Traição Entre Amigas ganha nova data de estreia: Larissa Manoela e Giovanna Rispoli encaram seus papéis mais maduros no filme de Bruno Barreto

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Depois de muita expectativa, Traição Entre Amigas finalmente ganhou sua nova data oficial de lançamento: o filme chega aos cinemas no dia 11 de dezembro, marcando o retorno de Bruno Barreto (Flores Raras, Dona Flor e Seus Dois Maridos) à direção de uma história sobre afeto, imperfeições e o limite entre lealdade e perda. O longa estava programado para estrear mais cedo, mas o novo calendário coloca a produção como um dos últimos lançamentos nacionais do ano — e promete encerrar 2025 com uma narrativa intensa e profundamente humana.

A mudança de data vem acompanhada de um burburinho crescente porque o filme funciona como um divisor de águas para suas duas protagonistas: Larissa Manoela (Além da Ilusão, Modo Avião, Carrossel) e Giovanna Rispoli (Cinderela Pop, Totalmente Demais, Das Tripas Coração) vivem aqui os papéis mais desafiadores e emocionalmente complexos de suas carreiras. Elas interpretam Penélope e Luiza, melhores amigas que passam anos construindo uma relação quase familiar — até que uma traição inesperada abala tudo o que parecia inabalável.

O filme é baseado no primeiro livro de Thalita Rebouças (Fala Sério, Mãe!, É Fada!, Tudo por um Pop Star), escrito antes de ela se tornar um fenômeno teen. É um texto que carrega nuances adultas, dores reais e situações que fogem do conforto. A própria autora divide o roteiro com Marcelo Saback (De Pernas pro Ar, Minha Mãe É Uma Peça 3, É Fada!), trazendo sua visão íntima da história para a tela enquanto Saback ajuda a equilibrar humor, intensidade emocional e conflito.

Essa adaptação chega aos cinemas pelas mãos da LC Barreto, produtora responsável por alguns dos filmes mais marcantes do nosso cinema, em parceria com a Imagem Filmes, que assina a distribuição. O conjunto reforça que Traição Entre Amigas é uma produção grande, cuidadosa e pensada para dialogar tanto com o público jovem quanto com espectadores que buscam narrativas sobre amadurecimento.

A trama começa com o encontro de Luiza e Penélope em um curso de teatro. A partir dali, as duas se tornam inseparáveis, construindo uma amizade que mistura sonhos, inseguranças e planos compartilhados. Luiza segue para a Psicologia, sempre metódica e observadora; Penélope escolhe o Jornalismo, mas vive com o coração preso ao desejo de atuar. Mesmo com personalidades opostas, elas se completam na medida certa — até que um deslize muda tudo.

Numa festa, Penélope acaba se envolvendo com o namorado de Luiza. É uma linha que se cruza rápido, daqueles erros que parecem pequenos no instante, mas carregam um peso enorme quando a verdade aparece. O filme acompanha o impacto emocional desse rompimento, explorando sentimentos como culpa, mágoa, vergonha e raiva com honestidade rara. Ao invés de transformar a história em uma vilanização simples, o roteiro mergulha na complexidade de ambas as personagens e mostra como cada uma tenta lidar com o que sobrou.

O afastamento é inevitável. Luiza decide fugir do colapso pessoal e se muda para Nova York, em busca de um recomeço e de um mundo onde não precise revisitar a dor todos os dias. Penélope fica, tentando reconstruir sua identidade e enfrentando as consequências de suas atitudes enquanto se arrisca em relacionamentos pela internet — que trazem liberdade, mas também perigos e desilusões.

Além das protagonistas, o elenco conta com André Luiz Frambach (Todas as Garotas em Mim, Malhação: Viva a Diferença, Rensga Hits!), Emanuelle Araújo (Ó Paí, Ó, Malhação: Viva a Diferença, Samantha!), e Dan Ferreira (Segundo Sol, Encantado’s, Todas as Flores), nomes que ajudam a expandir o universo emocional das personagens e dar corpo às relações ao redor delas.

A escolha de Barreto para comandar esse projeto é um dos pontos altos da produção. Com décadas de carreira e experiência tanto no drama quanto na comédia, ele costura a narrativa com delicadeza e precisão, mantendo o equilíbrio entre momentos leves e passagens mais duras. É um tipo de direção que reconhece que amizade também é um território emocional tão profundo quanto amor romântico — e às vezes, muito mais difícil de curar.

Geraldo Luís faz desabafo impactante no “The Noite” desta quinta (31/07) e revisita trajetória marcada por emoção e jornalismo popular

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Foto: Reprodução/ Internet

Nesta quinta, 31 de julho, Geraldo Luís será o convidado especial no The Noite com Danilo Gentili, que será exibido no SBT logo após a meia-noite. Conhecido por seu jeito direto e coração à flor da pele, o jornalista revisitará momentos marcantes de sua carreira, falará sobre o afastamento da televisão aberta do público e não poupará críticas ao modelo atual de programação. “A TV aberta está na UTI”, ele declarará com sinceridade. As informações são do SBT.

O encontro promete momentos de risadas, emoção e até espaço para o amor — ou pelo menos uma tentativa da produção do programa de apresentar uma nova companhia para o apresentador. No palco, o apresentador mostrará toda sua autenticidade, relembrando o jornalismo que sempre defendeu: feito com alma, nas ruas, olhando nos olhos de quem sofre.

A origem de um contador de histórias

Nascido em Limeira (SP), Geraldo iniciou sua carreira no jornalismo ainda jovem, como repórter policial no rádio. Serão cerca de duas décadas cobrindo tragédias, emergências e os bastidores das delegacias do interior paulista. O que o destacou será sua sensibilidade: ele não contará apenas os fatos, mas a dor por trás deles.

Em 2007, ele chegará à Record TV como uma aposta e, em pouco tempo, se tornará fenômeno comandando o Balanço Geral, com seu famoso bordão “Balança!”, histórias populares e uma conexão genuína com o público. No programa, Geraldo se emocionará ao relembrar esse período: “Era o programa de quem acreditava que a notícia também tinha coração. Que não era só estúdio e teleprompter.”

Saída da TV aberta e críticas à programação atual

Mais recentemente, o jornalista esteve à frente de dois projetos na RedeTV! — o dominical Geral do Povo e o noturno Ultra Show. Apesar de ter deixado a emissora em 2024, ele guardará boas lembranças dessa fase. “Chegamos a bater picos de audiência. A matéria sobre o irmão da Suzane von Richthofen, por exemplo, explodiu. O produtor me ligou dizendo que ele estava vivendo isolado num sítio abandonado da família. Era uma história real, forte, que ninguém tinha contado ainda.”

