Novo pôster de O Morro dos Ventos Uivantes destaca Margot Robbie e Jacob Elordi em clima de tempestade

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A Warner Bros. divulgou nesta sexta, 21 de novembro, um novo pôster de O Morro dos Ventos Uivantes, e a imagem rapidamente tomou conta das redes sociais. Margot Robbie (Barbie, Eu Tonya, O Lobo de Wall Street, Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa) e Jacob Elordi (A Barraca do Beijo, Euphoria, Priscilla, Saltburn) aparecem lado a lado em meio a uma tempestade que se arma sobre o horizonte, criando uma atmosfera carregada de desejo, tormento e inevitável tragédia. A composição do pôster deixa claro que esta não será apenas mais uma adaptação do romance de Emily Brontë, mas sim uma releitura visualmente arrebatadora, profundamente emocional e marcada pela assinatura estética de Emerald Fennell.

O filme se passa nas vastas e selvagens paisagens de Yorkshire, onde duas famílias, os Earnshaw e os Linton, constroem uma teia de afetos, rivalidades e destruições silenciosas. A narrativa é guiada pela perspectiva de Mr. Lockwood, novo inquilino de Thrushcross Grange, interpretado aqui com forte presença dramática no papel que introduz o público à história. É através dos relatos de Nelly Dean que ele descobre a ligação visceral entre Heathcliff, um órfão acolhido pelo Sr. Earnshaw, e Catherine, a filha do patriarca. Esse laço, que começa como amizade profunda, se transforma em uma paixão abrasadora que marca para sempre ambos e todo o entorno.

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Ao longo das décadas, o romance ganhou inúmeras adaptações e interpretações. Heathcliff já foi vivido por Laurence Olivier (Hamlet, Rebecca), Timothy Dalton (Licença Para Matar), Ralph Fiennes (O Paciente Inglês, O Jardineiro Fiel) e Tom Hardy (Mad Max: Estrada da Fúria, Peaky Blinders). Apenas a versão de 2011 ousou escalar um ator negro, James Howson, para o papel, em uma leitura que ampliou debates sobre origem, identidade e colonialismo dentro do clássico literário. A longevidade de “O Morro dos Ventos Uivantes” confirma sua força como obra de impacto emocional e social.

Na nova adaptação, Emerald Fennell (Bela Vingança, Saltburn) assume o comando como diretora, roteirista e produtora. Conhecida por sua abordagem provocativa, visceral e esteticamente sofisticada, Fennell promete uma leitura ousada que intensifica o caráter gótico e psicológico da trama, aproximando o público das camadas mais sombrias e íntimas dos personagens. A diretora descreve o filme como um drama psicológico gótico com forte carga erótica, preservando a essência do romance de 1847, mas oferecendo uma perspectiva moderna sobre desejo, obsessão e destrutividade emocional.

Além dos protagonistas Margot e Jacob, o elenco também conta com Hong Chau (A Baleia, Downsizing, O Menu), Shazad Latif (Star Trek: Discovery, Profile, The Commuter), Alison Oliver (Conversas Entre Amigos, Saltburn), Martin Clunes (Doc Martin, Shakespeare in Love) e Ewan Mitchell (House of the Dragon, High Life, Oppenheimer).

As filmagens ocorreram no Reino Unido entre janeiro e abril de 2025. A equipe utilizou câmeras VistaVision de 35 mm, escolhidas pelo diretor de fotografia Linus Sandgren (La La Land, Primeiro Homem) para criar um visual com textura clássica, granulação elegante e sensação de atemporalidade. As cenas externas foram rodadas em locações icônicas de Yorkshire Dales, incluindo Arkengarthdale, Swaledale, a vila de Low Row e áreas preservadas do Parque Nacional. A força do vento, o céu mutável e a vastidão dos campos se tornaram elementos narrativos tão importantes quanto os próprios personagens.

O longa-metragem estreia no dia 11 de fevereiro de 2026 no Reino Unido e em 13 de fevereiro nos Estados Unidos. No Brasil, o filme chega aos cinemas em 12 de fevereiro de 2026. A expectativa é alta, tanto pela força do material original quanto pelo encontro de uma diretora reconhecida por sua ousadia com dois dos atores mais celebrados do cinema atual.

Wicked: Parte 2 surpreende antes mesmo da estreia e conquista um lugar entre os maiores sucessos de pré-bilheteria nos EUA

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Foto: Reprodução/ Internet

Antes mesmo de chegar oficialmente às telas, Wicked: Parte 2 já havia conquistado o público norte-americano. O filme arrecadou 30,8 milhões de dólares apenas em suas sessões de pré-estreia nos Estados Unidos. O número coloca o longa entre os dez maiores desempenhos desse tipo na história do cinema do país, um feito raro para produções do gênero musical. Mesmo antes do lançamento, a conclusão da saga já despontava como um fenômeno cultural. As informações são do Omelete.

Esse impacto imediato não surpreende quem acompanha o caminho que Wicked percorreu até aqui. A adaptação do amado musical da Broadway, estrelada por Ariana Grande e Cynthia Erivo, combina nostalgia, espetáculo visual, vozes poderosas e uma história que atravessa gerações. O que se vê agora é o resultado de uma expectativa construída ao longo de mais de uma década, sustentada por uma base de fãs apaixonada e por um investimento artístico ambicioso.

Um retorno aguardado à Terra de Oz

A jornada de “Wicked” até o cinema é quase tão cheia de curvas quanto a própria estrada de tijolos amarelos. A Universal Pictures anunciou o projeto em 2012 e, desde então, enfrentou mudanças criativas, ajustes de roteiro, indefinições no elenco e atrasos provocados pela pandemia. Somente em 2021 a produção finalmente ganhou forma definitiva.

A confirmação de Ariana Grande e Cynthia Erivo nos papéis de Glinda e Elphaba marcou um dos momentos mais celebrados dessa fase. As duas artistas carregam perfis distintos, públicos diferentes e uma força vocal reconhecida mundialmente. A repercussão imediata nas redes sociais mostrou que o público estava pronto para abraçar a nova versão da história.

