O ator Omari K. Chancellor foi oficialmente escalado para a série Love Story, nova aposta antológica de Ryan Murphy para o canal FX, segundo informações exclusivas do Deadline. Chancellor interpretará o estilista Gordon Henderson, figura real do universo da moda e mentor de Carolyn Bessette, cuja influência foi decisiva na construção da imagem pública sofisticada da então consultora da Calvin Klein.
O projeto marca mais um desdobramento do universo de antologias de Murphy, ao lado de títulos como American Crime Story e American Horror Story. Inicialmente anunciada como American Love Story, a produção agora estreia sob o título encurtado e promete lançar um olhar íntimo, dramático e altamente estilizado sobre romances que marcaram a cultura americana contemporânea.
A temporada inaugural será centrada na intensa e trágica trajetória de John F. Kennedy Jr. (Paul Kelly) e Carolyn Bessette (Sarah Pidgeon). Ícones da década de 1990, o casal enfrentou o peso do legado dos Kennedy, a perseguição implacável da imprensa e pressões internas no casamento — até o fatídico acidente aéreo que vitimou os dois, além da irmã de Carolyn, Lauren Bessette, em 1999.
Além de Chancellor, o elenco principal reúne grandes nomes da indústria. Naomi Watts viverá Jacqueline Kennedy Onassis, Grace Gummer interpretará Caroline Kennedy, e Sydney Lemmon será Lauren Bessette.
Com produção do FX e envolvimento criativo direto de Ryan Murphy, Love Story aposta em uma abordagem emocionalmente sofisticada e visualmente marcante para revisitar os bastidores de amores célebres e tragédias modernas. A estreia está prevista para 2025 e deve figurar entre os projetos mais aguardados da próxima temporada de premiações.
Na sexta-feira, 18 de julho, o rapper Renegado lança o aguardado álbum “Marge Now”, marcando não apenas seus 17 anos de carreira, mas o início de uma fase profundamente autoral, livre e visceral. O projeto chega às plataformas digitais como um manifesto musical e existencial, em que o artista mineiro explora, sem amarras, as múltiplas camadas de sua identidade, de suas vivências e de sua arte.
Ao longo de quase duas décadas, Renegado se firmou como uma das vozes mais inquietas da música urbana brasileira. Do rap ao samba, do soul ao eletrônico, ele sempre transitou entre estilos com naturalidade, dialogando com diferentes gerações e públicos. No currículo, soma colaborações marcantes com Elza Soares, Samuel Rosa, Bebel Gilberto, Diogo Nogueira, Thiaguinho, Anitta, Rogério Flausino, Dona Onete, entre outros — parcerias que ajudam a dimensionar a pluralidade de sua trajetória.
Mas em “Marge Now”, o caminho é mais íntimo. É como se Renegado olhasse para dentro, para as margens do próprio ser, e deixasse que a música traduzisse aquilo que, muitas vezes, o mercado não quer ouvir: a complexidade, o incômodo, a liberdade. “Esse é o álbum mais verdadeiro da minha carreira”, confessa. “Um trabalho que nasceu sem filtros, sem a necessidade de agradar, mas com o compromisso de dizer o que precisa ser dito.”
O título, que une a palavra “marge” — evocando as bordas, as periferias, os limites — com a urgência do “now”, sintetiza o espírito do disco: falar a partir de um lugar que historicamente foi excluído do centro, mas que pulsa vida, arte e resistência com força. E falar agora.
Musicalmente, o álbum é um caldeirão de referências. A base é o rap, mas ele se entrelaça com influências do Afrobeat, do funk carioca, do Amapiano sul-africano, e até com as harmonias sofisticadas do Clube da Esquina — movimento que também nasceu em Minas Gerais e que, como Renegado, apostou no hibridismo como linguagem.
As faixas equilibram batidas dançantes com letras afiadas, que abordam desde questões sociais até reflexões pessoais, passando por afetos, espiritualidade, ancestralidade e reconstrução. A produção do disco aposta em atmosferas densas e expansivas, criando uma experiência sonora envolvente, que convida tanto à escuta profunda quanto ao movimento do corpo.
“Esse álbum é meu grito mais honesto. Não quis seguir fórmula, não quis encaixar em prateleira nenhuma. É sobre a minha verdade, sobre ocupar o espaço com a minha voz, com tudo o que sou: artista, negro, brasileiro, periférico, sensível”, destaca Renegado.
O disco estará disponível em todas as plataformas digitais a partir de 18 de julho — e promete marcar um antes e depois não só na carreira do rapper, mas na forma como a música urbana brasileira pode se afirmar: plural, politizada e profundamente humana.
Na madrugada desta quarta-feira (16), o programa Companhia Certa, apresentado por Ronnie Von, recebe um convidado que representa mais do que uma trajetória vencedora nas quadras: Alberto Bial, ex-jogador, técnico e referência no basquete nacional, compartilha suas reflexões sobre o futuro do esporte no Brasil, os desafios da longevidade profissional e a relação afetuosa com o irmão, o jornalista Pedro Bial.
Com 73 anos e mais de quatro décadas dedicadas ao esporte, Alberto segue ativo como coordenador técnico do Fortaleza Basquete Cearense, mas não esconde a inquietação com os rumos do cenário esportivo brasileiro. Durante a conversa, ele levanta um alerta importante: a dependência crescente de políticas públicas para manter projetos em andamento. “Com o passar do tempo, as leis de incentivo se tornaram a única ‘mola mestra’ do esporte. […] As leis estaduais funcionam, mas elas têm que alcançar a todos”, observa, num apelo para que a estrutura esportiva nacional seja mais ampla, inclusiva e sustentável.
