Crítica – Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan é mais obscura e trágica do que seus antecessores

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O filme é uma superprodução francesa que presta uma emocionante homenagem ao grande cinema de aventuras. Sob a direção de Martin Bourboulon e com um roteiro assinado por Matthieu Delaporte e Alexandre de La Patellière, a obra apresenta um elenco estelar, com Vincent Cassel e Eva Green em papéis de destaque. Com estreia marcada para 20 de abril de 2023, o filme é apenas a primeira parte de um projeto ambicioso, que terá sua continuidade no final do ano. O longa-metragem foi cuidadosamente planejado para recriar a França do século XVII, a época em que a história, baseada na obra de Alexandre Dumas, se desenrola.

A trama segue D’Artagnan (François Civil), um jovem gascão audacioso que chega a Paris com o sonho de se tornar mosqueteiro. Após um duelo no qual é dado como morto, ele se vê envolvido em uma intrincada conspiração contra o rei Luís XIII (Louis Garrel), liderada pelo temido cardeal Richelieu (Eric Ruf) e pela enigmática Milady de Winter (Eva Green).

Embora o filme tome algumas liberdades criativas em relação ao texto original, como suavizar a tensão sexual presente no livro de Dumas, ele mantém os principais elementos da narrativa. O encontro de D’Artagnan com Athos (Vincent Cassel), Porthos (Pio Marmai) e Aramis (Romain Duris), o trágico passado de Athos, a transformação de D’Artagnan de um jovem inexperiente em um herói maduro, e as cenas de combate brutais e realistas são representados com fidelidade ao material original.

Com uma produção milionária, o filme recria com maestria o ambiente da época, apresentando confrontos corpo a corpo dinâmicos e visualmente impressionantes. O elenco, liderado por Vincent Cassel como Athos, traz profundidade e vida aos personagens. Eva Green, como Milady de Winter, oferece uma interpretação intrigante e misteriosa, que embora pudesse ser mais explorada, ainda assim brilha em sua performance.

A estética do filme é marcada por transições e escolhas de fotografia que evocam a sensação de que a história saiu diretamente de um livro. A abordagem do diretor Martin Bourboulon traz uma visão moderna e pessoal à história, como se ele tivesse respirado as aventuras dos Mosqueteiros desde a infância.

No entanto, a produção peca em alguns momentos ao tentar equilibrar a intensidade das cenas de ação com os momentos mais dramáticos e até cômicos. A tentativa de criar uma atmosfera mais pesada pode, às vezes, parecer deslocada, especialmente na transição entre diferentes tons emocionais. Apesar disso, os elementos visuais e a direção são tão satisfatórios que esses pequenos desvios não diminuem o impacto geral do filme.

A obra é uma adaptação mais sombria e trágica do que suas antecessoras, sem perder o espírito aventureiro e lúdico que caracteriza a obra de Dumas. É uma das adaptações mais respeitosas do clássico da literatura mundial, trazendo à tona um clássico imortal em um cenário moderno de aço, aventuras e desafios.

Crítica – Abracadabra 2 é uma verdadeira emoção de nostalgia 

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O longa-metragem Abracadabra 2 é uma celebração emocionante para os fãs da versão original de 1993. Sob a direção de Anne Fletcher, o filme extrai uma abundância de nostalgia, mesclando habilmente o antigo e o novo em uma produção que encanta espectadores de todas as idades. Embora a primeira versão não seja isenta de críticas, a sequência se destaca por sua abordagem suave e acessível, tornando-a apropriada para toda a família.

As protagonistas Bette Midler, Sarah Jessica Parker e Kathy Najimy retornam como as icônicas irmãs Sanderson, e suas performances são um destaque absoluto. É impressionante como elas se entregam completamente aos seus papéis, fazendo com que pareça que o tempo não passou entre as aventuras. Uma cena particularmente memorável é a versão no estilo jukebox de uma canção famosa de Elton John, que se torna um ponto alto do filme e serve como uma poderosa ferramenta de promoção para atrair os entusiastas de produções musicais.

Mais leve e menos assustador do que seu antecessor, a sequência respeita a essência da versão original enquanto traz elementos novos e emocionantes para a trama. A sequência não apenas proporciona uma dose saudável de nostalgia, mas também expande a história das Irmãs Sanderson, prometendo enriquecer ainda mais o catálogo da Disney+ e oferecer uma experiência encantadora para novos e antigos fãs.

