Extermínio: O Templo dos Ossos ganha trailer intenso e aprofunda o terror pós-apocalíptico

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A sensação de inquietação que marcou gerações de fãs do terror pós-apocalíptico está de volta. Extermínio: O Templo dos Ossos acaba de ganhar um novo trailer oficial, que amplia ainda mais a trama sombria do aguardado longa. O vídeo destaca o olhar da diretora Nia DaCosta (Candyman, As Marvels) e apresenta cenas inéditas que reforçam o clima brutal, desesperador e visceral que consagrou a franquia iniciada com 28 Dias Depois.

Desde sua estreia em 2002, a franquia se tornou um divisor de águas dentro do cinema de terror. Ao retratar uma Grã-Bretanha devastada pelo chamado Vírus da Raiva, o filme dirigido por Danny Boyle (Quem Quer Ser um Milionário?, Trainspotting) e escrito por Alex Garland (Ex Machina, Aniquilação) redefiniu o gênero ao misturar horror extremo com uma abordagem quase intimista sobre solidão, colapso social e sobrevivência. Com o passar dos anos, a franquia ganhou status cult e seguiu se expandindo, culminando agora em Extermínio: O Templo dos Ossos, quarto capítulo da saga, que promete um retorno ainda mais intenso a esse mundo destruído, explorando novas facetas do medo e do comportamento humano quando toda esperança parece ter desaparecido.

A escolha de Nia DaCosta para dirigir Extermínio: O Templo dos Ossos chamou atenção desde o anúncio. A cineasta assume o desafio de comandar um universo já consolidado, mas imprime sua própria identidade à narrativa. Seu olhar se volta especialmente para os personagens, priorizando as reações humanas diante do medo constante, da violência cotidiana e da ausência de um futuro claro. Em vez de apenas encenar situações extremas, o filme busca fazer o público se sentir parte daquele mundo, compartilhando o desespero, as escolhas difíceis e as consequências inevitáveis de cada decisão.

Ambientado após os eventos do filme anterior, O Templo dos Ossos acompanha Spike, um jovem que acaba recrutado para a gangue de assassinos acrobáticos liderada por Sir Jimmy Crystal. Em uma Grã-Bretanha completamente devastada pelo Vírus da Raiva, esses grupos surgem como uma mistura inquietante de sobreviventes, mercenários e figuras quase míticas, que transformaram a violência em espetáculo. Enquanto Spike tenta se adaptar a essa realidade brutal, outra linha narrativa ganha força com o Dr. Ian Kelson, um médico que inicia um relacionamento inesperado capaz de provocar consequências profundas e potencialmente transformadoras para o futuro daquele mundo em ruínas.

O elenco reúne nomes de peso para sustentar o impacto emocional da história. Ralph Fiennes (O Paciente Inglês, A Lista de Schindler) se destaca como um dos principais rostos da produção, trazendo sua presença marcante para um universo onde autoridade e moralidade estão constantemente em conflito. Jack O’Connell (Invencível), Alfie Williams, Erin Kellyman (Han Solo: Uma História Star Wars) e Chi Lewis-Parry completam o time, dando vida a personagens complexos, moldados por anos de sobrevivência em um mundo sem regras claras.

Nos bastidores, um detalhe chamou atenção dos fãs mais atentos. A presença de Cillian Murphy (Peaky Blinders, Oppenheimer) durante as filmagens em setembro de 2024, em Ennerdale, Cumbria, reacendeu especulações e teorias. Embora sua participação não tenha sido oficialmente confirmada, o retorno do protagonista do primeiro filme da franquia levanta expectativas sobre possíveis conexões diretas com os capítulos iniciais da saga.

As filmagens principais começaram em 19 de agosto de 2024 e ocorreram simultaneamente às de 28 Anos Depois, longa que antecede diretamente O Templo dos Ossos. Essa estratégia garantiu maior coesão narrativa e visual entre os filmes. Um dos grandes destaques da produção é o cenário do Templo dos Ossos, construído especialmente em Redmire, North Yorkshire.

Sessão da Tarde desta sexta (19) acelera com “Velozes e Furiosos 6”, um dos capítulos mais explosivos da franquia

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Foto: Reprodução/ Internet

A Sessão da Tarde desta sexta, 19 de dezembro de 2025, promete acelerar os corações do público com a exibição de “Velozes e Furiosos 6”, um dos filmes mais emblemáticos da franquia de ação estrelada por Vin Diesel e Paul Walker. Lançado em 2013 e dirigido por Justin Lin, o longa marca um ponto de virada importante na saga ao consolidar de vez a transformação da série em um espetáculo de ação global, sem perder o que sempre esteve no centro de tudo: a ideia de família.

Depois do assalto cinematográfico no Rio de Janeiro, visto em Velozes e Furiosos 5, Dominic Toretto e sua equipe conquistam algo que parecia inalcançável: dinheiro suficiente para nunca mais precisarem correr riscos. Com US$ 100 milhões divididos entre eles, o grupo se espalha pelo mundo vivendo confortavelmente, longe da polícia e das antigas preocupações. Ainda assim, essa liberdade tem um preço alto. Sem identidade legal, eles não podem voltar para casa, e essa ausência de pertencimento deixa claro que dinheiro nenhum substitui raízes.