Porém, o foco da conversa será sua visão crítica sobre a crise de identidade da TV aberta. Para ele, os canais perderam o pulso do que o público realmente deseja assistir. “A televisão insiste em inventar o que não precisa. Perdeu a simplicidade. Hoje, está distante do telespectador. A pessoa passa horas no celular atrás do que realmente quer ver. Me pergunte: fora o futebol, que programa ainda prende alguém no sofá por duas horas?”, questionará.

Com quase seis milhões de seguidores no Instagram, o comunicador não esconderá a frustração, mas também não se entregará ao conformismo. “A TV aberta ainda será necessária. Mas está doente. E ninguém vai querer admitir isso.”

Marcelo Rezende, mentoria e saudade

Entre os momentos mais emocionantes da entrevista, o convidado abrirá o coração ao falar sobre Marcelo Rezende, a quem chama de “seu grande mestre”. A voz embargará quando ele disser: “O Marcelo foi o cara que brigou por mim dentro da Record. Ele acreditava no jornalismo popular feito com alma, com o pé na lama. Ele colocou muita gente no ar e nunca teve medo de dar chance para quem estava de fora do eixo.”

A amizade dos dois foi construída na base da confiança mútua e da afinidade editorial. Para Geraldo, essa escola — a do jornalismo com verdade e empatia — ainda pulsará, mesmo com as mudanças de formato e plataforma.

Do necrotério à bancada: causos e confissões

Nem só de seriedade viverá o bate-papo. Com a naturalidade de quem já viveu mil vidas em uma, Geraldo contará histórias de quando foi agente funerário. “Eu trocava cadáver. Literalmente. Aprendi a lidar com a morte muito cedo. Isso me ensinou a respeitar a vida como poucos.”

E entre uma lembrança e outra, a produção resolverá brincar com o lado romântico (e solteiro) do apresentador: o desafiará a participar do quadro “The Noite L’Amour”, onde terá que “buscar uma nova namorada” no programa. Renderá risadas, improvisos e um Geraldo desarmado, que aceitará a brincadeira com bom humor: “Tô precisando mesmo. Se for pra dar risada e sair da solidão, tô dentro!”.

Novos rumos, mesma essência

Mesmo longe das grandes emissoras, Geraldo Luís não abandonará o público. Muito pelo contrário. Ele criará o canal “Geraldo Luís TV” no YouTube, onde continuará contando histórias de gente invisibilizada. Além disso, comandará o podcast “Vozes Invisíveis”, projeto que dará espaço a moradores de rua e pessoas em situação de vulnerabilidade social.

“Essas pessoas existem. Elas têm nome, têm história. E a televisão esqueceu delas”, afirmará. Para ele, a missão de comunicar vai além de contrato ou audiência. “Eu me vejo como um mensageiro da dor. Não quero só noticiar tragédia. Quero mostrar humanidade, onde ninguém quer olhar.”

Maluma lança “Bronceador” e embala o verão com batida latina quente

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Foto: Reprodução/ Internet

Maluma está de volta. E como só ele sabe fazer: em grande estilo, com calor tropical, romance e ritmo que hipnotiza. Sua nova faixa, “Bronceador”, é mais do que um lançamento musical — é um convite ao prazer, ao sol e ao reencontro com suas origens caribenhas.

Produzida pelos renomados Mad Musick, Ily Wonder e Los Jaycobz, a música é uma explosão de energia latina. Tem sabor de brisa salgada, cheiro de pele bronzeada e o som das ruas quentes de Cartagena, onde o clipe foi filmado — um cartão-postal vivo da alma colombiana. Acompanhado pela modelo internacional Ariadna Gutiérrez, Maluma encena um flerte intenso e visualmente deslumbrante, sob a direção cinematográfica de Cesar Pimienta, o “Tes”.

Mas o que mais chama atenção não é só o ritmo dançante ou o visual de tirar o fôlego. É a vontade de se reconectar com a própria essência. Maluma olha para o mar e enxerga nele não apenas um cenário, mas um espelho. “Bronceador” não é só sobre o verão. É sobre pertencimento.

Juan Luis antes de Maluma

Antes do glamour, dos clipes milionários e dos prêmios internacionais, existia Juan Luis Londoño Arias — um menino de Medellín, nascido em 28 de janeiro de 1994, que dividia seu tempo entre a bola de futebol e o violão.

Durante a infância e adolescência, o futebol era seu primeiro amor. Passou pelas categorias de base do Atlético Nacional e La Equidad, clubes tradicionais da Colômbia. Mas, paralelamente, escrevia músicas, participava de concursos e se emocionava com as reações das pessoas às suas letras.

Aos 15 anos, ao gravar a canção “No Quiero” como presente de aniversário, percebeu que havia algo ali. Algo maior que o esporte. Algo que tocava os outros e a si mesmo de forma profunda. Foi quando nasceu Maluma — um nome criado a partir da combinação dos nomes de sua mãe (Marlli), pai (Luis) e irmã (Manuela). Um tributo silencioso à base de tudo: a família.

A partir de 2010, Maluma começou a dar passos firmes na indústria. O single “Farandulera” ganhou as rádios locais e logo chamou a atenção da Sony Music Colômbia. Em pouco tempo, vieram “Loco”, “Obsesión”, e hits como “La Temperatura”, com Eli Palacios, que abriu as portas da América Latina.

O primeiro álbum, Magia (2012), consolidou sua imagem de galã latino de voz suave e ritmo envolvente. Já Pretty Boy, Dirty Boy (2015) foi o divisor de águas: um trabalho onde Maluma assumia sem pudores sua dualidade — o lado romântico e o sedutor. Foi ali que o mundo passou a reconhecê-lo como um dos principais nomes da nova música latina.

Da glória às críticas — e o amadurecimento

Nem só de aplausos se faz uma carreira. Em meio ao sucesso estrondoso, vieram também as polêmicas. A letra de “Cuatro Babys” (2016) foi duramente criticada por associações feministas e setores da mídia por seu conteúdo sexual e supostamente misógino. Maluma, embora tenha defendido sua liberdade artística, passou a demonstrar maior cuidado nas mensagens de suas canções.

Ao mesmo tempo, ele amadurecia como artista e homem. Canções como “Felices los 4” e “HP” misturam ousadia com camadas mais densas. As colaborações também se tornaram mais frequentes — de Shakira a Madonna, de Ricky Martin a J Balvin, e até mesmo com Anitta, em uma parceria que consolidou sua conexão com o Brasil.

Um artista de múltiplas telas

Além de dominar os palcos e estúdios, Maluma soube explorar outras linguagens. Foi coach em The Voice Kids, lançou o documentário Lo Que Era, Lo Que Soy, Lo Que Seré, e deu um passo ousado rumo a Hollywood ao atuar no filme Marry Me (2022), ao lado de Jennifer Lopez.

No cinema, revelou carisma e versatilidade. No documentário, abriu as portas da própria intimidade: suas dúvidas, angústias e fé. Mostrou que por trás da estética impecável do pop star, há um ser humano em permanente construção.