Crítica – O Telefone Preto é um terror psicológico que explora traumas e inocência perdida

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O Telefone Preto, dirigido por Scott Derrickson e estrelado por Mason Thames, Madeleine McGraw e Ethan Hawke, apresenta uma narrativa sombria ambientada em Denver, uma pequena cidade nos Estados Unidos. O filme segue uma série de sequestros de crianças cometidos por um serial killer mascarado, que usa uma van para capturar suas vítimas. Ele as aprisiona em um porão, onde cria um jogo psicológico mortal, no qual as crianças devem tentar escapar antes de serem assassinadas. Esse jogo macabro é chamado de “Menino Travesso”.

A trama se intensifica com a personagem Gwen, irmã de Finney Shaw, um garoto de 13 anos que é o mais recente sequestrado. Gwen começa a ter sonhos perturbadores com as crianças assassinadas, o que a leva a uma busca desesperada para entender essas visões e descobrir uma maneira de ajudar seu irmão a escapar. A polícia, intrigada com os sonhos de Gwen, tenta usá-los como pista para avançar na investigação.

O filme também aborda os traumas do pai de Finney e Gwen, que ainda é atormentado pela morte repentina da esposa, que também tinha sonhos sobrenaturais. Ele culpa esses sonhos pela morte dela e tenta impedir a filha de se aprofundar em suas visões, gerando conflitos sobre como esses sonhos poderiam ajudar na busca pelo irmão.

Embora o longa não seja uma produção de terror tradicional, ele explora temas que fazem o público refletir sobre os traumas da infância, que podem roubar a inocência de crianças sequestradas ou que enfrentaram tentativas de sequestro.

O filme mantém o espectador preso e hipnotizado do início ao fim, fazendo com que todos torçam por Finney em sua luta para escapar do sequestrador, que parece ser intocável, passando despercebido pelas autoridades e não levantando suspeitas. Um elemento intrigante é o uso da máscara pelo sequestrador e o simbolismo das bolas pretas nos sonhos de Gwen. Nas cenas finais, é revelado que o vilão teme mostrar seu rosto, o que adiciona uma camada de mistério e terror ao personagem.

O elemento sobrenatural do filme é destacado pelo toque de um antigo telefone preto, aparentemente fora de serviço, mas que toca para Finney de forma inexplicável. As ligações são feitas pelas crianças mortas, que tentam ajudar Finney a escapar. Essa comunicação sobrenatural levanta questões sobre como sequestradores podem operar nas cidades sem levantar suspeitas e como o trabalho da polícia pode ser ineficaz ao se concentrar apenas no óbvio.

Vale a pena assistir o filme?

O longa-metragem apresenta uma história simples de terror sobrenatural, focada no embate entre o bem e o mal, mas se destaca pela criação de tensão e pelo desenvolvimento da relação afetuosa entre os irmãos protagonistas. Essa dinâmica gera empatia e faz refletir sobre experiências traumáticas na infância. Com um final surpreendente, o filme provoca reflexões sobre a segurança nas cidades e a eficácia das autoridades em lidar com crimes tão sinistros.

Crítica – Belo Desastre é divertido com sua parcela de falhas

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Investigando a história de Belo Desastre, somos apresentados a um enredo envolvente que gira em torno do relacionamento entre uma caloura chamada Abby Abernathy e um boxeador chamado Travis Maddox. O encontro deles desencadeia uma aposta simples que dá o tom para o resto da história. Travis desafia Abby para uma aposta: se ele perder a próxima luta, deve permanecer celibatário por um mês, mas se vencer, ela deve morar com ele por um mês.

À medida que a história se desenrola, vemos os personagens lidando com seus traumas do passado e lutando para seguir em frente com sua paixão. A adaptação cinematográfica do romance best-seller de Jamie McGuire é uma mistura que pode ser apreciada por sua abordagem única do enredo original. No entanto, para os fãs do livro, é essencial assistir ao filme, desvinculando-se completamente da trama do livro.

O filme, com suas cenas inesperadas e aleatórias, parece aqueles sonhos que não prometem nada e entregam tudo. Confuso às vezes, mas ainda consegue acertar o alvo com a comédia. O filme visava o drama e, embora tivesse alguns aspectos, teve mais sucesso com seus momentos cômicos que provocaram risos genuínos do público.

