Jack Kesy fala pela primeira vez sobre o fracasso de Hellboy e o Homem Torto: “Faltou espaço, mas sigo em paz”

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Cena do filme Hellboy e o Homem Torto. Foto: Divulgação/ Imagem Filmes

Após meses de silêncio em torno do polêmico desempenho de Hellboy e o Homem Torto, o ator Jack Kesy, que assumiu o papel-título no quarto longa da franquia, finalmente se pronunciou sobre o fracasso do projeto. Em entrevista concedida ao canal de YouTube Jack Wielding, o ator adotou um tom honesto e direto, reconhecendo as limitações da produção e o que, segundo ele, poderia ter sido diferente.

O filme, lançado discretamente em 2023, arrecadou apenas US$ 2 milhões nas bilheteiras globais e sequer chegou aos cinemas dos Estados Unidos, sendo disponibilizado diretamente no streaming — uma estratégia que, para muitos, selou o destino do projeto antes mesmo de sua estreia. Ainda assim, Kesy não parece carregar mágoas.

“Foi uma experiência incrível, eu não trocaria por nada”, afirmou. “É uma pena como o filme foi tratado. Mal gerido, mal posicionado… todo esse processo. Mas quer saber? Que se dane, isso não é mais meu problema.”

Uma produção de potencial desperdiçado

Baseado no conto The Crooked Man, criado por Mike Mignola, o filme pretendia ser um reboot mais sombrio e fiel às raízes góticas de Hellboy, com ambientação no interior dos Estados Unidos nos anos 1950. A direção de Brian Taylor apostava em efeitos práticos, atmosfera folclórica e um tom mais contido em comparação aos longas anteriores. A promessa era resgatar o espírito original dos quadrinhos — e Kesy, com sua postura física e interpretação crua, parecia ser a peça certa para isso.

No entanto, segundo o próprio ator, o projeto não teve o suporte necessário para atingir seu potencial: “Acho que, se o filme tivesse tido um pouco mais de espaço e de recursos, poderíamos ter feito algo realmente especial. Mas tudo bem. Merd@ acontece”, disse, em um tom mais resignado do que revoltado.

Um Hellboy ainda à espera de redenção?

Com três versões do personagem nos cinemas em pouco mais de 20 anos, o desafio de reinventar Hellboy se tornou cada vez mais delicado. Depois do carisma irreverente de Ron Perlman e da tentativa sombria com David Harbour em 2019, a abordagem de Kesy foi mais contida e visceral — mas talvez tarde demais para reconquistar o público.

Mesmo assim, o ator não descarta uma nova chance de interpretar o herói: “Eu adoro o personagem. Se me chamarem de novo, volto com gosto. Hellboy tem muito mais a oferecer do que já foi mostrado.”

A fala revela mais do que um simples apego profissional. Há ali o entendimento de que, por trás da maquiagem e do inferno simbólico que cerca Hellboy, existe uma figura cheia de contradições, feridas e humanidade — algo que Kesy parece ter compreendido e carregado para a tela, mesmo com as limitações do projeto.

Onde assistir

Para quem quiser conferir a produção, o filme está disponível na aba da Telecine no Globoplay. Apesar das críticas e da falta de visibilidade, a produção oferece uma visão diferente e mais intimista do personagem — o que, para os fãs mais dedicados, pode ser motivo suficiente para dar uma chance.

F1: O Filme surpreende nas bilheterias acumulando quase US$ 400 milhões e transforma Brad Pitt no novo ídolo das pistas

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Foto: Reprodução/ Internet

O que acontece quando um astro de Hollywood, um campeão mundial de Fórmula 1 e a emoção real das pistas se encontram? A resposta está em F1: O Filme, uma das produções mais comentadas do ano — e agora, também, um fenômeno de bilheteria. Com US$ 393 milhões arrecadados mundialmente em apenas três semanas, o longa já bateu o recorde da Apple nos cinemas, ultrapassando Napoleão (2023) e reafirmando que filmes com alma, suor e velocidade ainda conquistam plateias mundo afora.

Nos Estados Unidos, o filme alcançou US$ 136 milhões, depois de adicionar mais US$ 13 milhões no último fim de semana. Um desempenho que ultrapassou as previsões iniciais e que, segundo especialistas, foi impulsionado pelo apelo emocional da história — e não apenas pelos motores roncando em alta rotação.