Dom vive ao lado de Elena Neves, Mia construiu uma vida com Brian O’Conner e o filho do casal, enquanto Roman e Tej aproveitam uma rotina luxuosa. Apesar disso, todos carregam a sensação de que algo está faltando. É nesse momento que surge Luke Hobbs, agente durão interpretado por Dwayne Johnson, agora ainda mais integrado ao grupo. Hobbs está no encalço de uma perigosa organização internacional de mercenários liderada por Owen Shaw, um ex-militar britânico frio, estratégico e extremamente letal.

A proposta que Hobbs leva até Dom muda completamente o rumo da história. Para convencer o ex-criminoso a voltar à ativa, ele apresenta uma foto que abala todas as certezas: Letty Ortiz está viva. A mulher que Dom acreditava ter perdido para sempre agora trabalha ao lado de Shaw, sem qualquer memória de sua antiga vida. Em troca da ajuda para capturar os mercenários, Hobbs oferece perdão total para Dom e sua equipe, permitindo que todos finalmente retornem para casa. Para Dom, a missão deixa de ser apenas estratégica e se torna profundamente pessoal.

Grande parte da ação se desenrola em Londres, cenário de algumas das sequências mais empolgantes do filme. As perseguições pelas ruas da cidade, cheias de carros personalizados, explosões calculadas e manobras quase impossíveis, deixam claro que Velozes e Furiosos 6 não economiza em escala. A franquia, que começou focada em rachas ilegais, agora abraça de vez o cinema de ação internacional, flertando com o gênero de espionagem e assalto em alto nível.

De acordo com a sinopse do AdoroCinema, a trama gira em torno do projeto “Nightshade”, um dispositivo capaz de desligar sistemas de energia em larga escala, elevando as apostas do conflito. Mais do que impedir um roubo, Dom e sua equipe precisam evitar uma ameaça global. Ainda assim, o filme encontra espaço para aprofundar os conflitos emocionais, especialmente no arco de Letty. Mesmo sem se lembrar de Dom, ela demonstra dúvidas, conflitos internos e uma estranha conexão com o passado que insiste em emergir.

A corrida de rua entre Dom e Letty simboliza bem esse embate entre razão e sentimento. O colar com a cruz, um dos símbolos mais marcantes da franquia, funciona como um elo silencioso entre quem Letty foi e quem ela tenta ser agora. Esses momentos mais contidos ajudam a equilibrar o excesso de ação, tornando a narrativa mais humana e emocionalmente envolvente.

Se Londres entrega adrenalina, a sequência ambientada na Espanha leva o exagero a outro nível. Um tanque de guerra em plena rodovia, carros sendo arremessados como brinquedos e uma coreografia de destruição milimetricamente calculada transformam a cena em uma das mais comentadas de toda a saga. Mesmo assim, o espetáculo não se sobrepõe totalmente ao drama, especialmente quando o filme se aproxima de seu clímax.

A perseguição final envolvendo um gigantesco avião cargueiro em uma pista aparentemente interminável se tornou uma das marcas registradas do longa. É ali que acontece um dos momentos mais emocionais do filme: o sacrifício de Gisele Yashar, personagem de Gal Gadot, para salvar Han. A cena dá peso às consequências da missão e reforça que, mesmo em um universo marcado por exageros, as perdas são reais.

Com Owen Shaw derrotado, Dom entrega o chip do Nightshade a Hobbs e garante o perdão prometido. A equipe retorna, enfim, à antiga casa da família Toretto, em Los Angeles. O reencontro é simples, longe das explosões e perseguições, mas carregado de significado. Elena aceita que o coração de Dom sempre pertenceu a Letty, e o grupo se reúne ao redor da mesa, reforçando mais uma vez o valor da família acima de tudo.

Com uma bilheteria mundial próxima dos US$ 789 milhões, o filme se tornou um dos maiores sucessos de 2013 e, por um período, o mais lucrativo da franquia. A recepção da crítica foi positiva, destacando a direção segura de Justin Lin, o carisma do elenco e a habilidade do filme em equilibrar ação exagerada com emoção genuína.

Obsessão | Universal Pictures revela trailer de terror psicológico de Curry Barker

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Foto: Reprodução/ Internet

A Universal Pictures oficializou o lançamento do trailer de “Obsessão”, nova aposta do gênero dirigida por Curry Barker (Milk & Serial / The Chair). O longa chega ao grande público após uma trajetória vitoriosa em 2025, onde acumulou elogios no Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF) e conquistou o prestigiado Grande Prêmio do Público no Festival de Sitges, na Espanha, consolidando-se como um fenômeno antes mesmo de sua estreia comercial, prevista para 2026. Abaixo, confira o vídeo:

A trama acompanha Bear, interpretado por Michael Johnston (Teen Wolf / Inversion / The Inbetweeners / Slash), um funcionário de uma loja de música que personifica o “romântico incurável”. Em um momento de desespero emocional, Bear adquire o “Salgueiro de Um Desejo”, um artefato místico que promete realizar sonhos. Ao danificar o objeto durante um pedido para que sua amiga de infância se apaixone por ele, o protagonista desencadeia uma distorção na realidade: o amor surge, mas manifesta-se como uma patologia violenta e sobrenatural.