Embora o filme tenha algumas diferenças em relação ao livro, ele ainda consegue transmitir a tensão de duas pessoas lutando para aceitar seu passado e seguir em frente. Como leitora de toda a série de livros, fiquei um pouco decepcionada com alguns elementos do filme, mas ao mesmo tempo, acredito que assistiria novamente. Valeu a pena!

Em conclusão, a trama é um filme divertido com sua parcela de falhas, mas ainda consegue oferecer uma visão única do enredo original. Seja você fã do livro ou não, vale a pena dar uma chance a esse filme. E se você tiver alguma opinião, não se esqueça de deixar um comentário nas plataformas do Almanaque Geek! Obrigado por ler, e espero que tenha gostado.

Crítica – O Mal que Nos Habita apresenta cenas perturbadoras e carnificina sem limites

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Ao adentrarmos o universo dos filmes de terror focados em possessões demoníacas, somos imediatamente confrontados com elementos que estão firmemente gravados em nosso imaginário coletivo. Esses clássicos do gênero, muitas vezes marcados por uma atmosfera fria e uma forte carga religiosa, moldaram nossas expectativas, estabelecendo um padrão que se tornou previsível e repetitivo. No entanto, com o filme, o cinema de terror se reinventa, oferecendo uma experiência que desafia e subverte essas convenções.

‘O Mal que Nos Habita’ se destaca por sua abordagem audaciosa e inovadora, mergulhando o espectador em um território cinematográfico que desafia as normas estabelecidas. O filme não hesita em apresentar uma entidade maligna de forma brutalmente repulsiva, elevando a sensação de horror a novos patamares. A ambientação, além de aterrorizante, é complementada por uma representação visceral do hospedeiro, um ser humano devastado por condições extremas e sequelas profundas, o que intensifica a experiência perturbadora.

A crueldade implacável que permeia o enredo do filme não poupa nem mesmo as crianças inocentes, desafiando nossas concepções de segurança e moralidade. O longa-metragem vai além do terror convencional, apresentando uma brutalidade que força o público a confrontar o lado mais sombrio da existência humana. Esta abordagem implacável não apenas subverte as expectativas, mas também redefine o que significa estar verdadeiramente aterrorizado.

Os protagonistas do filme, envolvidos em complexos dramas familiares e circunstâncias adversas, são peças-chave na construção desta narrativa intrincada. Suas ações desencadeiam uma cadeia de eventos imprevisíveis, reminiscentes da queda de dominós, que conduz o público por uma jornada de terror psicológico e surreal. O enredo cuidadosamente elaborado provoca uma introspecção inquietante, desafiando o espectador a encarar o medo e a escuridão de uma maneira inédita.

A trama não se limita a seguir as fórmulas tradicionais do gênero; em vez disso, convida o público a explorar novas dimensões do medo. Sua narrativa inovadora e seu impacto visceral prometem capturar e perturbar até os mais destemidos, culminando em um desfecho que ressoa muito além dos créditos finais. Este filme não é apenas uma nova adição ao panteão dos filmes de terror, mas uma reimaginação ousada que redefine as fronteiras do gênero.

Crítica – Ghostbusters: Apocalipse de Gelo oferece uma viagem nostálgica

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Embora Ghostbusters: Apocalipse de Gelo busque capturar a magia dos clássicos que encantaram gerações, infelizmente, não consegue atingir a grandeza de seus predecessores. A direção de Gill Kenan, embora bem-intencionada, tropeça ao tentar preencher o filme com grandes nomes, resultando em uma nostalgia forçada. Esta tentativa de invocar os espíritos dos filmes anteriores acaba por desperdiçar o potencial do elenco e da trama, pois há pouco tempo em tela para um desenvolvimento adequado.

A nostalgia, ainda que forçada, desempenha um papel significativo no filme, transportando-nos para os dias em que os caçadores de fantasmas originais salvaram o mundo das ameaças sobrenaturais. Contudo, essa nostalgia não é suficiente para compensar as falhas na execução do roteiro, que se mostra desajeitada e inconsistente.

Os efeitos visuais merecem destaque, pois cumprem com excelência o que prometem, proporcionando ao público uma imersão impressionante no universo dos fantasmas e dos eventos sobrenaturais. O elenco, embora talentoso, parece subutilizado, pois carece de tempo suficiente para explorar plenamente seus personagens e suas interações.