Mais do que carros, uma história de recomeço

Sob a direção precisa de Joseph Kosinski (Top Gun: Maverick) e com roteiro assinado por Ehren Kruger, o longa não se contenta em apenas reproduzir o barulho das corridas. Ele quer mostrar o que há por trás do capacete, nos bastidores dos boxes e, principalmente, no coração dos pilotos.

Brad Pitt vive Sonny Hayes, um lendário piloto que trocou os pódios pelo silêncio da aposentadoria — até ser convocado a voltar às pistas para algo maior do que vencer: ser mentor do jovem Joshua Pearce (Damson Idris), promessa de uma escuderia fictícia chamada ApexGP. Não é só uma volta ao volante. É um retorno ao passado, aos erros, aos traumas e à chance de fazer diferente.

É nesse ponto que o filme deixa de ser apenas uma produção esportiva e se torna um drama humano, movido por empatia, escolhas difíceis e reconciliações invisíveis. Sonny não precisa provar mais nada a ninguém. Mas talvez precise provar a si mesmo que ainda vale a pena lutar — por alguém, por algo.

A verdade corre junto

Diferente de outras produções do gênero, o longa-metragem tem autenticidade na sua essência. As cenas de corrida foram captadas durante as etapas reais do GP da Inglaterra, com autorização especial da FIA e apoio direto de Lewis Hamilton, que além de produtor do longa, atuou como conselheiro técnico e voz ativa para manter a integridade do universo automobilístico retratado.

O resultado é um filme onde nada parece encenado demais, mesmo com a grandiosidade visual. Há graxa, suor e calor real. A câmera mergulha dentro dos carros, acompanha as trocas de marcha, vibra junto com os mecânicos. Mas o que mais impressiona é como, no meio de tanta velocidade, o filme encontra tempo para a escuta, para a pausa e para a dúvida — algo raro em blockbusters.

Brad Pitt: menos astro, mais humano

É impossível ignorar o magnetismo de Brad Pitt na tela. Mas, ao contrário de outros papéis em que o ator brilha pela presença, aqui ele se apaga quando precisa — e é aí que mais impacta. Sonny é um homem quebrado, tentando costurar alguma dignidade entre uma geração que já não fala sua língua e um sistema que pouco se importa com legados.

Damson Idris, como Joshua, também merece destaque. Seu personagem não é arrogante, nem um prodígio infalível. Ele erra, hesita, explode, aprende. A relação entre os dois protagonistas não se constrói em frases feitas, mas em silêncios, gestos e olhares — como nos grandes duelos das pistas, onde o tempo de reação vale mais do que qualquer discurso.

Um novo patamar para a Apple nos cinemas

Lançado sob o selo Apple Original Films, a produção americana é o projeto mais ambicioso da empresa nos cinemas até agora — e o que mais deu retorno. Ao ultrapassar Napoleão nas bilheteiras globais, o longa confirma que a estratégia de investir em experiências cinematográficas de alto nível (em vez de apostar apenas no streaming) é não só acertada, mas necessária.

🎬 F1: O Filme já está em cartaz nos cinemas de todo o Brasil
⏱ Duração: 129 minutos
🎟 Classificação: 14 anos

Quarteto Fantástico ganha novo trailer com destaque para a Surfista Prateada de Julia Garner

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Foto: Reprodução/ Internet

Neste domingo (13), o Marvel Studios agitou as redes sociais ao lançar um novo trailer de Quarteto Fantástico: Primeiros Passos, um dos lançamentos mais aguardados do MCU para 2025. Com estreia prevista para o dia 24 de julho, o filme traz uma abordagem fresca da icônica equipe da Marvel — mas o que realmente roubou a cena foi a aparição da enigmática Surfista Prateada, vivida pela talentosa Julia Garner, em uma interpretação que promete mexer com as expectativas dos fãs.

O vídeo, que pode ser visto logo acima, mostra a Surfista Prateada de forma diferente do que muitos conhecem dos quadrinhos. Julia Garner dá vida a uma personagem profunda e solitária, carregada de uma melancolia que vai além do visual futurista. Seu olhar transmite não só o peso de universos percorridos, mas também um misto de desconfiança e esperança, deixando claro que sua história será muito mais do que a de uma mera mensageira cósmica.