O peso dramático da obra repousa em um elenco versátil. A contraparte de Johnston é Inde Navarrette (Superman e Lois / 13 Reasons Why / Wander Darkly / Kids of the Black Hole), que interpreta Nikki. A atriz é amplamente elogiada pela transição física exigida pelo papel, evoluindo de uma jovem solar para uma figura de obsessão absoluta.

O suporte narrativo conta com Cooper Tomlinson (Milk & Serial / The Chair / Prank / Tales from the Grill), que retoma a parceria de sucesso com o diretor Barker. Somam-se a ele Megan Lawless (O Ódio que Você Semeia / The Sound of Magic / Echoes / Mayans M.C.) e o veterano Andy Richter (Conan / Arrested Development / Madagascar / Elf / Santa Clarita Diet). A presença de Richter é uma das mais comentadas pela crítica, uma vez que o ator se afasta de sua persona cômica tradicional para explorar tons mais sombrios e enigmáticos.

A produção executiva de Jason Blum (Corra! / Atividade Paranormal / Uma Noite de Crime / Fragmentado / Sobrenatural) garante ao filme o selo de qualidade da Blumhouse Productions, conhecida por revitalizar o terror moderno com orçamentos inteligentes e conceitos originais. No time de produtores, figuram nomes experientes como James Harris (47 Metros Para Baixo / A Queda / Medo Profundo / O Barco do Medo) e Christian Mercuri (Atentado ao Hotel / Refém do Jogo / Plano de Invasão / O Estrangeiro).

A direção de Barker foca no desconforto psicológico derivado do livre-arbítrio violado. Ao contrário de vilões externos, o antagonismo em “Obsessão” nasce da própria afeição de Nikki. À medida que Bear tenta reverter o feitiço, ele descobre que o “Salgueiro de Um Desejo” cobra um preço que vai além da sanidade, afetando todos ao redor, incluindo os personagens de Tomlinson e Lawless.

Park Chan-wook retorna aos cinemas brasileiros com humor ácido; “A Única Saída” ganha trailer e pôster oficiais

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Foto: Reprodução/ Internet

A MUBI, plataforma global de streaming, produtora e distribuidora conhecida por apostar em cinema autoral e provocador, divulgou o novo trailer e o pôster oficial de “A Única Saída”, thriller de humor sombrio dirigido pelo cineasta sul-coreano Park Chan-wook (Oldboy, A Criada, Decisão de Partir). Em parceria com a distribuidora independente Mares Filmes, o lançamento marca o retorno do diretor às salas brasileiras, com estreia confirmada para 22 de janeiro.

Reconhecido mundialmente por seu estilo visual preciso e por narrativas que exploram obsessão, violência e moralidade, Park Chan-wook apresenta em A Única Saída uma obra que dialoga diretamente com o mundo contemporâneo. Desta vez, o cineasta vencedor do BAFTA se afasta parcialmente da violência explícita que marcou alguns de seus trabalhos mais famosos para investir em um suspense corrosivo, atravessado por humor ácido e desconfortável, capaz de provocar riso e inquietação ao mesmo tempo.

O filme é estrelado por Lee Byung-hun (Eu Vi o Diabo, G.I. Joe, Round 6), um dos atores mais respeitados da Coreia do Sul, que interpreta Man-su, um homem comum, de meia-idade, cuja vida entra em colapso após ser demitido da fábrica de papel onde trabalhou por 25 anos. A atuação de Lee promete mais uma composição intensa e contida, explorando as frustrações silenciosas de um personagem esmagado por um sistema que já não encontra espaço para ele. Ao seu lado está Son Ye-jin (A Última Princesa, Something in the Rain), atriz conhecida por performances emocionalmente sofisticadas, que acrescenta complexidade às relações pessoais do protagonista.

O elenco de apoio reforça o peso dramático da produção. Estão no filme Park Hee-soon (My Name, Seven Days), Lee Sung-min (The Spy Gone North, Revenant), Yeom Hye-ran (The Glory, Miracle in Cell No. 7), Cha Seung-won (Believer, The Greatest Love) e Yoo Yeon-seok (Mr. Sunshine, Hospital Playlist). Cada um desses nomes contribui para a construção de um universo social marcado pela competição, pela hipocrisia e pelo medo constante da exclusão.

Inspirado no romance “O Corte” (The Ax), do escritor americano Donald E. Westlake, o filme parte de uma premissa aparentemente simples, mas devastadora em suas implicações. Após perder o emprego, Man-su entra em uma busca obsessiva por recolocação profissional. Currículos enviados, entrevistas frustradas e portas fechadas passam a definir sua rotina. Aos poucos, a narrativa revela como o desespero pode corroer princípios éticos e empurrar uma pessoa comum a decisões extremas. “Se não há uma vaga para mim, terei que criá-la. Eu não tenho outra saída”, diz o protagonista, em uma frase que sintetiza o tom perturbador do filme.

O roteiro é assinado por Park Chan-wook (Oldboy), Lee Kyoung-mi (Crush and Blush), Don McKellar (Exotica, Blindness) e Jahye Lee, combinação que reforça o caráter internacional e multifacetado da produção. A adaptação do livro de Westlake ganha novas camadas ao ser transportada para o contexto sul-coreano, país onde a pressão por sucesso profissional e estabilidade econômica é intensa e socialmente determinante. Park utiliza esse pano de fundo para construir uma sátira sombria sobre meritocracia, desemprego e o valor da dignidade em um mercado cada vez mais impessoal.