Além do compromisso com o esporte, Bial traz ao centro do debate uma questão ainda pouco discutida nos bastidores do alto rendimento: o etarismo. Ele revela como o envelhecimento passou a impactar diretamente sua presença no mercado. “Estou muito bem no Fortaleza […] Mas tem uma coisa que luto muito: o etarismo. Aos 73 anos, com os cabelos brancos, os convites para comandar equipes de alto rendimento diminuem drasticamente. É uma discriminação por conta da idade”, desabafa, com serenidade, mas sem deixar de transmitir a frustração de quem ainda tem muito a oferecer — e nem sempre é enxergado por isso.
Alberto Bial não apenas abriu portas no basquete brasileiro; ele formou gerações, construiu legados e segue atuando como um elo entre o passado e o futuro do esporte. E sua história também carrega um traço curioso e afetivo: o parentesco com Pedro Bial, um dos jornalistas e apresentadores mais conhecidos do país. O técnico relembra com bom humor as vezes em que foi confundido com o irmão mais novo. “Onde chego, o pessoal fala: ‘É o Pedro se escondendo, fingindo que não é ele’ ou ‘tá brincando comigo’. Já me passei por Pedro muitas vezes”, conta, aos risos. A semelhança física, segundo ele, só aumentou com o tempo.
Mas, mais do que confusões engraçadas, a relação entre os dois irmãos é marcada por respeito e admiração mútua. “Sempre inteligente com as questões que ele coloca, fico muito orgulhoso, é meu melhor amigo”, diz Alberto, emocionando o apresentador e quem acompanha a entrevista.
No estúdio, entre lembranças, críticas construtivas e momentos de ternura, Alberto Bial demonstra que sua história vai além das quadras. É a história de um homem que nunca parou de acreditar no poder transformador do esporte, que enfrenta as barreiras impostas pela idade com coragem e dignidade, e que carrega nas palavras e no olhar uma paixão genuína pela vida.
A franquia Mortal Kombat está de volta, e agora com um reforço que tem chamado atenção: Karl Urban vive o icônico Johnny Cage na sequência da adaptação lançada em 2021. No teaser recém-divulgado, o ator aparece com todo o estilo arrogante e carismático que os fãs conhecem dos jogos — e já é apontado como um dos destaques do novo longa. Abaixo, confira o vídeo divulgado:
O filme chega aos cinemas em 24 de outubro de 2025, com direção de Simon McQuoid e produção de James Wan. O novo capítulo promete trazer para o centro da narrativa aquilo que muitos sentiram falta no primeiro: o torneio Mortal Kombat, finalmente oficializado.
Humor, ação e uma dose de caos
A ausência de Johnny Cage no primeiro filme foi amplamente comentada pelos fãs. Agora, o personagem não só aparece, como ganha um tratamento à altura da sua popularidade. Interpretado por Karl Urban, Cage surge como um ator de filmes de ação decadente, que se vê envolvido em uma disputa sobrenatural onde a Terra está em risco.
A abordagem mistura o humor característico do personagem com momentos mais densos, algo que o diretor quis manter sob controle para não cair na caricatura. O resultado, ao que tudo indica, é uma versão com mais personalidade e presença — e que deve agradar tanto aos veteranos quanto ao público novo.
O torneio que define o destino da Terra
A trama retoma os eventos do primeiro filme. Cole Young (Lewis Tan) segue reunindo aliados para enfrentar as forças da Exoterra, que agora têm Shao Kahn (vivido por Martyn Ford) como principal figura de ameaça. Diferente do longa anterior, a sequência mergulha de vez no torneio Mortal Kombat, com regras, combates organizados e uma tensão crescente a cada luta.
O visual é mais elaborado, os cenários foram ampliados, e os combates prometem ser mais fiéis à brutalidade dos jogos — com direito a fatalities, técnicas clássicas e duelos que devem impressionar pela coreografia e pelos efeitos visuais.
Novos rostos, velhos conhecidos
Além de Urban como Johnny Cage, o filme apresenta Tati Gabrielle como Jade, Adeline Rudolph como Kitana, e Martyn Ford como o poderoso Shao Kahn. A narrativa deve explorar a origem e as motivações desses personagens, enquanto dá continuidade à trajetória de heróis como Sonya Blade (Jessica McNamee), Jax (Mehcad Brooks), Scorpion (Hiroyuki Sanada) e o próprio Cole Young.
Essa mistura de veteranos e estreantes pretende fortalecer o universo da franquia no cinema, criando novas conexões e rivalidades que possam ser exploradas em futuros capítulos.
Em um ano marcado por grandes estreias e o retorno de franquias globais, ninguém esperava que o título mais assistido da Netflix em 2025 viesse de uma produção britânica enxuta, intimista e devastadora. Mas foi exatamente isso que aconteceu com “Adolescência”, minissérie criada por Jack Thorne e dirigida por Philip Barantini, que alcançou 144,8 milhões de visualizações em apenas três meses — superando gigantes como Round 6, Bridgerton e The Witcher. As informações são do site Omelete.
Lançada em 13 de março, a série apresenta a história dos Miller, uma família comum que se vê tragada por uma tragédia brutal: Jamie, o filho de 13 anos, é acusado de assassinar uma colega da escola. A partir desse momento, a narrativa mergulha em um turbilhão de emoções, revelações e tensões sociais, onde a verdade não é clara — e a culpa é um peso insuportável.
