Crítica – A Pequena Sereia é um péssimo filme para os haters

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Muito se fala do remake em live-action do filme mais ousado que a Disney já adaptou para as telonas do mundo todo, não apenas por abordar uma protagonista de etnia diferente da versão em animação de 1989, mas também pela audácia e coragem de se aventurar num campo que poderia facilmente navegar pelo vale da estranheza com uma tonelada de CGI que poderia dar muito errado e estragar todo visual do filme, que por si só deveria um ambiente mágico e encantador. Em sumo, a Disney escolheu, talvez, o projeto mais difícil e complexo para ser adaptado com todo poso e holofotes voltados para a comemoração de 100 anos da empresa, mas será que essa ousadia toda rendeu resultados?

O filme tem início mostrando o quão realista ele pretende ser, com cenas de imagens reais do oceano onde se passa a história, em meio a tempestades que chegam a passar uma sensação de medo aos que não gostam tanto assim do mar aberto (como eu), logo imagina-se que se o filme consegue te passar seja lá qual for o sentimento logo de cara, o que vem pela frente pode ser no mínimo interessante. Nossa curiosidade é desperta antes mesmo da trama começar, e apesar de já termos visto todo visual dos personagens em materiais de divulgação como trailers, clipes e teasers, nossa curiosidade ataca de um jeito que só se sacia quando vemos pela primeira vez a Ariel (Halle Bailey). As tentativas recentes da Disney de refazer clássicos amados foram extremamente decepcionantes, transformando símbolos queridos de nossa infância coletiva em monstruosidades berrantes geradas por computador. Eles chegaram perigosamente perto de manchar nossas queridas memórias dos originais. No entanto, em meio a esse mar de decepções, há um vislumbre de esperança brilhando na forma de “A Pequena Sereia” e no extraordinário talento de Halle Bailey. O diretor Rob Marshall atingiu o ouro com seu elenco de Ariel, e sua colaboração resultou em uma verdadeira joia.

Apesar de todo realismo usado na ambientação para contar a história do filme ser bem pé no chão, digo isso por não usarem expressões tão cartoonescas, percebemos o quão artificial o fundo mar abordado consegue ser, mas não de um jeito ruim, a gente sabe que aquilo ali, digo os animais, a vegetação e os elementos marinhos, não é real, mas satisfatório ao ponto de não nos incomodar, mas nos deixar maravilhado e caçando em cada canto da tela as informações gráficas que passa no tempo certo despertando ainda nossa curiosidade.

Para quem espera uma trama diferente da animação, vai sair do cinema decepcionado, pois tudo que a gente viu nos desenhos, vamos ver em live-action sem muitas adições, mas só pelo fato de ser contado de uma visão diferente, já nos basta para não ser um problema ou nos deixar preocupados com uma aventura que teria facilmente o potencial de ser novo.

Assim como na animação, a versão de 2023 é um musical, com as músicas clássicas mundialmente conhecidas e algumas adições a mais para ajudar a narrar o filme, mas quero falar especificamente de duas performances: Part of My World, que na voz da Halle chega arrepiar de um jeito que a gente implora para que ela nunca mais pare de cantar, definitivamente coisa de seria usar sua voz para encantar os humanos e nos fazer ama-la. Falo sério quando digo que nenhuma outra música da Disney, apesar das mais talentosa vozes que já passaram pelas telas, chegará aos pés (ou a calda) da Halle. Ela consegue elevar a música e a performance a um nível tão alto que é a partir daí que a gente DECIDE que ela foi feita para o papel da sereia. Não tem mais o que falar, apenas sentir. Toda emoção, todo carisma e todos os elementos gráficos usados na cena logo no começo do filme nos deixa tão maravilhado e encantado com o que estamos vendo que chega a nos dar um enorme alivio sobre as escolhas da Disney para o papel principal do longa. Prepare-se para se surpreender ao ouvir a interpretação de Bailey de “Part of Your World”. É uma experiência fascinante que consolida Bailey como uma estrela em ascensão. Em uma poderosa metáfora visual, Marshall captura essa descoberta colocando Bailey em um penhasco acidentado, enfrentando uma onda colossal que bate contra ela. É como se o próprio universo reconhecesse seu talento excepcional. Também quero falar sobre uma música que não esta na versão de 1989 e foi criada para o filme, trata-se de The Scuttlebutt na voz da talentosíssima Awkwafina que interpreta o Sabidão, a ave atrapalhada e cheia de informações “suspeitas” e conhecimentos diferenciados que integra a trama do filme. O carisma da Awkwafina é tão notório dando voz ao personagem que quando começa a cantar a gente se diverte e cai na gargalhada por se tratar de uma composição que passa 100% da essência do personagem. Essas duas foram, para mim, as duas melhores composições da trilha sonora do filme.