Jon M. Chu, diretor conhecido por unir espetáculo visual e sensibilidade emocional, tomou a decisão de dividir o longa em duas partes. Seu objetivo era preservar as nuances da narrativa original e evitar cortes bruscos. O primeiro filme, lançado em 2024, conquistou crítica e público, criando a base perfeita para o desfecho agora entregue em Wicked: Parte 2.

Elenco afiado e atuações que dão vida ao espetáculo

Grande e Erivo retornam ainda mais conectadas às personagens. Glinda vive o auge da popularidade, mas carrega uma inquietação crescente sobre os rumos de Oz. Elphaba, por sua vez, se vê cada vez mais isolada e perseguida, lutando para manter seus princípios em um mundo que insiste em demonizá-la.

O elenco de apoio colabora para manter a força emocional e o brilho visual do filme. Jonathan Bailey aprofunda a complexidade de Fiyero, agora colocado diante de escolhas dolorosas. Michelle Yeoh entrega uma performance firme e intensa. Jeff Goldblum encarna um Mágico ao mesmo tempo sedutor e perigoso, preso entre charme e manipulação política.

Ethan Slater, Bowen Yang, Marissa Bode e Udo Kier ampliam a diversidade de tons e texturas do universo de Oz. Nesta segunda parte, Colman Domingo se junta ao elenco e adiciona uma presença dramática poderosa, elevando ainda mais as tensões da história.

Uma narrativa que mergulha no profundo

A segunda parte abandona a leveza predominante do primeiro filme e leva o público a temas mais densos. A história percorre caminhos de política, moralidade e preconceito, sempre equilibrando fantasia e crítica social. Elphaba, agora marcada como ameaça, luta para proteger os animais e aqueles que ainda acreditam em sua bondade. Glinda, em sentido oposto, vive aprisionada pela responsabilidade pública e pelo desejo de agradar um sistema que cobra perfeição.

Outros personagens atravessam seus próprios conflitos. Fiyero inicia uma busca pela verdade que desafia seu passado. O Leão Covarde e o Homem de Lata ganham contexto emocional, revelando origens que dialogam com a obra clássica de 1939. Nessa assume a liderança de Munchkinland, enquanto o Mágico intensifica seu domínio político.

Por que Wicked desperta tanta devoção

O desempenho extraordinário das pré-estreias tem explicação. O público do musical original é fiel e acompanha a obra há mais de vinte anos. Para muitos, ver essa história ganhar vida no cinema é um reencontro com memórias afetivas.

A presença de Ariana Grande e Cynthia Erivo reforça o impacto. São artistas em seus melhores momentos, com imenso alcance cultural e grande respeito entre críticos e fãs. A divisão em duas partes também teve papel fundamental. O primeiro filme terminou com perguntas importantes e deixou a expectativa pelo desfecho em alta.

A campanha da Universal Pictures foi intensa e bem alinhada ao comportamento digital do público moderno. Trailers, teasers, cenas exclusivas e bastidores foram divulgados de forma estratégica, alimentando a antecipação por meses.

O Agente Secreto já levou 750 mil espectadores aos cinemas e consolida seu impacto histórico no Brasil e no mundo

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Foto: Reprodução/ Internet

Poucos filmes brasileiros dos últimos anos conseguiram mobilizar público, crítica e debate cultural com a força que O Agente Secreto alcançou desde sua estreia. Lançado nos cinemas em 6 de novembro de 2025, o longa de Kleber Mendonça Filho não apenas se afirmou como um dos títulos mais importantes da temporada, como também rompeu a barreira simbólica dos 750 mil espectadores, um feito raro para um drama político nacional, especialmente em um cenário pós-pandemia onde o cinema brasileiro ainda busca se reerguer. Ao mesmo tempo, o filme coleciona prêmios mundo afora e se posiciona como um dos favoritos ao Oscar 2026, onde representará oficialmente o Brasil na disputa de Melhor Filme Internacional. Um encontro raro entre arte, relevância histórica e impacto popular.

Um fenômeno que une público e crítica

O que mais impressiona no percurso do longa não é apenas sua excelente bilheteria é o fato de que esse sucesso veio acompanhado de uma recepção crítica arrebatadora. O filme já soma mais de 25 prêmios ao redor do mundo, incluindo quatro conquistas no Festival de Cannes, onde arrebatou Melhor Diretor, Melhor Ator para Wagner Moura, o Prêmio FIPRESCI da competição oficial e o Prix des Cinémas d’Art et Essai.

Os elogios se multiplicaram após sua estreia mundial, em maio de 2025, quando o público francês aplaudiu de pé por mais de dez minutos a construção tensa, poética e profundamente humana que Mendonça Filho imprimiu ao retratar o Recife de 1977 sob a sombra da ditadura militar. Desde então, a produção entrou numa espiral de reconhecimento que poucos filmes brasileiros conseguiram alcançar recentemente e talvez o mais significativo seja perceber como a obra dialoga com públicos muito diferentes, de cinéfilos de festivais a espectadores comuns, atraídos tanto pelo suspense quanto pela carga emocional da narrativa.

A força de um cinema que olha para a própria história

Ambientado em pleno período de repressão política no Brasil, o filme acompanha Marcelo (Wagner Moura), professor universitário e especialista em tecnologia, que retorna ao Recife depois de anos vivendo em São Paulo e sendo perseguido por assassinos de aluguel, contratados possivelmente por um industrial influente ligado a uma patente que Marcelo desenvolveu em meio a sua pesquisa acadêmica.

O filme, porém, não se resume ao thriller político que sua premissa sugere. Mendonça Filho transforma a jornada de Marcelo em um mergulho íntimo em temas que marcam o cinema do diretor: vigilância, controle, memória e as feridas abertas de um país que ainda tenta compreender seu passado recente. A câmera, sempre inquieta e atenta às sombras e texturas da cidade, faz do Recife uma personagem essencial viva, oprimida, em permanente alerta.

Esse resgate histórico, no entanto, não se dá de forma didática ou ilustrativa. O diretor parte da ficção para alcançar zonas de sensibilidade e inquietação que ressoam profundamente na realidade. Em tempos em que a discussão sobre democracia e autoritarismo voltou a ganhar força no Brasil e em outras partes do mundo, o filme entrega uma reflexão poderosa, sem abrir mão da tensão narrativa que mantém o espectador preso à poltrona.