Stephen Graham, um dos grandes nomes do drama britânico contemporâneo, interpreta Eddie, o pai que luta contra o colapso emocional e a desintegração de sua própria identidade diante da suspeita que recai sobre o filho. Ao lado dele estão Owen Cooper, revelação do ano no papel de Jamie, e Erin Doherty, como a psicóloga Briony Ariston, encarregada de decifrar o que há por trás do silêncio do menino. Completando o elenco, Ashley Walters dá vida ao implacável inspetor Luke Bascombe, que conduz uma investigação imersa em pressão política e comoção popular.
Da tensão doméstica ao fenômeno global
O que torna Adolescência tão singular não é apenas seu enredo — mas a forma como ele é contado. Filmada com câmeras próximas, cortes secos e um realismo que lembra o cinema social de Ken Loach, a série evita o espetáculo e aposta na densidade emocional. Cada episódio é um soco no estômago, expondo as fragilidades de um sistema de justiça que ainda tenta entender a juventude que pretende julgar.
Não à toa, a série conquistou 13 indicações ao Emmy 2025, incluindo Melhor Série Limitada, Melhor Ator (Stephen Graham), Melhor Atriz Coadjuvante (Erin Doherty), Melhor Roteiro e Melhor Direção. Críticos ao redor do mundo aclamaram a obra como “um novo padrão para dramas sobre crime e família”, e o jornal britânico The Guardian chamou a produção de “o drama mais corajoso e desconcertante da década”.
Superando “Round 6” e outros gigantes
Segundo o novo relatório da própria Netflix, que adota como métrica a divisão do tempo total assistido pelo tempo de duração da série, Adolescência lidera com 144,8 milhões de visualizações. A segunda temporada de Round 6 ficou em 117,3 milhões, enquanto a terceira temporada — lançada apenas quatro dias antes do fechamento do semestre — já acumulava 71,5 milhões, mostrando a força contínua do fenômeno coreano.
Ainda assim, o que surpreende é a curva ascendente de Adolescência, que começou com divulgação discreta, mas conquistou o público pelo boca a boca, pelas redes sociais e pelas resenhas apaixonadas da crítica. Em fóruns internacionais e no TikTok, cenas específicas da série viralizaram — especialmente os confrontos entre Eddie e Jamie, que colocam em xeque o amor paternal diante da dúvida moral.
No último sábado (19), durante um show lotado em Manchester, na Inglaterra, a cantora Billie Eilish surpreendeu os fãs com um anúncio histórico: está a caminho um filme-concerto baseado na turnê de seu mais recente álbum, Hit Me Hard and Soft. E mais: o projeto será dirigido pelo cineasta James Cameron e filmado em 3D, prometendo uma nova fronteira de imersão sensorial na música ao vivo.
“Eu não posso dizer muito sobre, mas o que eu posso dizer é que estou trabalhando em algo muito, muito especial com alguém chamado James Cameron… e será em 3D”, disse Billie, visivelmente empolgada, diante de milhares de pessoas no estádio. A notícia rapidamente tomou conta das redes sociais, com fãs especulando como será essa união entre duas figuras tão distintas — e ao mesmo tempo visionárias — em seus campos.
Uma união entre inovação, emoção e técnica
De um lado, Billie Eilish, fenômeno global da música, que desde sua estreia em 2016 com “Ocean Eyes” redefine as fronteiras entre pop, alternativo e eletrônico. Do outro, James Cameron, mestre do cinema épico e responsável por alguns dos maiores marcos da história da sétima arte — como Titanic, Avatar e O Exterminador do Futuro 2. A parceria pode parecer inesperada à primeira vista, mas carrega uma lógica profunda: ambos são artistas obcecados pela inovação, pelas emoções humanas em suas formas mais cruas e por experiências sensoriais que desafiam o convencional.
Billie, que recentemente completou 23 anos, é conhecida por seu estilo minimalista e sombrio, suas letras confessionais e seu visual marcante. Já venceu 9 Grammys, 2 Oscars, e vem quebrando recordes desde o primeiro álbum, When We All Fall Asleep, Where Do We Go?. Seu irmão e produtor, Finneas O’Connell, tem sido seu parceiro criativo desde o início, e não se sabe ainda qual será o envolvimento dele nesse novo projeto audiovisual.
James Cameron, por sua vez, dispensa apresentações. Canadense de nascimento e apaixonado pelo fundo do mar e pelas estrelas, é o diretor de três dos quatro filmes com maior bilheteria da história do cinema: Avatar, Titanic e Avatar: O Caminho da Água. Ele também é um dos poucos cineastas que não só acompanha o avanço da tecnologia no cinema, mas que a lidera — tendo sido pioneiro na popularização do 3D com o primeiro Avatar em 2009.
A possibilidade de ver Billie Eilish sob a ótica e o domínio técnico de Cameron empolga pela ousadia: será a sensibilidade íntima da artista fundida ao espetáculo visual de um mestre da imersão. Música e cinema, som e imagem, vulnerabilidade e grandiosidade — tudo parece se encontrar nesse novo projeto.