A trajetória internacional do filme também contribui para seu prestígio. O longa teve estreia mundial no Festival de Veneza, um dos mais importantes do circuito cinematográfico, e ganhou destaque na programação do London Film Festival, no Reino Unido. As exibições reforçaram a percepção de que o longa representa uma fase mais madura e reflexiva de Park Chan-wook, sem abrir mão de sua identidade autoral. Críticos destacaram a habilidade do diretor em equilibrar tensão, ironia e comentário social, transformando uma história de desemprego em um thriller inquietante.

Christopher Nolan transforma mito em espetáculo! “A Odisseia” ganha cartaz oficial

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A Universal Pictures divulgou oficialmente o primeiro cartaz de “A Odisseia”, novo filme de Christopher Nolan (Oppenheimer, Dunkirk, A Origem), e o impacto foi imediato. Após o triunfo histórico de Oppenheimer, que lhe rendeu os Oscars de melhor diretor e melhor filme, Nolan retorna com um projeto ainda mais ambicioso: adaptar para o cinema um dos textos fundadores da literatura ocidental, o poema épico Odisseia, atribuído a Homero.

O longa-metragem surge como uma experiência cinematográfica total. Nolan, conhecido por sua obsessão por tempo, memória e identidade, encontra no mito grego um terreno fértil para discutir a persistência humana diante do caos. Assim como em Interestelar ou Amnésia, o diretor parece interessado em personagens que atravessam jornadas extremas, tanto físicas quanto emocionais, em busca de sentido e pertencimento.

No centro da narrativa está Odisseu, rei de Ítaca, interpretado por Matt Damon (O Resgate do Soldado Ryan, Perdido em Marte, Oppenheimer). Após o fim da Guerra de Tróia, o herói embarca em uma travessia longa e perigosa para retornar ao lar. Diferente dos guerreiros movidos apenas pela força, Odisseu se destaca pela inteligência, pela astúcia e pela capacidade de adaptação. Damon, ator frequentemente associado a personagens resilientes e moralmente complexos, parece uma escolha natural para dar humanidade a essa figura lendária.

Do outro lado do mar, em Ítaca, está Penélope, vivida por Anne Hathaway (Os Miseráveis, Interestelar, O Diabo Veste Prada). Enquanto o marido enfrenta monstros e deuses, Penélope sustenta o lar e resiste às pressões dos pretendentes, mantendo viva a esperança do reencontro. A presença de Hathaway sugere uma abordagem mais profunda da personagem, destacando não apenas a fidelidade, mas a força emocional e a solidão de quem espera. Em sintonia com o cinema de Nolan, Penélope deixa de ser apenas símbolo e passa a ser sujeito ativo do drama.

O elenco de A Odisseia impressiona pelo alcance e diversidade. Tom Holland (Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, O Impossível), Zendaya (Duna, Euphoria), Mia Goth (Pearl, X – A Marca da Morte), Robert Pattinson (The Batman, O Farol), Charlize Theron (Mad Max: Estrada da Fúria, Monster) e Lupita Nyong’o (12 Anos de Escravidão, Pantera Negra) compõem um conjunto que mistura estrelas de grandes franquias, nomes do cinema autoral e vencedores do Oscar. Jon Bernthal (O Justiceiro, O Lobo de Wall Street) também integra o elenco, conhecido por dar intensidade a personagens marcados por conflitos internos.

Essa reunião de talentos sugere que Nolan não pretende tratar os personagens mitológicos como figuras unidimensionais. Cada encontro de Odisseu em sua jornada promete carregar peso dramático e simbólico. Criaturas como o Ciclope Polifemo, as Sereias e a feiticeira Circe surgem não apenas como obstáculos físicos, mas como manifestações de tentações, medos e escolhas que moldam o destino do protagonista. A mitologia, aqui, funciona como espelho das fragilidades humanas.

O projeto começou a ganhar forma em outubro de 2024, quando foi confirmado que Nolan desenvolveria seu novo filme novamente com a Universal Pictures, estúdio com o qual colaborou em Oppenheimer. A escolha reforçou a confiança criativa entre diretor e estúdio. Poucos meses depois, veio a confirmação oficial de que o filme seria uma adaptação da Odisseia, o que elevou ainda mais o nível de expectativa. As filmagens ocorreram entre fevereiro e agosto de 2025, passando por locações naturais na Grécia, Itália, Marrocos, Escócia, Islândia e no Saara Ocidental.

Esses cenários reais reforçam a filosofia de Nolan de privilegiar ambientes físicos em vez de excessos digitais. Montanhas, desertos, mares e paisagens extremas foram escolhidos para dar autenticidade à jornada de Odisseu, transformando a própria natureza em personagem. O ambiente, frequentemente hostil e imprevisível, reflete o estado emocional do protagonista, um recurso recorrente em filmes como Dunkirk e Interestelar.

Com orçamento estimado em US$ 250 milhões, A Odisseia se torna o filme mais caro da carreira de Nolan. O investimento elevado reflete não apenas a escala da produção, mas a ambição estética e narrativa do projeto. Pela primeira vez, o diretor decidiu filmar um longa-metragem inteiramente com câmeras IMAX de 70 mm, levando ao extremo sua defesa da experiência cinematográfica nas salas de exibição. O objetivo é criar imagens de impacto físico, que envolvam o espectador de forma quase sensorial.