A origem da lenda

Baseado na clássica HQ de 1961, criada por Stan Lee e Jack Kirby, o filme dirigido por Matt Shakman (WandaVision) e escrito por Josh Friedman e Jeff Kaplan promete renovar o olhar sobre Reed Richards, Susan Storm, Johnny Storm e Ben Grimm. Após uma missão espacial interrompida por uma tempestade de raios cósmicos, eles retornam à Terra transformados, cada um com habilidades extraordinárias: Reed estica seu corpo; Susan torna-se invisível; Johnny controla o fogo e voa; e Ben se transforma em uma poderosa criatura rochosa.

A prévia divulga cenas que ressaltam a luta interna de cada personagem para aceitar suas mudanças, enquanto se preparam para enfrentar ameaças que desafiarão seus limites — tudo isso embalado por uma estética que mistura o charme retrô dos anos 60 com o futurismo da ficção científica moderna.

Uma nova dimensão para a Surfista Prateada

A presença de Julia Garner como Surfista Prateada é a cereja do bolo do trailer. Diferente da versão clássica, em que o personagem é Norrin Radd, aqui a Marvel dá um passo ousado ao trazer uma mulher para o papel, abrindo caminho para novas interpretações e camadas emocionais. A personagem surge deslizando por nebulosas e estrelas, com uma voz que parece carregar segredos e avisos, deixando os fãs ansiosos para descobrir seu verdadeiro papel dentro da narrativa.

Este olhar mais introspectivo pode indicar que o filme vai explorar não só batalhas épicas, mas também dilemas existenciais e questões filosóficas sobre destino e sacrifício — temas que se encaixam perfeitamente na proposta de renovar a mitologia do Quarteto Fantástico.

Preparando o terreno para o futuro do MCU

Embora o trailer mantenha o mistério sobre quem será o antagonista principal, a aparição da Surfista Prateada já sugere que o filme será a porta de entrada para eventos cósmicos mais amplos dentro do Universo Marvel. É fácil imaginar conexões com ameaças que se estendem para além da Terra, preparando o público para a próxima fase do MCU, possivelmente alinhando o Quarteto Fantástico com os futuros desdobramentos de Guerras Secretas.

Mais do que uma simples reinvenção, Quarteto Fantástico: Primeiros Passos parece ter a ambição de colocar a equipe no centro das discussões emocionais e científicas do universo Marvel, com uma narrativa que vai explorar a transformação pessoal e coletiva desses heróis.

Crítica | A Mulher que Nunca Existiu: quando desaparecer é a única maneira de existir

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Com estreia celebrada na seleção oficial do Festival de Veneza, o longa A Mulher que Nunca Existiu (Aïcha, no original), do cineasta tunisiano Mehdi Barsaoui, parte de uma premissa potente: e se a única chance de viver for desaparecer? A proposta é provocadora — uma jovem que sobrevive a um acidente fatal e decide abandonar sua vida, seu nome, sua história —, mas o desenvolvimento da trama, embora envolvente em muitos momentos, oscila entre o drama íntimo e a denúncia social sem encontrar o equilíbrio ideal.

Aya, interpretada com intensidade contida por Lili Farhadpour, é uma mulher nos seus vinte e poucos anos, presa a uma existência sufocante no sul da Tunísia: mora com os pais, vive sob regras conservadoras, e seu trabalho em um hotel turístico é sua única conexão com o mundo exterior. Quando a van que a transporta diariamente sofre um grave acidente, e ela se vê como única sobrevivente, surge a primeira reviravolta: a chance de recomeçar do zero. Aya foge, muda de cidade, assume outra identidade e se torna Aïcha. É aí que o filme começa — e também onde ele se divide.

A nova vida, feita de silêncios, receios e pequenos rituais de adaptação, é apresentada com sensibilidade. Há uma riqueza nos detalhes, no modo como a personagem aprende a caminhar em um novo ritmo, como se ajusta ao anonimato, como testa a liberdade que nunca teve. No entanto, a narrativa parece hesitar quando se trata de expandir essa experiência para além do seu drama pessoal.