Turnê “Hit Me Hard and Soft”: o pano de fundo do filme
Lançado em maio de 2024, Hit Me Hard and Soft é o terceiro álbum de estúdio de Billie Eilish. Mais uma vez, a artista escolheu não seguir fórmulas comerciais — recusando singles lançados previamente, optando por lançar o álbum completo de uma só vez, e mantendo uma sonoridade envolta em atmosferas etéreas, letras confessionais e construções sonoras que vão do experimental ao pop puro.
A turnê que leva o mesmo nome do disco já é considerada uma das mais impactantes de sua carreira. Com ingressos esgotados em poucos minutos em cidades como Londres, Nova York, São Paulo e Tóquio, a artista entrega performances que equilibram minimalismo estético e força emocional. Os shows são marcados por luzes pulsantes, vídeos atmosféricos e momentos de silêncio quase sagrado com o público, que canta em uníssono faixas como “Lunch”, “Chihiro” e “Wildflower”.
A escolha de registrar essa experiência em 3D não é apenas estética — é conceitual. Billie quer que o espectador sinta o show, como se estivesse lá, respirando o mesmo ar que ela. E ninguém melhor do que James Cameron para transformar isso em realidade.
Cameron: a mente visionária por trás da lente
James Francis Cameron nasceu no Canadá em 1954 e mudou-se para os Estados Unidos na década de 70, quando decidiu trocar a física e a filosofia pela paixão pelo cinema. Trabalhou como caminhoneiro antes de se lançar no mundo dos efeitos especiais e, posteriormente, na direção. A virada veio com O Exterminador do Futuro (1984), e a consagração com Aliens (1986) e Titanic (1997), este último ganhador de 11 Oscars e responsável por uma revolução emocional e técnica no cinema.
Além do cinema, Cameron também é um explorador do fundo do mar e já liderou expedições para documentar áreas inóspitas do oceano, como a Fossa das Marianas. Sua paixão pela profundidade, seja literal ou metafórica, pode ser o elo invisível com o universo emocional de Billie Eilish.
A trajetória de Cameron mostra que ele não é um cineasta apenas interessado em grandes explosões ou mundos fantásticos, mas em contar histórias sobre seres humanos lidando com perdas, medos, amores e transcendência. Assim como Billie canta sobre seus medos, dores e fantasias mais íntimas, Cameron as transforma em imagem — e é esse encontro que torna o projeto tão promissor.
Um novo capítulo para os filmes-concerto?
Embora filmes-concerto não sejam novidade — Beyoncé com Homecoming, Taylor Swift com The Eras Tour, Madonna com Madame X e mesmo a própria Billie, com o documentário The World’s a Little Blurry — o envolvimento de um diretor como James Cameron muda a escala da proposta. Ele promete não apenas documentar um show, mas criar uma experiência cinematográfica por completo.
O uso do 3D sugere que este será um espetáculo para os sentidos, talvez com câmeras posicionadas de formas nunca antes vistas em shows ao vivo. É possível que haja inserções narrativas, efeitos visuais, imagens que conectem o palco com o universo interior de Billie, tornando a experiência ainda mais rica para quem a acompanha.
A novidade vem também em um momento em que o cinema busca se reinventar após os impactos da pandemia e a popularização do streaming. Um filme-concerto dessa magnitude, com artistas que mobilizam públicos tão diversos e engajados, pode ser uma forma de devolver aos cinemas um lugar de encontro emocional coletivo.
O que esperar
Ainda sem título ou data de estreia revelados, o projeto já nasce com altas expectativas. A união entre uma artista que representa as emoções e angústias de uma geração, e um diretor que domina a linguagem visual como poucos, pode resultar em algo que vá além de um simples registro musical.
Se Billie Eilish já havia provado ser uma estrela única, e James Cameron já havia redefinido o que é possível no cinema, agora eles têm a chance de, juntos, criar uma obra que desafie categorias — entre show e filme, entre performance e narrativa, entre realidade e fantasia.
Nem toda lenda nasce sob holofotes. Algumas ganham forma em trilhas de barro, no ronco alto dos motores, no suor de uma largada apertada ou na vibração de uma arquibancada improvisada. No Brasil, o motocross sempre foi mais do que um esporte: foi resistência. E é justamente esse espírito que “Lendas do Motocross Brasileiro” tenta — e consegue — capturar com sensibilidade e verdade.
Lançada originalmente no canal Bandsports e agora disponível também no YouTube, Amazon Prime Video, Apple TV e Box Brazil Play, a série documental vai além do factual. Ela escuta memórias, revisita feridas e celebra feitos com a intimidade de quem viveu cada salto e cada queda.
Produzida pelas inquietas mãos da Café Preto Filmes e da BRMX Filmes, com o apoio essencial da Yamaha Motor do Brasil via Lei do Audiovisual, a série não se contenta em ser um acervo histórico. Ela é um convite a olhar para o motocross brasileiro como ele realmente é: uma construção coletiva, forjada em paixão e superação.
“Era mais que correr. Era sobreviver. Era sonhar.”
Essa frase, dita com voz embargada por Milton “Chumbinho” Becker, ícone do motocross nacional, talvez resuma o que a série quer dizer. E faz isso com um formato enxuto, mas potente: são episódios que costuram depoimentos, imagens de arquivo, registros raros e cenas emocionantes de campeonatos que ajudaram a moldar a identidade do motocross no Brasil entre as décadas de 1970, 1980 e 1990.