Apesar de seus defeitos, o filme pode ser apreciado como uma dose de escapismo, oferecendo uma viagem nostálgica de volta à infância para aqueles que buscam uma distração leve. No entanto, para os fãs fervorosos da franquia que ansiavam por inovação e um resgate emocional das memórias, o filme pode acabar sendo uma decepção, pois não consegue reacender a chama da mesma forma que seus predecessores.

Crítica – The Beekeeper apresenta enredo envolvente e ação pulsante

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O filme se destaca como uma adição surpreendente ao gênero de ação, elevando-se além das expectativas comuns e oferecendo uma narrativa envolvente e repleta de energia. Longe de se limitar a ser um filme de ação típico, a produção se diferencia pela habilidade de Jason Statham, que dá vida a Adam Clay, um apicultor e ex-agente de uma organização clandestina. Sua interpretação transforma o personagem em um justiceiro complexo, com motivações profundas e pessoais que enriquecem a trama.

A narrativa do filme é marcada por uma série impressionante de cenas de combate, que misturam ação intensa com elementos cômicos, sempre sob a liderança carismática de Statham. A direção mantém o ritmo acelerado e a tensão elevada, garantindo que o público permaneça completamente engajado desde os primeiros momentos até o desfecho. A história é apresentada de forma direta, evitando distrações desnecessárias e proporcionando uma experiência cinematográfica intensa e imersiva.

O título ‘The Beekeeper’ não se limita a fazer referência ao hobby do protagonista, mas carrega uma simbologia profunda. A presença de abelhas e colmeias ao longo da trama adiciona camadas de significado, refletindo tanto os princípios pessoais de Adam Clay quanto os valores de sua antiga organização secreta. Essa metáfora subjacente enriquece a narrativa, oferecendo um olhar mais profundo sobre o personagem e sua jornada.

A trama é uma produção cinematográfica cativante que oferece uma alternativa refrescante para os fãs de histórias de ação. Com sua mistura inovadora de ação, comédia e simbolismo, o filme se destaca como uma opção envolvente e memorável para aqueles que apreciam tramas dinâmicas e personagens bem desenvolvidos.

Crítica – Coringa: Delírio a Dois traz visual hipnotizante em uma experiência inusitada

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“Coringa: Delírio a Dois” foi uma das sequências mais aguardadas dos últimos anos, prometendo uma nova e ousada abordagem para a icônica história de Arthur Fleck, o Coringa. Com Todd Phillips novamente na direção, o filme trouxe a promessa de um musical psicológico, o que despertou tanto curiosidade quanto ceticismo entre os fãs e críticos. No entanto, essa nova direção artística revelou-se um terreno delicado, e o resultado foi uma obra que, embora visualmente impressionante, divide opiniões pela sua execução narrativa e estética.

Phillips, mais uma vez, demonstra sua habilidade ao criar uma atmosfera densa e perturbadora. A cinematografia continua a ser um dos pontos altos do filme, com cenas que capturam de maneira belíssima o caos interno de Arthur Fleck. Através de ângulos inovadores e uma paleta de cores que mistura o sombrio com o vibrante, o diretor cria momentos de pura imersão visual, especialmente nas cenas introspectivas do protagonista. Contudo, ao transformar “Coringa: Delírio a Dois” em um musical, o cineasta parece ter se distanciado da essência brutal e complexa que definiu o sucesso do primeiro filme. A musicalidade, por mais bem coreografada que seja, interfere na intensidade emocional da trama, suavizando o impacto da jornada psicótica de Fleck.

A participação de Lady Gaga como Harley Quinn, uma adição muito aguardada, é um dos elementos mais comentados do filme. Sua interpretação da personagem, conhecida por sua relação caótica com o Coringa, traz momentos interessantes de cumplicidade com Joaquin Phoenix. A química entre os dois atores é inegável, mas o roteiro falha em aprofundar essa relação, deixando Harley como um elemento quase decorativo, em vez de uma força vital na narrativa. Gaga entrega uma performance intensa e multifacetada, mas sua presença é subaproveitada, o que gera uma sensação de que muito mais poderia ter sido explorado. Sua versão de Harley Quinn parece apenas tocar a superfície da personagem, sem mergulhar nas camadas de loucura e vulnerabilidade que fizeram dela uma figura tão fascinante.