O latino que o mundo aprendeu a ouvir

Com mais de 40 milhões de ouvintes mensais no Spotify e clipes com bilhões de visualizações, Maluma é hoje um símbolo da globalização da música latina. Sua mistura de reggaeton, pop, dancehall e romantismo conquistou mercados antes difíceis para artistas latinos — como Europa e Ásia.

Ele se apresentou nas maiores premiações do mundo, venceu Latin Grammy, Billboard e MTV Awards, e fez turnês internacionais com ingressos esgotados. Em 2018, foi a voz latina oficial da Copa do Mundo com “Colors”, em parceria com Jason Derulo. Maluma não é mais apenas colombiano. É global.

A alma por trás do artista

Mesmo com tanto sucesso, Maluma nunca escondeu sua conexão com as raízes. Ele ainda fala com orgulho de Medellín, da educação que recebeu, da fé que carrega. Seu Instagram está cheio de registros com a mãe, o pai, a irmã — e mais recentemente, com sua filha recém-nascida, fruto do relacionamento com a arquiteta Susana Gomez.

A paternidade, aliás, parece ter despertado uma nova sensibilidade. Em entrevistas recentes, ele fala sobre a importância de dar o exemplo, sobre criar uma filha em um mundo mais justo e igualitário. Sobre ser melhor como homem e como artista.

“Bronceador” como rito de passagem

“Bronceador” chega em um momento simbólico. Após mais de uma década de carreira, Maluma retorna à fonte de onde tudo surgiu: o ritmo quente da costa caribenha. Mas com um olhar diferente — mais maduro, mais consciente, mais inteiro.

A música traz influências do reggaeton raiz, mas com uma produção moderna e refinada. As letras falam de desejo, claro, mas também de entrega, de conexão com o presente. É como se Maluma estivesse dizendo: “ainda sou aquele menino de Medellín, mas agora sei exatamente quem sou e para onde vou”.

Um futuro com sabor tropical

Enquanto “Bronceador” invade playlists, rádios e pistas de dança, o mundo percebe que o verão latino está longe de acabar. E Maluma continua como um de seus maiores embaixadores.

O futuro da música latina passa por nomes que sabem se reinventar, que honram suas raízes e ousam no presente. E Maluma faz isso como poucos. Seu legado vai além dos charts. Está no modo como tornou a sensualidade latina uma linguagem universal. No jeito como conectou Medellín a Tóquio, Cartagena a Paris, com uma batida.

Resenha — Esperança mostra que mudar o mundo também começa ao aceitar as próprias fragilidades

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Esperança se apresenta como uma narrativa delicada e profundamente humana sobre recomeços, pertencimento e vulnerabilidade emocional. A obra acompanha a trajetória de uma jovem determinada que, ao se mudar para uma nova cidade, se vê diante do desafio de reconstruir sua identidade, suas relações e sua forma de enxergar o mundo. Mais do que uma história sobre adaptação, o livro se propõe a refletir sobre os limites do idealismo e a necessidade, muitas vezes ignorada, de aceitar ajuda.

A protagonista que dá nome à obra é construída como uma personagem engajada, ativa e movida por um forte senso de justiça social. Seu desejo de combater preconceitos e contribuir para um mundo melhor não surge como discurso vazio, mas como parte orgânica de sua personalidade. No entanto, o livro acerta ao não romantizar esse engajamento. Ao longo da narrativa, fica evidente que carregar o peso de querer salvar tudo e todos pode ser exaustivo, especialmente quando se negligenciam as próprias fragilidades.

O processo de adaptação à nova cidade funciona como um espelho emocional para Esperança. Cada novo ambiente, relação ou conflito expõe suas inseguranças e revela o quanto o sentimento de pertencimento precisa ser construído com tempo, escuta e troca. O texto aborda com sensibilidade os choques entre expectativas e realidade, mostrando que recomeçar nem sempre é sinônimo de entusiasmo, mas muitas vezes de solidão silenciosa.

As relações afetivas ocupam papel central na narrativa. O namoro, as amizades e os vínculos familiares são apresentados como espaços de apoio, mas também de conflito e aprendizado. O livro se destaca ao tratar essas relações de forma honesta, sem idealizações excessivas. Amar, aqui, não significa ausência de problemas, mas disposição para enfrentar dificuldades juntos, inclusive quando isso exige reconhecer limites e pedir socorro.

Um dos temas mais relevantes de Esperança é justamente a dificuldade da protagonista em aceitar ajuda. Acostumada a ser forte, ativa e solidária, ela precisa aprender que vulnerabilidade não é fraqueza. Essa mensagem atravessa a obra de maneira orgânica e toca em uma questão contemporânea urgente, especialmente entre jovens que se sentem pressionados a demonstrar resiliência constante e engajamento irrepreensível.

A escrita é simples, direta e emocionalmente acessível, o que amplia o alcance da história e facilita a identificação do leitor. Em alguns momentos, a narrativa adota um tom mais linear e previsível, o que pode limitar a complexidade dramática. Ainda assim, essa escolha reforça o caráter acolhedor do livro e sua vocação para dialogar com leitores que buscam histórias de conforto, reflexão e reconhecimento pessoal.

Crítica – Cães de Caça é um retrato brutal da desigualdade e da corrupção coreana

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A Coreia do Sul vem se consolidando como uma potência audiovisual que vai muito além dos doramas românticos. Nos últimos anos, o país tem explorado, com maestria, os bastidores sombrios de sua própria sociedade — e Cães de Caça é um exemplo contundente dessa virada. Lançada pela Netflix, a primeira temporada da série é um soco no estômago: visceral, estilosa e crítica, ela mistura ação, drama social e comentários políticos, sem perder o ritmo ou a humanidade de seus personagens.

Entre o ringue e a rua: a luta pela sobrevivência

A trama se passa em plena pandemia de COVID-19 — um contexto que, mais do que pano de fundo, serve como metáfora da asfixia econômica e moral que paira sobre a sociedade. Kim Geon-woo (vivido com intensidade por Woo Do-hwan) é um jovem boxeador talentoso e honesto, que vê sua vida desabar quando sua mãe, dona de uma pequena mercearia, se endivida até o pescoço. O sonho de ser atleta profissional se transforma em um pesadelo de cobranças, humilhações e ameaças.

Ao lado do amigo Hong Woo-jin (interpretado por Lee Sang-yi, em um papel de lealdade comovente), Geon-woo acaba ingressando no universo dos empréstimos privados — uma indústria clandestina e brutal, onde cada dívida é uma sentença. Sob a tutela do lendário Sr. Choi (um excelente Heo Joon-ho), os dois aprendem que nem todos os agiotas são monstros — mas todos, em algum nível, estão presos a um sistema podre.