Na tela, revemos os primeiros campeonatos, muitas vezes bancados do próprio bolso pelos pilotos. O esporte, ainda sem estrutura, se fazia com improviso e coração. É nesse contexto que surgem nomes como Nivanor Bernardi, Roberto Boettcher, Moronguinho, Paraguaio, Rodney Smith, Jorge Negretti, Cassio Garcia, Eduardo Saçaki e tantos outros que hoje ganham, finalmente, o espaço e o reconhecimento que merecem.
Cada depoimento é uma curva fechada de emoção. Um reencontro com a própria juventude, com os amigos que ficaram pelo caminho, com as motos que fizeram parte de uma época em que tudo parecia mais difícil — mas também mais vivo.
Entre quedas e retomadas: o motocross como reflexo do Brasil
A narrativa da série acompanha os altos e baixos do motocross com a mesma honestidade com que um piloto encara uma pista desconhecida. A primeira temporada termina no início dos anos 2000, deixando um rastro de admiração por aqueles que, mesmo sem visibilidade, transformaram suas vidas em trajetória.
Mas não para por aí.
A segunda temporada, que estreia em 15 de setembro no Bandsports, dá continuidade à história — desta vez, entrando nos anos da crise e da retomada. Serão sete episódios inéditos que mergulham nos desafios enfrentados com a queda de patrocinadores, o enfraquecimento de calendários nacionais e o surgimento de movimentos como o Supercross, que trouxeram novo fôlego ao esporte.
Nesta fase, surgem novos rostos, novas vozes, novos desafios. Pilotos como Balbi Junior, Massoud Nassar, Cristiano Lopes, Nuno Narezzi, Rogério Nogueira, Paulinho Stedile, Rafael Ramos, Ratinho Lima, Wellington Garcia, Leandro Silva e Wellington Valadares compartilham suas versões da história — e mostram como o motocross seguiu pulsando, mesmo quando parecia estar por um fio.
Yamaha e o papel das marcas que acreditam
Não é possível falar do motocross brasileiro sem citar a Yamaha. E a série, com justiça, dedica espaço para mostrar como a montadora foi fundamental não só em termos de fornecimento de equipamentos e patrocínios, mas na formação de uma cultura esportiva genuína.
O apoio da Yamaha ao projeto, via Lei do Audiovisual, é mais do que um investimento em memória. É um gesto de valorização daquilo que o mercado muitas vezes esquece: as raízes. “Sem esse tipo de incentivo, muitas dessas histórias se perderiam no tempo”, destaca um dos diretores da série.
Um documento vivo — e necessário
Mais do que um documentário, “Lendas do Motocross Brasileiro” é um documento emocional. É um resgate que emociona tanto quanto informa. É uma oportunidade para novas gerações conhecerem quem veio antes, e para os veteranos verem que sua história não ficou no retrovisor.
A linguagem da série é direta, mas sensível. A estética é simples, mas eficiente. Os sons das motos misturam-se aos silêncios pesados das lembranças. O riso fácil da amizade contrasta com os olhos marejados das saudades. E é essa humanidade que torna a série tão especial.
Se você ainda acha que mágica é só um coelho saindo da cartola ou uma carta desaparecendo entre os dedos, é porque ainda não viu Maicon Clenk em ação. Considerado um dos mais inovadores artistas da ilusão no Brasil, o ilusionista sobe aos palcos com uma superprodução à altura de seus 20 anos de trajetória artística: “O Grande Show de Mágica”, espetáculo que já arrancou suspiros e aplausos em Curitiba e, agora, se prepara para encantar o público de São Paulo no Teatro Sérgio Cardoso, entre os dias 11 e 21 de setembro. Depois, a mágica segue para Florianópolis.
Mas não se engane: esta não é apenas mais uma apresentação de truques. É um mergulho profundo na própria essência do ilusionismo, misturando teatro, dança, humor, história e tecnologia de ponta. É o que Clenk chama de “Teatro Ilusionista”, uma linguagem cênica autoral criada por ele que rompe as fronteiras do espetáculo tradicional e ressignifica a experiência de assistir a um show de mágica.
Uma jornada mágica pela história da ilusão
O ponto de partida da apresentação é tão grandioso quanto a proposta artística: a história do ilusionismo em si. Em cena, somos transportados pelos tempos — do misticismo do Egito Antigo, onde os primeiros truques nasceram como rituais sagrados, até os palcos brilhantes de Las Vegas, lar dos grandes mestres da mágica moderna.
Entre aparições, levitações e teleportes de tirar o fôlego, Maicon presta homenagem a figuras históricas como Merlim, Houdini — o mestre do escapismo —, e George Méliès, o pioneiro dos efeitos especiais no cinema. Tudo isso envolvido em uma cenografia imersiva, que abraça o espectador com luzes, fumaça, trilhas emocionantes e mais de 100 figurinos elaborados especialmente para o espetáculo.
Mais de 20 grandes ilusões… e incontáveis surpresas
É difícil prever o que virá a seguir quando as cortinas se abrem para “O Grande Show de Mágica”. Clenk coleciona mais de 20 ilusões mundialmente consagradas ao longo da apresentação, mas também reserva espaço para momentos que só poderiam nascer da sua mente criativa. Há espaço para criaturas míticas, enigmas astrais, objetos flutuando no ar — e, segundo rumores, até um dinossauro pode aparecer.
A sensação é de estar diante de algo vivo, pulsante, onde tudo pode acontecer. E acontece.
Um mágico falido? Sim, com muito humor
Entre um truque de ilusão e outro, surge um Clenk bem diferente: um mágico brasileiro falido, que tenta — sem muito sucesso — impressionar a plateia com truques que insistem em dar errado. É um dos pontos altos do espetáculo e mostra o lado cômico do artista, que sabe rir de si mesmo e das expectativas do público.
