A crescente presença de influencers nas novelas reflete uma tentativa da TV de se adaptar às demandas das novas gerações e atrair públicos mais jovens, em um cenário onde a audiência das tramas televisivas tradicionais vem caindo a cada nova produção. A TV Globo, por exemplo, inseriu a ex-BBB e influenciadora Jade Picon no elenco da novela Travessia, movimento que gerou críticas pela aparente falta de experiência e preparo da jovem para um papel tão relevante em uma novela das 21h, horário nobre que historicamente exige atores de grande calibre.
Essa mudança, entretanto, levanta questões importantes sobre a relação entre popularidade nas redes sociais e talento artístico. A decisão de incluir influenciadores digitais nas tramas visa, claramente, engajar seus vastos seguidores e garantir um impulso na audiência, mas isso vem com um custo. Muitos atores talentosos, que dedicam anos ao aperfeiçoamento de sua arte, encontram-se em desvantagem, relegados a segundo plano porque não possuem uma presença significativa nas redes sociais.
O caso de Gil do Vigor, ex-BBB e economista, é um exemplo que ilustra as tensões desse novo cenário. Mesmo sendo uma figura popular, ele foi impedido de participar de uma novela devido à regulamentação do Sated-RJ, que impôs restrições à sua participação, apesar da proposta de que ele interpretasse a si mesmo na trama. Isso levanta uma questão central: como a dramaturgia pode se adaptar às novas realidades sem sacrificar a qualidade artística?
A inclusão de influenciadores na televisão é como uma moeda de duas faces. Por um lado, eles têm o potencial de atrair novos espectadores, conectando a TV com um público que talvez estivesse distante das programações tradicionais. Por outro lado, isso pode diminuir a valorização do talento e da formação artística, que são essenciais para a produção de conteúdo de qualidade. Assim, a televisão enfrenta o desafio de inovar para conquistar novas audiências, sem deixar de lado a excelência artística que sempre foi o seu diferencial.