Menção honrosa a Poor Unfortunate Souls na voz da Melissa McCartly que não mpoderia estar mais maravilhosa no filme, mas falo sobre ela já já.

Agora, vamos mergulhar na história familiar: Ariel, uma sereia adolescente rebelde, desafia as ordens estritas de seu pai e se aventura nas profundezas proibidas do oceano. Fascinada pelo mundo humano, ela coleciona uma variedade de tesouros que caíram no mar, curiosamente reunindo uma coleção de “coisinhas”. Mas sua curiosidade a leva ainda mais longe quando ela resgata um náufrago, o príncipe Eric (interpretado pelo cativante Jonah Hauer-King), e o leva de volta à terra. É amor à primeira vista para Eric, cativado não apenas pela aparência encantadora de Ariel, mas também por sua voz hipnotizante. Infelizmente, seu romance enfrenta dificuldades intransponíveis devido a seus mundos contrastantes. Entra sua tia Ursula, uma criatura marinha astuta e sedutora com a parte inferior do corpo semelhante a um polvo, trazida à vida pela versátil Melissa McCarthy. Ursula faz um acordo faustiano com Ariel, concedendo a ela três dias para receber o beijo de amor verdadeiro de Eric. Mas este acordo tem um custo, com a alma de Ariel servindo como garantia e seu pai, Triton (interpretado pelo brilhantemente escolhido Javier Bardem), deixado perturbado e desaprovando.

Nesta versão reimaginada do conto, o desempenho excepcional de Bailey, a proeza de direção de Marshall e um elenco estelar dão uma nova vida a obra americana. O filme promete ser uma jornada cativante que captura a essência do original enquanto oferece uma experiência nova e emocionante para fãs antigos e novos. Prepare-se para se encantar com o desenrolar da história de Ariel, repleta de escolhas emocionantes, visuais fantásticos e o poder duradouro do amor verdadeiro.

“Mas uma sereia não tem lágrimas, e, portanto, ela sofre muito mais”
Hans Christian Andersen

Crítica – O Portal Secreto é repleto de enigmas e mistérios

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A produção é indiscutivelmente um filme envolvente, repleto de enigmas e mistérios que exigem total atenção do espectador para captar e compreender cada detalhe apresentado. Desde o início, somos inseridos em um universo intrigante, onde os segredos se desvelam gradualmente ao longo da narrativa, elucidando cada aparição aparentemente desconexa e conferindo-lhes total sentido.

O protagonista, Paul Carpenter, brilhantemente interpretado por Patrick Gibson, mergulha de cabeça nesses mistérios sem compreendê-los completamente, preparando-se para a reviravolta iminente que está por vir. Ele se verá confrontado com a tarefa de se autoconhecer e se conectar consigo mesmo, a fim de auxiliar na resolução de um dos maiores desafios que lhe foi imposto.

Embora o filme tenha como proposta central o desvendar progressivo dos mistérios, ele apresenta uma interessante problemática ao espectador, que pode se sentir intrigado e confuso durante a primeira metade da trama antes de finalmente entender os acontecimentos. Para aqueles que não têm conhecimento prévio da obra antes de assistir ao filme, essa abordagem pode parecer ousada e até mesmo cansativa, porém, é justamente esse mistério excessivo que desperta a curiosidade e a vontade de descobrir o desfecho.

O longa-metragem habilmente mantém o espectador em suspense, uma vez que os personagens dão indícios de que tudo será resolvido somente no desfecho da história. Essa abordagem narrativa mantém o público envolvido, ansioso para desvendar os enigmas junto com o protagonista e experimentar a satisfação de compreender todas as peças do quebra-cabeça.