A segunda grande virada da trama — quando Aïcha testemunha um caso de violência policial — traz de volta a tensão social e política que o filme ensaia explorar. Mas essa subtrama, que poderia alavancar o longa para um outro patamar de contundência, é tratada com um certo distanciamento, quase como se Barsaoui temesse deixar o terreno seguro do drama existencial e mergulhar mais fundo na crítica sistêmica.

O resultado é um filme visualmente refinado, com direção segura e atuações intensas, mas que parece podar o próprio impacto. Os dilemas morais da protagonista — entre manter sua liberdade ou se tornar testemunha de uma injustiça — são relevantes e dolorosos, mas faltam camadas ao conflito. O roteiro não se compromete totalmente nem com a transformação individual, nem com o embate político. Fica entre os dois, e acaba enfraquecendo ambos.

Outro ponto que merece atenção é o ritmo. A primeira metade do filme, focada na fuga e reinvenção de Aya, é envolvente e bem conduzida. Mas ao chegar ao segundo ato, o enredo perde um pouco de fôlego, como se não soubesse exatamente para onde conduzir sua protagonista. Faltam tensão dramática real, escolhas difíceis visíveis em cena, e consequências mais agudas.

Ainda assim, A Mulher que Nunca Existiu é um filme importante. Porque fala, mesmo que com moderação, de uma geração de mulheres árabes que tentam escapar de narrativas impostas, de vidas pré-determinadas, de ausências que doem mais do que a presença. É um filme que merece ser visto, debatido, reconhecido — mesmo que, no fim, deixe a sensação de que poderia ter ido mais longe, gritado mais alto, e feito da sua protagonista muito mais do que apenas uma metáfora da invisibilidade.

Crítica | Meu Bolo Favorito apresenta delicadeza e coragem no retrato do amor maduro em pleno Teerã

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Há filmes que não gritam, mas sussurram verdades tão íntimas que permanecem com a gente muito depois da última cena. Meu Bolo Favorito, dirigido com sutileza por Maryam Moghadam e Behtash Sanaeeha, é um desses encontros raros entre delicadeza e profundidade. Mais do que uma história de amor, é um retrato generoso de uma mulher que redescobre a própria vida quando já parecia não haver mais tempo para surpresas.

Mahin, interpretada com alma pela extraordinária Lili Farhadpour, tem 70 anos e mora sozinha em Teerã. A filha mora longe, na Europa. O marido já não está mais. O cotidiano é silencioso, previsível, quase invisível — como tantas mulheres maduras que passam despercebidas no turbilhão da vida urbana. Mas, num chá da tarde com amigas, algo muda. Um gesto simples, uma conversa banal, e Mahin, quase sem perceber, permite que uma nova possibilidade se aproxime.

E assim, sem grandes arcos ou viradas espetaculosas, o filme nos envolve com a poesia da intimidade. Um novo romance entra em cena — ou talvez seja apenas um encontro, um instante de conexão humana — e Mahin se vê diante do impensável: o direito de sentir desejo de novo, de abrir a porta não apenas da casa, mas do corpo, da memória, da alma.

O que começa como um evento rotineiro logo se transforma numa noite de descobertas — nem sempre suaves, nem sempre fáceis, mas incrivelmente humanas. Porque o amor, quando chega tarde, não chega com ingenuidade: chega carregado de passado, de medo, de delicadezas que só a maturidade entende.

Meu Bolo Favorito se passa em um Irã real, onde as mulheres vivem entre limites e brechas, onde os silêncios dizem mais que mil palavras. Mas o que torna o filme universal é justamente sua capacidade de tocar o que é comum a todas as mulheres: a solidão, o desejo, o medo de envelhecer invisível, a esperança que insiste em resistir mesmo quando tudo parece já definido.

A câmera é íntima, respeitosa, quase cúmplice. Os diretores sabem que o tempo de Mahin é outro — e o ritmo do filme acompanha esse compasso interior. Não há pressa. Há respiro. Há espaço para hesitar diante do espelho, para sorrir sozinha, para lembrar do toque de um amor antigo e se permitir desejar um novo.

E que beleza é ver uma atriz como Farhadpour em um papel tão inteiro, tão digno, tão vivo. Mahin não é uma caricatura de avó fofa, nem uma heroína em luta. É apenas uma mulher — com medo, com desejo, com dignidade — em busca de algo que talvez ela mesma tenha esquecido como é: se sentir viva.