O reencontro entre um homem, sua cidade e seus fantasmas

Ao longo da história, Marcelo tenta retomar laços familiares e encontrar algum abrigo emocional em meio ao caos político. Seu filho pequeno vive com os avós maternos e o avô, projecionista do histórico Cinema São Luiz, representa um elo simbólico entre afeto, memória e resistência cultural. Cada visita, cada conversa e cada silêncio entre esses personagens carrega camadas de fragilidade e esperança.

É nesse espaço íntimo que Mendonça Filho mostra seu talento para filmar relações humanas com cuidado e profundidade. Wagner Moura, vencedor em Cannes por sua interpretação, entrega um Marcelo tenso, exausto, mas ainda guiado por uma vontade profunda de sobreviver, proteger quem ama e compreender o tamanho do labirinto político que o envolve. Sparse, observador, às vezes quase silencioso, Moura constrói um personagem que tenta manter a lucidez enquanto tudo ao seu redor desmorona.

Outro núcleo poderoso é a “casa segura” onde Marcelo se esconde por boa parte do longa: um espaço habitado por dissidentes, artistas, imigrantes e pessoas deslocadas por razões políticas entre elas, um casal de refugiados angolanos que encontra no Brasil uma nova luta. Sob a liderança de Dona Sebastiana, figura maternal e forte, o local funciona como porto, bunker e utopia. Um desses espaços raros onde sobreviventes constroem comunidade em meio ao terror.

A paranoia como linguagem cinematográfica

Se há algo que define a trama de O Agente Secreto, é a sensação permanente de que algo terrível está prestes a acontecer. Mendonça Filho trabalha com uma precisão minuciosa o universo da vigilância, microfones escondidos, olhares que atravessam janelas, carros que seguem silenciosamente pelas ruas, homens que observam sem ser vistos. O filme não representa a ditadura; ele faz o público senti-la na pele.

Ao mesmo tempo, o longa homenageia tradições cinematográficas importantes há ecos de thrillers políticos dos anos 70, do cinema noir clássico, das narrativas paranoicas de Alan J. Pakula, de filmes latino-americanos sobre resistências clandestinas. Mas a obra nunca deixa de ser profundamente brasileira, seja na música, na textura da cidade, no calor das ruas, na oralidade dos diálogos ou na forma como os personagens se relacionam.

Um elenco que sustenta o filme com verdade e intensidade

Além da performance monumental de Wagner Moura, o filme reúne um elenco que reforça a densidade emocional da narrativa. Maria Fernanda Cândido interpreta a ex-companheira de Marcelo com delicadeza e firmeza. Gabriel Leone surge como presença ambígua, imprevisível, quase sempre carregando o espectador para a beira do desconforto. Thomás Aquino, Alice Carvalho e Tânia Maria completam o conjunto com atuações precisas, orgânicas, cada uma contribuindo para o mosaico de inquietações e tensões.

Udo Kier, presença constante em obras de caráter autoral, entrega um antagonista inquietante, quase uma sombra que atravessa a narrativa com charme sinistro. Cada rosto no filme, mesmo os mais breves, parece carregar décadas de histórias, perdas e cicatrizes. É um elenco que não atua para o efeito; atua para a verdade.

A corrida ao Oscar 2026: uma chance real?

Indicado pela Academia Brasileira de Cinema para representar o país no Oscar, o longa-metragem chega à temporada com algo raro: momentum. O filme está presente nas principais listas de apostas internacionais e vem sendo mencionado por analistas de festivais e especialistas americanos como forte candidato entre os pré-indicados.

O impacto em Cannes, a recepção crítica explosiva e o desempenho robusto nas bilheterias formam um conjunto irresistível para campanhas de premiação. A Vitrine Filmes, distribuidora nacional, já confirmou que está trabalhando com parceiros internacionais para garantir que o filme esteja presente em exibições especiais nos Estados Unidos, debates, entrevistas e eventos voltados aos votantes da Academia.

E existe um elemento adicional que favorece o longa: a imagem de Kleber Mendonça Filho como um dos diretores mais respeitados da atual geração do cinema mundial. Sua trajetória em Cannes, sua relação sólida com a crítica internacional e sua habilidade de criar obras que são tanto esteticamente marcantes quanto politicamente relevantes tornam O Agente Secreto um candidato difícil de ser ignorado.

A Casa do Dragão é renovada para a 4ª temporada pela HBO, mesmo antes da estreia do terceiro ano

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Foto: Reprodução/ Internet

A chama dos Targaryen está longe de se apagar. Antes mesmo de o público assistir à terceira temporada, a HBO oficializou a renovação de A Casa do Dragão para o quarto ano, reafirmando a confiança no poder da franquia e no apetite dos fãs pela tragédia, grandeza e brutalidade que moldam a história da família mais famosa de Westeros. A confirmação chega como um sopro de alívio para quem acompanha a série desde sua estreia em 2022, quando se tornou um fenômeno instantâneo, quase igualando – para muitos até superando – o impacto inicial de Game of Thrones.

Quando chegam as novas temporadas?

A ansiedade, porém, deve vir acompanhada de paciência. A HBO já confirmou que a terceira temporada estreia no verão norte-americano de 2026, entre junho e agosto. Já o quarto ano, recém-anunciado, deve chegar somente em 2028, seguindo o ritmo de produção cuidadoso que caracteriza o universo de George R. R. Martin. É um intervalo longo, mas não surpreendente: a série depende de cronogramas complexos, locações em vários países e meses de efeitos visuais que exigem um acabamento impecável. Tudo isso contribui para a imersão que se tornou marca registrada da produção.

O caminho que trouxe a série até aqui

Criada por Ryan J. Condal em parceria com George R. R. Martin, a série foi desenvolvida a partir dos eventos narrados na segunda metade do livro Fogo & Sangue. A história mergulha nas tensões políticas e afetivas que culminam na guerra civil conhecida como A Dança dos Dragões, conflito protagonizado pelos meios-irmãos Rhaenyra Targaryen e Aegon II, que disputam ferozmente o Trono de Ferro. Desde sua estreia em agosto de 2022, a série conquistou não apenas gigantescos números de audiência — ultrapassando 10 milhões na primeira noite nos Estados Unidos — mas também uma recepção crítica surpreendentemente positiva, com muitas análises considerando-a tão forte quanto sua série-mãe, ou até mais consistente.