Choi, que outrora dominou o submundo financeiro, ressurge com uma nova proposta: emprestar dinheiro sem juros aos mais necessitados, tentando equilibrar a balança da injustiça. É um ideal nobre, mas ingênuo — e logo o grupo entra em rota de colisão com Kim Myeong-gil (vivido com frieza e carisma por Park Sung-woong), CEO da Smile Capital e símbolo máximo da ganância que consome os vulneráveis.

Corrupção como estrutura, não exceção

A série não economiza nas críticas à corrupção política e econômica que permeia a Coreia do Sul — e, por extensão, qualquer país moderno onde a desigualdade é normalizada. Desde o primeiro episódio, a série escancara o vínculo entre os agiotas e os bastidores do poder, revelando como empresários, políticos e forças policiais se entrelaçam em um mesmo jogo de interesses.

Em vez de transformar o crime em espetáculo, o roteiro faz o oposto: revela como ele se infiltra no cotidiano. As ruas, as academias, as pequenas lojas de bairro e os escritórios luxuosos se tornam arenas de guerra, onde os “caçadores” e os “caçados” trocam de papéis a todo instante.

A violência é seca, física, quase artesanal. Em um país com uma das legislações mais rigorosas do mundo contra armas de fogo, as cenas de luta ganham uma autenticidade visceral. Punhos, facas e canivetes substituem pistolas e explosões, e o resultado é uma brutalidade quase tátil — dolorosa de assistir, mas impossível de ignorar.

O corpo como campo de batalha

O corpo em Cães de Caça é tanto arma quanto símbolo. Kim Geon-woo carrega no rosto uma cicatriz profunda — resultado de um confronto que o marca física e emocionalmente. Essa ferida é mais que um traço estético: é o retrato da violência que o sistema imprime em quem ousa resistir.

A série é repleta de coreografias de luta impressionantes, com direção de ação digna dos melhores thrillers asiáticos. Nada é gratuito. Cada soco é uma escolha moral, cada queda um lembrete de que sobreviver, ali, é um ato de resistência. A ausência de armas de fogo amplifica o realismo e confere um senso de urgência que poucas produções ocidentais conseguem reproduzir.

Entre o drama humano e o noir urbano

Apesar da brutalidade, a trama é, acima de tudo, uma história sobre compaixão. O vínculo entre Geon-woo, Woo-jin e o Sr. Choi é o coração da narrativa. São personagens que tentam, de alguma forma, manter um resquício de ética em um mundo onde tudo tem preço. Há uma sensibilidade latente nos pequenos gestos — como o cuidado do protagonista com sua mãe, ou a solidariedade entre boxeadores em meio ao caos.

Visualmente, a série aposta em uma estética fria e contrastante. As ruas de Seul são filmadas com tons metálicos, enquanto os interiores — academias, lojas, apartamentos modestos — ganham uma luz mais quente e humana. Essa dicotomia reforça o embate central da trama: o sistema desumaniza, mas as relações ainda podem redimir.

Pandemia e desigualdade: um retrato de época

Ambientar a história durante a pandemia não é um acaso. A série transforma esse período recente em espelho social: enquanto muitos tentavam sobreviver ao vírus, outros enfrentavam uma crise econômica devastadora. Cães de Caça mostra como a desigualdade não é apenas estatística, mas uma questão de vida ou morte.

O vírus, nesse contexto, é apenas uma face de uma infecção muito mais antiga — a do dinheiro fácil, da exploração e da ausência de empatia. A mensagem é clara: a pandemia não criou a desigualdade, apenas escancarou o que já existia.

Elenco e atuações: um equilíbrio entre força e fragilidade

Woo Do-hwan entrega uma das atuações mais intensas de sua carreira, alternando vulnerabilidade e fúria com naturalidade impressionante. Seu Geon-woo é o herói relutante por excelência — alguém que apanha, sangra e ainda assim insiste em acreditar na bondade.

Lee Sang-yi funciona como o contraponto perfeito: mais racional, mas igualmente marcado pela lealdade. Já Park Sung-woong rouba todas as cenas em que aparece — seu vilão é tão elegante quanto aterrorizante. E Heo Joon-ho, veterano absoluto, oferece uma performance contida e magnética, transformando o Sr. Choi em uma figura quase mítica.

Dica no Viki – O Presidente da Minha Escola combina romance e rivalidade em drama BL tailandês

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Foto: Reprodução/ Internet

Se você gosta de dramas BL com uma boa dose de comédia e romance adolescente, precisa conhecer O Presidente da Minha Escola, disponível na Viki. Essa série tailandesa de 2022 tem tudo: rivalidade, momentos fofos, decisões difíceis e até um clube de música em perigo — e vai te conquistar do início ao fim.

A história gira em torno de Gun (Fourth Nattawat Jirochtikul), que comanda o clube de música da escola com paixão e dedicação. Mas, claro, nada é tão simples: seu maior rival é Tinn (Gemini Norawit Titicharoenrak), filho do diretor, que quer acabar com vários clubes extracurriculares que considera “inúteis”, incluindo o clube de música. Para tentar salvar o seu espaço amado, Gun decide se candidatar a presidente do conselho estudantil.

O que começa como uma disputa de poder rapidamente se transforma em algo muito mais interessante. Entre provocações e desafios, Gun descobre que Tinn guarda um segredo: ele tem uma paixão secreta por Gun. E aí começa a mágica da série: rivalidade e romance andando de mãos dadas, com momentos engraçados, fofos e até de tensão, que vão fazer você torcer para que o amor floresça e o clube de música sobreviva.

O elenco ajuda muito a tornar essa história tão cativante. Gemini Norawit Titicharoenrak (Tinn) e Fourth Nattawat Jirochtikul (Gun) têm uma química incrível, conseguindo transmitir tanto a rivalidade quanto a ternura que vai surgindo entre os personagens. O time de apoio também é ótimo: Winny Thanawin Pholcharoenrat, Satang Kittiphop Sereevichayasawat, Ford Allan Asawasuebsakul e Prom Theepakon Kwanboon complementam a história, tornando o ambiente escolar ainda mais divertido e cheio de vida.

Por trás das câmeras, Au Kornprom Niyomsil dirige a série com cuidado, equilibrando cenas engraçadas com momentos mais dramáticos. E o resultado é uma narrativa leve, mas emocionante, que fala de amizade, amor, coragem e da luta para proteger aquilo que você ama. O clube de música não é apenas um detalhe da história: ele simboliza paixão, união e a importância de lutar pelo que importa.

Além da história e do elenco, a série também chama atenção pela produção caprichada. A escola, os uniformes, a fotografia e a trilha sonora ajudam a criar um clima envolvente que deixa o público imerso na narrativa. As apresentações do clube de música são um dos pontos altos, trazendo energia, emoção e momentos que ficam na memória.

“O Presidente da Minha Escola” é, acima de tudo, uma série sobre descobertas pessoais, crescimento e o poder do amor e da amizade. Mesmo sendo uma história de rivalidade escolar, ela consegue equilibrar leveza e profundidade, oferecendo risadas, suspiros e aquele quentinho no coração que só um bom romance BL consegue trazer.