O bolo favorito do título vai além da metáfora óbvia. Não se trata só de sabor, mas de memória afetiva, de pequenos prazeres, de escolhas que fazem sentido para nós e ninguém mais. É sobre retomar o controle da própria narrativa — mesmo quando o mundo já parece ter escrito o final da história.

Crítica | Brick é um thriller psicológico que prende pela tensão, mas tropeça na profundidade

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Imagine acordar e perceber que o mundo sumiu. Não há mais sinal de celular, nem internet, nem vizinhos batendo à porta. Apenas um muro preto de tijolos cercando seu prédio, isolando você de tudo que existia lá fora. Esse é o ponto de partida de Brick, novo longa alemão da Netflix, dirigido por Philip Koch, que mistura suspense, drama conjugal e ficção científica em um experimento claustrofóbico sobre o medo — do outro, do silêncio e de si mesmo.

A trama acompanha Olivia (Ruby O. Fee) e Tim (Matthias Schweighöfer), um casal que já vinha se afastando antes mesmo do confinamento começar. Eles estão no limite do desgaste emocional quando se veem obrigados a permanecer juntos — não por escolha, mas por sobrevivência. Um muro inexplicável ergue-se ao redor do prédio, transformando a rotina cinzenta em uma prisão silenciosa. Lá dentro, a comida começa a faltar, a esperança se dissolve e a relação entre os moradores se deteriora aos poucos, como os mantimentos na despensa.

O que poderia soar como mais um filme de suspense pós-pandêmico se revela, aos poucos, uma metáfora poderosa sobre isolamento e convivência, costurada com tensão crescente e dilemas profundamente humanos. Koch, também roteirista, opta por não oferecer explicações fáceis: não há inimigo visível, governo opressor ou experimento científico para racionalizar o absurdo. O mistério do muro, ao fim, é menos importante do que o que ele revela: o que sobra de nós quando o mundo nos some?

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A força do filme está justamente nesse retrato íntimo da vulnerabilidade. Olivia, analítica e resiliente, tenta manter o controle emocional em meio ao caos. Tim, impulsivo e inquieto, oscila entre o instinto de proteção e o desespero. A dinâmica entre os dois é viva, cheia de fraturas antigas e silêncios pesados, o que dá ao filme um toque de realismo emocional que muitas vezes falta em thrillers do gênero.

O elenco de apoio, embora com boa presença, é tratado mais como pano de fundo do que como força narrativa. Há vizinhos que surgem com potencial dramático — o paranoico, a enfermeira, o cético —, mas eles desaparecem antes que possamos conhecê-los de fato. É uma escolha que mantém o foco no casal protagonista, mas que limita a complexidade da comunidade enclausurada. Em um cenário onde a convivência poderia gerar grandes confrontos éticos e morais, o roteiro opta por resoluções mais contidas, quase apressadas.

Visualmente, o filme se destaca. A fotografia acinzentada e o uso de luz natural reforçam o tom opressivo da história, enquanto o próprio prédio — com seus corredores abafados, janelas fechadas e portas trancadas — se transforma em um personagem. A câmera se move com parcimônia, quase como se hesitasse junto aos personagens, criando uma atmosfera densa, sufocante.

Mas talvez o aspecto mais desconcertante de Brick seja o desconforto silencioso que ele provoca. O espectador, assim como os moradores do prédio, é privado de respostas. Por que o muro surgiu? Quem está por trás disso? Vamos sair algum dia? Essas perguntas ficam no ar, sem promessas de resolução. E, curiosamente, isso não soa como uma falha, mas como parte da proposta.

Porque, no fundo, o longa não é sobre o muro. É sobre o que ele revela quando não podemos mais fugir de quem somos. Ele nos obriga a encarar o outro — parceiro, vizinho, estranho — como espelho, e isso, por si só, já é mais aterrorizante do que qualquer invasão alienígena ou conspiração apocalíptica.

Em tempos em que o isolamento deixou de ser ficção, “Brick” ressoa com uma força incômoda e atual. É um filme sobre confinamento, mas também sobre os limites do amor, da empatia e da própria sanidade. Uma obra que, mesmo tropeçando em algumas escolhas narrativas, nos prende pela alma antes de prender pelos olhos.