Produção grandiosa e locações icônicas

O impacto visual da série também não veio por acaso. As filmagens atravessam países e paisagens, dando vida a castelos, cidades e regiões épicas que parecem saltar das páginas para a tela. A primeira temporada passou por locais como Cornualha, Hertfordshire e Peak District no Reino Unido, além de Portugal e várias cidades espanholas, como Cáceres e Trujillo. Toda essa travessia permite que Westeros ganhe textura, profundidade e autenticidade — uma característica essencial quando se trata de uma saga de fantasia que carrega tanto peso cultural.

Quanto custa cada episódio?

Se há algo que a HBO não economiza, é na grandiosidade. A primeira temporada de A Casa do Dragão custou quase US$ 200 milhões, o que significa cerca de US$ 20 milhões por episódio — uma cifra que coloca a série no mesmo patamar de megaproduções cinematográficas. Para efeito de comparação, Game of Thrones começou custando US$ 6 milhões por episódio e atingiu US$ 15 milhões apenas na última temporada. Além disso, o orçamento de marketing ultrapassou US$ 100 milhões, reforçando o status da série como um dos projetos mais ambiciosos da televisão contemporânea. Esses investimentos se refletem diretamente na qualidade visual: dragões com textura quase palpável, cenários vastos e batalhas que parecem coreografadas quadro a quadro.

Audiência, expectativas e o desafio da continuidade

A segunda temporada, lançada em junho de 2024, trouxe de volta toda essa grandiosidade, mas também enfrentou o impacto de competir com um cenário televisivo mais fragmentado. Mesmo com uma estreia global de 7,8 milhões de espectadores — abaixo dos 10 milhões de 2022 — o desempenho ainda é considerado imenso para os padrões atuais. Mais importante: a série manteve o alto padrão de narrativa, aprofundando personagens, ampliando tensões e construindo o caminho irreversível rumo ao conflito que promete dominar as próximas temporadas.

Prêmios, indicações e reconhecimento

A qualidade não passou despercebida pela indústria. Em pouco tempo, A Casa do Dragão conquistou o Globo de Ouro de Melhor Série Dramática, e Emma D’Arcy recebeu indicação como Melhor Atriz, reforçando o prestígio da produção. A série também acumulou nove indicações ao Emmy e foi laureada em prêmios técnicos importantes, como o BAFTA Craft Awards. A crítica se mantém constante em um ponto: a série conseguiu o que parecia impossível — reerguer o entusiasmo por Westeros depois da recepção dividida do final de Game of Thrones.

Prime Video renova Tremembé para a 2ª temporada e promete novos conflitos dentro e fora da prisão

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Foto: Reprodução/ Internet

O Prime Video oficializou nesta sexta-feira (21) a renovação de Tremembé, série brasileira que se tornou um dos assuntos mais comentados desde sua estreia em outubro de 2025. A produção, que mistura drama, investigação e o impacto psicológico dos crimes reais, retorna com uma segunda temporada que promete ampliar seu escopo e explorar novos personagens que marcaram o noticiário nacional.

A decisão do streaming da Amazon reforça o interesse do público por narrativas que revisitam figuras que fizeram parte da memória criminal brasileira, ao mesmo tempo em que coloca em pauta o debate sobre os limites da ficção quando ela se baseia em histórias reais.

De acordo com o Omelete, a 2ª temporada abrirá espaço para novos detentos que chegaram ao presídio de Tremembé nos últimos anos, entre eles o ex-jogador de futebol Robinho e o empresário Thiago Brennand. A presença de ambos indica que a série acompanhará acontecimentos recentes, dando continuidade à proposta de refletir como o sistema penitenciário brasileiro recebe figuras de grande repercussão.

Mas a grande virada da próxima fase está nas histórias que se desenrolam fora dos muros da prisão. Suzane von Richthofen, interpretada por Marina Ruy Barbosa, deixa o presídio e passa a enfrentar os desafios da ressocialização, a reação do público e a difícil tarefa de reconstruir a vida carregando a marca de um crime que chocou o país. Elize Matsunaga também deve ter sua jornada aprofundada, agora tentando se adaptar ao regime aberto e enfrentar o peso de sua própria narrativa.

A série passa, assim, a transitar entre dois mundos: o confinamento de Tremembé e a liberdade controlada daqueles que carregam uma história que nunca deixa de acompanhá-los.

O universo de Tremembé e seus personagens

Desde seu lançamento, a série chamou atenção por oferecer uma perspectiva inédita sobre o cotidiano do presídio conhecido por abrigar nomes envolvidos em crimes que mobilizaram o país. A produção apresenta não apenas os fatos que tornaram cada detento famoso, mas também as relações, alianças, disputas e fragilidades que surgem quando a liberdade é substituída por uma rotina regida por regras rígidas e convivência forçada.

Com direção de Vera Egito, que também assina o roteiro ao lado de Ullisses Campbell, Juliana Rosenthal, Thays Berbe e Maria Isabel Iorio, a série trabalha com a delicada linha entre documento e ficção. Inspirada em livros-reportagem e autos processuais, ela constrói uma narrativa que busca compreender o que existe por trás das manchetes — um exercício que exige sensibilidade e firmeza.

O elenco reforça esse tom. Além de Marina Ruy Barbosa, nomes como Carol Garcia, Letícia Rodrigues, Bianca Comparato, Felipe Simas, Kelner Macêdo e Anselmo Vasconcelos compõem um conjunto de atuações que buscam complexidade e humanidade em personagens que, na vida real, foram tratados quase sempre como símbolos e não como pessoas.

A polêmica envolvendo Cristian Cravinhos

O impacto da série não ficou restrito ao campo da ficção. Logo após a estreia, Cristian Cravinhos, condenado pelo assassinato dos pais de Suzane von Richthofen, criticou publicamente a produção. Por meio das redes sociais, afirmou que diversos trechos apresentados na trama seriam inventados. “Muita mentira”, escreveu, reacendendo discussões sobre o que é liberdade artística e o que pode ser considerado desvio da realidade.