Se você está buscando algo leve, divertido e que ainda traga emoção de sobra, essa série é uma ótima pedida. Gun e Tinn provam que às vezes, os maiores desafios podem trazer os momentos mais inesperados e bonitos da vida. Entre aulas, reuniões de conselho estudantil e música, a série mostra que rivalidade pode virar amizade… e talvez até amor.

Quarteto Fantástico: Primeiros Passos dá um salto ousado, mas tropeça na bilheteria americana

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Foto: Reprodução/ Internet

Desde que a Marvel anunciou Quarteto Fantástico: Primeiros Passos, a expectativa era enorme. Afinal, o estúdio estava prestes a dar nova vida a uma equipe que, apesar da importância histórica, nunca teve um filme que realmente fizesse jus ao seu legado.

Com Pedro Pascal (de The Last of Us e The Mandalorian) no papel de Reed Richards, Vanessa Kirby (The Crown, Missão: Impossível – Efeito Fallout) como Sue Storm, Joseph Quinn (Stranger Things) como Johnny, e Ebon Moss-Bachrach (The Bear, Andor) como Ben Grimm, o hype estava lá em cima. E olha, a estreia até que foi animadora: o público fiel compareceu, a crítica ficou satisfeita, e as redes sociais vibraram. Só que… a empolgação durou pouco.

Logo na segunda semana, o filme viu sua bilheteria despencar quase 80% nos EUA, ligando um sinal de alerta não só para a Marvel Studios, mas para todo o setor de blockbusters de super-herói. Até agora, Primeiros Passos acumulou US$ 170 milhões no mercado doméstico e deve alcançar os US$ 200 milhões até o início da próxima semana — números bons, mas bem abaixo do esperado para um filme que deveria iniciar uma nova fase do MCU com força total. As informações são do Omelete.

A reinvenção do Quarteto

A proposta do filme é, sem dúvida, uma das mais criativas que a Marvel apresentou em anos. Ao invés de recontar pela terceira vez a origem da equipe, a trama nos joga direto em uma realidade alternativa: a Terra-828. Um universo retrofuturista, com vibes dos anos 60, cheio de tubos catódicos, carros voadores cromados e trilhas orquestradas que parecem saídas de um episódio de Jornada nas Estrelas clássico.

Nesse mundo, o Quarteto já é famoso, respeitado e amado. Reed lidera uma revolução científica global, Sue é uma diplomata poderosa e carismática, Johnny é um astro pop que voa em chamas e Ben… bem, Ben continua sendo o coração da equipe, mesmo coberto de rocha.

Tudo vai bem até que o céu literalmente começa a cair. A chegada do Surfista Prateado — aqui na versão Shalla-Bal — e a sombra devoradora de Galactus mudam o clima. A trama, então, se transforma em um drama sobre o fim iminente do mundo, a gravidez de Sue e o nascimento do filho do casal, Franklin, que parece carregar um poder cósmico capaz de desafiar até o próprio destino.

O tom mais “Marvel adulto”

A jornada até a estreia não foi fácil. Depois da saída de Jon Watts da direção, o projeto passou para as mãos de Matt Shakman, conhecido por seu trabalho em WandaVision. E a escolha fez toda a diferença. Ao invés de um filme genérico de origem, Shakman trouxe densidade, um pouco de melancolia e um olhar mais autoral.

Com um time de roteiristas quase tão numeroso quanto o próprio elenco (Jeff Kaplan, Ian Springer, Josh Friedman, Eric Pearson, entre outros), o objetivo parecia ser claro: reinventar a equipe para um novo público, mantendo a alma dos personagens, mas sem as fórmulas do passado.

A ambientação europeia das filmagens (Londres, interior da Espanha e ilhas canárias) deu uma estética única ao longa. E a trilha sonora, com toques psicodélicos e instrumentos analógicos, deixou claro: esse Quarteto Fantástico é bem diferente dos que vieram antes.

O que dizem os críticos?

No geral, a recepção da crítica foi bastante positiva, embora longe de unânime. A maioria dos elogios recaem sobre Pedro Pascal e Vanessa Kirby, que entregam performances mais maduras e emocionalmente carregadas. Kirby, especialmente, rouba a cena em momentos delicados envolvendo a gestação e a iminência do sacrifício.

Visualmente, o filme também recebeu muitos aplausos. O design de produção, com seus painéis luminosos e laboratórios dignos de ficção pulp, é um refresco em meio à estética industrial que tomou conta de tantos filmes recentes da Marvel.

Mas nem tudo é perfeito. Muitos críticos destacaram problemas de ritmo, especialmente no segundo ato, e uma dificuldade crônica do filme em decidir se quer ser uma fábula familiar, uma ficção científica filosófica ou um espetáculo de ação. A ausência de um vilão “de carne e osso” — Galactus funciona mais como um conceito do que um personagem — também deixou um vácuo dramático.

E os fãs? (SPOILERS)

Nas redes sociais, o que se vê é um misto de entusiasmo e frustração. Os fãs de longa data do Quarteto se emocionaram com momentos como o nascimento de Franklin, a suposta morte de Sue (revertida de forma quase mística) e a revelação de que Johnny ainda esconde traumas da infância — um detalhe pequeno, mas que ganha peso no contexto do filme.

A cena pós-créditos, como de praxe, causou burburinho. Franklin, agora um bebê com olhos brilhando como estrelas, é visitado por uma figura misteriosa de capa verde em um laboratório isolado. Tudo indica que se trata de Victor Von Doom — o Doutor Destino finalmente dando as caras no MCU.

Para o fandom, esses momentos foram suficientes para garantir uma aprovação emocional. Já o público geral parece ter se desconectado. O tom mais sério, a trama fragmentada e a estética retrô não agradaram a todos — especialmente quem esperava algo mais parecido com os filmes recentes dos Vingadores.

Heróis cósmicos e dilemas humanos

Um dos méritos do filme é tentar responder a uma pergunta incômoda: como ainda emocionar o público em um universo onde deuses, magos e multiversos já são lugar-comum?

A resposta do roteiro é focar no humano. Reed tem medo de perder o filho. Sue quer proteger a família a qualquer custo. Johnny busca sentido para além da fama. Ben tenta entender se ainda é uma pessoa, mesmo após tudo que perdeu.

Esses dilemas ancoram o enredo e impedem que ele se perca completamente no espetáculo. Ainda assim, há uma sensação de que o filme quis dizer muito, mas nem sempre conseguiu costurar tudo com a clareza necessária.