“Essa parte é quase uma conversa com o público. Um momento de descompressão, de lembrar que a mágica também pode ser engraçada, caótica, e ainda assim encantadora”, conta Clenk, que interpreta o personagem com um misto de improviso, técnica e sensibilidade cômica.
Teatro Ilusionista: uma linguagem que mistura artes
É aí que está o diferencial da obra. Criador da linguagem artística chamada Teatro Ilusionista, Maicon Clenk não se contenta em ser apenas um mágico no palco. Ele é também diretor, bailarino, coreógrafo, ator e contador de histórias. E essa multidisciplinaridade aparece em cada momento do espetáculo.
A magia não vem sozinha. Ela caminha lado a lado com a dança, a música, a iluminação detalhista e até mesmo com acrobacias. Os truques se tornam metáforas visuais sobre o tempo, o mistério e a beleza do inexplicável. É uma celebração da arte como um todo — e uma homenagem à capacidade humana de se maravilhar.
Para todos os públicos, de todas as idades
A proposta de Clenk também é inclusiva e acessível. No palco, a figura tradicional do mágico é substituída por uma pluralidade de personagens interpretados não só por ele, mas também por atores, bailarinos e acrobatas. Em vez de ser o dono do mistério, Clenk compartilha o palco com sua trupe de ilusionistas modernos — todos parte ativa da criação daquele universo.
“Quero que todo mundo se sinta parte da mágica. Desde a criança que está vendo um show pela primeira vez até o adulto que talvez já tenha esquecido como é se encantar com o impossível”, diz Clenk.
20 anos de estrada e 20 milhões de espectadores
Com duas décadas de carreira, Maicon Clenk tem um currículo que impressiona. Suas obras já foram assistidas por mais de 20 milhões de pessoas e ele esteve em destaque em programas como Domingão do Faustão, Tudo É Possível e Eliana. Também foi um dos destaques da série internacional “Mestres do Ilusionismo”.
Entre seus trabalhos de maior sucesso está POLARIS, espetáculo dentro de um gigantesco globo de cristal, que virou referência no gênero e rendeu prêmios como o Troféu ABRASCE, o Troféu Gralha Azul de melhor espetáculo e o recente Troféu Picadeiro 2024 de ilusionismo.
O que podemos esperar da turnê?
A turnê nacional começa por Curitiba, segue para São Paulo e Florianópolis, com a promessa de outras datas ainda a serem divulgadas. Em cada cidade, o espetáculo é adaptado aos palcos locais, mantendo o rigor técnico e visual que já virou marca registrada de Clenk.
No Teatro Sérgio Cardoso, o espetáculo acontece entre os dias 11 e 21 de setembro, com sessões para o público geral e também para escolas e projetos sociais. Os ingressos variam de acordo com o setor, mas há opções com meia-entrada e acessibilidade para pessoas com deficiência.
Na manhã desta segunda-feira (28), os estúdios do “Mais Você“, na TV Globo, se encheram de emoção e silêncio respeitoso com o retorno de Tati Machado à bancada do programa. Ela voltou ao ar após vivenciar a experiência mais dolorosa de sua vida: a perda de seu filho Rael, na reta final da gestação, em maio de 2025. As informações são do G1.
Com um sorriso tímido, os olhos marejados e o coração visivelmente apertado, Tati foi recebida com um longo e caloroso abraço por Ana Maria Braga. O reencontro entre as duas emocionou também a equipe técnica e os telespectadores, que acompanharam ao vivo um dos momentos mais humanos e delicados da televisão brasileira este ano. “Estou em casa”, disse Tati, em sua primeira fala no estúdio, com a voz embargada e segurando as mãos da apresentadora.
Ao lado de seu marido, o cineasta Bruno Monteiro, Tati compartilhou com o público os sentimentos que têm preenchido seus dias desde o momento em que soube que Rael não tinha resistido. O casal tem se apoiado mutuamente no luto, construindo com cuidado e sensibilidade um caminho de reconstrução. “Ontem estávamos sentados no sofá de casa e falamos: ainda bem que a gente se tem”, comentou Tati. Bruno completou: “Só tenho forças porque ela está do meu lado”.
A dor da ausência que não tem nome
Tati estava com 33 semanas de gestação quando percebeu que algo não estava certo. Já tinha sido alertada por profissionais da saúde de que, nos estágios mais avançados da gravidez, era comum que os movimentos do bebê diminuíssem. Ainda assim, algo em seu coração de mãe lhe dizia que precisava ir ao hospital. Foi ao fazer um exame que recebeu a notícia que nenhuma mãe deseja ouvir: o coração de Rael havia parado.
“É uma cobrança muito grande, essa tal da culpa”, disse a jornalista com a voz trêmula. “Cadê o sinal? Eu não tava sentindo ele mexer, mas ao mesmo tempo já tinha sido orientada que é comum. Ele já estava muito grande, então às vezes ele só estava de boa ali. Eu estava tentando não ficar noiada. Eu não senti nada. Não passei mal, não aconteceu nada.”
A perda gestacional tardia é uma dor muitas vezes silenciada, uma ferida invisível para o mundo, mas que sangra dia após dia no coração das mães e pais que a vivenciam. Ao decidir falar abertamente sobre o ocorrido, inclusive em uma entrevista ao “Fantástico” no último domingo (27), Tati deu voz a muitas mulheres que passaram ou passam pela mesma experiência — e que, assim como ela, precisam lidar com o luto de um filho que nunca puderam pegar no colo fora do ventre.