Nos bastidores, Nolan mantém sua equipe de confiança. A produção é assinada por Emma Thomas (A Origem, O Cavaleiro das Trevas, Oppenheimer), parceira criativa e esposa do diretor, por meio da Syncopy. Os efeitos visuais ficam a cargo da DNEG, com supervisão de Andrew Jackson (Tenet, Dunkirk), responsável por equilibrar espetáculo e realismo. A montagem é novamente conduzida por Jennifer Lame (Tenet, Oppenheimer), enquanto a trilha sonora será composta por Ludwig Göransson (Pantera Negra, Oppenheimer), cuja música promete unir grandiosidade épica e emoção contida.

Narrativamente, A Odisseia acompanha os episódios mais emblemáticos do poema de Homero, explorando cada etapa da jornada como um rito de transformação. Ao longo do caminho, Odisseu se afasta cada vez mais do homem que partiu para a guerra, levantando a questão central da história: é possível voltar para casa sendo a mesma pessoa? Essa pergunta, profundamente humana, dialoga diretamente com o cinema de Nolan e com o mundo contemporâneo.

Resenha — A Sabedoria das Noviças prova que as inquietações modernas já atormentavam mulheres brilhantes há séculos

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À primeira vista, A sabedoria das noviças: Conselhos do século XVI para problemas do século XX pode parecer apenas um exercício curioso de aproximação entre passado e presente. No entanto, o livro de Ana Garriga e Carmen Urbita revela-se muito mais ambicioso: trata-se de uma obra que revisita a história das freiras dos séculos XVI e XVII para desmontar estereótipos, recuperar vozes femininas silenciadas e, sobretudo, demonstrar que as angústias humanas atravessam o tempo com impressionante persistência.

O ponto de partida do livro é provocador. Em vez de apresentar a vida monástica como sinônimo de isolamento, repressão ou santidade inalcançável, as autoras revelam conventos como espaços de pensamento, estratégia, produção intelectual e até negociação de poder. As noviças e freiras retratadas aqui não são figuras passivas, mas mulheres que encontraram, dentro de estruturas rígidas, maneiras engenhosas de existir, criar e influenciar o mundo ao seu redor.

Santa Teresa de Ávila, Sor Juana Inés de la Cruz e Maria de Jesus de Ágreda são algumas das personagens históricas convocadas para esse diálogo improvável com o leitor contemporâneo. Longe de serem tratadas como santas intocáveis, elas surgem como mulheres de carne, ideias e contradições. Seus escritos, escolhas e episódios biográficos são reinterpretados à luz de problemas atuais, como dificuldades financeiras, desafios no ambiente corporativo, comunicação assertiva, ansiedade social e confusões afetivas.

O grande mérito do livro está na forma como essa transposição é feita. Garriga e Urbita não forçam paralelos nem recorrem a comparações artificiais. Ao contrário, constroem analogias inteligentes e bem-humoradas, capazes de iluminar tanto o contexto histórico quanto as tensões do presente. O famoso episódio da bilocação atribuída a Maria de Jesus de Ágreda, por exemplo, é reinterpretado como uma metáfora poderosa para o sentimento contemporâneo de estar sempre atrasado, desconectado ou perdendo algo nas redes sociais.

Sor Juana Inés de la Cruz ocupa um lugar central na narrativa como símbolo de inteligência feminina, resistência intelectual e domínio da palavra. Sua habilidade retórica e sua postura firme diante de autoridades masculinas servem como inspiração direta para situações modernas, como escrever um e-mail profissional sem parecer agressiva ou submissa. O livro acerta ao mostrar que, muito antes das discussões atuais sobre comunicação assertiva, essas mulheres já dominavam a arte de se posicionar em ambientes hostis.

A escrita das autoras é leve, irônica e convidativa. O texto evita o tom acadêmico tradicional e aposta em uma linguagem acessível, repleta de referências à cultura pop, ao universo corporativo e às dinâmicas das relações afetivas contemporâneas. Essa escolha torna a leitura fluida e prazerosa, ainda que, em alguns momentos, sacrifique maior profundidade teórica. Ainda assim, trata-se de uma decisão coerente com a proposta do livro: aproximar, não afastar.

Outro aspecto relevante é a forma como A sabedoria das noviças contribui para a revisão da história sob uma perspectiva feminina. Ao recuperar essas trajetórias, o livro evidencia o quanto a vida monástica foi, paradoxalmente, um dos poucos espaços onde mulheres puderam estudar, escrever, ensinar e exercer algum grau de autonomia intelectual. Essa leitura não romantiza o convento, mas reconhece sua complexidade como espaço de limitação e, ao mesmo tempo, de possibilidade.

Embora o subtítulo mencione problemas do século XX, o diálogo estabelecido pela obra é ainda mais pertinente ao século XXI. Questões como ansiedade, pressão por produtividade, medo de exclusão social e insegurança emocional atravessam o livro de maneira clara e atual. Nesse sentido, a obra funciona menos como um manual de conselhos e mais como um convite à reflexão, usando o humor e a história como ferramentas de acolhimento.