A Marvel já confirmou a sequência? (SPOILERS)

Apesar da bilheteria instável, a Marvel anunciou oficialmente a sequência de Primeiros Passos. A trama deve continuar explorando a Terra-828, agora com Franklin crescendo e manifestando poderes capazes de remodelar o espaço-tempo. Rumores indicam que o Doutor Destino será o antagonista central, e há até conversas sobre o surgimento de um Conselho de Reeds — versões alternativas do Sr. Fantástico, cada uma com sua própria moralidade.

Mas, internamente, o estúdio sabe que precisa repensar a forma de lançar seus filmes. Com a audiência fragmentada e o desgaste natural do gênero, talvez o futuro do MCU dependa menos de explosões e mais de histórias com coração.

No fim das contas, vale a pena?

A nova produção do universo da Marvel não é perfeita — longe disso. Mas é um filme com ambição, com identidade visual forte e com personagens que, mesmo em meio ao caos cósmico, ainda se preocupam uns com os outros. É, talvez, o longa mais humano do estúdio desde Pantera Negra. A queda na bilheteria é um alerta? Sem dúvida. Mas também pode ser um reflexo de algo mais profundo: o público está mudando. E talvez, só talvez, esteja pedindo por algo que vá além da fórmula do herói contra vilão com o mundo em jogo.

No “Domingo Espetacular” de hoje (27/07), Roberto Cabrini expõe rede internacional de exploração sexual de brasileiras em Portugal

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Foto: Reprodução/ Internet

Um cenário de luxo, promessas de glamour e sucesso em uma das capitais mais cobiçadas da Europa. Por trás da fachada de spas refinados, festas exclusivas e aparência de prosperidade, escondia-se uma engrenagem perversa, alimentada pelo sofrimento silencioso de dezenas de mulheres. No Domingo Espetacular deste domingo, 27 de julho de 2025, o jornalista Roberto Cabrini volta à linha de frente do jornalismo investigativo ao revelar os bastidores de um esquema internacional de exploração sexual que tem como figura central uma brasileira conhecida no circuito europeu da música eletrônica: Rebeka Episcopo, a DJ Beka. As informações são da Record.

A reportagem, que levou semanas de apuração em Lisboa, Cascais e outros pontos de Portugal, traz revelações inéditas sobre a atuação de uma organização que teria aliciado mulheres jovens sob a promessa de empregos legítimos na Europa, mas que acabavam vítimas de exploração sexual em uma rede de prostituição de alto padrão.

Do Mato Grosso do Sul para os holofotes da noite europeia

Nascida em Dourados, no Mato Grosso do Sul, Rebeka Episcopo construiu uma carreira meteórica fora do Brasil. Assumindo o nome artístico de DJ Beka, ela passou a comandar festas badaladas em Lisboa e outras cidades europeias, atraindo um público elitizado e construindo um império de negócios ao seu redor. Com o tempo, abriu dois spas de luxo – um em Lisboa, outro em Cascais –, vendendo a imagem de uma empresária moderna, independente e antenada com o mercado do bem-estar.

Mas por trás dessa imagem pública de sucesso e empoderamento feminino, as autoridades portuguesas afirmam ter descoberto uma rede de crimes silenciosos. Em abril deste ano, Rebeka foi detida pela Polícia Judiciária, acusada de chefiar uma organização criminosa voltada à exploração sexual de mulheres, com foco principal em brasileiras em situação de vulnerabilidade.

A reportagem de Cabrini vai além das manchetes e escuta todos os lados: a empresária, seus acusadores, vítimas e especialistas em tráfico humano. Com a precisão e o comprometimento que marcaram sua carreira, o jornalista revela as múltiplas camadas desse caso complexo e perturbador.

O convite para o sonho europeu

O modo de atuação da rede, segundo as investigações, começa com anúncios sedutores nas redes sociais e grupos de WhatsApp. Promessas de emprego em Portugal como recepcionista, massoterapeuta ou hostess de eventos privados vinham acompanhadas de fotos luxuosas dos spas, além de vídeos de festas eletrônicas com presença de influenciadores e celebridades locais.

“Quando vi o anúncio, parecia tudo muito sério. Eles diziam que ofereciam passagem aérea, moradia e treinamento. Me senti segura”, conta uma jovem brasileira de 22 anos, entrevistada por Cabrini sob sigilo. O que parecia uma oportunidade de recomeço, porém, virou pesadelo.

Segundo ela, ao desembarcar em Lisboa, foi levada diretamente a um alojamento onde teve o celular confiscado e passou a ser pressionada a “faturar” rapidamente para quitar as supostas dívidas do translado. “Eles diziam que eu tinha uma dívida de três mil euros, e que só poderia sair dali quando pagasse. Mas eu nunca assinei nada.”

Essa lógica da dívida – comum em casos de tráfico de pessoas – é uma das estratégias usadas para aprisionar psicologicamente as vítimas. Elas passam a se sentir culpadas e encurraladas, muitas vezes sem documentos e sem dinheiro para retornar ao Brasil.

A fachada dos spas e festas privadas

Os estabelecimentos comandados por Rebeka – com estética minimalista, ambientes aromatizados e serviços de massagem – operavam legalmente, com CNPJ português e alvarás emitidos. No entanto, a polícia sustenta que parte dos atendimentos escondia práticas ilegais, como prostituição disfarçada de serviços de bem-estar. As investigações também apontam que festas exclusivas promovidas por DJ Beka e seus sócios funcionavam como “vitrines” para o aliciamento de clientes.

“A elite frequentava esses espaços. Empresários, jogadores de futebol, turistas ricos. Era tudo muito discreto, sem registro em redes sociais. O que acontecia ali era protegido por silêncio e conivência”, diz um ex-funcionário que também colaborou com a apuração de Cabrini.

Os encontros eram marcados por meio de aplicativos de mensagem e exigiam recomendações prévias. “Era uma rede de prostituição de luxo, e ela comandava como uma CEO. Nada acontecia sem o aval dela”, afirma um policial envolvido nas investigações, que falou sob anonimato.

A resposta de Rebeka: “Sou vítima de um complô”

Em liberdade provisória desde maio, Rebeka aceitou conversar com Cabrini em um apartamento alugado em Lisboa. Ciente da repercussão que o caso ganhou tanto no Brasil quanto na Europa, a empresária se diz alvo de perseguição e afirma que seus negócios sempre foram legítimos.

“Me transformaram em um monstro. Eu investi tudo nos meus empreendimentos, dei oportunidades para muitas mulheres, fui uma referência de sucesso. De repente, virei criminosa?”, questiona. Ela nega veementemente que tenha promovido exploração sexual. “O que minhas funcionárias faziam fora do expediente, ou com quem saíam, não é da minha conta. Nunca obriguei ninguém a nada.”

A empresária também critica a forma como foi presa. “Parecia filme de ação. Entraram armados, como se eu fosse terrorista. Humilharam meus clientes e revistaram tudo. No fim, não encontraram nada ilegal dentro do spa. Mas a imprensa já tinha me condenado.”