O silêncio e o amor como abrigo
Durante sua fala, Tati destacou a importância da rede de apoio que a acolheu nos dias mais difíceis. “Fui abraçada de uma forma que jamais imaginei. Minha família, meus amigos, meus colegas de trabalho, os médicos, as enfermeiras, os fãs, pessoas que nunca vi na vida… todo mundo me enviou palavras de carinho. Eu senti esse amor como um cobertor nos dias mais frios da minha vida.”
Ela também mencionou como o silêncio teve seu valor. “Nem sempre a gente precisa ouvir algo. Às vezes, só de alguém estar ali, sentar ao nosso lado e ficar em silêncio já é muito. Meu marido foi esse silêncio. Minha mãe foi esse colo. A TV, minha casa profissional, foi esse lugar seguro”, afirmou.
Ana Maria, que ao longo de sua carreira também compartilhou episódios de perdas e recomeços, fez questão de enfatizar a coragem de Tati: “Você não tem ideia de quantas mulheres e famílias você está acolhendo só por estar aqui hoje. Falar é difícil, mas é um gesto de amor”.
Maternidade interrompida, amor que continua
Tati e Bruno tinham escolhido o nome Rael com carinho. Um nome curto, sonoro, carregado de significado. “A gente sempre imaginava como seria ele. Com quem se pareceria. Já imaginávamos o primeiro dia de aula, os aniversários, as viagens. E, de repente, tudo se quebrou”, conta ela, com os olhos marejados. “Mas eu continuo sendo mãe do Rael. Ele existiu. Ele me transformou.”
A apresentadora reforçou que sua fala pública não tem o objetivo de buscar respostas, mas de validar a existência de Rael. “A dor da perda é imensa, mas o amor continua. Não quero que ele seja lembrado apenas como ‘o bebê que não nasceu’. Ele foi esperado, amado, desejado. Ele existiu. E sempre vai existir.”
Bruno, por sua vez, emocionou o público ao falar da paternidade interrompida. “Fui pai do Rael por 33 semanas. Eu falava com ele, lia, cantava. Trocava ideias com a barriga da Tati. Quando soube que ele tinha partido, minha primeira reação foi de negação. Depois, veio a raiva. Agora, estamos tentando aprender a viver com saudade de alguém que a gente só conheceu dentro do ventre. É muito difícil.”
A vida que segue, com delicadeza
Retornar à TV após uma perda como essa exige força e vulnerabilidade. Tati optou por voltar ao “Mais Você” gradualmente, sentindo os próprios limites e respeitando suas emoções. “Eu ainda estou muito sensível. Tem dias em que não consigo sair da cama. Outros dias, consigo sorrir. E tudo bem. O luto não tem forma, não tem prazo. Estou reaprendendo a ser eu.”
Durante o programa, foram exibidas imagens de Tati ao longo da gestação, mostrando momentos felizes e leves do casal. As imagens causaram comoção no estúdio e também entre os telespectadores, que enviaram mensagens de carinho e apoio através das redes sociais.
Ana Maria Braga, com sua sensibilidade habitual, concluiu o bloco dizendo: “Hoje, o Brasil está aprendendo a lidar com uma dor silenciosa e profunda. Obrigada, Tati, por nos ensinar que até na dor existe beleza — quando ela é atravessada com amor”.
Sobre Tati Machado
Nascida no Rio de Janeiro em 1991, a apresentadora tem se destacado como uma das jornalistas e comunicadoras mais queridas da televisão brasileira. Começou sua carreira em 2012 no SBT e logo ingressou na TV Globo, onde trilhou um caminho marcado por versatilidade, carisma e bom humor.
Foi no “Se Joga” que Tati ganhou visibilidade nacional, e desde então sua presença tem sido constante em programas como “É de Casa”, “Encontro” e “Mais Você”. Em 2024, venceu a “Dança dos Famosos” ao lado de Diego Maia, conquistando o coração do público com sua entrega e espontaneidade.
Casada com Bruno Monteiro, cineasta e diretor de fotografia, Tati sempre compartilhou com os fãs momentos de leveza, amor e autenticidade. Sua vivência recente da perda de Rael adiciona agora uma nova camada à sua trajetória: a da maternidade interrompida, mas repleta de significado.
Nesta segunda-feira, 04 de agosto de 2025, a TV Globo abre espaço para a ousadia, a contracultura e o som libertário de Raul Seixas, exibindo os dois primeiros episódios da minissérie original “Raul Seixas: Eu Sou” na tradicional sessão da “Tela Quente“.
Muito mais do que uma cinebiografia musical, a série mergulha de cabeça na vida turbulenta, genial e contraditória de um dos maiores ícones do rock nacional. Com direção de Paulo Morelli e Pedro Morelli, a produção é uma parceria do Globoplay com a O2 Filmes e resgata com visceralidade e beleza a trajetória de um artista que desafiou convenções, enfrentou censuras e se tornou um mito.
No centro da narrativa está Ravel Andrade, que assume com entrega impressionante o papel de Raul. Mas este não é um Raul domesticado para agradar o grande público. Pelo contrário: a série abraça as contradições, os excessos, os delírios místicos e as escolhas erráticas que fizeram do cantor baiano um personagem tão fascinante quanto impossível de rotular.