Na série, o personagem de Cristian — interpretado por Kelner Macêdo — ganha um arco emocional que inclui um relacionamento afetivo com outro preso, vivido por João Pedro Mariano. A inclusão desse elemento provocou debate imediato, especialmente entre aqueles que acompanharam o caso desde o início.

O jornalista e roteirista Ulisses Campbell, autor dos livros que inspiram a produção, respondeu divulgando documentos que, segundo ele, embasam a narrativa. Entre esses materiais estavam uma carta escrita por Cristian a um ex-companheiro de cela e registros que apontariam para relações semelhantes às retratadas na ficção. A troca de acusações expôs mais uma vez um questionamento recorrente no gênero true crime: até onde a arte pode ir ao dramatizar um crime real?

Ação judicial de Sandrão intensifica discussões

A série também se tornou alvo de uma ação judicial movida por Sandra Regina Ruiz Gomes, conhecida como Sandrão. Em novembro de 2025, ela entrou com um processo pedindo indenização de 3 milhões de reais, alegando uso indevido de imagem, danos morais e a presença de informações falsas sobre sua participação nos crimes pelos quais foi condenada.

Presente em um dos casos mais chocantes do início dos anos 2000, Sandrão afirma que a produção deturpou sua história. A ação foi registrada no Tribunal de Justiça de São Paulo e segue em análise. A Amazon informou que não comenta processos judiciais e ainda não apresentou defesa formal.

O episódio reforça a complexa teia de responsabilidades que envolve produções baseadas em crimes reais. Entre o interesse público, o direito à memória, a liberdade artística e a proteção da imagem, há um terreno jurídico e ético que se torna mais difícil de navegar a cada nova produção do gênero.

Por que Tremembé se tornou um fenômeno

O sucesso da série não se explica apenas pela notoriedade dos personagens retratados, mas por sua abordagem emocional e objetiva. A série investe na humanização de pessoas que o público, ao longo dos anos, aprendeu a enxergar somente como personagens de tragédias. Ao revelar fragilidades, ambiguidades e conflitos internos, a série amplia a discussão sobre como o sistema prisional funciona e quais cicatrizes ele deixa, tanto nos detentos quanto na sociedade.

Crítica – Bugonia é um delírio brutal sobre um mundo que transforma pessoas em funções

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Bugonia (2024), remake do cult coreano Save the Green Planet! (2003), alcança um equilíbrio raro entre terror psicológico, sátira social, humor corrosivo e drama profundamente humano. A premissa é aparentemente absurda: dois homens sequestram uma mulher por acreditarem que ela é uma alienígena disfarçada e pronta para destruir o planeta. Mas a força do filme não está no delírio conspiratório em si — e sim na forma como ele revela, camada por camada, os mecanismos de um sistema que reduz pessoas a funções, utilidades ou obstáculos. No limite, Bugonia expõe um mundo que não enlouquece apenas os indivíduos, mas também os molda, os sufoca e os descarta.

Sob o comando de Yorgos Lanthimos, tudo ganha textura de desconforto. O diretor escolhe o estranhamento como linguagem, apostando em enquadramentos que comprimem, luzes que intimidam e uma estética que vibra entre o grotesco e o cômico. Emma Stone entrega uma performance visceral, alternando vulnerabilidade, humor nervoso, pavor e uma fisicalidade quase animal. Há uma potência particular em observar a atriz navegar entre o terror e a ironia, revelando aos poucos a complexidade emocional por trás da personagem.

Jesse Plemons, por sua vez, oferece uma de suas interpretações mais intensas. Seu personagem é movido não apenas por teorias conspiratórias, mas por uma dor crua — decorrente do modo como foi triturado por um sistema que transforma vidas em índices, funções e mercadorias. O fanatismo que o domina nasce de uma fratura emocional que o filme nunca trata com simplismo: ele é simultaneamente vítima e agente de uma violência que ultrapassa o âmbito pessoal.

A principal força de Bugonia reside na crítica às engrenagens do capitalismo contemporâneo, com destaque para o poder descomunal das indústrias farmacêuticas. Elas moldam sintomas, discursos e percepções, transformando a saúde em produto e o sofrimento em estratégia de mercado. Lanthimos articula essa crítica com brutalidade estética: golpes, gritos, delírios, manipulação midiática, tudo embalado em um clima claustrofóbico que denuncia como a violência se infiltra nas microestruturas do cotidiano. Em um mundo onde vidas valem pelo que produzem, a crueldade é sistematizada, naturalizada e, muitas vezes, invisibilizada.

A simbologia das abelhas funciona como eixo metafórico poderoso. Pequenos organismos responsáveis por sustentar ecossistemas inteiros são submetidos à mesma lógica utilitarista que recai sobre seres humanos — valem enquanto servem. Lanthimos usa essa metáfora para ampliar sua crítica: o colapso não é repentino; ele é acumulado, silencioso, gradual. O desaparecimento das abelhas ecoa o desaparecimento de indivíduos engolidos por estruturas que não reconhecem singularidades.

Um final provocador e inquietante por outros motivos

Bugonia mantém seu impacto até os momentos finais, mas sua conclusão deixa espaço para leituras ambíguas — e, de certa forma, problemáticas. Assim como Batem à Porta (M. Night Shyamalan), o filme corre o risco de reforçar as mesmas lógicas que critica, ao sugerir que tudo pode ser reduzido a missões, propósitos ou narrativas utilitárias. O desfecho, embora provocador, suaviza o golpe que o filme vinha construindo e perde a oportunidade de apertar ainda mais o cerco sobre os sistemas que desumanizam.

Ainda assim, o conjunto permanece impressionante. Bugonia é um filme que fere, provoca, ri do absurdo e expõe o horror do funcionalismo extremo que estrutura nossas vidas. O terror que ele apresenta não é extraterrestre — é profundamente humano e, pior, profundamente cotidiano.