Filmagens de Cacilda Becker em Cena Aberta chegam ao fim com homenagem sensível à dama do teatro brasileiro

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Foto: Reprodução/ Internet

No coração do Teatro Dulcina, no centro do Rio de Janeiro, cortinas se abriram e se fecharam durante semanas não para um espetáculo, mas para um tributo cinematográfico à grande dama do teatro brasileiro. Chegaram ao fim as filmagens de Cacilda Becker em Cena Aberta, novo longa-metragem da Giros Filmes, em coprodução com a As Coisatudo, que se propõe a revisitar, com lirismo e potência, a trajetória de uma das figuras mais revolucionárias da arte cênica nacional.

Dirigido por Julia Moraes e produzido por Bianca Lenti, Belisario Franca e Mauricio Magalhães, o filme vai além da cinebiografia tradicional: mergulha na essência da atriz que desafiou normas e deu voz ao palco como poucas antes dela. Estrelada por Debora Falabella, que entrega uma performance imersiva e multifacetada, a narrativa brinca com o tempo e com a própria linguagem teatral ao mostrar uma Cacilda que se desdobra — cena após cena — em suas personagens mais marcantes. A atriz, aqui, não é apenas representada, mas evocada em uma espécie de ritual cinematográfico de reconstrução da memória.

Cacilda era muitas em uma só, e quisemos trazer isso para a tela de forma viva, crua e também onírica”, afirma a diretora Julia Moraes. O cenário não poderia ser mais simbólico: o Teatro Dulcina, espaço histórico que já abrigou tantos sonhos e revoluções cênicas, foi palco único para toda a filmagem — como se as paredes do teatro também fossem personagens, cúmplices e testemunhas dessa homenagem.

No elenco, nomes consagrados da dramaturgia brasileira como Mariana Ximenes, Julia Stockler, Augusto Madeira e Rodrigo Bolzan compõem um mosaico de gerações que, direta ou indiretamente, foram impactadas pela presença e pelo legado de Cacilda Becker. Uma mulher que desafiou o machismo estrutural do meio artístico, que exigiu direitos trabalhistas para os atores, e que morreu no palco — literalmente — como quem entrega o último suspiro ao que mais amava.

Bianca Lenti, uma das produtoras do filme, destaca a urgência desse resgate: “Vivemos um tempo em que a memória cultural precisa ser reafirmada. Cacilda foi vanguarda, foi coragem, foi arte pulsante. Esse filme é um manifesto contra o apagamento das mulheres que fizeram história com sua voz e seu corpo em cena.”

A fotografia de Gustavo Hadba promete acentuar ainda mais o tom poético da proposta, emoldurando cada transição da protagonista com luzes e sombras que ecoam as angústias, os desejos e as epifanias de uma mulher à frente de seu tempo. A pós-produção já começou, e o lançamento está previsto para 2026.

Ao final das filmagens, não houve festa tradicional. Em vez disso, elenco e equipe reuniram-se no palco do Dulcina para uma leitura de trechos das peças mais emblemáticas de Cacilda — de Nelson Rodrigues a Jean-Paul Sartre. Em silêncio, a luz de uma ribalta acesa permaneceu sobre uma poltrona vazia. Um gesto simples, porém simbólico, para uma presença que nunca deixou de habitar o teatro brasileiro.

Olhe pra cima! Superman voa alto nas bilheterias dos Estados Unidos com US$ 122 milhões

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Quando a Warner anunciou que James Gunn comandaria o novo Superman, muita gente ficou com um pé atrás. Afinal, recontar a história do herói mais clássico dos quadrinhos não é exatamente tarefa fácil — e o histórico recente da DC nos cinemas só aumentava o peso da responsabilidade. Mas, ao que tudo indica, a aposta deu certo. Deu muito certo.

Logo em seu primeiro fim de semana, o novo Superman voou direto para o topo das bilheteiras dos EUA, arrecadando US$ 122 milhões e mostrando que o público está mais do que pronto para dar uma nova chance ao Filho de Krypton.

A melhor estreia solo do herói — e com sobra

Não foi só um bom desempenho. Foi histórico. A nova versão do personagem já conquistou o título de maior abertura solo de um filme do Superman até hoje, superando todas as encarnações anteriores do herói. Além disso, garantiu o posto de terceira maior estreia de 2025 até agora, ficando atrás apenas do fenômeno inesperado Um Filme Minecraft e da nostalgia encantadora do live-action de Lilo & Stitch.