A sabedoria das noviças é um livro que diverte, informa e provoca. Ao transformar figuras históricas em interlocutoras contemporâneas, Ana Garriga e Carmen Urbita constroem uma obra que questiona nossas certezas, relativiza nossos dramas e oferece um olhar surpreendentemente reconfortante sobre o presente. Uma leitura inteligente e criativa, que reafirma que, independentemente da época, as dúvidas humanas seguem as mesmas e que a sabedoria, muitas vezes, já foi escrita há séculos, apenas esperando ser redescoberta.

Resenha — Esperança mostra que mudar o mundo também começa ao aceitar as próprias fragilidades

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Esperança se apresenta como uma narrativa delicada e profundamente humana sobre recomeços, pertencimento e vulnerabilidade emocional. A obra acompanha a trajetória de uma jovem determinada que, ao se mudar para uma nova cidade, se vê diante do desafio de reconstruir sua identidade, suas relações e sua forma de enxergar o mundo. Mais do que uma história sobre adaptação, o livro se propõe a refletir sobre os limites do idealismo e a necessidade, muitas vezes ignorada, de aceitar ajuda.

A protagonista que dá nome à obra é construída como uma personagem engajada, ativa e movida por um forte senso de justiça social. Seu desejo de combater preconceitos e contribuir para um mundo melhor não surge como discurso vazio, mas como parte orgânica de sua personalidade. No entanto, o livro acerta ao não romantizar esse engajamento. Ao longo da narrativa, fica evidente que carregar o peso de querer salvar tudo e todos pode ser exaustivo, especialmente quando se negligenciam as próprias fragilidades.

O processo de adaptação à nova cidade funciona como um espelho emocional para Esperança. Cada novo ambiente, relação ou conflito expõe suas inseguranças e revela o quanto o sentimento de pertencimento precisa ser construído com tempo, escuta e troca. O texto aborda com sensibilidade os choques entre expectativas e realidade, mostrando que recomeçar nem sempre é sinônimo de entusiasmo, mas muitas vezes de solidão silenciosa.

As relações afetivas ocupam papel central na narrativa. O namoro, as amizades e os vínculos familiares são apresentados como espaços de apoio, mas também de conflito e aprendizado. O livro se destaca ao tratar essas relações de forma honesta, sem idealizações excessivas. Amar, aqui, não significa ausência de problemas, mas disposição para enfrentar dificuldades juntos, inclusive quando isso exige reconhecer limites e pedir socorro.

Um dos temas mais relevantes de Esperança é justamente a dificuldade da protagonista em aceitar ajuda. Acostumada a ser forte, ativa e solidária, ela precisa aprender que vulnerabilidade não é fraqueza. Essa mensagem atravessa a obra de maneira orgânica e toca em uma questão contemporânea urgente, especialmente entre jovens que se sentem pressionados a demonstrar resiliência constante e engajamento irrepreensível.

A escrita é simples, direta e emocionalmente acessível, o que amplia o alcance da história e facilita a identificação do leitor. Em alguns momentos, a narrativa adota um tom mais linear e previsível, o que pode limitar a complexidade dramática. Ainda assim, essa escolha reforça o caráter acolhedor do livro e sua vocação para dialogar com leitores que buscam histórias de conforto, reflexão e reconhecimento pessoal.

Resenha – Sedução e Morte no Judiciário é um retrato incômodo da justiça quando o poder corrompe o silêncio

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Sedução e Morte no Judiciário se impõe como um thriller jurídico que vai além da trama criminal e assume, de forma clara, uma posição crítica diante das estruturas do sistema de justiça brasileiro. Wadih Habib, advogado baiano com longa trajetória profissional, estreia na ficção apostando menos no espetáculo do crime e mais na exposição das zonas cinzentas onde ética, ambição e sobrevivência se confundem. O resultado é um romance inquietante, que desafia o leitor a abandonar visões idealizadas sobre o Judiciário.

O cuidado editorial da Editora Farol da Barra reforça essa proposta desde o primeiro contato. A capa com acabamento em foil brilhante cria um contraste simbólico entre o brilho institucional e a obscuridade moral que atravessa a narrativa. A diagramação é limpa, funcional e respeita o ritmo do texto, favorecendo uma leitura fluida e contínua. Trata-se de um projeto gráfico que entende o livro como objeto narrativo e não apenas como suporte físico.

No centro da história está Severino, personagem construído com densidade e contradições. Oriundo do sertão baiano, ele representa a promessa da ascensão social por meio do estudo e da disciplina. No entanto, Habib evita qualquer romantização dessa trajetória. Severino carrega marcas do passado, inseguranças e uma ambição silenciosa que o coloca, progressivamente, em rota de colisão com os próprios princípios. Sua jornada não é heroica, mas profundamente humana.

O ponto de ruptura da narrativa ocorre em uma noite no Rio Vermelho, em Salvador. Um encontro aparentemente banal se transforma no estopim de uma cadeia de acontecimentos marcada por um segredo inconfessável e decisões irreversíveis. A partir desse momento, o romance mergulha em um território de tensão crescente, onde cada escolha carrega consequências éticas e jurídicas cada vez mais graves.

Um dos aspectos mais fortes do livro está na forma como ele retrata o Judiciário como um espaço de disputas simbólicas e políticas. Magistrados, agentes federais e figuras de poder não surgem como vilões caricatos, mas como indivíduos moldados por um sistema que privilegia conveniências, silêncios estratégicos e acordos implícitos. Habib constrói uma crítica firme sem recorrer ao maniqueísmo, expondo um ambiente onde a retórica da justiça frequentemente convive com práticas que a esvaziam.