O maior desafio do longa-metragem é seu ritmo. Depois de um início promissor, com tensões crescentes e diálogos intrigantes, o filme se perde em uma repetição cansativa de cenas que, ao invés de enriquecer a trama, acabam diluindo a intensidade emocional. A narrativa parece se arrastar, especialmente após os primeiros 40 minutos, tornando-se previsível e, por vezes, sem direção. O desenvolvimento de Arthur Fleck, que deveria aprofundar ainda mais sua psique torturada, acaba sendo prejudicado por números musicais que, embora visualmente impactantes, soam deslocados no contexto sombrio da história.

Há momentos de brilho no filme, especialmente na atuação de Joaquin Phoenix. Ele, mais uma vez, entrega uma performance visceral, capturando com maestria a vulnerabilidade e a insanidade de Fleck. A transformação do personagem, desde sua fragilidade inicial até a total aceitação de sua loucura, é um espetáculo doloroso de se assistir, e Phoenix carrega o filme com uma intensidade que poucos atores conseguiriam igualar. Contudo, mesmo sua atuação poderosa não consegue redimir as falhas estruturais do roteiro.

A decisão de misturar o sombrio com o musical pode ser vista como uma tentativa ousada de inovar o gênero, mas em “Coringa: Delírio a Dois”, o experimento parece ter saído pela culatra. O filme, ao tentar balancear o grotesco com a leveza musical, acaba criando uma experiência fragmentada. Enquanto a estética visual e as performances de Phoenix e Gaga são pontos de destaque, a trama em si perde o foco e a coesão, resultando em uma narrativa que falta profundidade e significado.

Para os fãs do primeiro filme, que se destacava pela crueza e profundidade emocional, o filme pode ser uma decepção. O potencial para uma sequência igualmente perturbadora e instigante está lá, mas é ofuscado por escolhas artísticas que não conseguem sustentar o peso da história. No final, o filme deixa uma sensação de que o Coringa merecia um tratamento mais alinhado com sua complexidade, e menos comprometido com experimentações que diluem seu impacto.

A trama é um filme que tenta inovar, mas acaba tropeçando em sua própria ambição. É uma experiência que, para alguns, será um fracasso narrativo; para outros, uma ousadia mal executada. Porém, o consenso parece ser que, embora Phillips tenha sido corajoso em tentar algo novo, o filme carece da mesma profundidade e impacto emocional que transformou o primeiro em um clássico moderno.

Crítica – Meu Filho, Nosso Mundo é uma reflexão entre gerações e identidades

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Dirigido por Tony Goldwyn, Meu Filho, Nosso Mundo oferece uma visão profunda e comovente das complexas dinâmicas familiares e das relações entre três gerações distintas. O filme é centrado em Max Brandel, interpretado por Bobby Cannavale, um pai que se esforça para superar um passado problemático e proporcionar uma vida melhor para seu filho Ezra, que vive com Transtorno do Espectro Autista. Max não apenas enfrenta os desafios diários de criar um filho com necessidades especiais, mas também lida com as heranças emocionais e ideológicas de sua própria infância.

A figura do avô, Stan, vivido por Robert De Niro, encarna a resistência às novas realidades e ao entendimento moderno do mundo. Sua dificuldade em aceitar as mudanças e a abordagem inovadora de Max destaca um conflito geracional significativo. Stan representa as tensões entre tradição e modernidade, levantando questões filosóficas sobre responsabilidade e ética na formação da identidade familiar.

A filosofia de Jean-Paul Sartre sobre liberdade e responsabilidade enriquece a narrativa do filme. Sartre argumenta que a liberdade está entrelaçada com a responsabilidade, e Max, ao tentar criar um ambiente onde seu filho possa desenvolver sua própria identidade, confronta as consequências de suas escolhas e limitações pessoais. Ele busca libertar-se das sombras do passado e construir um futuro diferente para Ezra, enquanto lida com a influência paternal de Stan.

O filme se destaca por sua abordagem sensível e respeitosa ao retratar o autismo. Em vez de tratar Ezra como uma mera condição a ser corrigida ou superada, o filme o apresenta como um indivíduo complexo, com suas próprias características e profundidades emocionais. A abordagem do diretor, Goldwyn, é particularmente notável por sua escolha estilística de alternar entre focar e desfocar personagens e cenários. Essa técnica visual não só ilustra a subjetividade da experiência de Ezra, mas também sublinha a riqueza e a complexidade das interações familiares.