Cabrini a confronta com depoimentos e documentos obtidos durante a apuração, incluindo conversas entre ela e supostas vítimas. Ela não nega os prints, mas afirma que foram “tirados de contexto”. Para a defesa de Beka, as acusações são frágeis e sustentadas por “relatos inconsistentes de pessoas ressentidas”.

O sofrimento das vítimas

Cabrini também dá voz a mulheres que viveram sob o controle da rede. Uma delas, que conseguiu fugir com ajuda de um cliente, relata episódios de ameaça velada e manipulação emocional. “Eles diziam que, se eu falasse alguma coisa, iriam contar para minha família o que eu fazia. Eu tinha vergonha. Me senti suja, sozinha.”

Outra jovem afirma que só descobriu que estava sendo explorada quando tentou sair do spa. “Me disseram que, se eu saísse, minha dívida dobrava. E começaram a vazar minhas fotos íntimas para me chantagear.”

Muitas dessas mulheres vinham de histórias de pobreza, abuso ou falta de perspectivas no Brasil. “A Europa virou uma promessa de salvação. Mas para nós, virou uma prisão bonita”, resume uma delas, com lágrimas nos olhos.

O tráfico de mulheres: uma rede transnacional

O caso de DJ Beka não é isolado. Especialistas ouvidos por Cabrini explicam que há um crescimento preocupante de redes de tráfico humano com foco na exploração sexual de brasileiras na Europa. Segundo dados da Interpol, o Brasil está entre os dez países com maior índice de mulheres traficadas para fins de exploração sexual no continente.

“A tecnologia facilitou esse mercado. Hoje, o recrutamento é feito online, com aparência de legalidade. É uma armadilha digital”, alerta a socióloga portuguesa Mariana Silva, que estuda o fenômeno. “Essas redes têm braços no Brasil e conexões com máfias locais na Europa. Elas vendem um sonho para lucrar com o corpo e a dor de mulheres vulneráveis.”

O caso de Rebeka, por sua notoriedade e abrangência, pode abrir precedentes para novas investigações. Já há indícios de que parte dos lucros obtidos com os spas eram transferidos para contas em paraísos fiscais. Há também suspeitas de que o grupo tenha tentáculos em cidades como Barcelona, Genebra e até Dubai.

Cabrini: jornalismo como instrumento de denúncia

A reportagem é um exemplo do trabalho que consagrou Roberto Cabrini ao longo das décadas: o mergulho profundo em temas complexos, com olhar humano, apuração rigorosa e compromisso com a verdade. Em sua fala ao final da entrevista, Cabrini ressalta a importância de não se calar diante do sofrimento alheio.

“Estamos falando de vidas marcadas por dor, vergonha, humilhação. De jovens que cruzaram o oceano em busca de dignidade e encontraram violência. Esta reportagem não é sobre uma DJ. É sobre o sistema que lucra com o silêncio de mulheres. E é nosso dever romper esse silêncio.”

Family Law | Drama canadense retorna com exclusividade ao Universal+ no Brasil a partir de 6 de agosto

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Foto: Reprodução/ Internet

Um escritório de advocacia administrado por uma família disfuncional, onde os processos mais complicados são, na verdade, os internos. É com essa mistura de afeto mal resolvido, ressentimentos acumulados e laços inquebrantáveis que Family Law retorna para sua aguardada quarta temporada. A série canadense, criada por Susin Nielsen, volta ao ar em 6 de agosto no Universal+ com 10 episódios inéditos que prometem levar os personagens — e o público — a um novo patamar de emoção.

Mas o que torna a série diferente de tantos outros dramas jurídicos disponíveis no streaming? Talvez a resposta esteja no fato de que, antes de qualquer audiência no tribunal, as batalhas mais intensas acontecem entre quatro paredes, nas conversas atravessadas entre pai e filha, nas decisões impensadas entre irmãos, nos olhares que carregam décadas de mágoas e, principalmente, na difícil arte de se perdoar.

Abigail Bianchi: uma mulher tentando reconstruir a vida — e a confiança

Interpretada com vulnerabilidade e força por Jewel Staite (Firefly, The Killing), Abigail Bianchi não é apenas uma advogada talentosa. Ela é uma mulher em reconstrução. Sua jornada começou lá na primeira temporada, quando, após ser flagrada em uma situação comprometida por conta de seu vício em álcool, sua carreira desmoronou. A saída? Voltar às origens, ainda que essas origens significassem trabalhar no escritório do pai com dois irmãos que ela mal conhecia.

Na quarta temporada, Abigail está mais centrada — ou tenta estar. Ainda em processo de recuperação e buscando manter sua sobriedade, ela se vê diante de novos dilemas: um namorado que recai no álcool, uma filha adolescente que cobra atitudes e uma rotina de trabalho que exige equilíbrio emocional que nem sempre ela tem.

O arco de Abigail é dolorosamente humano. Não se trata apenas de recomeçar, mas de encarar os próprios erros e tentar, todos os dias, ser alguém melhor — por si mesma e por quem ama. Em tempos de séries com protagonistas perfeitos ou completamente autodestrutivos, é revigorante acompanhar alguém real, cheia de nuances, tropeços e coragem.

Os Svensson: onde amor e tensão dividem a mesma sala

Victor Garber (Alias, Titanic) vive Harry Svensson, o patriarca da família e figura central dessa trama. Dono do escritório de advocacia e de uma visão pragmática do mundo, Harry não é o tipo de pai que oferece abraços, mas o tipo que cobra resultados. Ainda assim, ao longo das temporadas, ele se mostra vulnerável, especialmente quando confrontado com as fragilidades dos filhos e os próprios limites.

Na nova temporada, Harry arrisca tudo em uma tentativa de fusão com um escritório rival. É um movimento ousado, que promete estabilidade financeira, mas que esconde armadilhas emocionais e profissionais. Afinal, será que vale a pena perder o controle em nome do crescimento?

Enquanto isso, Daniel (Zach Smadu), o irmão mais racional, e Lucy (Genelle Williams), a irmã mais empática, tentam encontrar seu lugar dentro da família e do escritório. E o que antes parecia apenas uma história sobre advogados se torna, episódio a episódio, uma saga sobre identidade, pertencimento e cicatrizes.

Rir também é preciso: o humor que emerge do caos

Apesar da carga emocional densa, a produção não se leva excessivamente a sério. É justamente nos momentos de alívio cômico que a série encontra sua humanidade. Uma piada dita fora de hora, um olhar cúmplice entre irmãos, um silêncio constrangedor na sala de reuniões — todos esses elementos constroem uma atmosfera que flerta com o drama, mas também acolhe a leveza.

Victor Garber ressalta esse equilíbrio como um dos maiores trunfos da série. “O que me encantou em Family Law desde o início foi a chance de interpretar alguém que pode ser sério e engraçado ao mesmo tempo. A vida é assim, não é? Rimos no meio do caos, fazemos piada para não chorar. E a série capta isso muito bem”, disse o ator ao Universal+.