A sedução presente no título extrapola o campo do desejo pessoal e se manifesta como fascínio pelo poder, pela influência e pela sensação de impunidade. Já a morte assume um caráter simbólico, representando a erosão gradual da ética, da inocência e da confiança nas instituições. Nesse sentido, o romance funciona como uma reflexão amarga sobre os custos morais de se manter dentro de um sistema que exige concessões constantes.

Do ponto de vista literário, a escrita de Wadih Habib é sóbria e direta. A opção por uma narrativa clássica e linear contribui para a clareza da trama, embora em alguns momentos limite um aprofundamento mais intenso de personagens secundários. Ainda assim, essa contenção estilística dialoga com o universo jurídico retratado, reforçando o tom realista e evitando excessos dramáticos artificiais.

Em determinados trechos, a proximidade do autor com o meio jurídico se torna evidente, especialmente na exposição de procedimentos e bastidores institucionais. Para alguns leitores, isso pode soar excessivamente técnico. Por outro lado, é justamente essa familiaridade que confere ao romance sua credibilidade e sua força crítica, sustentando a sensação de que a ficção se ancora em experiências concretas.

Sedução e Morte no Judiciário não busca oferecer respostas fáceis nem finais confortáveis. Ao contrário, encerra sua trajetória deixando o leitor diante de questionamentos incômodos sobre ética, poder e responsabilidade individual. Trata-se de uma estreia literária madura e consciente de seu papel, que utiliza o suspense como ferramenta para provocar reflexão e expor as fragilidades de um dos pilares mais sensíveis da sociedade brasileira.

10DANCE | Dança e rivalidade se entrelaçam no filme BL japonês já disponível na Netflix

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Já disponível no catálogo da Netflix, 10DANCE chega como uma produção que ultrapassa rótulos e expectativas. Mais do que um simples romance BL, o filme japonês aposta na dança como linguagem emocional, usando o corpo, o movimento e o silêncio como ferramentas narrativas tão importantes quanto os diálogos. A obra adapta o mangá homônimo criado por Inouesatoh e entrega ao público uma história intensa sobre ambição, identidade, respeito e afeto que nasce de forma inesperada em meio à competição.

Dirigido por Keishi Otomo, cineasta conhecido internacionalmente pelos filmes live-action de Rurouni Kenshin, o longa mergulha no universo rigoroso da dança competitiva, revelando não apenas o brilho dos palcos, mas também a solidão, a pressão e os conflitos internos que acompanham quem vive da performance. A dança em 10DANCE não é apenas espetáculo visual, mas expressão emocional, confronto de egos e, sobretudo, um espaço de transformação pessoal.

A narrativa acompanha dois homens que dividem o mesmo nome, mas vivem em mundos artísticos distintos. Shinya Suzuki é o campeão absoluto da dança latino americana no Japão. Impulsivo, intenso e profundamente expressivo, ele dança movido pela paixão e pelo desejo de se afirmar constantemente. Seu estilo é marcado pela entrega total, pelo suor e pela emoção exposta em cada passo. Suzuki construiu sua carreira com muito esforço e carrega um orgulho que, muitas vezes, funciona como armadura diante das inseguranças.

Em contraste, Shinya Sugiki domina a dança de salão clássica e é reconhecido internacionalmente por sua técnica impecável, disciplina e elegância. Onde Suzuki é explosão, Sugiki é controle. Onde um se move pelo instinto, o outro responde à precisão. Apesar de atuarem em estilos completamente diferentes, os dois são frequentemente comparados por causa do nome em comum, algo que incomoda profundamente Suzuki, que sente sua identidade ser constantemente colocada em segundo plano.

O encontro definitivo entre eles acontece quando Sugiki faz uma proposta inesperada. Ele convida Suzuki para competir ao seu lado nas Dez Danças, um torneio extremamente exigente no qual os casais precisam apresentar cinco danças latinas e cinco danças clássicas. O desafio é claro desde o início: cada um deles domina apenas metade do repertório. Para competir de igual para igual, será necessário ensinar, aprender e, acima de tudo, confiar.

A ideia soa absurda para Suzuki em um primeiro momento. Dividir a pista com alguém que simboliza tudo o que o irrita parece impensável. No entanto, a segurança de Sugiki, misturada a uma provocação quase silenciosa, desperta algo poderoso em Suzuki: a ambição. Aceitar o desafio passa a ser uma questão de honra, de provar que é capaz de ir além do próprio território artístico. Assim, o acordo é selado.

O que começa como um desafio esportivo se transforma rapidamente em uma colaboração intensa. Os treinos são marcados por atritos, frustrações e choques de personalidade, mas também por descobertas importantes. Suzuki ensina a Sugiki a entrega emocional e a expressividade das danças latinas, enquanto aprende com ele o rigor técnico e o controle exigidos pelas danças clássicas. Cada ensaio funciona como um campo de batalha emocional, onde o orgulho é testado e os limites são constantemente empurrados.