Do menino inquieto ao profeta do rock
Logo nos primeiros minutos da série, que agora será exibida em rede nacional, fica evidente que a proposta aqui não é glamourizar o artista, mas compreendê-lo. A narrativa começa ainda em Salvador, com o jovem Raul Seixas descobrindo a paixão pelo rock americano e pelo universo de Elvis Presley. Nascido numa família conservadora e criado em uma realidade distante dos holofotes, Raul desde cedo demonstra uma inquietação incompatível com a vida tradicional que lhe era esperada.
Os episódios iniciais retratam com sensibilidade esse conflito entre o desejo de se expressar artisticamente e a rigidez de uma sociedade que ainda engatinhava rumo à modernização. O Raul que vemos aqui é um jovem inquieto, criativo, sarcástico — e já cheio de ideias subversivas, mesmo antes de ter voz no rádio ou na televisão.
É nesse contexto que ele dá o primeiro passo rumo à carreira musical. A série mostra como Raul trabalhou como produtor, se envolveu nos bastidores da indústria fonográfica e, aos poucos, começou a construir uma identidade artística própria, que unia referências do rock internacional com o ritmo e o sotaque nordestino. Uma mistura que, à época, era vista com desconfiança, mas que viria a mudar para sempre a música brasileira.
A virada: liberdade, vícios e filosofia
Os dois primeiros episódios também mostram o momento crucial em que Raul decide abandonar o ofício nos bastidores para se lançar como cantor. É um salto no escuro, movido por coragem e desespero, que o coloca no caminho do estrelato — e também da autodestruição.
Com uma performance intensa de Ravel Andrade, o Raul da série é explosivo, genial, mas profundamente humano. Ele não é pintado como mártir nem como vilão. É um homem em busca de sentido, tentando conciliar a fama repentina com a espiritualidade, o amor com a liberdade, o sucesso com a integridade artística.
Nesse ponto, ganha destaque a parceria com Paulo Coelho, vivido por João Pedro Zappa. A química entre os atores é um dos pilares dramáticos da série. Juntos, Raul e Paulo formaram uma dupla improvável: um músico anárquico e um aspirante a escritor interessado em ocultismo, alquimia e sociedades secretas. A aliança entre eles rende momentos impactantes, tanto nos palcos quanto nos bastidores, e dá origem a algumas das composições mais icônicas da música brasileira, como Gita, Sociedade Alternativa e Tente Outra Vez.
A série não ignora os altos e baixos dessa relação — as brigas, as separações, o reencontro. E, acima de tudo, mostra como essa parceria transformou não apenas a carreira de Raul, mas a maneira como ele enxergava o mundo e a si mesmo.
Música como grito de resistência
Mais do que um retrato biográfico, “Raul Seixas: Eu Sou” também é uma crônica dos anos de chumbo. Em meio à ditadura militar, Raul ousou cantar sobre liberdade, rebeldia, questionamento. Ele foi censurado, perseguido, interrogado. E, mesmo assim, seguiu criando.
A série reconstrói esse ambiente com riqueza de detalhes: dos bastidores das gravadoras às salas obscuras da censura federal. O espectador é levado a compreender não apenas o contexto político, mas o peso que a arte tinha naquele momento como instrumento de resistência. A música de Raul não era apenas entretenimento — era manifesto, provocação, profecia.
E o mais impressionante é como a série consegue traduzir tudo isso sem didatismo, apostando em diálogos afiados, cenas carregadas de emoção e uma estética que mistura psicodelia, realismo e melancolia. A trilha sonora é um espetáculo à parte, trazendo releituras cuidadosas de sucessos como Metamorfose Ambulante, Maluco Beleza e Ouro de Tolo, em meio a momentos originais de criação que revelam o processo artístico do cantor.
Um Raul para além do mito
A grande força da minissérie, no entanto, está em não transformar Raul Seixas em um personagem idealizado. O Raul que vemos em tela é um homem cheio de falhas, consumido por vícios, por impulsos destrutivos, por relações instáveis com os filhos, as mulheres e os amigos.
Se em um momento ele parece um visionário espiritualizado, em outro é apenas um homem à beira do colapso. E essa ambiguidade é o que torna a série tão poderosa: ela não tenta responder quem foi Raul Seixas — mas nos convida a caminhar ao lado dele, a sentir, por um instante, a dor e a euforia que conviviam em sua alma.
Personagens como Edith (Amanda Grimaldi), Kika (Chandelly Braz), Cláudio Roberto (João Vítor Silva) e Maria Eugênia (Cyria Coentro) completam o retrato de um Raul multifacetado, cercado por figuras que o amaram, o confrontaram e o acompanharam em momentos decisivos. A direção de elenco é primorosa, e todos os atores entregam atuações carregadas de verdade e emoção.
Uma série que já nasceu clássica
Estreada originalmente no Globoplay em junho de 2025, a produção brasileira conquistou rapidamente elogios da crítica e do público. Agora, com sua chegada à TV aberta, a produção tem a chance de atingir ainda mais brasileiros e apresentar, especialmente às novas gerações, um artista que continua atual e necessário.
Num país frequentemente marcado pelo esquecimento, a série se impõe como um exercício de memória e afeto. Raul Seixas morreu em 1989, aos 44 anos, mas deixou um legado que resiste ao tempo. E a série consegue, com respeito e ousadia, dar nova vida a esse legado — sem esconder suas rachaduras, sem apagar suas dores.