a história não seja literal, ela nasceu de um lugar muito íntimo. “Eu me inspirei em emoções que vivi. Em silêncios que guardei. Em perguntas que me fiz por anos”, diz. Escrever o roteiro foi, segundo ele, um processo quase terapêutico. Uma carta para si mesmo. Um pedido de escuta.

“Cresci sem ver histórias que refletissem minhas angústias. Ou, quando via, elas estavam sempre marcadas pela dor e pela punição. Era como se ser quem eu era viesse sempre com uma sentença. Com esse filme, eu quero propor outro olhar. Um olhar mais humano, mais terno, mais honesto.”

Essa honestidade também é, para Gabriel, um gesto político. “Quando um homem queer escreve sobre suas dores sem esconder sua sensibilidade, ele está desafiando tudo que disseram que ele não podia ser. Está dizendo que existe. Que merece ser visto — não como exceção, mas como parte da complexidade humana.”

Representatividade que vai além da superfície

A questão da representatividade é central para Olhos Em Mim, mas não da forma caricatural ou panfletária com que o cinema por vezes trata histórias queer. Gabriel quer sutileza, contradição, camadas.

“Ser queer não é uma cor única. É um espectro. É possível ser queer e ter medo, e se sentir deslocado, e ter desejo, e não saber como nomeá-lo. Eu não quero heróis ou mártires. Quero pessoas reais. Com dúvidas reais.”

Por isso, o projeto busca retratar uma experiência queer que não está necessariamente ligada a grandes gestos públicos ou narrativas épicas de aceitação. Ao contrário: Rafael, o protagonista, vive um drama íntimo, interno, quase mudo — mas ainda assim devastador.

Equipe e estética: o cinema como estado de espírito

Se o roteiro já aponta para uma proposta sensorial, a estética do filme segue a mesma lógica. A direção de fotografia está sendo construída com foco em luzes naturais, sombras densas, planos longos e uso dramático do silêncio. “Vai ter muito vazio em cena. Muito silêncio mesmo. Porque o silêncio, nesse filme, é um personagem”, explica Coppola.

A equipe, ainda que enxuta, foi escolhida a dedo. Pessoas que compartilham da sensibilidade do projeto. “Não dá pra fazer esse filme no automático. Ele exige presença, escuta, vulnerabilidade. Eu busquei artistas que entendessem isso.”

Quanto ao elenco, Gabriel mantém o mistério. “Está fechado, sim. Mas ainda é cedo pra anunciar. O que posso dizer é que as escolhas foram feitas com o coração. São pessoas que sentiram o filme antes de qualquer teste.”

A travessia até os festivais — e além

Com filmagens previstas para o segundo semestre de 2025 e pós-produção no início de 2026, Olhos Em Mim já tem planos de estreia em importantes mostras nacionais e internacionais. Mas para Gabriel, mais importante do que os prêmios ou holofotes é a possibilidade de tocar quem precisa se sentir visto.

“Quero que esse filme chegue onde ele for necessário. Pode ser em um grande festival em Berlim ou numa sessão especial numa escola de artes do interior. Se uma pessoa se reconhecer, já valeu.”

Ele menciona, com olhos úmidos, o desejo de alcançar “jovens LGBTQIA+ em cidades onde ser diferente ainda é motivo de isolamento”. Ou “homens que foram ensinados a sentir vergonha de sua sensibilidade”. Pessoas que, como ele mesmo em outros tempos, ainda estão tentando se olhar no espelho sem medo.

Uma obra que pulsa antes mesmo de existir

É impossível conversar com Gabriel Coppola sobre Olhos Em Mim sem perceber que o filme já existe — ainda que não tenha uma cena gravada. Ele está vivo nas palavras, nas hesitações, nos sonhos e nas dores de seu criador.

Mais do que uma produção audiovisual, trata-se de um manifesto íntimo. Uma afirmação de existência. Um convite para o outro olhar.

“Fazer esse filme é um ato de coragem. Mas também é um pedido de acolhimento. E eu acredito que, quando a gente se coloca com verdade no mundo, o mundo responde.”

Talvez seja essa, afinal, a maior força de Olhos Em Mim: ele não busca apenas contar uma história. Ele quer abrir espaço. Para o silêncio, para o desejo. Para quem, tantas vezes, foi ensinado a não existir por completo — agora, enfim, poder se olhar. E ser olhado.

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Além de fundador e editor-chefe do Almanaque Geek, Esdras também atua como administrador da agência de marketing digital Almanaque SEO. É graduado em Publicidade pela Estácio e possui formação técnica em Design Gráfico e Webdesign, reunindo experiência nas áreas de comunicação, criação visual e estratégias digitais.

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