Crítica – O Bebê de Rosemary é um terror psicológico que assombra pelas entrelinhas

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Foto: Reprodução/ Internet

O Bebê de Rosemary (1968), dirigido por Roman Polanski, permanece como um dos pilares do horror psicológico justamente por evitar caminhos fáceis. Em vez de apostar em sustos calculados ou no grotesco explícito, o filme constrói seu terror na sugestão – e na manipulação silenciosa do olhar do espectador. Cada cena funciona como um convite à dúvida, à suspeita e ao desconforto. E, à medida que a paranoia de Rosemary cresce, também cresce a nossa, até que o próprio conceito de realidade se torna instável.

A narrativa acompanha Rosemary Woodhouse, jovem recém-instalada com o marido em um edifício antigo de Nova York, impregnado de histórias sinistras e vizinhos invasivos. Quando engravida, o que deveria ser um período de alegria se transforma em um mergulho angustiante. Entre dores inexplicáveis, sonhos que beiram o ritualístico e um controle crescente exercido por aqueles ao redor, Rosemary começa a acreditar que é vítima de uma conspiração. Mas Polanski trabalha deliberadamente a incerteza: tudo pode ser verdade, e nada pode ser verdade.

Esse jogo entre percepção e delírio é sustentado com rigor formal. O apartamento torna-se uma espécie de cárcere sofisticado — ambientes estreitos, portas que nunca se fecham completamente, corredores que parecem absorver o silêncio. A câmera de Polanski explora limitações espaciais de forma opressiva, enquadrando Rosemary frequentemente em posições de fragilidade. O design de som — passos abafados, diálogos cochichados, ruídos domésticos que ganham contornos ameaçadores — potencializa a atmosfera, fazendo com que o cotidiano se converta em palco de inquietação.

O ritmo, aparentemente lento, é calculado e cirúrgico. O horror se infiltra nas conversas triviais, nas visitas inconvenientes, em detalhes quase imperceptíveis. É um terror que não se anuncia, mas se instala. O que não vemos, o que não é explicado, pesa mais do que qualquer imagem explícita poderia transmitir. Polanski entende que o medo nasce daquilo que nos escapa — e usa essa compreensão como ferramenta narrativa primordial.

No entanto, a força do filme não se limita ao suspense. O Bebê de Rosemary articula um comentário contundente sobre controle, violência simbólica e apropriação do corpo feminino. A fronteira entre o sobrenatural e o social se dilui: a opressão vivida por Rosemary, seja ela orquestrada por uma seita satânica ou pelo paternalismo que a cerca, evidencia uma violência estrutural que permanece desconfortavelmente atual. A gravidez se transforma em metáfora para a perda de autonomia — uma mulher cujo corpo é decidido, manipulado e invadido por forças externas, sejam elas humanas ou demoníacas.

Mais de meio século após sua estreia, a obra ainda provoca, inquieta e inspira debates. Seu poder não está em respostas — que Polanski deliberadamente recusa —, mas nas perguntas que lança e nas sensações que desperta. O Bebê de Rosemary continua a ser uma obra-prima justamente porque compreende que o terror mais profundo não reside no que é mostrado, mas no que permanece na penumbra, à espera de ser completado pela imaginação de quem assiste.

Charli XCX desafia as regras do estrelato pop no explosivo trailer de The Moment, seu filme com a A24

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Foto: Reprodução/ Internet

Quando Charli XCX decide transformar sua própria vida em matéria-prima cinematográfica, não há espaço para o convencional. E foi exatamente essa sensação — de risco, descontrole calculado e subversão — que tomou conta da internet esta semana com o lançamento do primeiro trailer de The Moment, filme que marca a estreia da cantora como protagonista e cocriadora de um projeto com a A24.

O vídeo, divulgado pela própria artista, apresenta um universo que vibra entre o glamour e o desconforto, entre a montação pop e a autocrítica corrosiva. Em poucos segundos, fica claro que Charli não está interessada em preservar imagens: ela quer desmontá-las.

O caos como estética: um trailer que borra as fronteiras entre ficção e realidade

O primeiro trailer do filme mergulha o espectador em uma atmosfera de turbulência emocional e performática. Com uma montagem frenética — que lembra reality shows, videoclipes e documentários de bastidores — o vídeo insinua que o longa opera justamente nas brechas entre persona pública e intimidade fabricada.

A câmera acompanha uma versão ficcionalizada (mas perigosamente próxima) de Charli XCX enquanto ela atravessa crises criativas, reuniões tensas, ensaios exaustivos e a constante pressão para produzir “o momento perfeito”. O tom quase voyeurístico reforça a ideia de que o público está sendo convidado a ver aquilo que normalmente fica escondido atrás das cortinas luminosas do pop.

Um elenco improvável e irresistível

O filme abraça o absurdo com um elenco que funciona como um espelho distorcido da cultura pop contemporânea. Ao lado da presença central e magnética de Charli XCX, o filme reúne Rosanna Arquette (Pulp Fiction, Crash), Kate Berlant (Would It Kill You to Laugh?, Sorry to Bother You), Jamie Demetriou (Stath Lets Flats, Cruella), Hailey Benton Gates (The Rehearsal, High Maintenance), Isaac Powell (Dear Evan Hansen, American Horror Story), Alexander Skarsgård (Succession, The Northman), Rish Shah (Do Revenge, Ms. Marvel) e Trew Mullen (Cora Bora, Moon Manor) surgem como peças fundamentais nessa narrativa frenética, cada um interpretando versões exageradas ou deliciosamente satíricas de si mesmos.

E, para completar a ousadia pop, entram em cena participações tão inesperadas quanto emblemáticas: Kylie Jenner (The Kardashians), Rachel Sennott (Bottoms, Bodies Bodies Bodies), Arielle Dombasle (Pauline à la plage, Alien Crystal Palace), Mel Ottenberg (editor-chefe da Interview Magazine), Ricardo Pérez (Saturday Night Live México), Tish Weinstock (Vogue, trabalhos editoriais) e Michael Workéyè (I May Destroy You, Sherlock).

O nascimento de um projeto metalinguístico e profundamente pessoal

Segundo fontes próximas à produção, The Moment nasceu de uma proposta da própria artista. A cantora procurou a A24 com a ideia de fazer um filme que questionasse o próprio conceito de autenticidade no pop, explorando a tensão entre a artista real e a figura performática que ela representa.