No acumulado global, o novo Superman já ultrapassa US$ 217 milhões, em apenas alguns dias. Para um universo cinematográfico que está sendo reestruturado do zero, esse é o tipo de pontapé inicial que qualquer estúdio sonha.

Enquanto isso, no mundo dos dinossauros…

Na segunda posição do fim de semana aparece outro colosso dos cinemas: Jurassic World: Recomeço. Mesmo sofrendo uma queda de 57% em relação à semana anterior — o impacto natural da estreia de um blockbuster como Superman — o filme não saiu de cena em silêncio.

Com mais US$ 40 milhões arrecadados só nos EUA no fim de semana, a produção segue sólida. E os números totais não mentem: são US$ 232 milhões arrecadados domesticamente e um acumulado global que já passou da marca dos US$ 500 milhões. É um sinal claro de que o apelo jurássico ainda está vivo e feroz nas salas de cinema.

Um novo herói e uma velha força: o que os números revelam?

A disputa entre Superman e dinossauros pode até parecer uma batalha fictícia, mas nas bilheteiras ela é bem real — e mostra que o cinema comercial está longe de estar em crise. Pelo contrário, o público continua aparecendo em peso quando a promessa é clara: emoção, espetáculo e entretenimento de qualidade.

O sucesso do novo Superman também sinaliza um sopro de renovação para o DCU, que inicia sua nova fase com um pé firme no chão (e outro voando bem alto). Já Jurassic World reforça que, mesmo com novas caras e rumos diferentes, franquias clássicas ainda têm muito a oferecer — especialmente quando conseguem se reinventar sem perder o DNA original.

Jurassic World: Recomeço se firma como um dos maiores sucessos do ano e ultrapassa US$ 529 milhões nas bilheterias

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Se tem uma coisa que a gente aprendeu com os filmes da franquia Jurassic, é que brincar de Deus nunca acaba bem. E mesmo assim… a gente não consegue parar de assistir. Prova disso? Jurassic World: Recomeçoultrapassou US$ 529 milhões nas bilheteiras globais, provando que dinossauro bem-feito (e bem filmado) nunca sai de moda.

Só nos Estados Unidos, o novo capítulo da saga jurássica já arrecadou US$ 232 milhões, mesmo tendo levado um “coice” de kryptonita com a estreia de Superman — que fez a bilheteria do longa cair 57% no segundo fim de semana. Ainda assim, Recomeço segurou a onda e ficou em segundo lugar no ranking, mostrando que tem casca grossa (ou melhor, escamas grossas).

A maior estreia do ano (com patas gigantes)

Logo na largada, o filme deu um rugido alto: foram US$ 322,6 milhões no primeiro fim de semana, fazendo dele a maior estreia de 2025 até agora. Só em solo americano, Recomeço começou com incríveis US$ 147,8 milhões. Parece que a saudade dos dinossauros falava mais alto do que a lógica — e que bom.

O sucesso não vem só de nostalgia, mas de uma trama que foge da repetição. Desta vez, a ameaça não é um parque fora de controle, mas uma missão de vida ou morte em busca de DNA de criaturas colossais. E quando a missão é no meio de uma selva tropical onde os dinossauros são os donos do pedaço… bem, não espere que as coisas corram como planejado.

Dinossauros, DNA e perigo real

A história se passa cinco anos depois de Jurassic World: Domínio. A Terra mudou. Os dinossauros agora vivem escondidos, em poucas regiões isoladas que ainda imitam o clima pré-histórico em que eles prosperavam. E é justamente nesses bolsões selvagens que uma equipe corajosa precisa entrar para coletar DNA de três das criaturas mais impressionantes já vistas — uma terrestre, uma aquática e uma aérea.

A missão tem um objetivo nobre: desenvolver um medicamento com potencial de salvar milhões de vidas. Só que, como todo mundo que já viu pelo menos um filme da franquia sabe, o problema não é a ciência — é o excesso de confiança. E o resultado? Um verdadeiro espetáculo de tensão, perseguições, efeitos de ponta e, claro, rugidos que fazem o som da sala tremer.

Por que ainda funciona?