Com uma atuação sólida de Patrick Gibson no papel de Paul Carpenter e um enredo repleto de reviravoltas e segredos intrigantes, O Portal Secreto cativa o público ao oferecer uma experiência cinematográfica rica em emoção, desafios intelectuais e reflexões sobre o autoconhecimento e a superação de obstáculos aparentemente insuperáveis. Sem dúvida, é um filme que vale a pena assistir para todos aqueles que apreciam uma trama inteligente e envolvente.

Crítica – Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes é uma viagem profunda ao passado

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Após um intervalo de mais de uma década desde o lançamento do primeiro filme da icônica série Jogos Vorazes, “A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes” chega às telonas com uma incursão fascinante no passado do vilão que cativou audiências ao longo dos anos. Este capítulo revelador, situado 64 anos antes dos eventos do filme original, explora a 10ª edição dos jogos e mergulha profundamente nas origens do complexo antagonista, Presidente Snow, oferecendo uma visão detalhada de sua participação na brutal competição.

Dividido em três partes, o filme se destaca por sua abordagem multifacetada. A Parte 1 é, sem dúvida, o ponto alto da produção, estabelecendo uma trama rica ao explorar temas como luta de classes e ascensão social do protagonista. A transformação dos tributos em espetáculos para o entretenimento público é abordada com profundidade, oferecendo uma perspectiva crítica sobre engajamento do público, doações e apostas. Esta análise crítica não apenas serve como o clímax da Parte 1, mas também desafia a sociedade e nossos padrões de consumo de entretenimento de forma provocativa.

Rachel Zegler entrega uma performance excepcional como Lucy Gray, uma personagem que não apenas brilha nas sequências musicais, mas também adiciona uma carga emocional poderosa aos momentos mais intensos e dramáticos do filme. A química entre Zegler e Tom Blyth, no papel de Snow, é explorada com habilidade, proporcionando uma profundidade emocional que enriquece a narrativa.

O elenco é reforçado por atuações notáveis de Viola Davis, como a aterrorizante Dra. Gaul, e Jason Schwartzman, que interpreta o carismático apresentador Lucky Flickerman. Josh Andrés Rivera, no papel de Sejanus Plinth, oferece uma visão humana dos tributos, criando uma dinâmica intrigante com o protagonista e enriquecendo a trama com camadas adicionais.

A segunda parte do filme continua a construir tensão e conflito, mantendo o público envolvido com reviravoltas constantes e uma eficaz utilização da “Arma de Chekhov”. As estratégias dos tributos e de seus mentores durante os jogos são exploradas de maneira inovadora, evitando a monotonia e garantindo um fluxo constante de novidades. A decisão de representar as sequências de ação de forma violenta, mas não explícita, contribui para uma classificação indicativa mais acessível, equilibrando o impacto visual com uma abordagem mais ampla.

Do ponto de vista técnico, o uso do som se destaca, não apenas nas sequências musicais, mas também na interrupção eficaz dos momentos de calmaria. A estética visual do filme é impressionante, com a imponência da Capital contrastando vividamente com a liberdade do Distrito 12. Embora o CGI cumpra sua função na construção do mundo, algumas interações entre personagens e criaturas vivas revelam a presença do efeito digital.

A terceira parte, que pode inicialmente parecer desconexa, funciona como um epílogo, oferecendo uma perspectiva única e fechando o arco narrativo de maneira satisfatória. O ritmo e cenário diferentes podem causar estranheza, mas as referências aos filmes anteriores certamente agradarão os fãs mais dedicados.

O novo filme não é apenas uma expansão do universo de Jogos Vorazes, mas uma experiência cinematográfica rica, repleta de performances marcantes e discussões sociais relevantes. O filme proporciona uma transição convincente do personagem interpretado por Tom Blyth para o icônico papel desempenhado por Donald Sutherland na franquia original. Recomenda-se vivamente assistir nos cinemas, preferencialmente em uma tela grande e com um sistema de som potente, para uma imersão completa nessa rica tapeçaria cinematográfica.

Crítica – Beau Tem Medo é uma viagem surrealista a realidade

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Dirigido e roteirizado pelo já notório Ari Aster, o longa-metragem nos mostra mais uma vez que a parceria entre seu diretor e a produtora independente A24 só nos dá bons frutos, a dupla que também foi responsável por Hereditário e Midsommar-O mal não espera a noite, chegou nos cinemas brasileiros Beau tem medo, diferente dos seus precursores, o longa deixou de lado o terror sobrenatural ou relacionado a seitas e trouxe um terror comédia, se é que é possível tratá-lo dessa forma após conseguirmos enxergar e entender os motivos de seus tantos medos, mesmo que estes sejam nos apresentado de formas exageradas e muitas vezes confusas.