O longa é dirigido por Aidan Zamiri, colaborador frequente da cantora e responsável por alguns de seus visuais mais marcantes. O roteiro é assinado por Zamiri e Bertie Brandes, e parte de uma pergunta central: como se filma a vida de alguém que já transforma sua vida em espetáculo?

Mockumentary como ferramenta de desconstrução do pop

Ao optar pelo formato de mockumentary, The Moment utiliza uma linguagem conhecida do humor documental para questionar e expor os bastidores da cultura pop. Mas, diferentemente de produções tradicionais do gênero, em que tudo parte de uma ficção criada do zero, aqui o centro da narrativa é a própria Charli XCX — uma figura real, reconhecível e permanentemente conectada ao público. Essa escolha altera completamente o impacto do filme: o espectador se vê diante de uma obra que brinca com a própria percepção de realidade, criando um território nebuloso onde é quase impossível separar o que é espontâneo do que é interpretado.

Nesse jogo entre persona e pessoa, o filme se transforma em um comentário afiado sobre o que significa ser uma celebridade em 2025. A hiperexposição, as performances para câmera, a curadoria minuciosa da própria imagem e a pressão constante por relevância se tornam a matéria-prima da narrativa. Em vez de buscar uma representação “verdadeira” de sua vida, Charli subverte a ideia de autenticidade ao performá-la de forma consciente — e, justamente por isso, alcança um tipo de sinceridade que cinebiografias tradicionais raramente tocam.

Embora a sinopse oficial apresente o longa como o registro de uma estrela pop se preparando para sua primeira turnê em arenas, o filme rapidamente deixa claro que essa é apenas a superfície. A turnê funciona como fio condutor, mas não como destino: o que realmente interessa é o processo emocional que se desenrola enquanto essa artista tenta sustentar o peso de suas ambições, de sua imagem pública e das expectativas externas e internas que a cercam.

Londres como personagem: o caos criativo da capital britânica

As filmagens de The Moment começaram em março de 2025, em Londres, e tudo indica que a cidade terá um papel central na narrativa, não apenas como cenário, mas como uma presença ativa que molda o humor, a estética e o ritmo do filme. O trailer já sugere que a capital britânica funciona como uma extensão do próprio estado emocional de Charli XCX: vibrante, contrastante, frenética e sempre à beira de um colapso criativo.

Netflix lança trailer final de Sonhos de Trem e aumenta a expectativa para um dos dramas mais humanos do ano

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Foto: Reprodução/ Internet

A Netflix divulgou nesta sexta-feira (21) o trailer final de Sonhos de Trem, drama intimista que já chega ao streaming carregado de emoção e forte expectativa. O novo vídeo, lançado junto com a estreia global do filme na plataforma, aprofunda os tons melancólicos e contemplativos da narrativa, oferecendo um último vislumbre da jornada de Robert Grainier, um homem comum tentando sobreviver a perdas profundas em um país que se transforma à sua volta.

A montagem privilegia cenas de olhar, de mãos calejadas, de natureza impondo sua presença. Há algo profundamente humano na forma como o vídeo apresenta Robert Grainier, interpretado por Joel Edgerton, como um homem comum prestes a se ver diante do inimaginável. O trailer não revela excessos nem entrega grandes reviravoltas — revela humanidade.

E talvez seja justamente isso que o torna tão impactante: sua simplicidade emocional.

A história de um homem que tenta se manter inteiro

Baseado na novela de 2011 de Denis Johnson, “Sonhos de Trem” parte de uma premissa aparentemente simples: acompanhamos a vida de Robert Grainier, um lenhador contratado para ajudar na expansão das ferrovias norte-americanas no início do século XX.

É um trabalho exaustivo, realizado entre montanhas, florestas e longos períodos de ausência de casa. Sua esposa, vivida por Felicity Jones, e sua filha o esperam enquanto ele tenta equilibrar sobrevivência, amor e distância.

O trailer final faz questão de destacar essa dimensão íntima da história. Não há grande narrativa épica. Há um mundo que avança — e um homem tentando não ficar para trás.

Silêncio, perda e a sensação de deslocamento

Um dos elementos mais marcantes do novo trailer é sua trilha sonora quase imperceptível. Ela não guia o espectador; acompanha. É como se o vídeo dissesse que o drama mais profundo não está nas palavras, mas no que não se diz.

Há rápidas imagens que já antecipam a jornada emocional de Grainier: um olhar distante, uma casa vazia, uma paisagem que parece grande demais para a dor que ele carrega. O trailer não explica — apenas mostra. Ele nos deixa sentir a solidão que acompanha o personagem, a dureza do trabalho que engole sua rotina e o impacto das mudanças que ele não pode controlar.

Essa escolha estética combina com o estilo do filme, que sempre foi descrito como um drama contemplativo, feito para tocar o espectador em suas próprias memórias de perda, silêncio e recomeço.

Um elenco preciso que reforça a força emocional

No vídeo final, além de Edgerton e Jones, também aparecem breves momentos de Clifton Collins Jr., Kerry Condon e William H. Macy, todos em personagens que passam pela vida de Grainier deixando marcas pequenas, mas significativas.

A montagem do trailer destaca expressões, olhares, gestos contidos. Nada é acidental. Cada aparição sugere que esses personagens funcionam como espelhos, ecos ou alertas na caminhada do protagonista.

Edgerton, especialmente, surge com uma carga emocional poderosa. A forma como ele olha para a câmera — ou para o nada — diz mais do que qualquer diálogo. O trailer já deixa claro: sua atuação é o coração do filme.

Como o filme nasceu e por que o trailer carrega tanto peso

O projeto começou a ganhar forma em 2024, quando a produtora Black Bear confirmou a adaptação da obra de Denis Johnson. Clint Bentley, que já demonstrava sensibilidade para dramas humanos, assumiu a direção e o roteiro ao lado de Greg Kwedar.