Talvez a grande força de Jurassic World: Recomeço esteja justamente no equilíbrio entre o novo e o familiar. A gente já sabe que vai ter caos, vai ter dente, vai ter gente correndo. Mas sempre tem algo mais. Desta vez, o “algo mais” é uma missão com propósito, uma pegada de ficção científica que flerta com ética médica, ecologia e o eterno erro humano de achar que controla a natureza.

Mas no fim das contas, a real é que Jurassic World entrega o que promete: dinossauros gigantes em ação, humanos desesperados e cenas que fazem a gente prender a respiração. E enquanto esse combo continuar funcionando, pode vir mais que a gente compra ingresso feliz.

E agora?

Com US$ 529 milhões já no bolso e ainda com fôlego nas salas de cinema, Jurassic World: Recomeço caminha para se consolidar como um dos maiores blockbusters do ano. A pergunta que fica: será que ainda tem espaço pra mais dinossauros no futuro da franquia?

Resenha | O Fenômeno Jungkook é um retrato íntimo do talento que conquistou o mundo

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Você pode até não ser fã de K-pop, mas o nome Jungkook já deve ter passado pelos seus ouvidos — seja por uma performance impecável no palco, por um vídeo viral ou pelas multidões que ele arrasta mundo afora. Em O Fenômeno Jungkook, a jornalista Monica Kim não tenta mitificar o astro sul-coreano. Pelo contrário: ela faz o caminho inverso, buscando entender o que existe por trás da imagem do ídolo perfeito, e o resultado é um retrato sensível, detalhado e, acima de tudo, humano.

Aos 15 anos, Jeon Jungkook deixou sua cidade natal e mergulhou num sistema que exige muito mais do que talento. O livro mostra como, desde cedo, ele soube que só brilhar no palco não bastava — era preciso se reinventar constantemente, dominar técnicas vocais e de dança, suportar a pressão da indústria e ainda manter os pés no chão. E ele conseguiu. Através de entrevistas, bastidores e análises, Kim mostra o quanto essa trajetória foi construída na base da entrega total.

Não é só sobre fama. É sobre legado.

Monica Kim poderia ter feito uma biografia padrão, cheia de datas e feitos. Mas ela quis mais. Ela quis entender por que Jungkook é tão único. Por que, em um cenário saturado de estrelas pop, ele consegue se destacar de forma tão orgânica — sem escândalos, sem fórmulas vazias, apenas com trabalho duro, carisma silencioso e uma conexão genuína com o público.

A autora mergulha na estrutura da indústria do K-pop e explica, de forma acessível, como ela funciona: o treinamento exaustivo, o culto à perfeição, a relação intensa entre artistas e fãs. Mas também abre espaço para reflexões mais amplas, como o impacto do BTS no Ocidente, o papel da internet na popularidade do grupo, e até como a aparência de Jungkook dialoga (e desafia) os padrões estéticos da Coreia.

O garoto que canta, dança e sente

Uma das maiores qualidades do livro é que ele não se limita a exaltar Jungkook como o “maknae de ouro”. Ele também nos mostra o Jungkook pessoa — aquele que, mesmo sendo um popstar global, ainda carrega dúvidas, se cobra demais, quer melhorar sempre. Kim analisa com carinho e precisão o jeito como ele performa: o controle vocal quase cirúrgico, a entrega corporal na dança, os silêncios entre uma entrevista e outra. Tudo nele parece ensaiado — mas tudo também parece profundamente sincero.

E é esse equilíbrio que Monica Kim traduz tão bem. Ao invés de apresentar Jungkook como um mito inalcançável, ela nos apresenta alguém que se construiu aos poucos, com suor, vulnerabilidade e uma vontade absurda de honrar o lugar que conquistou.

Um presente para fãs — e muito mais do que isso

O Fenômeno Jungkook é, sim, uma leitura deliciosa para quem acompanha o BTS e se emociona com cada etapa da jornada do grupo. Mas o livro vai além. Ele também é um mergulho na cultura sul-coreana, nos bastidores da fama, nos desafios de crescer sendo observado por milhões. É uma reflexão sobre esforço, excelência, pressão e identidade.

Monica Kim escreve com afeto, mas sem endeusar. Com empolgação, mas com respeito. O resultado é um livro que celebra um artista completo, mas que, no fundo, fala sobre qualquer jovem que sonha alto e trabalha duro para chegar lá — mesmo quando o caminho é cheio de pedras.

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