Trazendo a premissa de um homem que precisa visitar sua mãe no aniversário de morte de seu pai o longa nos traz no papel principal Joaquin Phoenix que mostra que uma premissa fácil demais nunca é o que deveríamos esperar de Ari Aster, afinal, Beau é extremamente ansioso e solitário, sua mãe Mona é exageradamente odiosa, e as situações que ele enfrenta para chegar à ela são fantasiosas e loucas em níveis absurdos, sim, tudo em exagero, mas sem cansar ou fazer o espectador criar ranço da sua narrativa, afinal, como cansar de uma história que sempre nos apresenta novos entrelaces?

O filme representa de forma fácil, um pesadelo que parece se estender a noite toda, e você nunca sabe se chegou ao fim, pois, sempre que parece está tudo em ordem abre-se uma nova janela, e outra enxurrada de informações nos é jogada, e temos, que assim como nosso protagonista, tentar entender e descobrir o que fazer com aquilo, afinal é loucura demais. O terror vem das coisas mínimas, que todo ser humano tem medo, mas que no filme é amplificado de forma surreal, ter sua casa invadida, suas malas roubadas, acordar na casa de outra pessoa sem ter como sair de lá, está de visita na casa de alguém e ser odiado por alguma pessoa dessa família e coisas assim, tudo apresentado de forma gigantesca para causar mais incômodo ao mesmo tempo que gera familiaridade com as situações, mas claro que o longo não fica nos desconfortos reais e traz o surrealismo para sua narrativa também, sendo num espetáculo no meio da floresta ou um último julgamento  absurdamente parecido com os do coliseu na Roma antiga, e nos entregando mais de um final para o nosso protagonista, o drama mais pesado além da sua completa falta de controle em sua própria vida, é o mommy issues que Beau se concentra, é algo inimaginável e ao mesmo tempo bem real. Embora o personagem de início nos dê certa agonia por não saber o que fazer e sempre perguntar a qualquer figura que seja relativamente mais empoderada que ele, no decorrer do longa ele reduz suas perguntas de o que fazer com sua própria vida e começa a correr e fugir para conseguir vivê-la mesmo que muitas vezes em forma de devaneios.

Para finalizar, a produção se mostra como um filme que se você não conseguir entender o que está acontecendo então vc está no caminho certo, porque muito além do que é mostrado o longa-metragem quer apresentar um resultado que só seria possível com toda aquela bagunça, não existe cena desnecessária pois todas elas fazem parte do processo para um resultado maior, sem contar que quanto mais você assiste mais detalhes você nota e chega a conclusão dele sempre com pensamentos diferentes do que o diretor quis nos mostrar.

Crítica – A Morte do Demônio: A Ascensão consegue ser original e independente em sua própria história

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O novo filme veio aí para trazer a franquia de volta aos holofotes nesta nova era de remakes, reboots e revivals principalmente no gênero do terror. Trazendo elementos consagrados pelos seus predecessores, o filme ainda consegue ser original e independente em sua própria história.

Produzido pelo criador da franquia original, Sam Raimi, e pelo próprio Ash, Bruce Campbell, o novo filme sai do ambiente conhecido e popularizado pelo original de 1981 -“a cabana abandonada no meio do nada”- e coloca seus protagonistas em um prédio no meio de Los Angeles, mostrando que o mal pode estar mais perto do que você imagina. Aqui, acompanhamos o encontro de uma família com o macabro Livro dos Mortos e o resultado, obviamente, não é nada bom.

O primeiro destaque é para o roteiro, escrito pelo próprio diretor Lee Cronin, que encontra saídas inteligentes, evitando clichês do gênero e até dando um ar de frescor em suas soluções. O roteiro também deixa de lado o humor característico da franquia, seguindo o mesmo caminho do remake de 2013. Confesso que senti falta do “Groovy”, mas todos os outros elementos estavam representados de alguma forma, então espere cenas bastante violentas com milhares de litros de sangue.