Desde o início, a proposta sempre foi preservar o tom emocional do livro e transformá-lo em cinema de maneira respeitosa, silenciosa e profunda. O trailer final reflete exatamente isso: a sensação de que estamos diante de uma obra que não quer provar nada, apenas existir em sua verdade.

O filme estreou no Festival de Sundance em janeiro de 2025, onde foi amplamente celebrado. Logo depois, a Netflix adquiriu os direitos e passou a promover o longa como uma de suas grandes apostas da temporada.

Um lançamento pensado para emocionar e para ganhar prêmios

Antes de chegar ao streaming, “Sonhos de Trem” teve uma breve passagem pelos cinemas dos Estados Unidos em 7 de novembro. Uma estratégica janela de exibição limitada, pensada para credenciá-lo na temporada de premiações.

A aposta deu certo. O longa recebeu elogios consistentes e começou a despontar como candidato ao Oscar 2026, especialmente após suas indicações no Gotham Film Awards.

O trailer final, lançado hoje, reforça o discurso da Netflix: este não é apenas um filme — é uma experiência emocional.

Crítica – Wicked: Parte 2 entrega grandiosidade e emoção, mas perde força frente ao impacto do primeiro filme

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Depois do fenômeno cinematográfico que foi a Parte 1, o segundo capítulo da adaptação dirigida por Jon M. Chu chega aos cinemas sob expectativas quase míticas — e sem a mesma capacidade de sustentá-las. Se o primeiro filme conquistou o público pela força emocional, pelo apuro estético e pela fidelidade arrebatadora ao musical da Broadway, Wicked: Parte 2 tenta expandir o universo de Oz e concluir a jornada de Elphaba e Glinda com espetáculo, cor e densidade dramática. No entanto, o que deveria ser um desfecho épico assume um caráter mais irregular: visualmente exuberante, narrativamente relevante, mas dramaticamente menos necessário do que se imaginava.

Um espetáculo maior e paradoxalmente mais frágil

O novo longa é maior, mais ambicioso e, curiosamente, mais frágil. É inegável que esta Parte 2 é mais segura de si do que seu antecessor. Chu dirige com firmeza o gigantesco aparato visual, construindo cenários grandiosos, figurinos elaborados e efeitos digitais mais polidos, que ajudam a moldar uma Oz ainda mais viva — e mais ameaçada pela tirania, pelo medo e pelos jogos políticos do Mágico.

Porém, apesar desse rigor estético, a narrativa se esvazia em vários momentos, transmitindo a sensação de uma trama secundária, quase protocolar, como se existisse apenas para conectar o fim da Parte 1 ao arco clássico já conhecido de O Mágico de Oz. Com isso, o impacto dramático se dilui, e a transformação de Elphaba na temida “Bruxa Má” frequentemente parece mais uma sequência de episódios do que um clímax emocional genuíno.

A trilha sonora perde vibração e derruba parte da magia

A trilha sonora representa o primeiro grande tropeço. Se na Parte 1 as canções eram memoráveis e emocionalmente carregadas, aqui elas soam menos marcantes e, em muitos momentos, burocráticas. A montagem musical raramente alcança o mesmo vigor; números que deveriam ser catárticos acabam em técnica sem transcendência. É uma perda sentida, sobretudo considerando a potência vocal de Cynthia Erivo e o salto impressionante de Ariana Grande desde o filme anterior.

Grandes momentos icônicos, mas tratados como notas de rodapé

Ainda assim, Wicked: Parte 2 entrega algumas das passagens mais icônicas do universo da franquia. A falsa morte de Elphaba é construída com força visual e tensão legítima. A transformação de Boq no Homem de Lata ganha contornos sombrios e finalmente confere ao personagem uma importância que sempre lhe faltou. A introdução de Dorothy, Espantalho e Totó funciona como ponte eficiente para o mito original — embora a aparição seja mais apressada do que o ideal.

O problema é que todas essas tramas parecem existir mais para cumprir o destino já conhecido de Elphaba do que para impulsionar a narrativa, funcionando como pequenos marcadores obrigatórios, não como motores dramáticos de fato.

O Mágico perde força e a crítica política também

Outro ponto frágil é a figura do Mágico. Embora a obra sempre o tenha retratado como manipulador, aqui o personagem surge diminuído, quase irrelevante. Falta presença, falta ameaça, falta convicção. Para um antagonista que deveria simbolizar o colapso moral de Oz, a construção é tímida e superficial. É uma escolha que enfraquece a crítica ao autoritarismo — um dos pilares ideológicos que sustentam o universo Wicked.

Ariana Grande dá um show e carrega o filme nas costas

Se há, porém, um elemento que realmente eleva este segundo filme, esse elemento é Ariana Grande. Sua Glinda surge mais contraditória, vulnerável e politizada, ganhando profundidade que ultrapassa a versão tradicionalmente dócil do musical. Grande entrega uma performance madura, tecnicamente precisa e emocionalmente consistente, transformando diálogos simples em momentos de impacto.

A queda de relevância de Madame Morrible — reduzida quase a um adereço — abre espaço para que Glinda se torne protagonista de fato no destino político e afetivo de Oz. Se a indicação ao Oscar era apenas uma possibilidade na Parte 1, aqui se torna uma expectativa real.

Foto: Reprodução/ Internet

Cynthia Erivo mantém a intensidade — mas recebe menos do que merece

Cynthia Erivo, por sua vez, mantém a força interpretativa que a consagrou, oferecendo uma Elphaba intensa, ferida e politicamente marcada. No entanto, o roteiro limita seu alcance emocional. Falta densidade interna, falta conflito, falta a queda dramática que deveria sustentar a mitologia da personagem. A produção confia demais no conhecimento prévio do público — recurso sempre perigoso — e entrega menos do que Erivo tem potencial para realizar.

Um final grandioso, mas com gosto de “poderia ser mais”

No desfecho, Wicked: Parte 2 é grandioso e emocional, honra a mitologia criada há décadas e entrega o espetáculo que os fãs esperam. Mas também deixa uma sensação persistente de frustração. É um filme lindamente filmado, tecnicamente impecável, cheio de momentos poderosos, mas que não sustenta por si só a própria importância. Depende demais da Parte 1, e ainda mais do imaginário coletivo moldado por O Mágico de Oz.

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