Família é tribunal sem juiz

Family Law funciona porque, no fundo, todos nós já estivemos ali — em maior ou menor escala. Quem nunca enfrentou uma conversa difícil com os pais? Quem nunca sentiu que era o elo frágil de uma relação? A série mostra que não existe tribunal mais complexo do que uma mesa de jantar com segredos guardados por anos. O roteiro de Susin Nielsen evita soluções fáceis. A cada temporada, as reconciliações são construídas com cuidado, com tropeços e recaídas, com tentativas falhas e acertos inesperados. Não há vilões nem heróis — só pessoas tentando fazer o melhor com o que têm.

O que esperar da nova temporada?

A quarta temporada promete ser a mais intensa até agora. Além da tensão familiar, novos casos jurídicos colocam à prova a ética dos personagens, seu senso de justiça e, claro, os limites do amor fraternal. Abigail viverá um triângulo amoroso inesperado e terá que rever suas prioridades afetivas. Lucy enfrentará dilemas sobre maternidade e identidade. E Daniel será desafiado a sair da zona de conforto e rever sua postura dentro da empresa — e da família. O escritório dos Svensson, sempre à beira de um colapso, também enfrentará momentos decisivos. A possível fusão com o escritório rival abrirá velhas feridas e trará novas rivalidades. É o tipo de temporada que promete transformar a série — e seus personagens — de forma definitiva.

Expedição Rio 10/05/2025 revisita cenários marcantes de Escrava Isaura, Avenida Brasil e Cara & Coragem

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No terceiro episódio da série especial Expedição Rio nas Telas: As Histórias que o Rio Não Conhece, exibido neste sábado, 10 de maio de 2025, a TV Globo segue celebrando seus 60 anos com uma viagem pelo tempo e pelos cenários que marcaram algumas das novelas mais emblemáticas da teledramaturgia brasileira. Sob o comando dos apresentadores Alexandre Henderson e Daniella Dias, o programa percorre desta vez regiões do Médio Paraíba, Zona Oeste e Zona Norte do Rio de Janeiro, revisitando locações históricas, personagens marcantes e paisagens deslumbrantes que ajudaram a contar grandes histórias.

Ipiabas: a herança do café e o legado de Escrava Isaura

O episódio começa em Barra do Piraí, no distrito de Ipiabas, onde o passado do Brasil se entrelaça com a ficção. A região, que guarda fortes marcas do Ciclo do Café — período de grande importância econômica e social para o país — serviu de cenário para a clássica novela Escrava Isaura, exibida pela primeira vez em 1976 e vendida para mais de 100 países.

A obra, que retrata com sensibilidade e força a escravidão no Brasil e o movimento abolicionista do século XIX, ganha novo fôlego com a visita à fazenda onde foram gravadas cenas marcantes da trama. Acompanhados pelo ator e escritor Will Moret, fã declarado da novela, os apresentadores exploram o local e resgatam memórias da produção que alçou Lucélia Santos ao estrelato internacional como a protagonista Isaura. Moret, além de guiar o passeio, compartilha impressões sobre o impacto cultural da novela e seu valor histórico na representação de um passado doloroso, mas necessário de ser contado.

Café, tradição e sabor em Volta Redonda

A poucos quilômetros dali, a expedição segue para Volta Redonda, onde o aroma do café reforça a identidade cultural da região. Ali, Alexandre e Daniella visitam uma tradicional fábrica com mais de 80 anos de história, referência no Vale do Café. Eles acompanham, ao lado do especialista e provador de café Tomaz Paulino de Luna, todas as etapas da produção: da colheita do grão à torra, moagem e distribuição. O momento serve não apenas para mostrar a qualidade do café brasileiro, mas também para reforçar a importância econômica e afetiva dessa bebida no cotidiano do país.

Subúrbio em destaque: os bastidores de Avenida Brasil

A Zona Norte do Rio é o próximo destino da expedição, com destaque para os bairros de Guadalupe e Madureira, onde foi ambientada parte da trama de Avenida Brasil (2012), uma das novelas de maior repercussão da história recente da TV. Foi ali que nasceu o fictício bairro do Divino, ponto de encontro dos personagens vividos por Cauã Reymond (Jorginho), Bruno Gissoni (Iran), Daniel Rocha (Roni) e Thiago Martins (Leandro), jogadores do time Divino Futebol Clube.

Cauã Reymond participa do episódio e relembra o impacto pessoal e profissional do papel. “O Jorginho era um cara triste, atormentado. Ele mexeu muito comigo. Minha mãe foi adotada, perdeu a irmã por desnutrição. A história dele bateu forte em mim. Demorei um tempo para fazer as pazes com tudo aquilo que vivi durante a novela”, conta. O ator também destaca a identificação popular com a obra: “A novela falava do subúrbio, da nova classe média, das contradições sociais. Acho que o sucesso foi porque as pessoas se viam ali. Era um elenco brilhante, todo mundo teve seu momento”.

Nas redondezas, a vida imita a arte: os apresentadores visitam o clube Divino Futebol Desastre, criado em 2005 por jovens da Paróquia Divino Espírito Santo e São João Batista, que transformaram a paixão pelo futebol — e pela novela — em realidade. O grupo se mantém ativo até hoje, reunindo jovens em campeonatos comunitários e promovendo o esporte como instrumento de inclusão.

Emoção e ação: os extremos de uma mesma cidade

De volta à Zona Oeste, o programa recria um dos momentos mais intensos de Avenida Brasil. Na Praia da Reserva, Alexandre e Daniella refazem o caminho da icônica cena em que Carminha (Adriana Esteves) enterra Nina (Débora Falabella) viva em uma cova improvisada na areia. A reconstituição da sequência remete à força dramática da produção, que marcou época pelo seu roteiro ousado e pela atuação visceral do elenco.

Encerrando o episódio, o público é levado a um dos pontos mais belos — e ainda pouco conhecidos — do Rio de Janeiro: a Pedra do Picão, em Barra de Guaratiba. Com uma vista panorâmica para o mar, o local foi utilizado como cenário para Cara & Coragem (2022), novela que acompanhava as aventuras de dois dublês, Pat (Paolla Oliveira) e Moa (Marcelo Serrado). Inspirados pelos personagens, os apresentadores vivem um momento de adrenalina ao experimentar esportes radicais no alto da pedra, celebrando o espírito ousado da trama e a beleza natural carioca.


Um mergulho na história da TV e do Rio

Expedição Rio nas Telas vai além da nostalgia: é um convite para redescobrir o Rio de Janeiro com outros olhos — os da arte, da memória e da emoção. Neste terceiro episódio, o programa mostra que as novelas não só contaram a história do Brasil, como também ajudaram a eternizar paisagens, vozes e rostos que continuam a ressoar nas telas e no coração dos brasileiros.

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