Na questão das cenas, elas são excelentes, tudo parece em seu devido lugar para gerar a emoção certa no telespectador, seja ela tensão, aversão ou o clássico medo. Planos criativos são usados, assim como outros já conhecidos, e em nenhum momento isso parece cansativo por haver um balanceamento entre eles, como uma dança de 90 minutos muito bem conduzida. Como já dito antes, o filme usa muito sangue em suas cenas, mas isso não satura a paleta de cores, que compensa com tons mais frios em seus cenários, cortesia de Dave Garbett, que inclusive já havia trabalhado antes na cinematografia de alguns episódios da série “Ash vs. Evil Dead”.

A atuação não deixa a desejar, com os personagens principais nos entregando terror ao mesmo tempo que deixam claro o subtexto do filme. Ellie, a mãe interpretada por Alyssa Sutherland, é o centro disso, sendo a primeira a ser possuída e, ao mesmo tempo em que tenta afastar seus filhos da presença maligna, caça-os na esperança de tê-los ao seu lado mesmo nesse estado, em uma macabra mistura de amor maternal e perversão demoníaca. Também é válido destacar a tia Beth (Lily Sullivan), que se vê na situação de proteger os sobrinhos enquanto luta com os próprios conflitos internos que a levaram até ali.

Finalmente, os fãs mais antigos da franquia podem, assim como em 2013, estranhar o distanciamento do subgênero “Terrir” (junção de terror e comédia), mas deleitar-se com as referências e, é claro, com a possibilidade de sequência que o filme deixa no ar. Já aqueles que não conhecem os outros filmes e só querem um bom filme de terror para assistir, vão encontrar isso e mais no novo capítulo de A Morte do Demônio.

Crítica – O Colibri traz reflexão e questionamentos sobre vida e morte

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O filme, dirigido pela talentosa Francesca Archibugi, é uma adaptação cinematográfica do livro homônimo de Sandro Veronesi. Esta obra dramática nos leva a uma jornada profunda pela vida de Marco Carrera, interpretado com maestria por Pierfrancesco Favino. O personagem central, conhecido como “o colibri”, é o fio condutor de uma narrativa que abrange várias décadas, começando nos anos 1970 e explorando sua trajetória desde a infância até a velhice.

A narrativa do filme é estruturada de forma não linear, exigindo atenção do espectador para captar os detalhes e montar o quebra-cabeça da vida de Marco. À medida que a trama se desenrola, somos apresentados a eventos marcantes e complexos, como a disputa entre irmãos apaixonados pela mesma mulher, Luisa, e os conflitos pessoais da irmã mais velha dos protagonistas, que parece estar à beira do suicídio.

A vida de Marco, inicialmente tranquila e organizada, sofre uma reviravolta quando ele recebe a visita do psicanalista de sua esposa, desencadeando uma série de eventos que revelam a profundidade emocional e o drama inerente à sua existência. O filme explora temas como perdas, amores, coincidências e questionamentos existenciais, oferecendo uma rica tapeçaria de experiências humanas.

A familiarização com os personagens pode exigir um pouco de paciência devido à narrativa não convencional e ao grande número de personagens envolvidos. No entanto, as respostas às questões levantadas surgem de forma satisfatória nos momentos certos. O elenco, com suas performances precisas e detalhadas, faz um excelente trabalho ao retratar as várias fases da vida de Marco, com uma escolha cuidadosa de atores que se assemelham fisicamente à mesma pessoa em diferentes idades.

A direção de Archibugi é habilidosa ao amarrar os diferentes elementos da história, criando um filme que é ao mesmo tempo comovente e desafiador. O filme é uma obra para ser apreciada com calma e atenção, prometendo momentos de introspecção e, possivelmente, lágrimas. É uma experiência cinematográfica que convida o público a refletir sobre a vida e a morte, oferecendo surpresas e revelações ao longo de sua trama intricada.

Crítica – Dungeons & Dragons traz a magia das partidas de RPG para as telas do cinema

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Quando soube da adaptação para o cinema do clássico jogo de RPG Dungeons & Dragons, confesso que tive minhas reservas. A experiência de Hollywood com filmes baseados em jogos tem sido, na maioria das vezes, desastrosa, e a ideia de trazer um jogo de RPG para a tela grande parecia uma aposta arriscada. No entanto, após assistir a Honra entre Rebeldes, minha perspectiva mudou radicalmente.