É nesse convívio diário, entre corpos cansados, correções firmes e silêncios carregados de significado, que a relação entre os dois começa a mudar. A rivalidade dá espaço ao respeito. A irritação inicial se transforma em admiração genuína. A confiança surge de forma quase involuntária. A dança, que antes era apenas competição, passa a ser diálogo.

Um dos grandes méritos de 10DANCE está em compreender que, em uma história sobre dança, o corpo precisa falar tanto quanto as palavras. O filme constrói seu romance de maneira sutil, apostando em olhares prolongados, na respiração compartilhada após ensaios exaustivos, no toque necessário para ajustar um movimento e que, pouco a pouco, ganha outra dimensão emocional. O afeto não surge de forma abrupta, mas como consequência natural da convivência, do respeito mútuo e da vulnerabilidade compartilhada.

Quando Suzuki começa a perceber que seus sentimentos por Sugiki ultrapassam os limites da rivalidade e da amizade, o espectador já está completamente envolvido nessa jornada. O filme evita exageros melodramáticos e trata o romance com maturidade, permitindo que ele se desenvolva no tempo certo. Dentro do gênero BL, essa abordagem se destaca por fugir de estereótipos fáceis e por apostar em uma construção emocional mais profunda e realista.

As atuações são fundamentais para sustentar essa intensidade. Ryoma Takeuchi, conhecido por Roppongi Class e Black Pean, entrega um Suzuki impulsivo, orgulhoso e profundamente humano. Já Keita Machida, visto em Yu Yu Hakusho e Glass Heart, constrói um Sugiki contido, elegante e emocionalmente complexo. A química entre os dois é evidente, especialmente nas cenas de dança, onde os personagens se comunicam sem palavras e deixam transparecer tudo aquilo que ainda não conseguem dizer.

O mangá 10DANCE, publicado na revista Young Magazine da Kodansha, já era considerado uma obra inovadora dentro do BL ao explorar o universo da dança competitiva com rigor técnico e sensibilidade emocional. Não por acaso, conquistou o prêmio This BL is Amazing em 2019, consolidando-se como uma das histórias mais respeitadas do gênero. A adaptação cinematográfica honra esse legado, traduzindo para a linguagem audiovisual a mesma intensidade e cuidado narrativo.

Crítica – Família de Aluguel observa afetos terceirizados e a solidão em uma cidade estrangeira

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Família de Aluguel acompanha Phillip, interpretado por Brendan Fraser, um ator americano vivendo em Tóquio que tenta reorganizar a própria trajetória profissional enquanto lida com a frustração de uma vida que não se concretizou como imaginava. Estrangeiro em múltiplos sentidos, ele carrega o peso do deslocamento cultural, do fracasso artístico e de uma solidão que se impõe de forma constante e silenciosa.

Para sobreviver financeiramente, Phillip passa a trabalhar para uma agência especializada em serviços de substituição afetiva. Seu ofício consiste em ocupar lugares simbólicos na vida de desconhecidos. Ele atua como pai de uma menina, finge ser um jornalista interessado na obra de um escritor esquecido pela mídia e assume outros papéis que exigem escuta, empatia e encenação emocional. São vínculos temporários, rigidamente regulados por contratos, horários e pagamentos, nos quais a presença é real, mas a relação tem prazo de validade.

A partir dessa premissa, o filme constrói uma reflexão delicada sobre a solidão contemporânea e a mercantilização dos afetos. Ao transformar cuidado, companhia e atenção em serviço, a narrativa expõe um mundo onde até a intimidade pode ser organizada como produto. A abordagem evita julgamentos diretos e prefere observar os pequenos gestos, os silêncios constrangedores e as tensões que emergem desses encontros provisórios, deixando que o desconforto fale por si.

A solidão retratada não se limita à ausência de companhia física. Ela surge como um estado permanente de observação do outro, de tentativas frustradas de conexão e de vínculos que nascem já condenados à interrupção. Mesmo quando o filme empurra seus personagens para o isolamento, preserva um fio invisível de desejo, memória e necessidade de pertencimento. É nesse espaço ambíguo que a obra encontra sua camada mais melancólica.

Brendan Fraser entrega uma atuação contida e precisa, equilibrando humor sutil e dramaticidade sem recorrer a excessos. Seu Phillip é um homem marcado por expectativas interrompidas e por uma identidade profissional que nunca se consolidou plenamente. Ainda assim, o filme opta por não aprofundar de forma mais incisiva as relações construídas durante os serviços prestados, o que reduz o impacto emocional de situações que se anunciam potentes, mas acabam resolvidas de maneira rápida ou superficial.

Dirigido por Hikari, cineasta reconhecida também por seu trabalho na série Tapa, da Netflix, o longa adota uma mise en scène discreta e contemplativa. Visualmente, constrói se como uma espécie de retrato melancólico de Tóquio, apresentada não apenas como cenário, mas como extensão emocional do protagonista. A cidade surge organizada, silenciosa, pulsante e, ao mesmo tempo, profundamente solitária, refletindo o estado interno de Phillip.

Família de Aluguel é um filme sobre a importância da presença, da memória e dos afetos, mesmo quando mediadas por contratos e performances. Um retrato delicado e triste sobre a tentativa de conexão em um mundo que transforma até o sentir em serviço. Embora nem sempre alcance a profundidade emocional que sua proposta sugere, o longa se sustenta pela sensibilidade do olhar e pela melancolia discreta que atravessa toda a narrativa.

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