A decisão de Goldwyn de utilizar essas técnicas visuais pode, a princípio, parecer artificial para alguns espectadores. No entanto, elas servem a um propósito mais profundo ao destacar a experiência interna e a percepção de Ezra, bem como a maneira como sua família interage e lida com sua condição. Através dessas escolhas estilísticas, o filme consegue criar um retrato mais inclusivo e genuíno do autismo, promovendo uma compreensão mais ampla e empática das dinâmicas familiares envolvidas. A narrativa, portanto, não apenas representa o autismo com maior sensibilidade, mas também enriquece o espectador com uma visão mais completa das complexidades emocionais e relacionais presentes na vida de Ezra e de sua família.

As atuações de Cannavale e De Niro intensificam a carga emocional do filme de maneira notável, oferecendo performances que vão além da superficialidade e mergulham profundamente nas dinâmicas familiares e nas lutas internas de cada personagem. Cannavale e De Niro trazem uma autenticidade e uma complexidade que ajudam a revelar as sutilezas das relações familiares, suas tensões, e suas nuances. A atuação de Cannavale é marcada por uma intensidade crua e vulnerável, enquanto De Niro oferece uma interpretação com um toque de sabedoria e gravidade.

Além disso, o filme trata o autismo com uma sensibilidade genuína e um respeito palpável. Em vez de reduzir o autismo a um estereótipo ou a um mero elemento narrativo, o filme promove uma maior conscientização ao explorar as nuances e os desafios enfrentados pelos indivíduos autistas e suas famílias. A abordagem é rica e humana, oferecendo uma visão detalhada e empática das experiências de vida, o que contribui para uma compreensão mais profunda e uma valorização das diversas formas de vivência e expressão. A representação honesta e cuidadosa do autismo ajuda a fomentar uma maior empatia e respeito pelo que é retratado, destacando a importância de um retrato autêntico e consciente na mídia.

O longa-metragem é uma exploração comovente e profunda das complexas interações entre gerações e da formação da identidade familiar. Através de uma perspectiva filosófica e uma representação cuidadosa, o filme convida o espectador a refletir sobre como as identidades são moldadas e transformadas pelos diálogos e conflitos dentro de uma família, oferecendo uma narrativa que é tanto emocional quanto intelectualmente provocativa.

Crítica – O Exorcista do Papa promete muito, mas não consegue entregar

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Foto: Reprodução/ Internet

O Exorcista do Papa é um filme que, apesar de sua promessa inicial, não consegue entregar uma experiência satisfatória. Com uma fotografia de qualidade, que se destaca pela iluminação e ângulos de câmera bem pensados, o filme falha em outras áreas cruciais, tornando-se um esforço cinematográfico cansativo e mal editado.

Uma das principais falhas do filme é a falta de coerência narrativa. As cenas parecem desconexas e não seguem uma linha clara de desenvolvimento, o que dificulta a compreensão da trama. Além disso, algumas sequências parecem ter sido incluídas apenas para estender a duração do filme, sem adicionar valor significativo à história. Isso contribui para uma experiência visual e emocional arrastada.

Embora o protagonista tenha um carisma inegável que consegue manter o espectador engajado até o final, o restante do elenco é subutilizado. Seus personagens carecem de profundidade e desenvolvimento, o que impede que o público se conecte com eles ou se importe com suas trajetórias.

O enredo do filme, previsível e repleto de clichês do gênero de terror, não oferece nada de novo ou inovador. A mistura de elementos típicos de filmes de sessão da tarde com temas de terror resulta em uma narrativa que não agrega nada de fresco ao gênero, e parece estar saturada pela falta de criatividade e originalidade.

Embora a fotografia seja um ponto positivo, não é suficiente para compensar as deficiências da narrativa e da edição. A qualidade visual não consegue salvar a experiência global, que é marcada por uma falta de coesão e um ritmo lento.

A obra é um filme que não se destaca no gênero de terror. Apesar de sua boa fotografia, a falta de coesão narrativa, personagens mal desenvolvidos e uma história previsível tornam a experiência de assistir ao filme cansativa e pouco envolvente.

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