Dirigido por John Francis Daley e Jonathan Goldstein, o filme apresenta uma abordagem que consegue capturar a essência das partidas clássicas de D&D e a transforma em uma aventura visualmente deslumbrante. Embora o desenvolvimento da trama seja acelerado e possa deixar alguns espectadores desorientados no início, o ritmo frenético mantém a audiência entretida do começo ao fim.

A história segue um grupo de ladrões em uma missão para roubar um artefato poderoso de um mago, enfrentando criaturas fantásticas e situações cada vez mais absurdas ao longo do caminho. As bizarrices e elementos fantasiosos do enredo podem parecer exagerados, mas o roteiro mantém-se coeso, evitando que a narrativa se perca.

O elenco é um dos pontos altos do filme. Chris Pine, conhecido por seus papéis em Star Trek e Mulher-Maravilha, brilha como o carismático líder do grupo de ladrões. Sua performance sólida e bem construída faz com que o público se identifique com seu personagem. Justice Smith, que já teve destaque em Pokémon: Detetive Pikachu e Jurassic World: Reino Ameaçado, traz uma combinação de inocência e vulnerabilidade ao seu papel de jovem ladino, tornando-o ainda mais cativante.

Michelle Rodriguez, com sua habitual intensidade, interpreta mais uma personagem de temperamento forte e destemido. Embora o papel não seja uma grande novidade em sua carreira, ela consegue infundir a personagem com nuances que a tornam interessante. Sophia Lillis também se destaca, roubando a cena com seus poderes impressionantes e sequências de ação emocionantes, mostrando que tem um futuro promissor em Hollywood.

Apesar de suas qualidades, Honra entre Rebeldes não é um filme perfeito. Algumas cenas são previsíveis e o roteiro poderia ter explorado mais a dinâmica entre os personagens. No entanto, o filme entrega uma aventura repleta de magia, fantasia e ação, agradando especialmente aos fãs do gênero.

A produção pode não revolucionar o gênero ou apresentar inovações surpreendentes, mas é uma opção divertida e empolgante para quem busca uma aventura épica no cinema. Com um elenco talentoso e uma direção competente, o filme é uma escolha que vale a pena para aqueles que apreciam um pouco de escapismo e magia nas telonas.

Crítica – Super Mario Bros. é um sopro da infância nas telonas de cinema

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A Nitendo, produtora japonesa de jogos que marcaram a infância de gerações, conhecida por histórias leves e de fácil jogabilidade, não poderia ter escolhido melhor parceria do que com a Illumination Studios, responsável por grandes sucessos infantis como “Meu Malvado Favorito” e “Minions”. O estúdio cinematográfico trouxe Super Mario Bros, um filme para todos os públicos. Com a direção de Aaron Horvath e Michael Jelenic, será fácil encontrar numa mesma fila de cinema tanto o pessoal dos anos 80 aos anos 2000, como a geração mais atual, a Alfa. Uma coisa é certa: o “L” na classificação indicativa deve ter o interpretação mais literal possível: é livre para todos os públicos mesmo!

Uma novidade é que o longa-metragem, que acompanha a história dos irmãos encanadores, Mario e Luigi, pode ser algo até mesmo inovador para quem já é fã dos jogos. Com o primeiro arco do filme mostrando a vida dos dois antes de conhecerem a Princesa Peaches e seus amigos, podemos acompanhar as dúvidas e os problemas enfrentados pela dupla de encanadores, ao largarem seu chefe desagradável e abrirem o próprio negócio. A falta de clientes e ausência do apoio pais não se estende muito, a ação que vemos e sentimos nos jogos toma lugar, sendo entregue de uma forma muito acolhedora, confortável e engraçada.

Enquanto acompanhamos Mario, Toad e Peach indo atrás de reforços para conseguir lutar com o Bowser – que deseja governar os reinos e se livrar de uma vez dos nossos heróis -, podemos ver uma evolução na história, que vai além do resgate da princesa, já que esta quase não precisa de resgate. Além de vermos também Mario Bros conhecer Donkey Kong, seu inimigo/amigo e a luta entre eles, que culmina na junção dos exércitos do Reino dos Cogumelos e as Ilhas DK contra Bowser, o grande vilão do filme. E, assim como nos jogos, o nosso vilão favorito continua com a sua obsessão pela princesa e deseja a todo custo capturá-la e fazê-la sua, como objeto de posse.

Por fim, podemos afirmar que se trata de uma experiência nostálgica. O filme nos transporta direto para nossa infância: com inúmeras referências aos jogos, o espectador é transportado de volta às aventuras dos irmãos mais famosos do mundo nerd. Aposta em uma comédia atual, mas continua conservando a essência do jogo, abusando dos easter eggs que todo fã é adora, bem como nos envolve com uma trilha sonora capaz de fazer com que esqueçamos que estamos assistindo a um filme.

A quem se convenceu a ir assistir, duvido que vá sair da sala do cinema sem vontade de jogar o tão amado e adorado Mario Bros. Com a produção de Shigeru Miyamoto e Chris Meledandri, distribuído pela Universal Studios, a animação estreia no dia 06 de abril em todos os cinemas brasileiros e está imperdível.

Crítica – A Esposa de Tchaikovsky nos traz um retrato do século 19

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Dirigido pelo russo Kirill Serebrennikov e já nos cinemas, o filme retrata a homossexualidade de Tchaikovsky, o pintor russo mais famoso de todos os tempos (estrelado por Odin Biron) e as consequências em sua esposa, Antonina Miliukova (estrelado por Alyona Mikhaylova). Que de maneira inocente acredita que tem como mudar o marido que foi pressionado a casar, na esperança de que cessem os comentários maldosos sobre ele.

Com fotografia em tons escuros e sombras difusas, com figurinos surrados, locais sombrios, muitos pedintes definhando… Acompanhamos a história do casal principal em que pode-se dizer, ambos são vítimas. Enquanto mulheres se desesperavam para contrair um matrimônio naquela sociedade russa do século XVIIII, em que ter o nome de um marido lhe causava uma espécie de privilégio e segurança. Os homens eram oprimidos pelo machismo e exerciam a sua supremacia.

Antonina vai perdendo a sanidade e colapsando mentalmente, com ritmo cadenciado e com algumas repetições. Kirill elaborou um retrato não totalmente realista daquela época, tomou liberdades poéticas que vieram a calhar muito bem no longa metragem. Vale a pena conferir a imersão em uma Rússia homofóbica nos cinemas. Porém, dessa vez com a Antonina sendo mostrada de forma revisada e empática. E não como em todas as outras vezes em que era retratada como promíscua. Muito importante adentrar nessa história no mês da mulher.

Crítica – Creed III é um confronto final que é mais do que apenas uma luta

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O novo longa-metragem encerra a trilogia que acompanhou a jornada de Adonis Creed, filho do lendário Apollo Creed, e promete conquistar ainda mais corações. O filme estreia nos cinemas nesta quinta-feira, 2 de março, distribuído pela Warner Bros.

Após ter conquistado o mundo do boxe e se afastado das lutas, Adonis Creed, interpretado por Michael B. Jordan, vê sua vida mudar drasticamente com o retorno de um antigo amigo de infância. Este reencontro traz à tona dolorosas memórias e ameaça não apenas a estabilidade emocional de Adonis, mas também sua carreira profissional.

Creed III não é apenas sobre os combates, mas também mergulha em momentos profundamente emocionantes e épicos. Michael B. Jordan não só assume o papel de protagonista como também faz sua estreia na direção do filme. Sua atuação é primorosa, enquanto sua direção revela um talento refinado e inovador. Jonathan Majors, que se destaca como o antagonista, oferece uma performance impressionante, elevando o filme com sua intensidade e carisma.

A trilha sonora é uma das maiores estrelas do filme, criando uma atmosfera de tensão e amplificando as emoções dos espectadores muito antes dos personagens entrarem no ringue. As cenas de luta são uma atração à parte, apresentando uma coreografia visualmente deslumbrante e incrivelmente imersiva. A combinação de adrenalina e tensão torna impossível permanecer estático na sala de cinema.

O filme também se destaca pela sua habilidade em mostrar a mente dos lutadores durante as batalhas, através de uma câmera que alterna entre movimentos cadenciados e enérgicos, permitindo ao público antecipar e entender os próximos passos dos boxeadores. O resultado é uma experiência cinematográfica que captura a essência do boxe e do drama pessoal de forma eletrizante e visceral.

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